Fleming's Bridgeway Bible Commentary (Donald C. Fleming)
“Os filhos de Maria e José
nascidos depois de Jesus foram Tiago, José, Simão, Judas e pelo menos duas
filhas (cf. Mt 13:55-56; Mc 6:3). A princípio, eles não aceitaram Jesus como o
Messias, mas pensaram que ele estava sofrendo de algum tipo de loucura
religiosa (Mc 3:20-21; cf. Jo 7:3-5). Jesus deve ter ficado triste ao ver
tal atitude em seus irmãos e irmãs, mas ele sabia que mais importante do que os
relacionamentos naturais eram os relacionamentos espirituais. Todos os que
obedecem a Deus estão relacionados a ele e uns aos outros na vasta família de
Deus (Mc 3:31-35)”
The Adam Clarke Commentary (Adam Clarke)
“Foram os inimigos de Cristo que
levantaram este relatório; e seus parentes, provavelmente pensando que era
verdade, foram confiná-lo”
Barnes' Notes on the Whole Bible (Albert Barnes)
“Eles saíram para prendê-lo. Para
afastá-lo da multidão e removê-lo para sua casa, para que ele pudesse ser
tratado como um maníaco, para que, pela ausência das ‘causas’ de agitação,
ele pudesse ser restaurado à sua mente sã. Eles disseram. Provavelmente
os inimigos de Jesus levantaram o relatório, e seus parentes foram
persuadidos a acreditar que era verdade”
Contending for the Faith (Charles Baily)
“Eles saíram para prendê-lo. Eles
pretendem prender Jesus à força e contra a sua vontade, se necessário. As mães
sempre sentiram que sabem o que é melhor para seus filhos e se preocupam por
não estarem cuidando adequadamente de si mesmas. Pois eles disseram: Ele
está fora de si: Esses íntimos sentem que Jesus se envolveu tanto com
Sua obra que não está mais pensando com clareza”
Dr. Constable's Expository Notes (Thomas Constable)
“Eles se preocuparam com Sua
saúde. Talvez eles estivessem preocupados que Ele não estivesse comendo
direito. Eles podem até ter concluído que Sua condição de excesso de
trabalho afetou Sua estabilidade mental. Eles decidiram vir de Nazaré para
Cafarnaum e cuidar dele para o Seu próprio bem. A palavra grega kratesai
(‘tomar custódia’ ou ‘assumir o comando’) em outro lugar descreve a prisão de
alguém (cf. Mc 6:17, 12:12, 14:1, 14:44, 14:46, 14:49, 14:51). Assim, parece
que a melhor das intenções motivou a família de Jesus. No entanto, eles
interpretaram mal as evidências. Ele não estava muito ocupado nem fora de si
(cf. At 26:24; 2Co 5:13). Ele estava simplesmente cumprindo a vontade de Seu
Pai”
William Barclay's Daily Study Bible (William Barclay)
“Sua própria família
chegou à conclusão de que ele havia perdido o juízo e que era hora de
ser levado para casa”
Gill's Exposition of the Entire Bible (John Gill)
“Os parentes e amigos de
Cristo, tendo ouvido falar da situação em que ele se encontrava, disseram uns
aos outros: ele está com a mente transtornada e pesada; seu zelo o leva
além dos limites devidos; ele certamente se esqueceu de si mesmo; sua
compreensão é perturbada; ele não se preocupa consigo mesmo; não cuida de sua
saúde; ele certamente o prejudicará muito, se continuar nesse ritmo, orando a
noite toda e pregando o dia todo, sem descansar ou comer: por isso eles saíram,
a fim de dissuadi-lo de tais trabalhos excessivos e levá-lo com eles, onde ele poderia
descansar e se refrescar”
Henry's Complete Commentary on the Whole Bible (Matthew
Henry)
“Seus parentes, muitos
deles, tinham pensamentos mesquinhos sobre ele (João 7:5), e estavam dispostos
a ouvir essa má alegação que alguns colocaram em seu grande zelo, e concluíram
enlouquecido em seu intelecto, e sob esse pretexto tentaram tirá-lo de seu
trabalho”
Ellicott's Commentary for English Readers (Charles John
