9 de fevereiro de 2023

17 Refutando as “20 maiores provas bíblicas” que Dave encontrou do papado de Pedro (Parte 2)



Nota introdutória

 
Dave Armstrong é um famoso apologista tridentino norte-americano conhecido por passar o dia inteiro atacando os protestantes na internet em vez de arrumar um trabalho, aproveitando o seu imenso tempo livre para escrever infindáveis artigos que seus oponentes não terão tempo de responder até ganhá-los pelo cansaço e cantar vitória (não à toa, sempre fugiu de debates ao vivo, onde o oponente teria o mesmo tempo que ele e ele não teria como correr para o Google). Desde o início do ano criou uma verdadeira obsessão pela minha pessoa e escreveu mais de 50 artigos “against Lucas Banzoli” antes que eu respondesse qualquer coisa. Sempre com uma linguagem hostil e provocadora, apela ainda a calúnias e difamações típicas da apologética católica (tais como que eu sou “não-teísta” e que “nego a divindade de Cristo”).
 
Depois de passar meses quase implorando pela minha atenção decidi respondê-lo com artigos que refutam linha por linha os seus impropérios, e descobri que, quando refutado, ele responde a um texto de 30 páginas com artigos de 5 páginas onde repete tudo o que já foi refutado e ignora todos os argumentos mais fortes. É superficial, fraco e desqualificado que só continua sendo respondido porque fiz das respostas ao Dave o meu novo esporte favorito (e porque estes artigos serão compilados para um novo livro de respostas às acusações papistas mais comuns, e nada melhor do que demonstrá-las na prática com alguém que se gaba por ter mais de 4 mil artigos “refutando” o protestantismo).
 
(Você pode ver minhas outras refutações ao Dave neste índice)
 
***

Essa é a continuação deste artigo, onde refutei os primeiros dez argumentos de Dave para o papado de Pedro. Aqui veremos os outros dez, mais por entretenimento do que por qualquer outra coisa, já que os argumentos que já eram risíveis na Parte 1 tornam-se ainda mais catastróficos na Parte 2 (que é a “sobra” dos argumentos anteriores). Vejamos um a um:
 
11. Somente Pedro entre os apóstolos é exortado por Jesus a “fortalecer” os “irmãos” cristãos (Lc 22:32).
 
Isso de modo algum implica em governo sobre a Igreja, porque Jesus não usou uma palavra que designasse autoridade ou liderança. O vocábulo que Lucas emprega aqui é sterizo, que significa «fortalecer, tornar firme» (#4741 de Strong), e em toda a Bíblia somos ensinados que é dever de todos nós fortalecermos uns aos outros. O autor de Hebreus diz que é missão global dos cristãos (não só de Pedro) “fortalecer as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes” (Hb 12:12); Tiago pede para “fortalecer os vossos corações” (Tg 5:8); Paulo diz para “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6:10), para “consolai-vos uns aos outros” (1Ts 4:18) e para “exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros” (1Ts 5:11).
 
Portanto, a tarefa que Jesus confiou a Pedro não era alguma que os demais cristãos não tivessem participação, como algo que lhe fosse exclusivo, mas uma que é dever de todos nós, sem exceção. Ainda nos tempos do Antigo Testamento, Deus dizia por meio do profeta Isaías: “Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos vacilantes” (Is 35:3). É dever de todos nós “considerarmos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras” (Hb 10:24).
 
Mas se isso não é algo que faça de Pedro um papa, por que naquela ocasião específica Jesus dirigiu aquelas palavras a Pedro? Basta ler o contexto imediato, algo que Dave sempre tem extrema dificuldade (me refiro à própria leitura mesmo) para entender. Cristo havia predito no verso anterior que Satanás tentaria Pedro (v. 31), como de fato o fez, o levando a negar o Senhor três vezes, como ele diz que ocorreria logo em seguida (v. 34). Então, dentro deste contexto, ele diz que, quando isso tudo passasse, Pedro seria usado por Deus para fortalecer seus irmãos (v. 12), fazendo o mesmo que vimos que é dever de todos os cristãos, não só de Pedro.
 
Em outras palavras, Jesus diz que Pedro iria cair naquela tentação, mas que depois seria recolocado em seu devido lugar como cristão, junto aos demais “embaixadores de Cristo” (2Co 5:20), chamado para pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16:15) e para fortalecer uns aos outros (Tg 5:8; Hb 10:24; Is 35:3; Ef 6:10). Ou seja: que ele não ficaria caído para sempre, mas seria restaurado por Ele.
 
Se Jesus tivesse a intenção de dizer que Pedro governaria sobre os demais, o evangelista certamente não teria usado sterizo, que nem de longe remonta a liderança, mas hegeomai, que significa precisamente «um líder; governante; comandante; ter autoridade sobre» (#2233 de Strong), ou arche, que significa «líder» (#746 de Strong), ou algum de seus derivados: archegos, que significa «um líder principal» (#747 de Strong); archieratikos, que significa «sumo pontífice» (#748 de Strong); archipoimen, que significa «sumo pastor» (#748 de Strong); archon, que significa «governador, comandante, chefe, líder» (#758 de Strong); archo, que significa «ser o chefe, liderar, governar» (#757 de Strong), ou archomai, que significa «ser o chefe, líder, principal» (#756 de Strong).
 
