30 de agosto de 2024

0 Resposta ao “Desafio do Deus malévolo”: Como saber se Deus não é o diabo?


 

O “desafio do Deus malévolo” é proposto por alguns ateus que dizem não haver razões para pensar num Deus bom mais do que teríamos para pensar num Deus mau. Diante disso, criam o desafio: como o cristão pode provar que o Deus malévolo é falso? Evidentemente, seria bastante fácil argumentar que (1) a Bíblia é verdadeira, (2) a Bíblia diz que Deus é bom, (3) logo, o Deus malévolo é falso. Inclusive o livro que eu estou desenvolvendo neste momento (“As Provas da Veracidade da Bíblia”) é basicamente um compilado de provas da premissa 1 do argumento. Mas para não ser tão covarde a ponto de acabar com a brincadeira cedo demais e cortar todo o barato dos ateus, deixarei a Bíblia de lado nesta análise.
 
Também não lançarei mão da filosofia formal para provar meu ponto – isso o Matheus Fugita já fez brilhantemente nessa aula de mais de 5h que ele deu ao ateu David Ribeiro sem nem cobrar nada porque é humilde –, mesmo porque filosofia não é minha área nem a de boa parte do meu público, e uma abordagem puramente filosófica pode ser tediosa e maçante para o mesmo. Minha intenção aqui é me basear apenas na realidade concreta de uma forma perfeitamente simples e compreensível de modo que até o mais leigo possa compreender como faz mais sentido a teoria do Deus bom do que a do Deus mau.
 
O primeiro motivo para rechaçar a hipótese do Deus malévolo, embora possa parecer banal a uma primeira vista, é que as coisas mais simples do cotidiano que todos os seres humanos fazem por necessidade são, via de regra, desejáveis. Todos nós passamos em média 1/3 das nossas vidas dormindo. Considerando a expectativa de vida do brasileiro, estamos falando de 25 anos apenas dormindo. Curiosamente, dormir é também uma atividade desejável pela maioria das pessoas. Mesmo aquelas que gostam de viver a vida também gostam de dormir mais um pouco, e se não fosse pelos compromissos e responsabilidades da vida, muitos escolheriam dormir muito mais, porque o simples sono em si costuma ser prazeroso.
 
Agora pense comigo: por que um Deus mau condicionaria uma parte tão expressiva da existência das Suas criaturas a uma atividade tida como prazerosa? Mesmo um escravo, um prisioneiro ou alguém com depressão pode encontrar paz no sono. Esperaríamos o contrário: que dormir fosse algo indesejável, talvez até mesmo doloroso, que as pessoas fossem forçadas a fazer em última instância apenas por necessidade.
 
Logicamente, alguém pode objetar alegando que o sono não é bom para todas as pessoas igualmente. Certamente há aquelas que sofrem de insônia e têm dificuldade em dormir, outras que têm pesadelos quase todas as noites, outras que têm paralisia do sono e por aí vai. No entanto, a exceção não anula a regra. Pelo contrário, a reforça: se o Deus malévolo fosse o verdadeiro, esperaríamos que os pesadelos, as insônias e as paralisias do sono fossem a “condição padrão” da humanidade, e que um sono normal fosse a exceção. Ou, pior do que isso, que o próprio “sono normal” fosse algo penoso em si mesmo, a despeito de qualquer pesadelo.
 
O mesmo podemos dizer a respeito de outra atividade extremamente comum que quase todo mundo pratica todos os dias: comer. Embora comer seja uma necessidade fisiológica, nem sempre comemos apenas por “necessidade”. A maioria de nós come apenas pela satisfação em comer: porque comer é bom. É justamente por isso que algumas pessoas tendem à obesidade. Até mesmo animais que se alimentaram há pouco tempo e não têm mais fome nenhuma não costumam rejeitar comida extra quando oferecida a eles. No momento em que escrevo este artigo, eu acabei de comer uma barra de chocolate mesmo sem necessidade alguma e a única razão por que não como mais é porque eu estou me sacrificando para escrever este artigo eu não quero engordar nem gastar dinheiro que não tenho, mas se dependesse apenas da minha vontade, seria difícil alguém me segurar.
 
Novamente, um crítico poderia alegar que nem todos os alimentos são tão saborosos assim, e que muita gente não tem o que comer regularmente. O fato de existir quem não tenha o que comer não muda o mérito da questão a respeito do comer em si como bom, e se nem todos os alimentos são prazerosos, é fato também que o nosso organismo tem a capacidade de se adaptar àquilo que temos e de encontrar prazer nisso.
 
