Nota introdutória
Dave Armstrong é um famoso apologista tridentino norte-americano conhecido por passar o dia inteiro atacando os protestantes na internet em vez de arrumar um trabalho, aproveitando o seu imenso tempo livre para escrever infindáveis artigos que seus oponentes não terão tempo de responder até ganhá-los pelo cansaço e cantar vitória (não à toa, sempre fugiu de debates ao vivo, onde o oponente teria o mesmo tempo que ele e ele não teria como correr para o Google). Desde o início do ano criou uma verdadeira obsessão pela minha pessoa e escreveu mais de 50 artigos “against Lucas Banzoli” antes que eu respondesse qualquer coisa. Sempre com uma linguagem hostil e provocadora, apela ainda a calúnias e difamações típicas da apologética católica (tais como que eu sou “não-teísta” e que “nego a divindade de Cristo”).
Depois de passar meses quase implorando pela minha atenção decidi respondê-lo com artigos que refutam linha por linha os seus impropérios, e descobri que, quando refutado, ele responde a um texto de 30 páginas com artigos de 5 páginas onde repete tudo o que já foi refutado e ignora todos os argumentos mais fortes. É superficial, fraco e desqualificado que só continua sendo respondido porque fiz das respostas ao Dave o meu novo esporte favorito (e porque estes artigos serão compilados para um novo livro de respostas às acusações papistas mais comuns, e nada melhor do que demonstrá-las na prática com alguém que se gaba por ter mais de 4 mil artigos “refutando” o protestantismo).
(Você pode ver minhas outras refutações ao Dave neste índice)
***
Primeiramente, deixe-me
contextualizar o leitor. Em 2018, eu escrevi este
artigo sobre Josefo ser uma testemunha em favor do fato de Tiago ser irmão
(e não primo) de Jesus. O argumento era baseado no fato de que Josefo escrevia
em grego e numerosas vezes em suas obras fez menção a primos (anepsios),
mas mesmo assim citou Tiago como irmão (adelphos) de Jesus. Depois, em setembro
do ano passado, Dave escreveu este
artigo, onde argumenta que Josefo não podia ser levado a sério,
basicamente, porque não era cristão. E para não ficar tão feio, trouxe pro seu
lado o testemunho de Hegésipo, um autor cristão do segundo século que chama Judas
de irmão de Jesus, num trecho que Dave usou para dizer que Judas foi chamado de
primo (parece piada, mas não é).
Então, em dezembro passado, eu
escrevi este
artigo, onde mostro o quão tolo é o argumento de que Josefo não é válido
por não ser cristão, e que Hegésipo defendia exatamente o inverso do que Dave
argumentava (usando o mesmo texto que ele trouxe, e outros mais). Diante disso,
Dave poderia ter: (1) ficado quieto, ou (2) insistido nos mesmos argumentos
ruins já refutados, como lhe é de costume. Mas imagine o quão surpreso eu
fiquei quando li sua mais nova resposta (essa aqui),
onde ele basicamente muda totalmente o argumento em relação a Josefo (quase que
admitindo que era um erro desprezar seu testemunho histórico pelo simples fato
de não ser cristão) e admitindo que o seu argumento quanto a Hegésipo era, “após uma consideração mais aprofundada, uma evidência
relativamente fraca”.
Eu quase caí da cadeira ao ler
isso, pois em 14 anos de apologética nunca havia visto uma confissão desse tipo
(um papista refutado admitindo que seu argumento era fraco e que devia
ser realmente desconsiderado), não importa o quão fraco o argumento refutado
fosse. Por regra, quanto mais fraco é o argumento refutado, mais eles se apegam
ao argumento e tentam defendê-lo a todo e qualquer custo, apenas por uma birra infantil
e teimosia obstinada para não ter que dar o braço a torcer ao “herege
protestante” e “filhote de Lutero”. Portanto, devo reconhecer este ato de
grandeza da parte de Dave, que conseguiu conquistar um pouco do meu respeito
agora (pra conseguir o resto, só falta admitir a fraqueza de todos os outros
argumentos em todos os outros artigos, mas já é um primeiro passo).
A nova teoria de Dave sobre Josefo
Dave poderia ter aproveitado a
ocasião para simplesmente admitir também que Josefo é uma evidência contra o
dogma mariano da virgindade perpétua e deixar as coisas por isso, mesmo porque
isso não encerra o debate, que é de natureza bíblica antes de histórica.
Mas isso seria pedir muito, já que Josefo, um contemporâneo de Jesus,
dificilmente se enganaria a este ponto – e lembre-se que, para os católicos,
essa doutrina não pode nem mesmo ser colocada em dúvida, pois é um dogma,
ou seja, uma doutrina de caráter indiscutível e necessária de se
crer para a salvação. Por isso eles não podem simplesmente admitir a existência
de uma evidência tão forte em contrário, pois a mera existência da evidência
contrária é o suficiente para colocar o dogma em dúvida (e um dogma nunca pode
estar em dúvida).
Mesmo assim, depois das minhas
considerações a respeito da teoria que Dave sustentava a princípio (a de que
Josefo não podia ser levado a sério por não ser cristão), Dave viu que era
incapaz de continuar sustentando algo tão absurdo, e procurou uma teoria
alternativa à qual pudesse se agarrar (pelo menos até ser refutado de novo nela
também). Dessa vez, a teoria é a de que Josefo citou Tiago como irmão de Jesus
porque ele lançou mão do “uso aramaico” do termo (mesmo escrevendo em grego e
não em aramaico), onde “irmão” pode significar basicamente tudo e qualquer
coisa, e problema resolvido. Assim ele escreve:
Mas
eu acho que é mais plausível (após mais reflexão e pesquisa) que ele [Josefo] usou
adelphos da mesma forma que os escritores do NT e LXX fizeram. Afinal, como
Banzoli se esforça para apontar, Josefo era um judeu do primeiro século, que
vivia em Jerusalém. Assim, é lógico que ele usaria o idioma como os escritores
do NT fizeram (adelphos, uma vez que era a tradução literal grega da palavra
aramaica – a língua que eles falavam principalmente – para “irmão”: que tinha
uma latitude muito ampla de significado).
Para colocar numa linguagem mais
simples, a nova teoria de Dave é a seguinte: Josefo escrevia em grego (um
idioma que tinha palavras específicas para irmão e primo) e falou de primos (anepsios)
em várias ocasiões, mas quando foi falar de Tiago preferiu dizer que era irmão
(adelphos) porque de repente foi atacado por um surto de nacionalismo
judeu e se lembrou que no aramaico não existia palavra para “primo”, e por isso
escreveu “irmão” em grego. E por que então o mesmo Josefo se referiu a primos
em várias outras ocasiões naquela mesma obra? A resposta é simples: porque sim.
Caso encerrado, Salve Roma, Salve Maria e viva o papa.
Mas não pense que Dave está
sozinho nessa. Para mostrar que tem mais alguém que entra no mesmo barco, Dave vasculhou
a internet inteira e encontrou um tal de James B. Protho, um católico que diferente
dele tem um currículo invejável, e que defende que Josefo escreveu “irmão”
querendo dizer “primo”. Na verdade, deve ser dele que Dave tirou essa ideia,
após longas horas de pesquisa fatigante no Google, para trazer essa nova explicação
fabulosa baseada num argumento de
autoridade. O próprio Dave faz questão de acentuar o quão “aprofundado” foi
o estudo do imponente Dr. Protho:
Ele
escreveu um artigo intitulado “Sempre Virgem? Uma revisão bíblica de um dogma
debatido” (Pro Ecclesia: A Journal of Catholic and Evangelical Theology, Vol.
28, Edição 1, 7 de março de 2019). É uma análise muito aprofundada da questão,
incluindo o uso de adelphos por Josefo (ἀδελφός). Ele apresenta alguns
argumentos muito fortes (em contraste muito bem-vindo com o mingau fofo e
superficial de Banzoli).
Eu dei uma olhada nesse tal
artigo para ver se era mesmo uma «análise muito aprofundada da questão», em
contraste com o meu «mingau fofo e superficial», e quão decepcionado eu fiquei
ao descobrir que Josefo é citado apenas três vezes no texto (e uma numa
referência de rodapé). Este é o incrível nível de profundidade de um artigo na
perspectiva católica, talvez porque isso seja realmente o melhor que eles conseguem
fazer. Infelizmente, o Dr. Protho perdeu a oportunidade de citar um monte de
texto isolado e tirado de qualquer lugar das obras de Josefo como Dave faz com
a Bíblia em seus artigos, só pra dizer que citou bastante coisa (espero que ele
aprenda a lição daqui em diante).