Mas, por alguma misteriosa razão, esses termos que designam propriamente um líder nunca são usados para Pedro, nem aqui em Lucas 22:32, nem em texto nenhum da Bíblia – apesar dele ser o papa, o príncipe dos apóstolos, o cabeça da Igreja, o líder supremo, o vigário de Cristo, o Sumo Pontífice e aquele que «tem na Igreja poder pleno, supremo e universal», como reza o catecismo católico. Infelizmente para Dave, na ausência total de qualquer um desses títulos na Bíblia e até mesmo de uma simples palavra que indicasse liderança, o que lhe resta é usar esses argumentos ruins, tentando fazer bruxaria para transformá-los numa “prova” do papado.  
 
Nada exemplifica isso melhor que o “argumento” seguinte:
 
12. São Pedro é o primeiro a falar (e o único registrado) depois de Pentecostes, então ele foi o primeiro cristão a “pregar o evangelho” na era da Igreja (At 2:14-36).
 
Isso mesmo, a lógica é “Pedro foi o primeiro a falar; portanto, ele era papa”. Acredite, é literalmente desse jeito que Dave tenta “provar” o papado! Eu me pergunto por que essa mesma lógica não é usada em relação ao concílio de Jerusalém, onde Pedro não é nem o primeiro que fala – ele só fala “depois de muita discussão” (At 15:7), nem o que dá a palavra final (vs. 13-21). Ou seja, na pequenina cabeça de Dave, o fato de Pedro ser o primeiro a falar no Pentecoste faz dele um papa, mas o fato dele não ter sido o primeiro a falar em um concílio (i.e, numa ocasião solene diretamente relacionada à liderança) não significa nada.
 
Não me admira que nenhum teólogo católico sério jamais tenha usado como argumento o fato de Pedro ser o primeiro a falar alguma coisa, não só porque eles têm alguma racionalidade, mas porque isso faria de qualquer pessoa mais faladora um líder por automático – o que é simplesmente estúpido. Por essa lógica, qualquer um num grupo de evangelismo de rua que seja o primeiro falar teria que ser necessariamente identificado como o “líder” do grupo, mesmo quando o grupo não tem líder algum.
 
Isso ignora uma enormidade de motivos bem mais razoáveis que podem levar alguém a “tomar à frente”, como a personalidade mais forte, o fato de ter uma melhor oratória, o fato de ser mais desinibido e proativo, e assim por diante. Só um animal de quatro patas concluiria que fulano falou primeiro “porque é o líder deles”, e não por qualquer uma das milhares de outras razões que poderiam levá-lo a falar primeiro. Se ser o primeiro a falar fosse um critério que necessariamente identificasse um líder supremo, Moisés teria tomado à frente e falado diretamente ao povo e ao faraó, em vez de insistir com Deus para que Arão fizesse isso por ele. Como sabemos, Arão foi o primeiro a falar não porque fosse mais importante que Moisés, mas simplesmente porque falava melhor que ele.
 
Mas Dave não consegue entender algo tão simples, seja por limitações cognitivas óbvias, seja pela sua tradicional desonestidade intelectual. Ele realmente pensa que Pedro ser o primeiro a falar em uma ocasião só pode ser explicado pelo fato dele ser “papa”, o que mostra até que ponto está comprometido a tapear seus leitores e como os vê apenas como massa de manobra; uma massa amorfa e irracional que confiará em qualquer argumento burro sem questionar. Talvez alguns de seus leitores sejam um pouco mais inteligentes que isso, mas é realmente difícil de imaginar como alguém segue um sujeito desses por qualquer outra razão que não seja rir.
 
E por falar em rir, aqui está o próximo “argumento”:
 
13. Pedro opera o primeiro milagre da era da Igreja, curando um coxo (At 3:6-12).
 
Uau! Pedro fez um milagre; portanto, Pedro era papa! Está cada vez mais difícil pensar que alguém leia os artigos desse cidadão sem ser por motivos cômicos...
 
Mais uma vez, se você tiver um grupo de evangelismo, tome muito cuidado ao fazer um milagre – você não vai querer que alguém te identifique como o papa. Eu me pergunto desde quando fazer milagres é um critério para se identificar um papa, ou de que diabos Dave tirou essa ideia (certamente de algum foi).
 
O quadro fica ainda mais cômico quando consideramos que os papas de verdade fazem tudo, menos milagres. Quantos milagres Jorge Bergoglio fez para ser identificado como papa? Nenhum. Ele não foi nem o primeiro, nem o segundo, nem o milionésimo a fazer um milagre. Os católicos acreditam que durante o seu pontificado outros católicos fizeram/fazem milagres, mas não acreditam que esses outros católicos sejam o papa no lugar de Francisco. Isso mostra que o “argumento do milagre” é um autêntico lixo, que se levado a sério faria o próprio papa deixar de ser papa (talvez Dave esteja apenas dando uma mãozinha aos seus amigos sedevacantistas, afinal de contas).
 