Na Idade Média, por exemplo, tudo o que eles tinham era um tipo de pão incomparavelmente pior que qualquer pão à venda numa padaria atual, mas isso não significa que eles não tivessem prazer no pão que eles tinham. Provavelmente se eles tivessem à disposição os pães que temos hoje eles repudiariam os deles, mas na falta de qualquer opção melhor, o que eles tinham era bom o suficiente para eles. Provavelmente os alimentos daqui mil anos estarão ainda mais saborosos do que são hoje, mas isso não significa que não tenhamos prazer no que temos hoje (mesmo que tivéssemos menos se pudéssemos experimentar esses alimentos mais saborosos).
 
O fato de algo tão básico e primordial como a alimentação ser por regra uma atividade prazerosa também coloca em xeque a teoria do Deus malévolo, já que um Deus malévolo presumivelmente condicionaria a existência a algo penoso, não a algo satisfatório. Cada garfada que levássemos à boca seria apenas o mínimo necessário para a sobrevivência, e ninguém comeria apenas pela satisfação em comer, já que não haveria satisfação alguma. O mesmo podemos dizer a respeito de beber, já que até mesmo o elemento mais básico de todos, presente em todas as sociedades em todas as eras (a água), não deixa de ser aprazível (especialmente se você estiver exausto).
 
Até mesmo o sexo, sem o qual a humanidade não existiria, seria algo totalmente desprazeroso se a teoria do Deus malévolo estivesse certa – algo que faríamos apenas pela sobrevivência da espécie, mas não pelo ato em si. Estes e muitos outros exemplos formam um caso cumulativo contra a ideia do Deus malévolo, já que se Deus fosse o próprio diabo, ele priorizaria em seu plano a maximização do sofrimento, e nada melhor para isso do que condicionar os atos mais elementares a coisas que causassem dor e sofrimento.
 
Some a isso o fato de que o pior tipo de sofrimento (a tortura física) poderia ser bem mais duradoura se não fosse o fato do ser humano ter sido projetado para desmaiar em circunstâncias extremas, e de morrer quando ultrapassa este limite. Um Deus malévolo certamente não restringiria a dor desta forma, visto que ele teria prazer na maximização da dor da forma mais extrema pelo máximo tempo possível (como no inferno de tormento eterno da cabeça dos imortalistas). Por falar nisso, o Deus malévolo não teria nem por que nos criar aqui na terra se Ele poderia criar todo mundo direto no inferno para queimar para sempre sem muita cerimônia.
 
Antes que alguém argumente que o Deus bom também poderia ter criado todo mundo direto no céu, a objeção teísta clássica baseada no livre-arbítrio funciona perfeitamente aqui. Isso porque faz todo o sentido que um Deus bom dê liberdade de escolha às suas criaturas para escolher segui-Lo ou não, mas é uma característica de pessoas más coibir qualquer liberdade de escolha. Um estuprador não pergunta se sua vítima quer ser estuprada, o ladrão não pergunta se sua vítima quer ser assaltada e o assassino não pergunta se sua vítima quer morrer. Eles simplesmente passam por cima da vontade alheia sem a menor preocupação.
 
Assim, se temos hoje a liberdade para escolher o bem ou o mal, faz muito mais sentido que essa liberdade tenha sido concedida pelo Deus bom do que pelo Deus malévolo, uma vez que o Deus malévolo não concederia liberdade alguma. Isso significa que o Deus bom teria boas razões para não nos criar direto no céu, mas o Deus malévolo não teria as mesmas razões para não nos criar direto no inferno. Ele nem mesmo teria por que julgar nossos atos e escolhas, uma vez que seu anseio pelo sofrimento alheio o levaria a condenar todos igualmente ao inferno eterno.
 
Some a isso o fato de que, mesmo nesta vida, desfrutamos de muito mais momentos bons do que maus, o que seria ainda mais difícil de se explicar na perspectiva do Deus malévolo. Embora muitos possam discordar dessa afirmativa, o simples fato da maioria esmagadora das pessoas no mundo preferirem continuar vivas quando não seria tão difícil buscar meios de eliminar a própria existência na terra já é uma prova disso. Mesmo aqueles que efetivamente tiram a própria vida são influenciados muito mais por uma doença (a depressão) do que propriamente por causa de sofrimentos terrenos.
 