Ellicott)
“E quando seus amigos. Literalmente,
aqueles dele – ou seja, de sua casa. Como a ‘mãe e os irmãos’
são mencionados mais adiante no capítulo como vindo para verificar seu ensino,
devemos ver neles alguns que eles enviaram com o mesmo objetivo. Para eles,
o novo curso de ação em que nosso Senhor havia entrado parecia um sinal de
superexcitação, correndo de forma imprudente para o perigo. Podemos,
talvez, ver na palavra aleatória assim proferida aquela que deu ocasião à
provocação mais maligna dos escribas no próximo versículo. Eles estavam dizendo
agora, como disseram depois (João 10:20): ‘Ele tem um demônio e está louco’”
Cambridge Bible for Schools and Colleges (John Perowne)
“Seus amigos. Não os
apóstolos, mas seus parentes, incluindo ‘seus irmãos e sua mãe’, que são
notados aqui saindo, e alguns versículos depois como tendo chegado à casa onde
nosso Senhor estava (Mc 3:31), ou o lugar onde as multidões o aglomeravam. Ele
está fora de si. Eles consideravam o zelo e a devoção diária ao Seu
trabalho de amor uma espécie de êxtase ou entusiasmo religioso, que o tornava
não mais senhor de Si mesmo”
Além destes Comentários Bíblicos
bem conhecidos, encontrei ainda alguns comentários adicionais nesta página, que é o
mais completo compilado que encontrei de autores dissertando sobre Marcos 3:
Craig Evans
“A característica
verdadeiramente estranha é a observação de que sua família, que veio de Nazaré,
responde tentando tomar a custódia dele (lit. “agarrá-lo”). O evangelista
explica que a família de Jesus estava dizendo que ele estava louco (lit.
‘fora de si’) – e é sua família que diz isso, não a multidão exaltada que Jesus
mais tarde identificará como sua verdadeira família, nem os escribas que
mantinham uma opinião muito mais sinistra. (...) Infelizmente, sua própria
família pensou que Jesus estava sofrendo um colapso mental”
Ray Stedman
“A palavra traduzida como ‘amigos’
realmente significa ‘parentes’ – literalmente, ‘aqueles que estão ao
lado dele’. Aprendemos com a última parte do capítulo que na verdade são sua
mãe e seus irmãos. Eles estão em Nazaré e chega a notícia de que ele não está
cuidando de si mesmo. Ele não está comendo direito. Ele não está dormindo
direito. Sua saúde está ameaçada. Então eles saem de Nazaré e vêm tentar
prendê-lo. O sentimento deles é que ele enlouqueceu, que está ‘fora de si’,
como resultado de sua preocupação com a dor do mundo. Agora, Jesus lidará com
esse mal-entendido no final deste relato”
William Lane Craig
“O incidente envolvendo os
escribas de Jerusalém entre as fases inicial e posterior da narrativa da
família é deliberado. Ele sugere que aqueles da família de Jesus que
declararam que ele é louco (Mc 3:21) não são diferentes dos escribas que
atribuem seus poderes extraordinários a uma aliança com Belzebu, o príncipe dos
demônios (Mc 3:22). O paralelo é acentuadamente enfatizado pela formulação de
Marcos das acusações contra Jesus nos versículos 21 e 30. Versículo 21: ‘Porque
eles [sua família] diziam: Ele está fora de si’. Versículo 30: ‘Porque eles
[os escribas] diziam: Ele tem um espírito imundo’”
Paul Hiebert
“Nos últimos anos, ouvimos
histórias de outras famílias que tentaram dissuadir os membros da família
(geralmente jovens adultos) de associações religiosas ou políticas fervorosas,
às vezes à força no que é popularmente chamado de desprogramação, geralmente na
crença de que seus entes queridos sofreram uma 'lavagem cerebral' e não estão
no controle de suas mentes. Vista sob esta luz, a passagem diante de nós
tem um toque humano familiar”
Parte 5: O que dizem os próprios católicos?