É interessante notar que, no mesmo livro de Atos que Dave cita para dizer que Pedro foi papa por ter feito o primeiro milagre, Paulo faz quase o dobro de milagres que Pedro. Ao todo, Pedro faz quatro milagres em Atos (At 3:7, 5:15-16, 9:34, 9:40), e Paulo sete (At 13:11, 14:3, 14:10, 19:11-12, 20:10-12, 28:5, 28:8-9). A curiosidade é que, a partir do momento em que Paulo entra em cena (lembre-se que antes ele era perseguidor da Igreja, então naturalmente não é de se esperar que fizesse um milagre nessa época), Pedro não faz mais nenhum milagre. Evidentemente, falamos de milagres registrados (provavelmente Pedro fez milagres não-registrados, mas o mesmo se aplica a Paulo e aos outros apóstolos).
 
A bem da verdade, nós não temos nem como saber se o primeiro milagre foi realmente aquele realizado por Pedro em Atos 3; tudo o que sabemos é que foi o primeiro milagre registrado. Se usarmos o registro como critério – que é no que Dave se baseia para formular seu argumento –, com base neste mesmo registro temos Paulo realizando muito mais milagres que Pedro, o que deveria significar (pela lógica brilhante que ele mesmo usa) que Paulo era o papa (Pedro talvez fosse o “vice”, assim como o Vasco).
 
Ou talvez Dave pense que só fazer o “primeiro” milagre é importante, e quem faz mais milagres não importa (façamos de conta que ele também pensaria isso se Pedro fosse o que fizesse mais milagres também). Dave é aquele tipo de pessoa gentil que não se importa se o time dele tomou de 7 a 1, desde que tenha feito o primeiro gol, que é tudo o que importa.
 
Em síntese, a partir do momento em que Paulo se converte, Lucas se concentra quase inteiramente nele, e Pedro é praticamente esquecido. Isso se reflete na própria questão dos milagres, levantada por Dave: a conversão de Paulo é em Atos 9, quando Pedro realiza o seu último milagre. Dali em diante, apenas milagres de Paulo são relatados. É difícil entender isso da perspectiva católica, onde Pedro era o Sumo Pontífice que governava toda a Igreja com o poder supremo das chaves, e mesmo assim é colocado em segundo plano pra um subordinado que acabou de se converter (“segundo plano” é modo de falar, já que ele não é literalmente nem sequer mencionado depois de Atos 15, ou seja, em quase metade do livro).
 
Mas se você pensa que este argumento era tudo o que podia ter de pior, é porque não sabe o que está por vir:
 
14. Pedro é considerado pelas pessoas comuns como o líder do Cristianismo (Atos 5:15: “quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra cairia sobre alguns deles.”).
 
É difícil saber ao certo se é desonestidade ou retardadismo (provavelmente uma soma dos dois, pelo que conhecemos dele). Dave pega um texto que diz que a sombra de Pedro curava, e diz que isso faz dele o “líder do Cristianismo”. Se ele não fosse tão desonesto, eu diria que é um caso sério de internação psiquiátrica. Talvez Dave tenha se esquecido do texto que diz que “Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles” (At 19:11-12).
 
Dave acredita que o texto que fala da sombra de Pedro curando as pessoas tem por implicação que Pedro era o “líder do Cristianismo”, mas quando um outro texto fala de lenços e aventais de Paulo também fazendo milagres, isso não significa nada. Mais uma vez, é difícil saber o limite entre a burrice e a desonestidade. O próprio autor diz que Deus fazia «milagres extraordinários» por meio de Paulo, algo que ele nunca disse acerca de Pedro (embora certamente lhe fosse aplicável). A noção de que Pedro era mais “milagreiro” que Paulo e por isso mais “líder” é tão tosca quanto antibíblica.
 
Ao que parece, Dave realmente acredita que as pessoas buscavam ficar à sombra de Pedro porque ele era papa, e não porque elas sabiam que assim seriam curadas – ou seja, pela mesma razão por que os lenços e aventais de Paulo eram postos sobre os doentes. Ou talvez, na cabeça dele, o fato de Pedro fazer milagres desse tipo fazia dele um papa – mesmo que Paulo tenha realizado mais milagres que Pedro, e milagres no mínimo tão extraordinários quanto, que impressionavam até o autor do livro. De uma forma ou de outra, é uma lógica de botequim, nada impressionante para o nível de Dave.
 
Também é espantoso que Dave prefira conjecturar em cima de um texto que nem de longe chama Pedro de líder, do que trazer à tona um texto que, este sim, chama alguém explicitamente de líder, como Atos 24:5. O problema é que o texto fala de Paulo, não de Pedro, então Dave prefere fingir que o texto não existe e trabalhar em cima de conjecturas hilárias que levem à direção oposta. Agora imagine o que esse mesmo cidadão conhecido por fazer malabarismos excêntricos para encontrar o papado de Pedro a todo e qualquer custo faria se Atos 24:5 chamasse Pedro de «principal líder da seita dos nazarenos». Certamente ele estaria usando este texto a torto e a direito, dando graças à Deus por não precisar usar os argumentos ridículos que usa hoje.
 