Alguém certamente objetaria que estou sendo hipócrita aqui, escrevendo do conforto do meu lar com um computador à minha frente, devidamente vestido e com comida na geladeira, quando muitas pessoas no mundo não têm nada disso e são nelas que deveríamos pensar antes de concluir isso. Ironicamente, no entanto, é justamente nesses países onde as pessoas nada têm que os índices de suicídio são os menores no mundo todo. Longe de mim querer diminuir a dor de uma família pobre ou miserável ou sugerir que não devêssemos ajudá-los, mas isso não significa que os países mais pobres sejam necessariamente os mais infelizes.
 
Antes que alguém objete citando o tal “Relatório Mundial da Felicidade”, que coloca os países mais ricos em primeiro e os países mais pobres por último, cabe ressaltar que a metodologia da pesquisa já começa errada, pois esse “índice de felicidade” não é calculado com base numa autoanálise dos indivíduos como se os mesmos estivessem dando uma nota de 0 a 10 para o seu grau de felicidade. Em vez disso, eles simplesmente pegam dados oficiais como PIB per capita, expectativa de vida e índice de corrupção e com base nisso tudo chegam ao resultado final, sem nem querer saber a opinião dos próprios envolvidos! Essas listas nada mais são que um reflexo do IDH, não um espelho real da felicidade das pessoas.
 
Em outras palavras, essas pesquisas já partem da pressuposição de que “mais rico = mais feliz” (e outras pressuposições similares) para calcular a felicidade, por isso ignoram sumariamente o fato de que é justamente nos países que aparecem no topo da lista de “felicidade” onde mais encontramos pessoas efetivamente infelizes que tiram a própria vida. Qualquer um que já tenha ido para os países mais pobres da África, onde se esperaria encontrar tristeza generalizada, testemunha o quanto os africanos conseguem ser felizes mesmo com tão pouco.
 
Nunca vou me esquecer de um vídeo em que crianças africanas se divertiam à beça com brinquedos improvisados que não teriam qualquer valor de um ponto de vista mercadológico, mas que eram o bastante para diverti-los mais do que qualquer criança daqui com os seus brinquedos caros. Como alguém que estudou em escola particular e hoje dá aula no ensino público, noto que muitas vezes os alunos mais pobres do ensino público se divertem muito mais jogando futebol com uma bolinha de papel do que nós nos divertíamos jogando com uma bola de futsal oficial.
 
Achar que uma pessoa só por ser pobre é necessariamente infeliz pode ser um senso comum de muitos que nunca foram pobres, mas é totalmente desconectado da realidade. Uma pessoa pobre pode não ter aquilo que o rico tem, mas ela aprende a ser feliz à sua própria maneira, e a encontrar prazer nas coisas mais simples da vida (que um rico geralmente despreza). Durante milhares de anos ninguém teve celular, computador, televisão, rádio, carro, bicicleta, videogame, internet, mp3, geladeira, microondas, fogão, ventilador, liquidificador, lâmpada elétrica e muitas outras coisas que hoje em dia até muitos pobres possuem, mas nem por isso eram todos universalmente infelizes.
 
Isso seria o mesmo que dizer que um tupi-guarani antes de Cabral “descobrir” o Brasil só podia ser profundamente infeliz, já que o seu estilo de vida não contemplava nada do que temos hoje, e nem mesmo do que os europeus tinham naquela época. A verdade é que Deus colocou no ser humano a capacidade de adaptação ao meio, não importa a circunstância em que estivermos. Se você for morar em Dubai hoje, ficará maravilhado, mas provavelmente daqui dez anos estará bem menos maravilhado e curtindo muito menos do que curtia nas primeiras semanas.
 
Da mesma forma, se você não mora na favela mas for forçado a morar lá a partir de hoje, o começo será bastante difícil, mas daqui dez anos você provavelmente estará adaptado ao lugar e não estará sofrendo pelo simples fato de morar na favela. Essa é a mesma razão por que você sofre bastante quando perde um ente querido, quando tem uma desilusão amorosa ou quando o seu time do coração é rebaixado ou perde um título com gol no último minuto, mas depois de um tempo se recupera e volta ao estado emocional em que estava antes (mesmo que o ente querido continue morto, que você permaneça longe da pessoa amada e que seu time continue rebaixado).
 