Essa é a parte da minha pesquisa
que eu mais me diverti, porque a princípio eu realmente pensava que a maioria
dos católicos fosse como Dave, e tentassem de alguma forma distorcer o
versículo da forma que ele faz (por maior que seja a loucura necessária para
tanto). Por isso foi com surpresa que descobri que, de cada 10 católicos
comentando o texto, pelo menos uns 9 concordavam com a minha leitura (de que os
que achavam que Jesus estava louco eram os seus parentes), e não com a de Dave
(de que eram os escribas).
Isso mostra que Dave está consideravelmente
abaixo até mesmo do padrão dos apologistas católicos, algo que eu já deveria ter
suspeitado depois de ver o tanto de aberrações presentes em seus artigos, que
não consigo encontrar em nenhum outro lugar (de fato, nunca vi ninguém alegar
que Hegésipo chamou Judas de primo de Jesus, ou que a sessão de necromancia em En-Dor
é uma prova da oração aos mortos). Ou seja, não se trata de uma discussão de “protestante
vs católico”, mas de “saber ler vs não saber ler” um texto.
Muitos dos artigos a seguir
foram escritos por padres ou bispos católicos que estão muito acima do pobre
leigo Dave na hierarquia católica, o que deixa as coisas ainda mais
interessantes (apesar dele provavelmente alegar que sabe mais do que eles,
porque eles não escreveram 4.000 artigos contra o protestantismo cheio de
textos tão ridiculamente manipulados quanto este). Sem mais, vamos a eles:
Site da Canção Nova, artigo do padre Bantu Mendonça (Fonte)
“No evangelho de hoje, vemos que
a multidão não compreende Jesus, porque esta busca resolução nos problemas
individuais. E a partir do momento que ele exigia mudança de vida, havia o
abandono. Pelo incrível que pareça, também a sua família não O compreende,
‘...os seus parentes foram segurá-lo, porque diziam: Enlouqueceu’ (Mc 3,21).
(...) Esta oração retrata a opção de vida de Jesus, o qual nem a sua família
deixou de chamá-lo louco. Ela tenta ‘impedir’ que Jesus prossiga com a sua
missão, quando julga que Ele está fora de si, devido à multidão que o
acompanha”
United States Conference of Catholic Bishops (Fonte)
“Dentro da narrativa da vinda
dos parentes de Jesus (Mc 3:20-21) está inserido o relato dos escribas
incrédulos de Jerusalém que atribuíram o poder de Jesus sobre os demônios a
Belzebu (Mc 3:22-30); veja nota em Marcos 5:21-43. Mesmo entre os parentes
de Jesus, havia aqueles que não acreditavam e consideravam Jesus louco (Mc
3:21)”
Site das mulheres monásticas beneditinas “Irmãs de São Bento
de Ferdinand” (Fonte)
“As pessoas cercaram Jesus tão
completamente que era impossível para ele comer. De alguma forma, os
parentes de Jesus souberam do que estava acontecendo e partiram para
prendê-lo. Eles disseram: “Ele está fora de si”. Eu me pergunto como
Jesus respondeu à crença de seus parentes de que ele estava ‘fora de si’”
Catholic Resources for Bible, do padre Felix Just (Fonte)
“A família e os discípulos mais
próximos de Jesus são muitas vezes retratados de forma bastante negativa em
Marcos; muitos dos seguintes detalhes são omitidos nas histórias paralelas de
Mateus e/ou Lucas... sua família quer contê-lo, pensando que ele é louco
(3:21)”
Site do padre John McKinnon (Fonte)
“Marcos posicionou o incidente
em sua sequência atual para fazer um paralelo com a crítica da família a
Jesus e a crítica mais perversa feita pelos escribas, mas também foi
estrategicamente colocado para prenunciar outro tema que ele logo
desenvolveria, a natureza e composição da comunidade de discípulos, já
insinuados na escolha dos doze”
“Existem situações em nossas
vidas em que nossas famílias não aprovam o que queremos ser no futuro. Quando
somos jovens, acreditamos que podemos contribuir com algo para o mundo.