O artigo em si não é nem mesmo
centrado em Josefo. Ele é apenas um entre milhões de artigos discutindo o
assunto à luz da Bíblia, com os mesmos argumentos de sempre. Eu joguei o artigo
num documento Word e deu 20 páginas, menos que a minha resposta ao Dave, e
infinitamente menos que a totalidade dos meus artigos sobre o tema. Eu aposto
que até mesmo o Dave deve ter artigos mais aprofundados sobre o assunto do que
o Dr. Protho, mas não quer admitir porque assumiu essa nova “versão humilde” depois
que eu comecei a responder os seus artigos (e também porque perderia o seu
argumento baseado no apelo à
autoridade).
De todo modo, vejamos o tipo de “coisas
profundas” que o Dr. Protho tem a nos apresentar (a maior parte do artigo do
Dave consiste em control c + control v do artigo do Dr. Protho, que deveria
assumir seu lugar no debate, talvez):
Em
nenhum lugar do NT nenhum dos ἀδελφοί/αί de Jesus é
identificado explicitamente como filho de Maria, mesmo quando são referenciados juntos (cf. Mc 3:31, 6:3; Jo 2:12; At 1:14).
E também não são “identificados
explicitamente como sobrinhos de Maria” (e nem implicitamente, e nem de
forma nenhuma), e mesmo assim o Dr. Protho crê que eles sejam seus sobrinhos.
Eles também não são jamais chamados de primos de Jesus, e mesmo assim o Dr.
Protho crê que sejam primos (a despeito do fato de serem chamados de irmãos).
Então, o argumento do “não dizer explicitamente” é apenas uma desculpa para não
assumir aquilo que é naturalmente deduzido dos textos.
Quanto ao argumento de que os
irmãos de Jesus são citados junto com Maria na qualidade de “irmãos de Jesus” e
não de “filhos de Maria”, isso se deve ao fato da Bíblia costumeiramente citar
alguém pelo referencial mais forte, que no caso é Jesus e não Maria, então é de
se esperar que os irmãos de Jesus sejam citados como "irmãos de Jesus” (o
referencial mais forte) e não como “filhos de Maria” (o referencial mais
fraco). Se eu contasse a história de Agostinho, por exemplo, seria natural que
eu me referisse aos seus irmãos desse jeito, e não como “filhos de Mônica” (já
que a história está centrada nele e não na mãe dele).
Um exemplo disso vemos na
história de José do Egito, que é o referencial principal dessa parte da
narrativa do Gênesis. Veja como o autor não diz “contou ao seus pais e aos filhos
dele” (embora fossem todos filhos de Jacó), mas «contou aos seus pais e aos
irmãos», mantendo José como o referencial, exatamente como os evangelistas
fazem com Maria e os irmãos de Jesus:
“Quando
o contou ao pai e aos irmãos, o pai o repreendeu e lhe disse: ‘Que sonho foi
esse que você teve? Será que eu, sua mãe, e seus irmãos viremos a nos curvar
até o chão diante de você?’” (Gênesis 37:10)
É por isso que a própria Maria frequentemente
não é citada como “Maria”, mas apenas como a “mãe” do referencial (neste caso,
Jesus), assim como os seus irmãos não são citados por nome, mas apenas como “irmãos”
(desse mesmo referencial):
“Depois
disso ele desceu a Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Ali ficaram
durante alguns dias” (João 2:12)
“Falava
ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora,
querendo falar com ele” (Mateus 12:46)
Mesmo quando eles são citados
por nome, note que o referencial permanece sendo Jesus, e os seus familiares
são nomeados de acordo com o grau de parentesco com ele – e não Maria como
esposa de José, ou os irmãos de Jesus como filhos de Maria ou de José (ou de qualquer
outro que fosse):
“Não
é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus
irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De
onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” (Mateus 13:55-56)
A razão por que os católicos
exigem que os irmãos de Jesus sejam citados como filhos de Maria é porque no
catolicismo romano, diferentemente da Bíblia, Maria é o referencial mais forte,
e Jesus é um ser quase indefeso que deixa Maria passar à frente e tomar para si
toda a glória. E se Maria é o referencial mais forte, é natural que eles
queiram que os irmãos de Jesus sejam citados a partir desse referencial (i.e,
como filhos de Maria e não como irmãos de Jesus, embora fossem
ambas as coisas).
Na verdade, o próprio fato desses
irmãos de Jesus serem citados ao lado de Maria em tantas ocasiões é uma forte
evidência de que eram realmente filhos de Maria. Seria muito estranho que Maria
andasse toda hora com os irmãos de Jesus pra lá e pra cá, se eles fossem apenas
primos de Jesus que tivessem suas próprias mães (mães essas que os abandonaram,
aparentemente...).
Além
disso, quando eles são referenciados juntos, não é em contextos domésticos
íntimos, mas em lugares e momentos em que podemos esperar a presença de vários
parentes (por exemplo, comunidade ou funções festivas; cf. Jo 2:12, 7:3–10) e
se interessar junto com Maria na atividade de sua relação mais infame (Mc 3:31,
6:3).
Isso porque a Bíblia não entra
em “contextos domésticos íntimos” em se tratando da vida de Jesus. Apenas Mateus
e Lucas narram alguma coisa da infância de Jesus (Marcos e João a omitem
completamente), e mesmo assim apenas no contexto do nascimento de Jesus, quando
ele ainda não tinha irmãos. Então, os evangelistas pulam direto para o ministério
de Jesus, quando ele tinha cerca de 30 anos e não morava mais com os pais e
irmãos (por isso Maria e os irmãos de Jesus são tão poucas vezes mencionados, e
José nenhuma). Como os evangelistas simplesmente não narram «contextos
domésticos íntimos» da fase de Jesus em que ele vivia com seus pais e irmãos, usar
isso como uma prova da virgindade perpétua é uma mera estupidez.
Mais uma vez, o foco dos
evangelistas estava totalmente centrado em Jesus e em seu ministério.
Eles simplesmente não estavam preocupados com o que a sua família fazia em
outro lugar. Os evangelhos não são como uma novela mexicana, que se foca nos
personagens secundários com bastante frequência, mesmo quando essas histórias
secundárias não têm qualquer relação com a história principal. Talvez Dave me
acuse novamente de “difamar Maria” por causa disso, mas os escritores bíblicos
não estavam minimamente interessados em narrar a história de Maria; eles se
preocupavam com Jesus. É por isso que Maria é bastante citada nos contextos que
falam do nascimento de Jesus, muito pouco citada na fase do Jesus adulto, e não
é sequer citada nas cartas apostólicas.
Aventurando-se
fora do NT, a mais antiga alegação existente de que eles são filhos de Maria
vem de Tertuliano...
Como se houvesse alguma fonte
anterior a Tertuliano chamando-os de primos...
...e
as tradições do século II anteriores a Tertuliano identificam os irmãos de
Jesus como filhos de José de um casamento anterior ou implicam uma não-relação
sanguínea entre eles e Jesus (veja abaixo).
Isso é simplesmente mentira, e o
próprio autor reconhece isso quando a fonte que ele cita (na parte em que diz “veja
abaixo”, remetendo a uma nota de rodapé) diz o seguinte:
Orígenes
parece ciente de opiniões diferentes, mas sustenta que não há “nenhum filho de
Maria – de acordo com aqueles que pensam corretamente sobre ela (κατὰ τοὺς ὑγιῶς περὶ αὐτῆς δοξάζοντας) – exceto Jesus” (Comm. Jo. 1.4.23).
Ou seja, a única fonte que ele
tem para citar dos autores do século II que defendiam que esses irmãos de Jesus
não eram filhos de Maria era Orígenes. Acontece que, diferente do que ele diz,
Orígenes não era “anterior a Tertuliano”, mas posterior (Tertuliano é de 160
d.C, Orígenes é de 185 d.C). Este é o nível da “análise muito aprofundada”
diante da qual o meu artigo é um “mingau fofo e superficial”. O cara não sabe nem
quem veio antes, nem se dá ao trabalho de fazer uma pesquisa em 10 segundos no
Google para assegurar que não está cometendo uma gafe e falando besteira. É rir
pra não chorar...
Um
exemplo instrutivo vem da designação de Filipe como ἀδελφός de Herodes Antipas, que os autores sinópticos escrevem sem qualificação (Mc 6:17; Mt 14:3; Lc 3:19).
Acontece que eles eram realmente
irmãos, embora por parte de pai e não por pai e mãe (veja aqui e aqui). Isso não serve
em nada para endossar a tese católica de que os irmãos de Jesus eram apenas
primos (ou seja, que não eram seus irmãos nem por parte de pai, nem de mãe). A
mesma coisa acontece hoje: nós chamamos de irmãos aqueles que são filhos de
nosso pai ou mãe (mesmo que não de ambos), mas não chamamos os primos assim (justamente
por serem primos, e não irmãos). A tese do Dr. Protho no máximo serviria para
endossar a teoria de que os irmãos de Jesus eram filhos de um casamento
anterior de José, não a tese católica dos primos, que Dave defende
(infelizmente Dave não deve ter notado esse detalhe ao copiar e colar o texto do
Dr. Protho sem ler).