Infelizmente para ele, na única vez na Bíblia em que um vocábulo de liderança é usado para algum apóstolo, não é para Pedro. É por isso que ele precisa apelar para acrobacias dantescas para encontrar o papado de Pedro na Bíblia, superando todos os níveis de vergonha alheia que ele mesmo havia batido.
 
15. Pedro foi o primeiro missionário itinerante e o primeiro a exercer a “visitação das igrejas” (At 9:32-38, 43). As viagens missionárias de Paulo começam em Atos 13:2.
 
E como as viagens missionárias de Paulo começariam antes, se ele era um perseguidor da Igreja? É de se impressionar a capacidade de Dave em se expor ao ridículo. Parece até que ele fez curso de como passar vergonha gratuitamente na internet. Eu confesso que nunca vi algo parecido antes.
 
Note ainda como este senhor é verdadeiramente obcecado por “quem fez tal coisa primeiro”, como se tudo se resumisse numa competição de “quem faz primeiro leva”. Parece realmente uma criança de cinco anos argumentando (com a diferença de que a criança é pelo menos sincera). Por este critério, João Batista batizou antes que Jesus (e mais: ele batizou o próprio Jesus!); logo, ele seria “maior” que Jesus. Arão falou ao povo antes que Moisés; logo, seria “maior” que Moisés também. Maria Madalena foi a primeira pessoa a quem Jesus apareceu após a ressurreição, então devia ser mais importante que todos os apóstolos. Mateus foi o primeiro apóstolo a escrever um evangelho, então devia ser maior que todos eles.
 
Paulo expulsou um demônio em Atos antes de Pedro (o qual não é nominalmente mencionado expulsando um demônio), então Paulo devia ser maior do que Pedro. Ele foi o primeiro (e até onde sabemos, o único) que foi arrebatado ao céu em vida (2Co 12:1-4), o primeiro a escrever às igrejas, o primeiro a defender a fé no Areópago (At 17:22), o primeiro a pregar a “todos os judeus que viviam na província da Ásia” (At 19:10) e a lançar o alicerce na igreja de Corinto (1Co 3:10).
 
Até João poderia ser incluído nessa. Emprestando as palavras de Jerônimo, “Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, um Evangelista e um Profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que nenhum outro Apóstolo, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu na ilha de Patmos, onde tinha sido desterrado pelo imperador Domiciano como um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do futuro” (Contra Joviniano). E a lista vai longe...
 
Poderíamos acumular exemplos aos milhares, mas acho que não há necessidade. Qualquer pessoa com um pedaço de cérebro na cabeça não tem dificuldade em perceber que o fato de alguém ser o primeiro – ou mesmo o único – a realizar alguma coisa de modo algum implica em ser o maior ou o mais importante, muito menos em governar sobre os demais. É só na atordoada cabeça de Dave Armstrong que qualquer coisa que Pedro faça por primeiro é usada como a “prova” de que ele fez primeiro porque era papa – mesmo quando outros fizeram mais, e mesmo quando outros fizeram por primeiro coisas que Pedro não fez.
 
No fim das contas, qualquer um com um mínimo de capacidade mental é capaz de perceber que esses “argumentos” não passam de truques toscos, bárbaros e sem sentido para fazer de Pedro um papa a qualquer custo – mesmo que toda lógica e bom senso tenham que ser sacrificados no processo. Qualquer coisa que Pedro faça é usada como a “prova” de seu primado – mesmo em contextos sem qualquer relação com liderança ou governo –, e o que os outros fazem é solenemente ignorado, como o bom trapaceiro que é. Se há quem caia nessa artimanha, é só porque seus leitores costumam ser tão ignorantes quanto ele.
 
16. Cornélio é informado por um anjo para procurar São Pedro para instrução no Cristianismo (At 10:21-22).
 
Ou seja, Pedro é papa porque um anjo mandou Cornélio procurar Pedro. Com essa mesma lógica, Paulo deve ser papa também, já que o próprio Deus (que é maior que um anjo) mandou Ananias procurar Paulo (At 9:10-11). E quando Deus quis evangelizar “um eunuco etíope, um oficial importante, encarregado de todos os tesouros de Candace, rainha dos etíopes” (At 8:27), alguém tão ou mais importante que Cornélio, Ele não enviou Pedro, mas Filipe (v. 29). Por falar nisso, o próprio Pedro era enviado pelos apóstolos para as suas viagens missionárias, em vez de estar ele mesmo à frente enviando os missionários, como era de se esperar se ele fosse o papa:
 
“Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João(Atos 8:14)
 
Jesus expressamente disse que “nenhum enviado é maior do que aquele que o enviou” (Jo 13:16), de onde se segue logicamente que Pedro e João não eram maiores que os outros apóstolos, que os enviaram. Portanto, Pedro não era o único a ser enviado para evangelizar os incrédulos, e ele era enviado não só por Deus, mas pelos próprios apóstolos, indicando que não era superior a eles. Nada mais precisa ser dito.
 
17. Pedro é o primeiro a receber os gentios na comunhão da Igreja Católica Cristã, após uma revelação de Deus (At 10:9-48).
 