Provavelmente, a razão pela qual a família de Jesus pensou que ele estava
louco é porque eles falharam em entender Sua verdadeira natureza. Eles
achavam que suas decisões eram absurdas e tinham medo do que aconteceria com
ele. Jesus provou a eles que era a vontade de Deus que Ele estava fazendo,
então é a coisa certa”
“A intensidade ou paixão com que
Jesus viveu e serviu as pessoas chocou sua família e os levou a dizer: ‘Ele
enlouqueceu’”
“Mas esta passagem revela que outros,
mesmo alguns que eram seus próprios parentes, pensavam que Ele estava ‘fora
de si!’. Muito interessante e muito revelador para nossa própria jornada de
fé”
Paróquia São José, do padre Luan Marques Domingues (Fonte)
“As dificuldades de Jesus
começaram com seus próprios parentes. Eles o consideraram louco e julgavam
vergonhoso vê-lo falar e dizer coisas que lhes parecia fora de propósito. A
rejeição dos familiares de Jesus funda-se numa série de preconceitos contra
ele. Ele era filho de uma família pobre, como poderia apresentar-se com uma
sabedoria tão alta? Eles o tinham visto crescer e pensavam conhecê-lo muito
bem, como agora estava se dando à prática de milagres, mais parecidos com atos
de magia? Sua origem era humilde, como agora estava vindo tanta gente atrás
dele, como se fosse uma pessoa importante? Havia algo de errado. Jesus só
podia estar louco e era preciso dar um basta naquela situação”
National Catholic Education Commission (Fonte)
“É a família de Jesus que ocupa
um lugar importante nos versículos que estamos estudando. Na primeira instância
(3:20-21) são os ‘parentes’ de Jesus (o texto grego os descreve como ‘os que
pertencem a ele’) que aparecem, atraídos pela preocupação de que não apenas
Jesus não pudesse comer, mas eles temiam que ele tivesse ‘perdido a cabeça’.
Em outras palavras, a própria família de Jesus acreditava que ele estava
louco: resta-nos considerar como o que ele estava fazendo e dizendo na
Galileia pode tê-los encorajado a formar essa opinião. A família que Marcos
menciona são a mãe e os irmãos de Jesus, nenhum dos quais é mencionado”
“Alguns de seus parentes e
discípulos ficaram chateados e pensaram que Jesus não estava cuidando de si
mesmo por causa de seus esforços incansáveis no
ministério.
Em sua mente, ele era um simples carpinteiro de sua cidade natal, mas Jesus,
como Deus, tem uma paixão
por seu povo”
“Catholic.Net”, o primeiro site católico da internet (Fonte)
“A família procura Jesus.
Os parentes chegam à casa onde Jesus estava hospedado. Provavelmente, eles
vieram de Nazaré. De lá até Cafarnaum a distância é de cerca de 40 quilômetros.
Sua mãe estava com eles. Provavelmente não entraram porque havia muita
gente, mas mandaram alguém dizer-lhe: ‘A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora
e querem ver-te’. Segundo o evangelho de Marcos, os parentes não querem ver
Jesus, querem levá-lo de volta para casa (Mc 3:32). Eles pensaram que Jesus
havia perdido a cabeça (Mc 3:21)”
Site do padre Lucas de Paula Almeida (Fonte)
“Mc 3:20-21: Os
parentes de Jesus diziam que estava fora de si. Jesus teve problemas com a
família. A família, às vezes, ajuda e, outras vezes, atrapalha. Assim foi
com Jesus e assim é conosco. (...) Quando os parentes de Jesus souberam disso,
disseram: ‘Ficou louco!’. Talvez, porque Jesus tinha saído fora do
comportamento normal. Talvez, porque comprometia o nome da família. Seja como
for, os parentes decidem levá-lo de volta para Nazaré. Sinal de que o
relacionamento de Jesus com a sua família estava estremecido”
“E esta era uma cena
corriqueira, por onde Jesus passava, arrebanhava multidões. E Ele agregava
todas estas pessoas que o seguiam, a despeito do incômodo que demonstravam
seus parentes e discípulos diante da falta de sossego, da falta de
privacidade: ‘E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer’.