A LXX
mostra que ἀδελφός/ή foi considerado apropriado para traduzir חא para predicar a relação “fraterna” de muitos a quem não
chamaríamos de “irmãos” ou “irmãs” de forma alguma – alguns nem mesmo na mesma
geração. Encontra-se esta relação predicada de tios e sobrinhos (por exemplo,
Gn 14:16, 29:12), de parentes próximos como um coletivo (por exemplo, Gn 31:23,
37), primos (por exemplo, Lv 10:4b; 1Rs 10:13; 1Cr 23:21-22) e, ocasionalmente,
parentes mais distantes (por exemplo, Jó 42:11).
Como eu já expliquei muitas
vezes, a LXX não serve para livrar a barra dos papistas porque ela é apenas uma
tradução, não um texto original em primeira-mão. Em outras palavras, os tradutores
liam “irmão” em hebraico, e traduziam por “irmão” em grego (mesmo quando o
contexto mais distante apontava que não eram irmãos de fato, o que não é o
trabalho de um tradutor mas sim de um intérprete). Já o NT não é uma tradução
grega de um original hebraico, mas foi ele mesmo escrito originalmente
em grego (e o mesmo pode ser dito a respeito de Josefo), idioma no qual sempre
existiu distinção entre irmão e primo (e para outros graus de parentesco).
Pelo menos um autor do NT não
era nem mesmo judeu, como é o caso de Lucas, um grego nascido em Antioquia. E
mesmo sendo um grego escrevendo em grego, ele também se refere aos irmãos de
Jesus como adelphos (irmãos), em vez de anepsios (primos) ou
de suggenes (parentes), em pelo menos duas ocasiões diferentes (Lc 8:20-21;
At 1:14). Dave argumenta que os autores bíblicos mesmo escrevendo em grego
usavam adelphos em vez de anepsios porque ainda tinham na cabeça
uma mentalidade judaica que não distinguia uma coisa e outra, mas o que dizer
de um autor que, além de escrever em grego, nem mesmo era judeu? Eu nunca vi
uma resposta satisfatória (na verdade, eu nunca vi resposta alguma).
Se assumíssemos
o que a estratégia helvídica de leitura assume dos “irmãos” de Jesus,
insistiríamos que Herodes e Filipe compartilhavam a mesma mãe, quando na
verdade não compartilhavam (Ant. 18.109).
Falso novamente, já que “irmão”
era usado para um filho dos mesmos pais ou de pelo menos um deles, não para
primos (que não eram irmãos nem por parte de pai nem de mãe). O Dr. Protho
falha miseravelmente em mostrar uma única citação de Josefo onde primos
sejam chamados de irmãos, simplesmente porque não existe.
Mais
especulativo, mas digno de nota, é que, quer os evangelhos sejam ou não
baseados em fontes aramaicas escritas, o Cristianismo palestino primitivo
certamente empregou o aramaico (cf. vestígios em, por exemplo, Mc 15:34; 1Co
16:22).
Todos os manuscritos antigos do
NT (incluindo aqueles que remetem ao final do primeiro século ou início do
segundo, totalizando mais de cinco mil) estão em grego, nenhum em aramaico. O
fato dos cristãos primitivos falarem aramaico é completamente irrelevante em se
tratando do que os apóstolos escreveram – sobretudo Lucas, que nem judeu
era. E o que dizer de todas as comunidades cristãs primitivas em territórios gentílicos
da Ásia Menor e da Europa, como as sete igrejas do Apocalipse e aquelas às quais
Paulo escreveu? Falavam aramaico também?
Depois do control c + control v
da “análise mega aprofundada” do Dr. Protho, é Dave quem volta para concluir
aquilo que nem sequer foi argumentado por Protho:
No
primeiro parágrafo acima, o Dr. Protho documenta como Josefo (comprovado por
sua própria explicação expressa) usa adelphos em um sentido diferente de irmão,
e no segundo parágrafo observa que ele às vezes usa adelphoi “como equivalente
a συγγενεῖς [syngeneís]”.
Isso é simplesmente falso,
porque, como vimos, o todo-poderoso Dr. Protho não foi capaz de mostrar uma
única citação de Josefo onde um primo seja chamado de irmão e não de primo.
Tudo o que ele fez foi mostrar uma citação onde um meio-irmão é chamado de
irmão (como nós também fazemos hoje), onde não deveríamos esperar a presença de
“primo” (anepsios), já que não eram primos.
Além
disso, em Antiguidades, Livro XVIII, cap. 4, seg. 6, Josefo refere-se a
“Filipe, irmão de Herodes” (provavelmente usando adelphos ali). Em A Guerra dos
Judeus, Livro II, cap. 6, seg. 1, ele se refere ao “irmão de Arquelau, Filipe”.
Sim, porque eles eram realmente
irmãos por parte de pai, então é natural que sejam chamados de irmãos. Ou Dave está
mudando a teoria que defendeu desde sempre (a de que os irmãos de Jesus eram
primos) após apenas uma rodada de debate comigo sobre o assunto, e assumindo a
posição dos ortodoxos orientais (que também é cheia de falhas, que eu terei o
prazer de demonstrá-las caso Dave se decida a respeito do que ele defende), ou
ele está usando um argumento que é totalmente, completamente e absolutamente
inútil para endossar a posição que ele defende (e mais inútil ainda para
explicar o texto de Josefo à luz da tese de que Tiago era primo de
Jesus).
Chega a ser engraçado que um
apologista que se orgulhe de seus 4.000 artigos contra o protestantismo, e que diz
refutar os protestantes desde antes da Idade da Pedra, mude de opinião tão
rápido ao debater comigo, a quem ele tanto despreza. Desde a época em que ele escrevia
com uma máquina de escrever ele defendia que os irmãos de Jesus eram primos (a
posição católica tradicional), mas não durou nem um round comigo para aparentemente
abandonar essa posição e defender uma teoria alternativa, de que eles eram
filhos apenas por parte de José (e não primos, como ele sempre defendeu,
dizendo ter argumentos irrefutáveis). É essa a apologética católica que muda
como um camaleão a depender da conveniência...
Josefo
também usa adelphoi em um sentido diferente de “não-irmão” e muito amplamente
ao se referir aos essênios: “As posses de cada um estão misturadas com as
posses de todos os outros; e assim há, por assim dizer, um patrimônio entre
todos os irmãos” (A Guerra dos Judeus, Livro II, cap. 8, sec. 3). Ele também se
refere a “seus irmãos, os israelitas” (Ant., Livro X, cap. 3, sec. 1).
Sim, porque este é um uso não-literal
de “irmão”, que inclui qualquer compatriota, amigo ou companheiro de fé. Quando
Paulo diz “irmãos, orem por nós” (1Ts 5:25),
ele não estava dirigindo esse texto aos seus irmãos segundo a carne, mas aos
seus leitores cristãos (i.e, toda a igreja de Tessalônica). É curioso como Dave
está aqui contrariando o seu ídolo master e deus supremo, o Dr. Protho, que
escreveu nesse mesmo artigo que ele cita:
[Para]
muitos, qualquer potencial sugestivo é superado pelo simples fato de que Jesus
é descrito como tendo ἀδελφοί/αί – e isso não em
contextos de “parentesco espiritual” (por exemplo, Hb 2:10-18), mas em contextos familiares como o do episódio de Nazaré.
Protho está se referindo a
textos como estes, onde os irmãos de Jesus são mencionados lado a lado com seu
pai e/ou mãe, denotando claramente a família natural de Jesus e não uma família
espiritual mais ampla:
“Não
é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e
não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas
as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” (Mateus
13:55-56)
“Então
chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram
alguém chamá-lo. Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe disseram: ‘Tua
mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram’. ‘Quem é minha mãe, e quem
são meus irmãos?’, perguntou ele. Então olhou para os que estavam assentados ao
seu redor e disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a
vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe’” (Marcos
3:31-35)
Este último texto é fatal, pois,
além de serem mencionados ao lado da mãe de Jesus, eles são claramente
distinguidos da multidão de seguidores, que são chamados de seus irmãos na fé, embora
não fossem irmãos na carne. Essa distinção não existiria se os irmãos que
tivessem chegado com Maria fossem apenas “irmãos espirituais”, como os outros
seguidores de Jesus (a multidão e os próprios discípulos). A propósito, a
Bíblia claramente distingue os irmãos de Jesus dos discípulos de
Jesus em diversas ocasiões, como essas:
“Depois
disso ele desceu a Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus
discípulos. Ali ficaram durante alguns dias” (João 2:12)
“Os
irmãos de Jesus lhe disseram: ‘Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para
que também os seus discípulos possam ver as obras que você faz. Ninguém que
deseja ser reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo
estas coisas, mostre-se ao mundo’. Pois nem os seus irmãos criam nele” (João
7:3-5)
Portanto, a Bíblia fala de “irmãos”
de Jesus em um sentido espiritual mais amplo, mas também de irmãos no sentido
carnal (que nem criam nele durante o seu ministério), e é este o sentido que
estamos discutindo. O mesmo fazia Josefo, que às vezes falava de “irmãos” no
sentido mais amplo (não-literal), o que claramente não é o caso quando fala de
Tiago como irmão de Jesus – como também não é o caso de Paulo, quando faz o
mesmo:
“Não
vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor” (Gálatas
1:19)
Se Paulo estivesse falando de
irmão num sentido puramente espiritual e não no sentido carnal, por que diz que
somente Tiago (e não os outros apóstolos) era “irmão do Senhor”? Será que os
outros apóstolos não eram irmãos espirituais de Jesus, mas somente Tiago? É
óbvio que o sentido aqui é de um irmão carnal, o que distingue Tiago dos outros
apóstolos. E antes que alguém diga que isso prova que o Tiago citado aqui era o
filho de Alfeu, Tiago era um apóstolo no sentido mais lato, como Barnabé (At
14:14), Silvano e Timóteo (1Ts 1:1 com 2:7) e o próprio Paulo (1Tm 2:7).