É a repetição do argumento anterior, usando o mesmo texto (com a diferença de que Cornélio aqui é substituído por “os gentios”). Também se baseia na mesma lógica já refutada no penúltimo argumento, o de que se alguém fez uma coisa por primeiro, este alguém deve ser superior aos outros (embora para Dave essa lógica só seja válida quando se aplica a Pedro). Aqui ele adiciona ainda a “Igreja Católica Cristã” (pelo menos não disse “Igreja Católica Apostólica Romana”), embora “católica” não seja um nome da Igreja nos tempos do NT. Mais tarde ela vai ganhar esse nome, quando o Cristianismo se torna universal (o significado de “católico”), em oposição a algo particular (“romana”).
 
18. Pedro preside e é preeminente no primeiro concílio do Cristianismo em toda a Igreja (At 15:7-11).
 
Se os outros argumentos eram simplesmente bobos, este é uma mentira deslavada mesmo. É surreal que alguém leia Atos 15 e ainda pense que Pedro liderou o concílio. Embora Pedro estivesse presente no concílio, ele não o abre e nem o fecha; ele só fala “depois de muita discussão” (At 15:7), e após ele o debate continua, com os discursos de Paulo e Barnabé (v. 12). Quem dá a palavra final (uma atitude típica de quem preside uma assembleia) é Tiago, o irmão de Jesus (vs. 13-20). Seu discurso se prolonga ao longo de 9 versículos (vs. 13-21), quatro a mais que o de Pedro (vs. 7-11). Mais importante que isso, a carta enviada às igrejas com as decisões do concílio é inteiramente baseada em suas palavras, e não nas de Pedro: 

O que Tiago disse

O que foi escrito às igrejas

“Pelo contrário, devemos escrever a eles, dizendo-lhes que se abstenham de comida contaminada pelos ídolos, da imoralidade sexual, da carne de animais estrangulados e do sangue. Pois, desde os tempos antigos, Moisés é pregado em todas as cidades, sendo lido nas sinagogas todos os sábados” (vs. 20-21)

“Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nada além das seguintes exigências necessárias: Abster-se de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas. Que tudo lhes vá bem” (vs. 28-29)

Tiago é o que mais fala, Tiago é quem dá a palavra final, as palavras de Tiago são literalmente as decisões do concílio (copiadas quase ipsis litteris do que ele disse), mas mesmo assim na cabeça perturbada desse cidadão é Pedro quem «preside e é preeminente» no concílio. Isso só reforça o fato de que a mente dele é tão condicionada ao engano e acostumada a mentir que faz isso por hábito, mesmo quando todas as evidências pesam em contrário.
 
Apologistas como Dave não estão minimamente preocupados com o que o texto diz; eles se preocupam apenas em como distorcê-lo para usá-lo em favor de seus pontos de vista prévios, para os quais estão psicologicamente condicionados. Assim, em vez de fazer exegese, que é extrair do texto o que ele efetivamente diz, tudo o que sabem é fazer eisegese – quando alguém tenta enxertar suas próprias ideias para dentro do texto, mesmo que o texto não diga nada daquilo. Por isso, se um versículo não diz aquilo que Dave gostaria que dissesse, ele o tortura até que diga o que ele quer ouvir. É assim que funciona a apologética católica como um todo, a qual Dave exemplifica tão bem.
 
19. Paulo distingue as aparições do Senhor pós-ressurreição a São Pedro daquelas a outros apóstolos (1Co 15:4-8). Os dois discípulos no caminho de Emaús fazem o mesmo (Lc 24:34), embora eles mesmos tivessem visto Jesus ressuscitado na hora anterior (Lc 24:33).
 
Paulo não estava “distinguindo” Pedro em relação aos outros discípulos; ele simplesmente relatou a aparição de Jesus a Pedro após ter aparecido a todo o grupo dos apóstolos, exatamente da mesma forma que fez com as aparições posteriores a Tiago e a ele próprio:
 
“Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo” (1ª Coríntios 15:3-8)
 
Note que Paulo apenas narrou a ordem das aparições de Jesus aos apóstolos, em vez de destacar Pedro entre os demais. Se o fato de Jesus ter aparecido em particular a Pedro significa que ele era mais importante que os demais, o mesmo deveria ser dito a respeito de Tiago, a quem Jesus também apareceu em particular após a ressurreição. Mas a razão por que Jesus apareceu em particular a Pedro e a Tiago não tem nada a ver com serem “papas”, mas com as negações de Pedro e a incredulidade de Tiago (o irmão de Jesus que se converteu após a ressurreição e se tornou o líder da igreja de Jerusalém).
 
Como já vimos no artigo sobre Hegésipo e Josefo, de acordo com os relatos de Eusébio de Cesareia, Tiago já era uma figura célebre entre os judeus desde antes da conversão, mas enquanto Jesus vivia ele ainda era incrédulo (cf. Mc 6:3 com Jo 7:5). É por isso que Jesus aparece a ele em particular, já que eles tinham coisas a resolver. Jesus também tinha coisas a resolver com Pedro, que o negou três vezes após jurar que isso era impossível e chorou amargamente em decorrência disso. Se Tiago precisava de conversão, Pedro precisava de restauração, razão por que Jesus aparece a ambos em particular, em vez de apenas coletivamente (junto dos outros apóstolos).
 