E os parentes queriam proteger Jesus, achando aquilo um exagero: ‘Quando
souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que
estava fora de si’ (Mc 3:21)”
“Os parentes de Jesus diziam
que ele estava fora de si. (...) As dificuldades de Jesus começaram com
seus próprios parentes. Eles o consideraram louco e julgavam vergonhoso
vê-lo falar e dizer coisas que lhes parecia fora de propósito”
Paróquia São Francisco Xavier (Fonte)
“Os mestres, voltando de
Jerusalém, são explícitos em dizer que ‘seu poder vem de Belzebu e que é em
nome dele que realiza os milagres’. Fosse só isto, mas seus problemas iam mais
além. Jesus de Nazaré sentia haver falta de apoio daqueles mais próximos. Das
pessoas que amava e de quem devia esperar que o ajudassem a cumprir sua missão.
Essa era incompreendida pela própria família. Seus parentes desejavam
afastá-lo da fidelidade ao caminho do Pai. Sentiam-se incomodados porque
Ele fugia totalmente ao padrão familiar. Não assumira a profissão do pai, nem
tinha namorada para se casar e gerar filhos. Seguir enfim a vida normal da sua
gente, morando ali por perto, em volta dos parentes. Impacientam-se com a
situação e resolvem buscá-lo. Deviam sentir vergonha e até o consideram
louco. Era preciso agarrá-lo e mesmo interditá-lo, diríamos hoje em dia”
É engraçado como Dave se gaba de
ter citado um “estudioso protestante” que contraria a minha posição, como se
isso significasse grande coisa, quando eu citei dúzias de autores católicos que
contrariam a posição dele (e teria citado milhares, se tivesse tanto tempo
livre quanto ele e mais nada pra fazer na vida). Outro caso interessante que eu
encontrei foi a interpretação que Teofilato fez do texto no século XI, mais uma
vez corroborando o que qualquer pessoa sóbria e racional encontra no texto: “E até seus amigos quiseram fazer isso, isto é, seus
parentes, talvez seus compatriotas ou seus irmãos. Mas era uma tola
insanidade deles, conceber que o operador de tão grandes milagres da sabedoria
divina havia enlouquecido” (Fonte).
O verso 21 não se refere à família de Jesus?
Como um último ato de desespero
antes da capitulação, Dave dá moral (embora não a afirme taxativamente) a uma
teoria ainda mais delirante, a de que o verso 21 não se refere à família de
Jesus (quando diz que vieram para prendê-lo). Ele cita um certo “Comentário
Católico de 1953”, que Dave afirma ter “alguns
comentários muito bons sobre a passagem”. Vejamos que “comentários
bons” são esses:
A
interpretação usual é que parentes (ou seguidores) de Cristo, perturbados com
os relatos, saíram para cuidar dele. Os seguintes pontos devem ser observados. A
frase οἱ παρ ' αὐτοῦ não significa necessariamente parentes (amigos). Tem um uso
mais amplo que incluiria discípulos, seguidores, membros de uma família. Não é
certo que as pessoas designadas por esta frase sejam as mesmas que sua mãe e
irmãos.
O “Comentário Católico de 1953”
só se esquece que a própria continuação do texto deixa claro que esses parentes
eram mesmo a mãe e os irmãos de Jesus, como se percebe na leitura da perícope
completa:
Marcos
3
20 Então Jesus entrou numa casa, e novamente reuniu-se ali
uma multidão, de modo que ele e os seus discípulos não conseguiam nem comer.