Depois de tudo isso, Dave faz
seu argumento final, baseado num erro metodológico grosseiro que seria reprovado
em qualquer curso universitário (se ele tivesse feito algum):
Se
fizermos um extenso exame de pesquisa de palavras, descobriremos que o uso de
Josefo de termos para parentes (excluindo os termos diretos mãe, pai, filho,
filha) é de fato notavelmente semelhante ao dos escritores do Novo Testamento
(como seria de esperar, visto que ele era um compatriota israelita e viveu no
mesmo período). Adelphos aparece no NT 346 vezes (e 649 vezes na Septuaginta: a
tradução grega do AT [“LXX”]). Syngeneís aparece apenas doze vezes (5 na LXX).
Anepsios aparece uma vez (Cl 4:10) e uma vez na LXX. Aqui está a divisão dos
termos do NT para parentes (na RSV):
irmãos
191
irmão(s)
159
irmã(s)
24
sogra
5
nora
3
sogro
1
primo
1
tio 0
tia 0
sobrinho
0
sobrinha
0
genro
0
parentes
1
Dessas
385 ocorrências, 374 delas (ou 97%) são irmãos, irmãos ou irmãs. A única
aparição de primo é 0,26% do total.
As
obras de Josefo, Antiguidades Judaicas e A Guerra dos Judeus (tradutor William
Whiston para ambos) são facilmente pesquisadas. Aqui está o que encontrei
(alguns aqui e ali teriam sido adicionados em notas de rodapé; não verifiquei
todos):
Antiguidades
Judaicas:
irmãos
165
irmão(s)
411
irmã(s)
109
primo
9
tio
32
tia 4
sobrinho
1
sobrinha
1
vários
“parentes” 54
parentes
13
Do
total de 799 termos dessa natureza, 685 (ou 86%) são irmãos, irmãos ou irmãs.
As nove aparições de primo são 1,1% do total.
A
Guerra dos Judeus:
irmãos
50
irmão(s)
107
irmã(s)
25
sogra
2
nora
0
sogro
4
primo
4
tio
12
tia 4
sobrinho
0
sobrinha
1
genro
9
genros
2
parentes
5
Do
total de 225 termos dessa natureza, 182 (ou 81%) são irmãos, irmãos ou irmãs.
As quatro aparições de primo são 1,8% do total.
O
total geral dessas duas obras é de 1.024 termos relativos, dos quais 867 (85%)
são irmãos, irmãos ou irmãs. As treze aparições do primo são 1,3% do total.
Agora,
para comparar suas estatísticas com o NT:
irmão,
irmãos ou irmã (NT) 97%
irmão,
irmãos ou irmã (Josefo) 85%
primo
(NT) 0,26%
primo
(Josefo) 1,3%
Josefo
usa apenas um pouco mais de variedade de termos relativos do que o Novo
Testamento, mas ele ainda está claramente usando as palavras em geral da mesma
maneira geral, incluindo o uso de adelphos em um sentido amplo (como provei
acima), precisamente como no Novo Testamento, e conforme estabelecido, em
termos de variedade de definição, por qualquer léxico ou dicionário grego
padrão.
A “metodologia” que Dave
inventou para provar que Josefo fazia um uso mais amplo do termo adelphos (que
incluía qualquer primo) seria boa se não fosse por dois problemas. O primeiro: não
faz diferença nenhuma se Josefo citou infinitamente mais irmãos do que primos,
se não houver de fato uma ocasião em que ele citou um primo como irmão. E ele
sabe que não tem nenhuma, porque nem mesmo o seu coach – o Dr. Protho, que ele
pinta como um grande estudioso de Josefo – teve qualquer texto para nos citar
nessa direção. Se Josefo sempre citou primo como primo e irmão como irmão, tudo
o que a “metodologia” de Dave nos mostra é que ele citou mais vezes irmãos do
que primos (e não que ele citou primos como irmãos).
E o segundo problema é o mais óbvio,
porque assim que eu li a argumentação dele imediatamente me veio à mente algo
que deve ter saltado aos olhos de qualquer observador atento (ou de qualquer ser
pensante): que em qualquer obra é natural que irmãos sejam citados bem mais
do que primos. Para assegurar que a minha suspeita estava certa, consultei
vários livros que tenho aqui em pdf – livros estes que não foram escritos por
autores judeus daquela época, ou seja, que não tinham qualquer razão para
trocar “primo” por “irmão” – e todos eles apresentaram a mesma desproporção que
Dave clama aos quatro cantos da terra como a grande “prova” de que Josefo e os
autores do NT falavam de primos como sendo irmãos.
O primeiro livro que eu consultei
foi o “Filho do Fogo” (onde o ex-satanista Daniel Mastral fala de sua passagem
do satanismo para o Cristianismo). No volume 1, “irmão” é citado 28 vezes, e “primo”
não é citado nenhuma vez. No segundo, “irmão” aparece 27 vezes, e “primo” quatro.
Na proporção, temos 6,7% de citações de primos (contra 93,2% de citações de irmãos).
Este é um valor muito próximo do “Antiguidades Judaicas”, que, diferente do que
Dave diz, tem 24 citações de primos e 418 de irmãos (onde a proporção é de 5,4%).
Então eu fiz o teste com o “Não
tenho fé suficiente para ser ateu” (de Norman Geisler e Frank Turek), o
primeiro livro apologético que li na vida, quando ainda era adolescente. E
descobri que ele tem 20 menções a irmãos, contra 0 de primos (nem preciso dizer
qual é a proporção!). O caso que mais me chocou foi o da Suma Teológica de
Tomás de Aquino, onde “irmão” aparece 178 vezes, e “primo”... nenhuma! Se a
metodologia de Dave fizesse algum sentido, tudo o que isso nos levaria a
concluir é que Aquino escrevia em aramaico e não sabia distinguir irmão e primo
(quando ele na verdade nem sabia hebraico ou aramaico, tampouco o grego,
e escrevia em um idioma que distinguia perfeitamente bem um do outro).
Não apenas o latim em que Aquino
escrevia tinha distinção entre irmão e primo, como eles eram de fato
distinguidos por autores da época, que não tinham nenhuma familiaridade com o “estilo
aramaico” de milhares de anos atrás. E, mesmo assim, Aquino cita muito mais
irmãos do que primos, numa proporção de 100% contra 0%. Isso prova que o fato de
um ser muito mais citado que o outro não tem nada a ver com identificar um
como sendo o outro, mas pode ser simplesmente porque não tinha muitos “primos”
para citar.
Por mera curiosidade, eu fiz o
mesmo teste com os meus livros, e encontrei o mesmo padrão. O primeiro volume
dos “500 Anos de Reforma: Como o Protestantismo Revolucionou o Mundo”
(disponível na página dos
livros), onde conto os primórdios da Reforma Protestante, tem 19 menções a
irmãos, e apenas 3 a primos. Já no meu primeiro livro, “O Enigma do Falso
Profeta” (um livro divertidinho de ficção que ninguém leu, mas ainda é meu
livro favorito), que escrevi em 2013, encontrei 17 citações a irmãos, e nenhuma
a primos. Isso não é porque eu não soubesse distinguir irmão e primo ou porque
não há no português palavra que distinga ambos, mas porque naturalmente temos o
costume de falar bem mais de um do que do outro.