Infelizmente, Dave não tem noção de nada disso e por isso pensa realmente que Paulo estava destacando Pedro porque Pedro era papa. A coisa fica pior quando ele comenta que “os dois discípulos no caminho de Emaús fazem o mesmo (Lc 24:34), embora eles mesmos tivessem visto Jesus ressuscitado na hora anterior (Lc 24:33)”. Na verdade, o texto que Dave atribui aos dois discípulos de Emaús não é uma fala deles, mas dos apóstolos e daqueles que estavam reunidos com eles:
 
“Levantaram-se e voltaram imediatamente para Jerusalém. Ali encontraram os Onze e os que estavam com eles reunidos, que diziam: ‘É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!’” (Lucas 24:33-34)
 
Note que, diferente do que Dave insinua, o texto não diz que os discípulos de Emaús falaram só de Pedro em vez deles mesmos, porque não foram eles que falaram, e sim «os Onze e os que estavam com eles reunidos». Eles provavelmente sabiam apenas da aparição de Jesus a Pedro, por isso não mencionaram a aparição a esses dois discípulos. Não tem nada a ver com “não vou falar de mim, só de Pedro, porque Pedro é o papa e eu não”. É incrível a capacidade que Dave tem de formular argumentos infantis e ainda distorcer os textos para este fim.
 
Graças a Deus, já chegamos ao último, que é tão ridículo quanto todos os outros:
 
20. O nome de São Pedro é mencionado com mais frequência do que todos os outros discípulos juntos: 191 vezes (162 como Pedro ou Simão Pedro, 23 como Simão e 6 como Cefas). João é o próximo em frequência com apenas 48 aparições.
 
O que Dave esqueceu de informar os seus leitores (esqueceu nada, deixou fora de propósito para engodá-los) é que Paulo (e “Saulo”, seu outro nome) é nominalmente mencionado nada a menos que 240 vezes (sem contar todas as vezes que aparece pelo pronome “ele” e similares). Em Atos dos Apóstolos, onde ambos aparecem, Paulo/Saulo é mencionado 210 vezes, e Pedro/Simão/Cefas 80. Ou seja, Paulo é quase três vezes mais mencionado que Pedro num livro onde ambos aparecem – e justamente naquele que narra os atos dos apóstolos, onde a supremacia de Pedro deveria ser mais evidente.
 
Portanto, se formos usar a lógica de Dave a sério, a conclusão à qual seríamos forçados a chegar é que Paulo era o grande papa infalível da Igreja primitiva – uma conclusão que o próprio Dave evita, porque é cínico o suficiente para descartar Paulo como se não existisse e comparar Pedro apenas com os outros discípulos originais, porque é só assim que a vantagem de Pedro se estabelece. Essa é a desonestidade típica da apologética católica e mais típica ainda de Dave Armstrong, cujo caráter só não é duvidoso porque ele não abre a menor margem de dúvida de que é desonesto mesmo.
 
O curioso é que mesmo quando consideramos os evangelhos (onde Paulo obviamente não apareceria, porque ainda era descrente), Paulo continua sendo mais citado que Pedro. E quando consideramos apenas do período em que Paulo começa a ser citado na Bíblia em diante, a diferença é avassaladora – ainda maior que a diferença entre Pedro e os onze discípulos, que Dave clama aos quatro cantos da terra como a grande prova de que Pedro era papa.
 
Mas o problema é maior do que esse, porque a própria lógica de que “se é mais mencionado, é mais importante” é uma lógica duvidosa. “Satanás” aparece em 33 textos do NT, mas ninguém concluiria que a sua importância está em algum grau entre Paulo e Bartolomeu. Mardoqueu é mais vezes citado no livro de Ester do que a própria Ester (ele aparece em 50 textos, e Ester em 42), mas ninguém diria que ele era mais importante que a rainha. Davi é o personagem mais citado do AT (901 vezes), mas poucos diriam que ele foi mais importante que Moisés, citado “apenas” 792 vezes. Abraão, o pai da fé, o homem da aliança e a quem os judeus mais se apegavam, aparece 285 vezes, comparado a 337 vezes de Saul(!), 338 de Arão e 353 de Jacó.
 
Acho que o ponto já está claro: alguém ser mais mencionado não necessariamente significa ser mais importante. Há inúmeros outros aspectos que contam para isso (por exemplo, uma pessoa hiperativa que gosta muito de falar e de tomar à frente nas mais diversas situações irá naturalmente aparecer mais que uma pessoa introvertida, mesmo que a pessoa introvertida seja mais importante). E mesmo se fosse o caso, ser o mais importante não significa ser o chefe. Parece óbvio que Paulo era mais importante que Barnabé, mas isso não significa que Barnabé fosse seu subordinado. Da mesma forma, parece evidente que Pedro era mais importante que seu irmão André, mas isso não significa que ele fosse seu chefe. Só na cabeça dos católicos é que tem que existir um chefe (além de Jesus Cristo, o único cabeça da Igreja).
 