21 Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: “Ele está fora de si”.
22
E os mestres da lei que haviam descido
de Jerusalém diziam: “Ele está com Belzebu! Pelo príncipe dos demônios é que
ele expulsa demônios”.
23 Então Jesus os chamou e lhes falou por parábolas: “Como
pode Satanás expulsar Satanás?
24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá
subsistir.
25 Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não
poderá subsistir.
26 E se Satanás se opuser a si mesmo e estiver dividido,
não poderá subsistir; chegou o seu fim.
27 De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e
levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. Só então poderá roubar a casa
dele.
28 Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos
homens lhes serão perdoados,
29 mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá
perdão: é culpado de pecado eterno".
30
Jesus falou isso porque eles estavam
dizendo: “Ele está com um espírito imundo”.
31 Então chegaram a mãe e os irmãos de
Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo.
32 Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe
disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram”.
33 “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”, perguntou
ele.
34 Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor
e disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos!
35
Quem faz a vontade de Deus, este é meu
irmão, minha irmã e minha mãe”.
No verso 21, os familiares de
Jesus haviam saído para apoderar-se dele, no texto que você já está extenuado
de ler. O relato continua narrando as palavras de Jesus contra a acusação dos
escribas (de que ele tinha demônio), e diz que então chegaram a mãe e os
irmãos de Jesus. Na mente transtornada de Dave, alguém que não a família de
Jesus saiu, mas então eles foram raptados por uma nave extraterrestre que os
abduziu no meio do caminho e os trocou pela família de Jesus, que chegou lá de
repente sem saber como. E nunca ficaremos sabendo quem eram esses tais que
saíram para ver Jesus, já que Marcos teria terminado o relato se esquecendo
deles. Isso é Dave Armstrong na sua melhor forma!
Some ao contexto o fato de que o
grego do verso 21 literalmente diz «os que pertencem a ele» (hoi par’ autou),
que virtualmente todos os comentaristas bíblicos que eu consultei são unânimes
em dizer que nada mais era que um eufemismo semita típico para se referir à
família, como também é comum na Septuaginta (fonte). É por isso
que vários manuscritos antigos traduzem por “parentes”, principalmente os de origem
siríaca (fonte).
O texto não pode ser uma referência aos discípulos, que já estavam na casa com
Jesus, muito menos aos escribas, que não “pertenciam a ele”. Só pode ser uma
referência à sua família biológica, ou seja, aos mesmos irmãos e mãe que o
verso 31 registra.
A manobra final: A inversão do ônus da prova
Depois de provado pelo contexto,
pela gramática, pelo grego, pelas traduções bíblicas, pelo virtual consenso
acadêmico e pela palavra dos próprios correlegionários católicos de Dave que
ele está praticamente sozinho e miseravelmente errado nessa interpretação terrivelmente
cômica do verso, ele parte para o último esperneio, aquele ao maior estilo “é
tudo o que sobrou” – quase que antevendo que esses seus argumentos seriam
frustrados sem muito esforço. Ele diz que, mesmo que eu estivesse certo na
minha forma (e de todo mundo) de interpretar o texto, isso ainda não incluiria
Maria (porque Maria precisa ser imaculada, ou o dogma romano é falso):
Mas
isso não inclui Maria, nem pode ser encontrada qualquer passagem que implique
diretamente qualquer descrença em Maria sobre seu Filho e Seu status como Deus
Encarnado e Messias. Ela sabia disso desde o tempo da Anunciação.
O fato de Maria saber
desde a anunciação que Jesus seria o filho de Deus não a torna mais imune à
incredulidade do que João Batista, que mesmo sendo seu primo (um de verdade) e
o reconhecendo abertamente como o “Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29), ainda assim teve dúvidas se
ele era o Messias prometido ou não, pouco antes de morrer decapitado (Mt
11:2-3). Ademais, o texto não fala exatamente de incredulidade, mas de insanidade.