Na tabela abaixo, você pode ver os
resultados dos livros que consultei (e pode fazer a mesma pesquisa em outros
livros que tenha aí, que eu aposto que chegará aos mesmos resultados):
Livro
|
“Irmão”
|
“Primo”
|
Proporção
|
“Antiguidades
Judaicas” (Josefo)
|
418
|
24
|
5,4%
|
“Filho
do Fogo” – Vol. 1 (Daniel Mastral)
|
28
|
0
|
0%
|
“Filho
do Fogo” – Vol. 2 (Daniel Mastral)
|
27
|
4
|
12,9%
|
“Malleus
Maleficarum” (Heinrich Kraemer)
|
11
|
0
|
0%
|
“História
Eclesiástica” (Eusébio de Cesareia)
|
50
|
8
|
13,7%
|
“Suma
Teológica” (Tomás de Aquino)
|
178
|
0
|
0%
|
“Os
100 acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo” (Kenneth
Curtis)
|
14
|
1
|
6,6%
|
“New
Catholic Enciclopedia” (Vol. 13)
|
81
|
16
|
16,4%
|
“Não
tenho fé suficiente para ser ateu” (Geisler)
|
20
|
0
|
0%
|
“Uma
Breve História do Cristianismo” (Blainey)
|
7
|
1
|
12,5%
|
“A
História das Minhas Calamidades” (Abelardo)
|
3
|
0
|
0%
|
“A
História Secreta dos Jesuítas” (Alberto Rivera)
|
6
|
0
|
0%
|
“Igreja,
Carisma e Poder” (Leonardo Boff)
|
7
|
0
|
0%
|
“Harry
Potter and the Sorcerer's Stone” (J. K. Rowling)
|
21
|
3
|
12,5%
|
“O
Senhor dos Anéis” (J. R. R. Tolkien)
|
40
|
11
|
21,5%
|
“As
Crônicas de Nárnia” (C. S. Lewis)
|
40
|
3
|
6,9%
|
“A
Idade Média e o Dinheiro” (Le Goff)
|
9
|
0
|
0%
|
“A
Civilização do Ocidente Medieval” (Le Goff)
|
11
|
0
|
0%
|
“500
Anos de Reforma” – Vol. 1 (Lucas Banzoli)
|
19
|
3
|
13,6%
|
“O
Enigma do Falso Profeta” (Lucas Banzoli)
|
17
|
0
|
0%
|
De todos os livros consultados,
o único que teve uma proporção um pouco mais significativa de “primo(s)” foi “O
Senhor dos Anéis”, que mesmo assim não passou de 21% das ocorrências (contra 79%
de irmãos). Na maioria das obras, a proporção de ocorrência de “primos” foi inferior
à de Josefo, e mesmo aqueles que o
superaram se mantiveram numa faixa relativamente próxima. Infelizmente, Dave não
pensou nisso na hora de formular seu argumento, inteiramente baseado numa
metodologia totalmente errada desde a base.
Se ele quisesse fazer uma metodologia séria e científica, precisaria
primeiro provar que os autores judeus da época citavam muito menos vezes “primos”
do que os não-judeus, e só então provar que Josefo se enquadrava dentro dessas
condições. Mas ao ignorar o fato de que primos são sempre muito menos citados
do que irmãos, Dave só consegue “chover no molhado”, provando a coisa mais óbvia
que existe em qualquer obra, época ou lugar. Enquanto ele não mostrar nas obras
de Josefo um primo que foi efetivamente chamado por ele de “irmão”, tudo o que estará
provando é a sua dificuldade de lidar com o doloroso fato de que a tese que ele
sempre sustentou é uma fraude frágil, leiga e indefensável.
Dave admite a fraqueza de seu argumento sobre Hegésipo
Depois de usar um texto em que Hegésipo chama Judas de irmão de Jesus e
dizer que ele o chamou de primo (veja em minha refutação
anterior), Dave deu um passo para trás e reconheceu a fraqueza do seu
próprio argumento (embora ainda não reconheça que Hegésipo é concretamente uma
prova contra a tese católica, mas não deveríamos esperar
muito). Ele escreve:
Banzoli consegue, no entanto (entre suas
habituais injúrias absurdas), construir um caso bastante racional e sério
contra os dados interessantes de Hegésipo (crédito onde é devido). Um de seus
comentaristas em seu artigo apresenta um caso muito mais detalhado e bem
argumentado “contra” Hegésipo como testemunha de virgindade perpétua. Um
argumento de algumas afirmações relevantes de Hegésipo pode ser feito,
consistente com a teoria dos “primos”, e eu fiz o meu melhor para fazê-lo. Mas
não é hermético, de forma alguma (já que é difícil provar a qual “Symeon/Simão”
ele se referia); após uma consideração mais aprofundada, é uma evidência
relativamente fraca. Não devemos reivindicar argumentos mais do que eles
merecem (bom conselho para todos os apologistas e quaisquer debatedores).
O comentarista que ele se refere é o Carlos Fuentes, um apologista
evangélico de Honduras que costuma comentar nos artigos aqui do site e que fez uma
série de observações contundentes a respeito de Hegésipo não poder ser usado em
favor da tese papista (veja os comentários dele aqui,
no meu artigo anterior). Ele também tem um site em espanhol chamado “Conociendo la verdade”,
e traduziu meus dois volumes dos “500 Anos de Reforma” ao espanhol (veja aqui
e aqui).
Dave pode ter desistido de usar Hegésipo em seu favor, mas ele não
desistiu de usar outros argumentos tão frágeis quanto:
O argumento geral para a virgindade perpétua e
Jesus como filho único já está substancialmente – eu diria quase
convincentemente – presente na própria Sagrada Escritura (eu o apresentei
extensivamente em muitos artigos: veja minha página da Santíssima Virgem Maria),
antes mesmo de chegarmos à tradição e aos Pais. Em qualquer caso, ele não
depende, nem permanece ou cai com Hegésipo (ou, nesse caso, São Jerônimo).
E continua sendo verdade que a grande maioria
dos Pais da Igreja (um grande consenso) defendeu a virgindade perpétua de
Maria. Os protestantes podem tentar descartar isso e racionalizá-lo, se
quiserem (achar que todos eles eram imbecis desonestos e analfabetos bíblicos
também, como Banzoli e seus amigos em vão imaginam que eu sou), mas isso não
lhes adiantará nada. Seus fundadores, quase todos, também acreditavam nessa
doutrina (Calvino era muito impaciente com aqueles que a rejeitavam), provando
assim que não é “uma coisa exclusivamente católica”.
Provar pela Bíblia que Maria teve outros filhos além de Jesus é ainda
mais fácil do que provar com Josefo ou Hegésipo, porque literalmente ela toda é
um testemunho contra a virgindade perpétua (você pode ver mais sobre isso no meu
índice
de artigos sobre catolicismo, mais especificamente no tópico “Artigos sobre
os irmãos de Jesus”). Recentemente postei aqui uma “refutação da refutação” do
artigo de Dave sobre Mateus 1:25 (veja aqui),
que prova acima de qualquer dúvida razoável que José teve relações com Maria
após o nascimento de Jesus, de forma tão natural quanto qualquer outro casal –
artigo este que Dave preferiu se silenciar completamente, talvez para não ter
que admitir o embaraçoso fato de que eu estava com a razão nisso também.
Sobre os Pais da Igreja, embora seja verdade que muitos deles
defenderam a virgindade perpétua, é igualmente verdadeiro que nenhum deles é
anterior a Tertuliano, que os que defenderam está longe de ser um «grande
consenso» (veja aqui
e aqui),
e que a esmagadora maioria deles data do século IV em diante, quando o ascetismo já
havia ganhado grande aceitação na Igreja e o sexo passou a ser visto como algo
sujo em si mesmo (eu falo muito sobre isso no capítulo 14 do livro “A
Lenda da Imortalidade da Alma”).
Na medida em que a privação sexual (mesmo dentro do casamento) se
tornou sinônimo de virtude, ficou difícil não associar a figura de Maria à de
uma mulher casta, que mesmo casada se mantinha longe de se “contaminar” com o sexo – um modelo de piedade que deveria ser seguido, e que inspirou milhares de
monges e monjas. Não à toa, o único que tentou defender a virgindade perpétua com bases bíblicas foi Jerônimo, e mesmo assim ele precisou
inventar uma nova teoria (a dos primos) sem nenhuma base histórica anterior e tão desprovida de fundamento que até
mesmo Dave a está abandonando para conseguir continuar defendendo a virgindade
perpétua aqui.
Em relação aos reformadores, é natural que eles mantivessem certas
doutrinas “católicas”, já que ninguém espera que alguém reforme tudo do dia pra
noite. Com exceção de Lutero, eles criam em imortalidade da alma também, o que
não me impediu de escrever um livro de 1.900 páginas combatendo isso. A verdade
não está no que os reformadores disseram, mas no que a Bíblia diz (e os
próprios reformadores reconheciam isso). Eles próprios nunca se apresentaram
como portadores infalíveis da verdade (uma espécie de “papa do protestantismo”),
mas reconheceram a possibilidade de estarem errados e que poderiam ser
corrigidos biblicamente, se novos estudos indicassem a posição contrária.