Essa capacidade de adaptação é o que faz com que seja verdadeiro que “dinheiro não traz felicidade”, mesmo que num primeiro momento possa parecer que sim. Isso explica por que mesmo as pessoas que vivem nos piores países do mundo em termos de IDH e pib per capita preferem continuar vivendo do que simplesmente deixar de existir, porque sabem que a vida mesmo sendo difícil ainda vale a pena ser vivida, e que os momentos de felicidade são maiores que os momentos de tristeza. Isso obviamente não significa que cada uma das oito bilhões de pessoas do planeta tem mais felicidade do que tristeza na vida e preferiria ter nascido do que não ter, mas, novamente, é a exceção que não invalida a regra.
 
Se o Deus malévolo fosse o verdadeiro, esperaríamos precisamente o contrário: que a vida (mesmo aqui na terra) fosse algo tão penoso e desprazeroso de se viver que praticamente todo mundo buscaria a morte, mas esse Deus malévolo as impedisse de morrer por um prazer sádico em perpetuar seu sofrimento. Mais do que isso, o Deus malévolo não daria a capacidade de adaptação da qual já falamos, de modo que você nunca superaria as dores do passado, e continuaria sofrendo por elas como se tivessem acabado de acontecer.
 
Embora tanto a felicidade quanto a tristeza não sejam o estado habitual de ninguém (ninguém é feliz ou triste o tempo todo, mas tem picos de felicidade e de tristeza), o que podemos dizer é que o “estado padrão” do ser humano, que não é nem propriamente “feliz” nem “triste”, está mais para a felicidade do que para a tristeza, razão por que você prefere continuar vivendo mesmo quando não está em um pico de alegria, e só pensa o contrário quando está em um pico de tristeza.
 
Colocando de forma simplista meramente para fins didáticos, é como se “+10” fosse o máximo de felicidade que alguém possa ter e “-10” fosse o máximo de tristeza, e nossa condição-padrão fosse de algo como “+2” (exceto nos casos de pessoas depressivas ou que ainda não superaram alguma tragédia, ou seja, que ainda estão passando pelo processo de adaptação).
 
Eu não apenas estou certo de que há mais felicidade do que tristeza no mundo, como que há mais coisas boas do que coisas ruins acontecendo agora mesmo. Nossa primeira impressão é pensar o contrário, já que basta abrir as manchetes de qualquer jornal para nos depararmos com uma enxurrada de notícias ruins. No entanto, isso acontece justamente porque as notícias ruins são extraordinárias, enquanto as boas são ordinárias. E como a função do jornalismo é noticiar aquilo que foge de um padrão, as notícias ruins acabam ficando mais em evidência.
 
Pense em duas situações hipotéticas: na primeira, faz 20º em São Paulo, e na segunda, toda a cidade está em neve devido a um recorde histórico de graus negativos. Qual você pensa que vai ocupar mais os noticiários? Obviamente a segunda, por se tratar de algo anormal. Pensemos em outras duas situações hipotéticas: na primeira, um católico se torna protestante, e na segunda, um protestante se converte ao catolicismo. Qual receberá mais publicidade? Óbvio que o segundo, já que um católico se tornar evangélico é algo tão comum quanto encontrar água no Oceano Pacífico.
 
Da mesma forma, dificilmente vai ser muito comentado o fato de que “fulano de tal ajudou uma velhinha a atravessar a rua”, que “um motorista deu lugar gentilmente à passagem de outro carro” ou que “um desconhecido deu bom dia para outro no elevador do prédio”. Mas se alguém abandona a velhinha no meio da rua, causa um acidente de carro ou provoca uma briga no elevador, certamente isso será muito mais comentado entre as pessoas que presenciaram ou ficaram sabendo do acontecimento.
 
Isso porque fazer o bem é o que se espera de todo mundo e é normalmente o que as pessoas fazem, mas fazer o mal é menos comum e menos esperado, e por isso vira notícia. Assim, estamos mais uma vez lidando aqui com a exceção que confirma a regra, em vez de refutá-la. Durante a pandemia, todos os noticiários não falavam em outra coisa senão naquilo, e o número de mortes era atualizado a cada dia. Agora que acabou, ninguém noticia que não tem pandemia ou que a maioria das pessoas passa bem. Isso porque pandemias são exceções na história do mundo, assim como guerras mundiais ou títulos do Corinthians.
 