Ao lermos o NT, parece claro que Pedro era mais proeminente que os outros onze discípulos, mas menos que Paulo e Tiago (irmão de Jesus). O próprio Paulo o repreendeu face a face em Antioquia “por sua atitude condenável” (Gl 2:11), porque Pedro temeu o que os enviados “da parte de Tiago” (v. 12) pensariam dele ao vê-lo comendo com os gentios. Não era nem o próprio Tiago, mas os enviados dele, e mesmo assim Pedro teve tanto medo que preferiu agir hipocritamente para não ser repreendido por Tiago (e acabou sendo repreendido por Paulo). Isso nem de longe se parece com a atitude esperada de alguém com «poder pleno, supremo e universal» na Igreja, que não tem que prestar contas a ninguém e que tem todos por subordinados.
 
Mesmo em relação aos onze a proeminência de Pedro não se traduzia em chefia ou liderança, porque, como vimos na Parte 1 desta resposta, os discípulos “disputavam entre si acerca de qual deles era o maior” (Lc 9:46), discussão essa que nunca existiria se Jesus já tivesse estabelecido Pedro como o maior, e o próprio Cristo rejeitou categoricamente a ideia quando disse que “aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas, mas não será assim entre vocês (Mc 10:42), em vez de aproveitar a oportunidade para dizer que o maior era Pedro.
 
Só estes textos já seriam suficientes para dar a questão por encerrada: mesmo sendo o mais proeminente dos doze, Pedro não governava nem era o maior dentre eles. Ele tinha, quando muito, aquilo que os ortodoxos chamam de "primado de honra". Em termos de autoridade, no entanto, era igual a todos os outros. O mesmo podemos dizer de Paulo e Tiago, proeminentes em relação a Pedro, mas iguais em autoridade. Se houvesse mesmo um líder supremo entre os cristãos além de Jesus, isso estaria tão claro na Bíblia que sequer haveria discussão. No entanto, os únicos que veem Pedro como um papa são os próprios católicos – muitos dos quais admitem que isso vem da “tradição” e não da Bíblia, embora alguns se esforcem inutilmente para encontrar na Bíblia o apoio ao dogma (não porque realmente acreditem nisso, mas de tão apegados que estão ao dogma).
 
É por isso que é tão importante a existência de gente como Armstrong, que traz à tona como ninguém mais a notória fraqueza da apologética católica, com sua famosa pobreza de argumentos que os leva a manipular os textos mais simples da forma mais bizarra possível. Embora nos sirva de fonte de entretenimento, é ao mesmo tempo um retrato triste e chocante, que nos faz refletir muito sobre até que ponto um ser humano é capaz de chegar para sustentar seu fanatismo ideológico. Os artigos de Dave são tudo isso de uma vez só, unindo o aspecto cômico ao surreal, e ressaltando o que há de pior na apologética.
 
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (youtube.com/LucasBanzoli)

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17 comentários:

  1. 1-  Lucas Dúvidas aleatórias, estou lendo mais sobre a Mortalidade, era imortalista mas estou pendendo hoje para o Lado da Mortalidade.

    Tenho dúvida sobre a Bíblia fazer distinção entre corpo e alma como nesse versículo.

    (Contudo, Eu vos revelarei a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar a alma no inferno. Sim, Eu vos afirmo, a esse deveis temer.)

    E também quando a Bíblia faz distinção entre corpo, alma e espírito, sendo que a alma já é a própria pessoa.

    Versículo - E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito...

    2- No strong Sheol também significa lugar onde os ímpios sao enviados para castigo.

    Isso quer dizer que nem sempre o que está no Strong significa que é verdade?


    3 - Aqui no 3 é mais um comentário sobre esse vídeo.

    https://youtu.be/vw9ds3tu37c

    Ao que tudo indica está começando a nascer plantas lá ja região de Sodoma e Gomorra e era impossível, e estão atribuindo isso a uma profecia bíblica que fala que esse lugar vai voltar a ser como antes, assim como tem também na bíblia falando sobre o mar morto que voltaria a ter vida e já está tendo água doce e peixes, tem gente que acredita que é para o milênio.

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    1. Eu poderia responder aqui, mas qualquer resposta que eu desse em poucas linhas seria superficial comparado ao que você encontra no livro. Um dos tópicos é só sobre o versículo que você citou, outro é só sobre a tricotomia (e a diferença entre corpo, alma e espírito), outro é só sobre o significado de Sheol, e assim por diante. Você pode baixar o pdf do livro na página dos livros:

      http://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html

      Sobre Strong, ele não era só um tradutor, era também um comentarista bíblico como qualquer outro, que também tinha suas visões doutrinárias que influenciavam nos seus comentários e traduções. Como todo e qualquer imortalista, ele pensava que o Sheol fosse um lugar de morada das almas dos ímpios, então colocou na concordância como um dos significados, porque era o que ele pensava. Ele faz o mesmo com outras doutrinas também, tem uma palavra em grego que significa "todos" e na concordância ele coloca um longo parágrafo (coisa que ele nunca faz) só pra fazer uma apologia da visão calvinista sobre a eleição, fazendo apologética descaradamente em vez de simplesmente pontuar os significados. Eu bem que gostaria que as coisas fossem sempre tão simples quanto "vai no Strong e vê o significado", mas em se tratando de alguns assuntos a gente só pode ter uma resposta conclusiva estudando cada ocorrência do termo nas Escrituras (como eu faço no livro).