É por isso que um dos lemas mais importantes da Reforma era ecclesia reformata, semper reformanda (“Igreja reformada, sempre reformando”), e
não “uma vez reformada, pra sempre reformada”, como se não houvesse espaço para
novas reformas e o século XVI marcasse o começo e o fim. Provavelmente, se os
reformadores estivessem vivos hoje e tivessem à sua disposição toda a gama de
estudos já produzidos desde então até os nossos dias, notariam que havia muito
mais coisa errada em Roma do que aquilo que eles constataram em seus dias.
A própria história de Lutero é uma prova disso: tudo começou apenas com
a venda de indulgências, daí passou para a justificação pela fé, e então para
outras doutrinas, cada qual gradativamente – e não como se Lutero tivesse lido
a Bíblia em um mês e decidido todas as doutrinas. Papistas como Dave não conseguem
entender isso, porque estão acostumados à velha mentalidade romana que concebe o
papa como um ser supremo e infalível, cuja palavra tem a mesma autoridade que a
de Cristo – não à toa chamado de vigário
(literalmente “substituto”) do
filho de Deus –, e por isso têm uma imensa dificuldade em conceber que no
protestantismo a mentalidade é completamente outra, e que não há em nosso meio
ninguém análogo à figura do papa (embora queiram a todo custo transformar Lutero ou Calvino
em um).
Eu não duvido que depois disso Dave mude novamente de teoria e diga que o "Tiago irmão de Jesus" que Josefo citou não é o "Tiago irmão de Jesus" da Bíblia (como disse um leitor de seu site ao comentar o artigo, o qual defendia que Josefo nunca citou Jesus, o mesmo que dizem os ateus). Quando se trata de "refutar" os protestantes, vale até mesmo se aliar aos ateus. O problema de se mudar tantas vezes de teoria é que uma hora não sobra teoria nenhuma, e essa é a triste condição à qual Dave está fadado.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
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Exelente Banzoli. Cuando lo tomas por un tema a la vez, te das cuenta que es aquí donde Dave comienza a conocer el verdadero terror.
ResponderExcluirMuchas gracias por tu contribución!
ExcluirMañana haré unas observaciones. Sin embargo ten por seguro que esto también será puesto en un formato de video. Bendiciones desde Honduras.
ResponderExcluirCuando hayas hecho el video, envíamelo por favor. Bendiciones!
ExcluirSolo una corrección, no soy peruano, soy hondureño. Bendiciones hermano.
ResponderExcluirPerdoname el error, ya lo corregí.
ExcluirTop. Essa é a pá de cal do catolicismo. Não há como sustentar séculos de mentiras quando a virgindade perpétua cai. Qualquer um que leia a Bíblia seriamente sabe que o catolicismo é podre. Parabéns mais uma vez, Lucas
ResponderExcluirObg!
ExcluirBut you do believe that Jesus is God, right?
ResponderExcluirOf course!
ExcluirExcellent article. You have more patience than I when it comes to sorting through this kind of nonsense. It is obvious that Mary had other children besides Jesus. Why would a man abstain from sexual relations with his wife?!?!? The dogma is nonsensical.
ResponderExcluirExactly! This idea of "celibate marriage" is totally foreign to Jewish mentality and culture. I would also like to know how a papist can be sure that Mary never had sex with Joseph if he wasn't there to know (and if no biblical text says so). It is a dogma built on sand on the beach.
ExcluirHow do they know? Now, that's funny!
ExcluirBendiciones Lucas, como te dije ayer, haré unas observaciones, pero lo haré en español, espero que no sé inconveniente para leer lo que tengo que decir (ya que el portugués no es mi lengua materna y a veces me sale mal las traducciones).
ResponderExcluir1. Es obvio que la nueva actitud de Dave hacia Josefo solo puede obedecer al hecho que se dio cuenta de que, Josefo no se puede descartar como fuente histórica sobre los hermanos de Jesús por el mero de hecho de no ser cristiano. Aunque Dave no lo quiera admitir abiertamente, su actitud y consideración hacia el testimonio de Josefo revela que tu refutación llevo a cabo su cometido.
2. Algo que me llama bastante la atención (y creo que Dave sabe que está metiendo la pata, pero está cruzando los dedos para que nadie se dé cuenta) es al argumentar que “Si asumiéramos lo que la estrategia de lectura helvidiana supone de los “hermanos” de Jesús, insistiríamos en que Herodes y Felipe compartían la misma madre, cuando en realidad no era así” (Ant. 18.109). ¡Vaya! ¡Descubrió América! Eso sigue sin refutarnos, ya que dos individuos pueden ser hermanos BIOLÓGICOS compartiendo UN SOLO PROGENITOR. ¿Y qué es precisamente lo que defendió Helvidio y lo que pensamos los protestantes evangélicos? ¿Qué Jesús tenía hermanos porque compartían al mismo padre y madre? ¡NO! Creemos que Jesús tuvo hermanos porque compartían un solo progenitor común: María. Es decir, Dave básicamente nos está entregando el debate en bandeja y no se ha dado cuenta (o tal vez lo sabe, pero piensa que nadie se dará cuenta).
ResponderExcluirSu argumento solo confirma que la palabra “hermano” siempre significa “hermano” aunque solo compartan a uno de los padres. Es decir, entre Herodes y Felipe había consanguinidad a través del padre, entre Jesús y sus hermanos había consanguinidad a través de la madre; ambos casos, son “medios hermanos” biológicos. Este punto de vista no encaja con la tesis de Epifanio y Jerónimo, ya que ambos negaron que Jesús haya sido hijo biológico de José, también rechazaron que los hermanos de Jesús sean hijos biológicos de María; por lo tanto, según estas teorías, Jesús no comparte ningún vínculo consanguíneo con sus hermanos ni por parte de José ni por María. El testimonio de Josefo con respeto al uso de la palabra “hermano” en el caso de Herodes y Felipe es compatible solamente con la tesis de Helvidio, al menos que Dave y los ortodoxos crean que Jesús fue hijo biológico de José, pero sabemos que al menos en los evangelios de Mateo y Lucas, esta opción está descartada.
Sobre este asunto, el erudito católico Jhon Paul Meier afirma:
“Un punto interesante es que Marcos también conoce el uso de “adelfos” con el significado de "medio hermano", como se ve en 6,17, donde se llama a Filipo hermano de Herodes Antipas. En realidad, los exegetas discuten sobre si el "Filipo" de este versículo es Pilipo el nieto de Herodes el Grande y Cleopatra de Jerusalén, o bien Herodes Filipo, el nieto de Herodes el Grande y Mariamna II . PERO EL DEBATE CARECE DE IMPORTANCIA EN CUANTO AL PUNTO QUE NOS OCUPA: en este texto, "hermano" tiene que significar "medio hermano", puesto que Herodes Antipas era hijo de Herodes el Grande y de otra mujer de éste, Malthace la Samaritana. DE ESTE MODO, HABÍA CONSANGUINIDAD SÓLO A TRAVÉS DEL PADRE BIOLÓGICO COMÚN, Y FILIPO (QUIEN QUIERA QUE FUESE) ERA ADELFO DE ANTIPAS EN EL SENTIDO DE MEDIO HERMANO.” (Un judío Marginal, vol. 1 Editorial: Verbo Divino, pág. 336 y 1337)
Es básicamente lo mismo que defendió y defendemos los protestantes evangélicos, que los hermanos de Jesús son sus hermanos porque comparten únicamente un solo progenitor común: María. En palabras más sofisticadas, eran medios hermanos.
3. Además, nosotros no estamos obligados demostrar que cuando los evangelios y Josefo hablan de los hermanos de Jesús, se referían a “hermanos biológicos”. Los evangelios de Mateo y Lucas dejan claro que Jesús no es hijo de biológico de José, entonces lo más normal y natural es concluir que los hermanos de Jesús son hijos de María; nadie está obligado a demostrar esta conclusión porque la palabra “hermano” encierra ese concepto por sí mismo. Como bien dice El historiador francés Pierre-Antonie Berhheim, los escritores de los evangelios “no intentaron disuadir a sus lectores de creer en la existencia de hermanos de Jesús. La carga de la prueba está de hecho del lado de aquellos que niegan la interpretación natural de los textos.” [James, Brother of Jesus, 1996, pág. 19]
ResponderExcluirEmpleando el criterio de la “múltiple atestación de las fuentes” tenemos 3 evangelios sinópticos, 1 evangelio independiente, 2 cartas del apóstol pablo y un historiador judío del siglo I que hablan sobre los hermanos de Jesús, ninguno de ellos sugirió que Jesús era hijo único de María por parte de José (ya que solo así el asunto filológico seria compatible) más bien, dos fuentes (Mateo y Lucas) dejan claro que José no es el padre biológico de Jesús. Por lo tanto, la idea que Jesús tuvo hermanos, al menos por parte de María, pasa con éxito el criterio de la “múltiple atestación de las fuentes”.