Maria poderia não duvidar que Jesus era o Messias prometido, e mesmo assim
se preocupar com a sua saúde mental por pensar que suas ações passavam do ponto
e precisavam de um freio (como é típico de mães, afinal).
De todo modo, o simples fato de
um anjo ter anunciado que Jesus era quem ele era não a torna imune à descrença,
assim como os discípulos que presenciaram todos os milagres de Jesus, que
ouviram a voz dos céus onde o Pai o chamava de Seu filho amado durante o
batismo (Mt 3:17) e que o ouviram anunciar que ressuscitaria ao terceiro dia (Lc
18:31-33), e mesmo assim ficaram incrédulos às palavras de Maria Madalena
quando lhes disse que ele havia mesmo ressuscitado (Mc 16:11). Isso tudo nos
mostra que o fato de alguém acreditar em algum momento não o torna imune à
descrença momentânea (ou à incerteza, ou à suspeita de que algo está errado).
De
qualquer forma, não há indícios de que Maria estivesse entre esses descrentes.
É pura especulação baseada em um argumento inexpressivo do silêncio. (...) É
uma questão de lógica e exegese. O ônus da prova recai sobre o protestante para
tentar provar uma “Maria pecadora”. Lucas falhou em fazê-lo aqui, em seu
pensamento anticatólico de má qualidade, epistemologicamente inadequado,
blasfemo e calunioso.
Dave diz que «não há indícios de
que Maria estivesse entre esses descrentes», quando é o próprio evangelista que
a situa entre os que achavam que ele havia enlouquecido:
“Quando
seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois
diziam: ‘Ele está fora de si’. (...) Então chegaram a mãe e os irmãos de
Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo” (Marcos 3:21,
31)
Como vimos, o verso 31 está
diretamente conectado ao 21, pois todos os versos entre um e outro são apenas
um parêntesis que Marcos abre para falar da resposta de Jesus aos escribas, para
então retomar o ponto anterior (da família). Esse tipo de estrutura se chama quiasma
e é uma prática recorrente de autores judeus, que vemos presente em toda a
Bíblia. Então, o que o verso 31 faz nada mais é que explicar quem eram
esses familiares que queriam prendê-lo achando que ele estava louco, e ele cita
particularmente «a mãe e os irmãos de Jesus». Impossível ser mais claro.
Se Dave acha que a mãe de Jesus
é a única exceção no grupo, e que era a única ali que veio com intenções
totalmente contrárias às dos demais (e mesmo assim não os impediu de seguir em
frente), cabe a Dave provar. É dele o ônus da prova, depois que provamos
que Maria é um dos familiares de Jesus que vieram para prendê-lo por
insanidade. Note como Dave inverte o ônus da prova aqui, como todo
amador em raciocínio lógico, como se fôssemos nós que tivéssemos que provar que
Maria não foi uma exceção, e não ele que tivesse que provar que ela era uma
exceção.
Se alguém testemunhasse que os
jogadores da seleção da Argentina celebraram a conquista da Copa, mas alguém
dissesse que um jogador específico (o Dybala, por exemplo) não comemorou,
caberia a ele mostrar a evidência de que o Dybala foi uma exceção. Caso
semelhante vemos na Bíblia, quando somos informados que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm
3:23), onde “todos” é “todos”, a não ser que algo no contexto especificamente sugira
que há uma exceção à regra. Quem prega a exceção é que tem o ônus da prova, e
não quem prega a regra (a não ser que a regra não exista).
No caso, Dave não tem prova da
exceção, e mesmo assim quer que o texto excetue Maria (como se Paulo precisasse
ter mencionado nominalmente cada pessoa que já existiu, do contrário não daria
pra saber se ela pecou ou não). Dito em termos simples, se alguém faz uma
afirmação geral, a exceção só se aplica se houver evidências que provem que ela
é de fato uma exceção. Sem essa evidência, a regra geral se aplica. Isso que é
o ônus da prova.