      Sobre Sodoma e Gomorra voltar a nascer plantas, qual versículo precisamente afirma isso? Eu não me lembro de nenhum, mas posso estar enganado.

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  2. 12. São Pedro é o primeiro a falar (e o único registrado) depois de Pentecostes, então ele foi o primeiro cristão a “pregar o evangelho” na era da Igreja (At 2:14-36).


    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk😅😅😅😅😅😅

    Dave você está bem?? Que argumentos são esses?

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    1. Ele nunca "está bem". Não estar bem é o estado natural dele. Eu me surpreenderia se fosse diferente.

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  3. Eu leio esses artigos e fico feliz de ver que sou protestante, aliás tem gente que tem vergonha dessa palavra porque ela afronta todo um catolicismo né. Por outro lado é bom deixar o lado oposto falar porque fica evidente a confusão que reside na mente de uma pessoa que está torcendo muito pela ICAR, esse ponto que acho esquisito. É igual eleitor torcedor: ele torce pra que a pessoa em que ele votou faça um bom governo, apesar de estar descarado todas as evidências de que ela está roubando. A pessoa ignora completamente as evidências e faz de tudo pra torcer e convercer outros a torcer também. Recentemente eu testemunhei um bate boca sobre se Calvino era um cara sangue bom ou não que parecia briga de quinta série. O que eu vejo era que Calvino foi o retrato de uma época. Eu não sei se Calvino era uma pessoa ruim ou não, até pq ele tentou mudar a sentença de queima para decapitação mas isso ia matar o cara do mesmo jeito... mas o que silenciou a discussão foi quando um juiz aposentado comentou que se a maior prova da culpa de um pecado é o arrependimento material e sincero que vem depois, então isso aconteceu quando os herdeiros intelectuais da coisa pediram perdão pelo que houve e erigiram um monumento em Genebra. Esse pedido de perdão é evidência do reconhecimento de que houve um erro ali. Ninguém pede perdão por algo que não existiu. E eu nem sabia que houve esse pedido de perdão e fui pesquisar e houve mesmo. E isso é fato. Eu particularmente acho que o Conselho de Genebra errou mais e Calvino errou também, mas menos, mas enfim... O bom do protestantismo é que temos bunda e peito pra olhar pra tudo e ver os fatos, até pedir perdão por erros dos nossos antepassado na fé já fizemos, coisa que a ICAR ainda não aprendeu a fazer em nenhum sentido.

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    1. Concordo, sobre este episódio inclusive eu escrevi aqui:

      http://www.lucasbanzoli.com/2018/02/calvino-era-um-ditador-sanguinario-que.html

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  4. Banzolão, já assistiu o filme: Até no último homem? É um filme dirigido pelo Mel Gibson sobre um soldado cristão.

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    1. Já ouvi falarem muito bem desse filme, mas ainda não assisti, vou tentar ver assim que possível, vlw pela recomendação!

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  5. Lucas, vc é amigo do Gabriel Brasileiro? Ele é um apologista protestante que se unioiu com o nosso Grande amigo e Historiador Pedro Gaião para criar a pagina "Historia Reformada", um especie de projeto academico e apologético da Fé. Queria saber se vc esta fazendo parte tbm?

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    1. A gente fez uma live juntos esses dias (link abaixo), mas eu não faço parte desse projeto, embora tenha visto eles divulgarem uns artigos daqui.

      https://www.youtube.com/watch?v=9QmpI7OAMjk

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  6. Ei Lucas, tá sabendo sobre o caso da universidade de Asbury?

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  7. Tudo bem lucas, voce comentou em algum post atras de cristao que se reunem sem denominaçao e que operam milgares, sabe quem sao e como posso entrar em contato ?

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    1. Entra em contato com o Marcelo ou com o Márcio, abaixo está o insta de cada um deles:

      https://www.instagram.com/marceloferlan

      https://www.instagram.com/marcioferlan

      São os mesmos que fizeram essa live comigo há um tempo atrás:

      https://www.youtube.com/watch?v=zQHLo1BdnWg

      O primeiro está atualmente no Rio Grande do Norte e o segundo em Santa Catarina, mas mesmo que você more longe eles podem indicar outros lugares mais perto de onde você mora onde tem gente como eles.

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  8. Lucas, recentemente fui acusada de heresia por uma pessoa que me veio com a seguinte citação de "Lutero": "Quem não crê como eu é destinado ao inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são a mesma. Meu juízo é o juízo de Deus." Não consegui rebater pois não pude nem encontrar de onde esse cidadão tirou essa fala; acho que foi da cabeça de algum padre por aí. Enfim, gostaria de saber se ela é verdadeira mesmo (duvido muito) e de onde saiu. Abraço!

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    Respostas
    1. Eu perguntei sobre a veracidade dessa citação a três IA (Chat GPT, Bard e Copilot) e os três disseram que a citação é falsa. No Google essa citação só existe em blogs católicos, então deve ser falsa mesmo. De todo modo, sobre acusações católicas contra Lutero eu recomendo a tabela presente ao final do artigo abaixo, com um índice de refutações às calúnias papistas contra Lutero:

      https://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/01/refutando-calunias-contra-martinho.html

      Abs!

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