Usando el mismo criterio con respecto a Herodes y Felipe, Josefo Flavio deja claro que ambos no comparten a la misma madre (lo mismo que hace Lucas y Mateo al decir que Jesús no comparte el mismo padre con sus hermanos) por lo tanto, la conclusión que Herodes y Felipe son medios hermanos pasan con éxito este mismo criterio. ¿A dónde quiero ir con esto? Bueno, que una fuente diga que Zutano y Mengano son hermanos (sin rodeos), otra fuente puede revelar que Zutano y Mengano son en realidad medios hermanos porque comparten solo a uno de los padres, esto es muy normal en el siglo I y con los hermanos de Jesús es un caso igual.
Vea la comparación.
ResponderExcluirA. Herodes y Felipe son señalados como hermanos sin reservas (Marcos 6:17; Mateo 14:3; Lucas 3:19), de igual forma, se dice que Jesús tuvo hermanos sin reservas (Marcos 6:3, Juan 2:12)
B. Sin embargo, otras fuentes revelan que Herodes y Felipe son hermanos, pero no comparten a la misma madre (Ant. 18.109) lo mismo con Jesús y sus hermanos, no comparten al mismo padre (Lucas 3: 23).
Por lo tanto, los lectores gentiles de habla griega llegarían a la conclusión que Jesús en efecto tuvo hermanos carnales. El uso filológico demostrado por Dave revela que para que Mengano o Zutano sean hermanos carnales, debían al menos compartir un solo padre, y el caso de Jesús no es la excepción; si los hermanos de Jesús no podían ser “hermanos” por parte de Padre ¿Quién más podría ser candidato para crear ese vínculo? Es obvio, evidente, claro e intuitivo, que María sería la única candidata disponible para generar ese vínculo (ni modo que necesitemos 3 personas para dar luz un nuevo ser humano).
Por lo tanto, la idea que Jesús tenía hermanos por parte de Madre es la conclusión más normal y natural. La lectura natural e imparcial (mal llamado “helvidiano”) es aquella que da prioridad a la conclusión que Jesús tuvo hermanos, cualquier lector griego de la época hubiera llegado a esa conclusión. La enciclopedia católica confirma:
“El círculo familiar de Jesús se describe con más detalle en Mc 6.3 como compuesto por sus “hermanos” y “hermanas”, siendo explícitamente nombrados cuatro de los hermanos. Las palabras griegas ἀδελφὸς y ἀδελφαὶ que se usan para designar la relación entre Jesús y estos parientes TIENEN EL SIGNIFICADO DE HERMANO Y HERMANA DE SANGRE PURA EN EL MUNDO DE HABLA GRIEGA DE LA ÉPOCA DEL EVANGELISTA Y NATURALMENTE SERÍAN TOMADAS POR SU LECTOR GRIEGO EN ESTE SENTIDO.” [New Catholic Encyclopedia, 2003, vol. 9, pág. 240]
¡Gracias Dave! Nos hiciste un favor en demostrar que la palabra “hermano” tal como lo creemos nosotros con respecto a los hermanos de Jesús (hijos de un solo padre) tiene soporte filológico en Josefo Flavio.
4. Si Dave rechaza el concepto de “hermano” que el mismo demostró (nuevamente, gracias) está obligado a demostrar del porqué los hermanos de Jesús no pueden ni siquiera ser hijos de María (en definitiva, que no comparten ni madre ni padre). Por lo tanto, la carga de la prueba recae sobre Dave y sus correligionarios, nosotros no estamos obligados en demostrar que “hermano” significa “hermano biológico” eso será altamente patético, pondré algunos ejemplos bíblicos:
ResponderExcluir“Y Marta dijo a Jesús: Señor, si hubieses estado aquí, mi HERMANO no habría muerto. Más también sé ahora que todo lo que pidas a Dios, Dios te lo dará. Jesús le dijo: Tu HERMANO resucitará.” (Juan 11: 21- 22)
Una “lectura Helvidiana” de este pasaje, sugiere que Marta y Lázaro eran hermanos y, por lo tanto, es plausible que sean hijos de la misma madre; ni Dave y ningún otro apologista católico ha sugerido que el hermano de Marta era en realidad su primo, o hijo de uno de sus padres de otro matrimonio. ¿Sería razonable que alguien nos exija que estamos obligados en demostrar que Lázaro y Marta fueron hermanos biológicos? ¡NO! La palabra “hermano” precisamente significa eso, y quien diga lo contrario está obligado a demostrar porque estas dos personas no fueron hermanos, lo mismo se aplica con los hermanos de Jesús.
Además, los mismos católicos cuando les convienen hacen una “lectura Helvidiana”, por ejemplo, cuando dicen que María la madre de Jesús tenía una hermana llamada Maria (Juan 19: 25) ¿Por qué no decir que eran primas?, el mismo Dave también apela a una “lectura Helvidiana” cuando dice: “Ahora que hemos visto en las Sagradas Escrituras que Santiago es primo hermano de Jesús, se deduce que si Judas es SU HERMANO (asumiendo que este es el significado de Judas 1:1), entonces también es primo hermano de Jesús.” ¿Por qué no podemos concluir que Judas y Santiago son primos? ¿Solo cuando les conviene la palabra “hermano” significa “hermano de sangre”? Los mismos católicos que critican la lectura natural de Helvidio, son los mismos que apelan a la misma “lectura Helvidiana” para creer que María (madre de Jesús) y Judas tuvieron un hermano, irónico. Este es el claro de ejemplo de una persona que practica aquello que critica.
5. Con respecto a los reformadores, es muy evidente que Dave está dando puras patadas de ahogado; esa parte de su post es un patético relleno, como si alguna forma eso fuera prueba que Jesús no tenía hermanos. Dave dice “Y sigue siendo cierto que la gran mayoría de los Padres de la Iglesia (un gran consenso) defendieron la virginidad perpetua de María. Los protestantes pueden tratar de descartar esto y racionalizarlo si quieren”, perfecto, Dave se le olvida que en el siglo II y III el “gran consenso” de los padres de la iglesia no pensaban en:
ResponderExcluir1. Que los hermanos de Jesús son primos.
2. Que José fue un hombre fuerte y maduro cuando se casó con María.
3. Que José no tuvo hijos y también fue virgen (tesis de Jerónimo).
Solo porque existe un gran consenso de padres de la iglesia pre nicena que rechazaron estos 3 puntos (de los cuales los dos primeros puntos muy probablemente lo piensan Dave) ¿Solo por eso los vamos a rechazar? ¡NO! Los padres de la iglesia pre nicena eran casi unánimes en pensar que José tuvo hijos y que fue un anciano al juntarse con María, además ningún padre de la iglesia (antes de Jerónimo) sugirió que los hermanos de Jesús fueron en realidad sus primos. ¿Dave solo toma en cuenta el consenso cuando le conviene en la época que le conviene? Además, el simple hecho que Tertuliano hablará de los hermanos carnales de Jesús y que Orígenes haya admitido que “ALGUNOS dicen … Que los hermanos de Jesús eran hijos de José con una esposa anterior, con la cual él se casó antes de María.” (Comentario sobre el Evangelio de Mateo, libro X, cap.17) es evidencia histórica que, en la iglesia primitiva, ambas tradiciones (que María tuvo o no tuvo hijos) coexistían y “competían” por ser la verdadera; Por lo tanto, no se pueden descartar ambas, debemos retroceder más atrás y averiguar cuál de las dos tiene más soporte histórico y filológico.
Es aquí, donde los criterios modernos de la investigación histórica revelan que la tesis más probable y plausible es que los hermanos y hermanas de Jesús fueron realmente tales. El filólogo Antonio Piñero (que por cierto es agnóstico, por lo tanto, su opinión será neutral y aconfesional) sostiene:
“me atrevo a opinar que la interpretación más simple y natural de la expresión, los «hermanos de Jesús» desde el punto de vista de la historia y de la filología es entenderla de modo normal y espontáneo, como «hermanos en pleno sentido, carnales». Nos parece que tanto la historia de la antigua Iglesia como la sencillez de los textos del Nuevo Testamento y el uso del griego de la época así lo recomiendan. Creemos que en esto tienen más razón los intérpretes protestantes que los católicos” [Aproximación al Jesús histórico, 2019, pág. 267]
Bendiciones en Cristo.
Muy buenas observaciones! Gracias por compartir!
ExcluirLucas Esses dias descobri um Artigo que supostamente te "refuta", mas na minha análise não refuta nada.