Mesmo as piores coisas que existem no mundo são praticadas por uma minoria, não pela maioria. A convivência em sociedade seria simplesmente impossível se a maioria das pessoas fizesse mais mal do que bem. Imagine você sair à rua e saber que a maioria das pessoas ali tentará te assaltar, ou que a maioria dos homens tentará te estuprar, ou que a maioria dos indivíduos são torturadores sádicos ou assassinos psicopatas. Você certamente nunca sairia de casa, pois viver num lugar desses seria mais perigoso do que morar na Terra Média bem no meio dos orcs.
 
A convivência em sociedade só é possível justamente por sabermos que, embora pessoas ruins assim existam, elas são minoria – e dependendo do lugar (se não for no RJ, por exemplo), uma minoria insignificante. Note que eu não estou negando a doutrina da total depravação do homem, porque embora façamos mais coisas boas do que ruins no dia a dia, o fazemos pela graça comum de Deus e nenhum de nós é perfeito para conseguir a salvação por nosso próprio mérito. No entanto, apesar de sermos imperfeitos, até mesmo os descrentes praticam muito menos mal do que poderiam.
 
Junte a isso o fato de que a cada década que passa a expectativa de vida no mundo aumenta, a mortalidade infantil diminui, o PIB per capita cresce, novos remédios e vacinas são descobertos, mais tecnologias são produzidas e menos extrema-pobreza há no mundo, embora poucos saibam dessas coisas porque para muitos é mais conveniente pintar um cenário apocalíptico do mundo para ganhar ibope ou para inseminar ideologias políticas duvidosas que supostamente resolvem todos os problemas.
 
Se muitos perguntam por que um Deus bom permitiria o mal, o problema é bem maior na perspectiva do Deus malévolo, já que não só há muito mais bem do que mal no mundo, como o mundo está efetivamente ficando melhor considerando os dados objetivos dos quais dispomos. Onde está o Deus malévolo que permite que o mundo seja um lugar com mais bem do que mal, e que continue melhorando dia a dia?
 
Como se isso não bastasse, temos em nossa própria consciência uma noção de bem e mal, razão pela qual praticamente todas as sociedades em qualquer época e lugar sempre concordaram que coisas como assassinar, adulterar e estuprar são erradas. Por mais que a noção moral de algumas culturas não fosse exatamente igual a nossa, o fato de todas elas terem um núcleo central em comum mesmo à parte de qualquer relação entre elas prova uma fonte em comum, que vem do próprio Deus que os criou a todos igualmente.
 
Coisas como torturar bebês por mera diversão nunca foram aceitas em sociedade alguma, justamente porque Deus colocou em cada um de nós um senso de certo e errado, de bem e mal. Isso não significa que não haja pessoas que façam isso (da mesma forma que o fato de existir uma lei não significa que não haja quem a descumpra), mas se o Deus malévolo fosse o verdadeiro, essa “lei” interior que temos naturalmente em nossa consciência nem existiria, para começo de conversa. Ninguém veria como moralmente errado torturar bebês, e consequentemente muito mais bebês seriam torturados.
 
Não seria exagero inferir que, se o Deus malévolo fosse o verdadeiro, essa lei de consciência funcionaria da maneira inversa à qual funciona hoje. Ou seja, em vez de acharmos mau torturar bebês (ou de não acharmos nada, como no caso dos psicopatas), acharíamos que torturá-los era a coisa certa a se fazer, e neste caso praticamente todos os torturariam por diversão. Este obviamente não é o caso do mundo em que vivemos, porque obviamente o “Deus malévolo” não passa de uma tentativa jocosa, mas nem um pouco racional, de se contrapor ao Deus do teísmo cristão.
 
Assim, embora o Deus malévolo tenha sido criado como uma paródia do argumento cristão, ele falha até mesmo no propósito da paródia, já que sua intenção é dizer que o cristão não tem mais razões para pensar num Deus bom do que teria para pensar num Deus mau, o que, como vimos, é objetivamente falso. O que todas as evidências indicam – baseando-nos apenas na realidade concreta, sem nem precisar apelar para a Bíblia ou a filosofia – é que o Deus que criou o universo é um Deus que zela pelo bem e que não permite que o mal ultrapasse certos limites, ao mesmo tempo em que concede a liberdade de escolha às suas criaturas para escolherem o bem ou o mal.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (youtube.com/LucasBanzoli)

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