ResponderExcluirPegou sua parte:
A este teste, portanto, serão submetidos pelas igrejas que, embora não derivem a sua fundação de apóstolos ou homens apostólicos (sendo de data muito posterior, pois, na realidade, são fundadas diariamente), uma vez que concordam na mesma fé, são consideradas como não menos apostólicas, porque são semelhantes em doutrina” (Prescription against Heretics, Cap. 32)
Para Tertuliano, uma igreja não perdia a apostolicidade pelo fato de não derivar dos apóstolos ou ser de data muito posterior. Isso prova que, para os Pais da Igreja, a apostolicidade não é determinada por uma linha de sucessão apostólica que diz guardar a “tradição” (pois tradições muitas vezes corrompem o evangelho e divergem entre si, como é o caso da tradição ortodoxa que é distinta da tradição romana), mas sim por pregar a doutrina cristã do modo que esta se encontra no Novo Testamento. "
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E depois escreveu:
Falso!
Leia-se TODO o capítulo 32 da referida obra de Tertuliano (versais minhas):
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"Mas se houver ( heresias ) suficientemente ousadas para se plantarem no meio da era apostólica , para que assim possam parecer ter sido entregues pelos apóstolos , porque existiram no tempo dos apóstolos , podemos dizer : DEIXE-OS PRODUZIR OS REGISTROS ORIGINAIS DE SUAS IGREJAS; QUE DESDOBREM O ROL DE SEUS BISPOS ,QUE SE ESGOTE NA DEVIDA SUCESSÃO DESDE O PRINCÍPIO, de tal maneira que [aquele bispo deles] SEJA CAPAZ DE MOSTRAR A SEU ORDENADOR E PREDECESSOR ALGUM DOS APÓSTOLOS OU DOS HOMENS APOSTÓLICOS, - UM HOMEM, ALÉM DISSO, QUE CONTINUOU FIRME COM OS APÓSTOLOS . POIS ESTA É A MANEIRA PELA QUAL AS IGREJAS APOSTÓLICAS TRANSMITEM SEUS REGISTROS : como a igreja de Esmirna, que registra que Policarpo foi colocado nela por João; como também a igreja de Roma , que faz Clemente ter sido ordenado de maneira semelhante por Pedro. Exatamente da mesma maneira, AS OUTRAS IGREJAS TAMBÉM EXIBEM (suas várias qualidades), as quais, COMO TENDO SIDO DESIGNADAS PARA SEUS LUGARES EPISCOPAIS PELOS APÓSTOLOS , consideram-se transmissoras da semente apostólica. DEIXE OS HEREGES INVENTAREM ALGO DO MESMO TIPO. Pois depois de sua BLASFÊMIA , o que há de ilegal para eles (tentar)? Mas, se eles efetuarem o artifício, não avançarão um passo. Pois sua própria doutrina, depois da comparação com a dos apóstolos , declarará, por sua própria diversidade e contrariedade, que não tinha, por seu autor, um apóstolo nem um apostólico; porque, como os apóstolos nunca teriam ensinado coisas que fossem autocontraditórias, assim os homens apostólicos não teriam inculcado ensino diferente dos apóstolos , a menos que aqueles que recebessem suas instruções
dos apóstolos fossem e pregassem de maneira contrária. A esta prova, portanto, eles serão submetidos à prova por aquelas igrejas que, embora não derivem seu fundador de apóstolos ou homens apostólicos (como sendo de data muito posterior, pois eles estão de fato sendo fundados diariamente), contudo, visto que eles Concordam na mesma fé , são considerados não menos apostólicos, porque são semelhantes em doutrina. Então, que todas as heresias , quando desafiadas a esses dois testes por nossa igreja apostólica, ofereçam sua prova de como elas se consideram apostólicas. Mas na verdade eles não são assim, nem são capazes de provar que são o que não são. Tampouco são admitidos a relações pacíficas e comunhão por parte de igrejas como as que, de alguma maneira, estão ligadas a apóstolos , VISTO QUE NÃO SÃO EM SI MESMAS APOSTÓLICAS POR CAUSA DE SUA DIVERSIDADE QUANTO AOS MISTÉRIOS DA FÉ"
Na minha opinião isso que ele escreveu não refuta nada, o que da a entender nesse texto é que é uma questão de doutrina mesmo como você já havia falado.
Principalmente nessa última parte.
VISTO QUE NÃO SÃO EM SI MESMAS APOSTÓLICAS ((POR CAUSA DE SUA DIVERSIDADE QUANTO AOS MISTÉRIOS DA FÉ"))
Acredito que ele escreveu isso referente a doutrinas Vs heresias.
Exato, quando ele diz que essas seitas "não são apostólicas" não é por não terem a "sucessão apostólica" (um bispo sucedendo outro bispo até os apóstolos), mas "por causa de sua diversidade quanto aos mistérios da fé", ou seja, por ensinarem falsas doutrinas. É por isso que o trecho anterior diz que essas igrejas sem sucessão apostólica ainda assim "são considerados não menos apostólicos, porque são semelhantes em doutrina". O que fazia uma igreja ser verdadeira ou falsa não era a sucessão apostólica em si, mas a autenticidade da doutrina que ela ensina. Se a sucessão apostólica fosse um fator determinante ou obrigatório, Constantinopla nunca poderia ter sido designada como "a nova Roma", já que não havia sido fundada por apóstolo nenhum.
ExcluirA questão da sucessão apostólica era só um dos elementos que naquela época (em que Tertuliano escreveu) ajudava a identificar uma igreja verdadeira, mas que logo se tornou completamente anacrônico, na medida em que as igrejas com sucessão apostólica começaram a ensinar doutrinas divergentes umas em relação às outras e até se excomungando mutuamente, como no Cisma de 1054 d.C. Até fazia sentido apelar para a "sucessão apostólica" numa época em que as igrejas haviam sido recém fundadas pelos apóstolos e não tinha tido tempo de muitas falsas doutrinas se infiltrarem, mas é completamente ridículo usar esse tipo de argumento dois mil anos depois (como se em todo esse tempo nenhum bispo que sucedeu os apóstolos tivesse pervertido a doutrina apostólica). Se uma igreja tivesse que ser verdadeira só por ter sucessão apostólica, então os católicos romanos não poderiam jamais dizer que a ICAR é "a única Igreja de Cristo", já que a Igreja Ortodoxa, a Copta e a Anglicana também tem, e pra eles são hereges.
Excelente Trabalho Lucas!
ResponderExcluirVocê é um dos que estão na linha de frente defendendo a nossa fé nos debates, que Deus te abençõe sempre.
"E por que então o mesmo Josefo se referiu a primos em várias outras ocasiões naquela mesma obra? A resposta é simples: porque sim. Caso encerrado, Salve Roma, Salve Maria e viva o papa."
Kkķkkkkkkkkkkkk Não aguentei nessa parte
Hahaha vlw :)
ExcluirBoa noite,
ResponderExcluirAs igrejas mais tradicionais, em especial a Ortodoxa, consideram que os cristãos mais elevados e modelos para todos são os ascetas rigorosos, por exemplo monges e eremitas. Um dos motivos é que eles desenvolveram práticas ascéticas ao longo da história, que supostamente os colocavam mais próximos de Deus. No protestantismo pelo que sei nunca existiu essa coisa de práticas místicas sistematizadas em detalhes.
Existe algum trabalho explicando a história de como foi que os ascetas ganharam essa primasia? Lembro de já ter lido que, quando Constantino decretou o Cristianismo como religião imperial, aconteceu uma disputa entre os bispos que viviam nas cidades e os ascetas dos desertos e florestas para ver quem atraía mais a atenção popular. Como os ascetas estavam ganhando, acabaram ficando como exemplos a serem imitados, será que procede?
Eu não tenho conhecimento dessa suposta disputa entre os bispos e os ascetas nos tempos de Constantino, mas eu abordo este assunto em um dos capítulos do meu livro sobre "Os 100 maiores acontecimentos da história do Cristianismo", mais especificamente no capítulo que eu postei aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2020/12/santo-antao-o-monaquismo-e-o-ascetismo.html
OK obrigado. Então a seu ver, foi mais uma questão cultural, que o povo via as privações como sinal de santidade, somado talvez a um desconhecimento de como a escritura ilustrava a santidade.
ExcluirTalvez fosse um tema interessante pra o Bruno Lima, que costuma fazer trabalhos com bastante material sobre tópicos históricos. Pena que está parado o blog dele, será que ainda lê os comentários se eu sugerir lá ?
Um abraço.
Você pode tentar, mas eu acho difícil que ele leia porque já faz anos que ele não atualiza o blog e ele desativou a conta dele do facebook por meio da qual eu mantinha contato, então não tenho nenhuma informação dele há tempos...
ExcluirPaz do Senhor, vamos aproveitar a promoção: "Duas refutações pelo preço de um". - A propósito, como comentei no artigo anterior, parece que ele usa a desculpa de Macabeus "e eu fiz o meu melhor para fazê-lo."
ResponderExcluir🤣🤣
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