Dave sabe que não tem como
excetuar Maria baseado no texto em discussão, então precisa inverter o ônus da
prova e pedir um texto que explicitamente nomeie Maria cometendo um pecado, algo
que não temos para muitos dos personagens bíblicos que Roma acredita serem
pecadores, justamente em função dos textos de caráter geral (por exemplo, Daniel,
Ester, Neemias e o pai de Jesus). Para estes, Roma aceita os textos de caráter
geral, mas, para Maria, os textos de caráter geral magicamente tornam-se
insuficientes e inaplicáveis. Isso é o inverso de qualquer coisa que possa ser
chamada de exegese.
Seria
como dizer: “Todos os doze discípulos acreditaram em Jesus e nunca pararam de
fazê-lo”. Sabemos que aquele, Judas Iscariotes, acabou não acreditando. Ou “nenhum
discípulo jamais duvidou que Jesus ressuscitou depois de ouvir relatos de que
Ele ressuscitou”. Novamente, sabemos que Tomé duvidou (João 20), embora tenha
durado pouco. Não se pode determinar todos os detalhes das crenças daqueles em
um grupo, com declarações abrangentes ou meras especulações.
Dave não consegue perceber como
os exemplos que ele deu voltam-se contra ele mesmo quando examinamos o que ele
pede aqui. A afirmação «todos os doze discípulos acreditaram em Jesus e nunca
pararam de fazê-lo» está errada, porque não existe nenhum texto afirmando isso (nem
em caráter geral, nem no particular). O mesmo se aplica ao seu segundo
postulado. Não há nenhum texto na Bíblia que diga que “todos os discípulos
acreditaram que Jesus ressuscitou depois de ouvir os relatos da sua
ressurreição”, de modo que encontrar “exceções” aqui é burrice – Dave está
literalmente tentando encontrar exceção onde não há uma regra.
O que Dave deveria fazer para
provar o seu ponto são afirmações gerais (“regras”) que a Bíblia realmente
afirma, mas que não se aplicam a todos os casos pormenorizados. Já que ele
não consegue pensar em nenhum exemplo que sirva, eu posso até ajudá-lo: Hebreus
9:27, que diz que cabe ao homem morrer “uma só vez”, mas alguns morreram duas
vezes (i.e, os que foram ressuscitados em vida). Mas a única razão por que
sabemos que eles são exceção à regra é porque a Bíblia registra – ou seja,
o ônus da prova recaiu a quem tinha que provar a exceção, e neste caso
conseguiu.
Dave obviamente não é capaz de
fazer o mesmo com Maria em Marcos 3, pois nada no contexto a isenta de ter
cometido o pecado mencionado. Mais do que isso, nada em toda a Bíblia a
isenta, e ainda pesam outros argumentos contra (como mostrei no artigo
que Dave tentou refutar). Ou seja, ele tem o ônus da prova, mas como não
tem como provar a exceção, inverte o ônus e o joga pra mim, que tenho a afirmação
geral a meu favor (e nada que sirva de evidência da exceção).
Se é tão importante assim
defender que Maria era impecável, a ponto de eu ser chamado de «blasfemo e
calunioso» por sugerir a ideia que o próprio texto transmite, por que o próprio
Marcos não fez questão de excetuar Maria no texto em questão, acentuando que
ela veio com intenções totalmente diferentes dos irmãos de Jesus? Por que
deixar implícito que ela era parte do “problema”, sem sugerir em momento algum,
o mais remotamente que fosse, que a acusação dos familiares de Jesus no verso 21
não se aplicava a ela (que foi explicitamente citada no verso 31)? Por
que não se esforçar nem um pouco em evitar uma conclusão que flui tão facilmente
da leitura natural do texto?
Talvez porque Marcos também fosse
«anticatólico de má qualidade, epistemologicamente inadequado, blasfemo e
calunioso», ou porque não fazia a menor questão de evitar que um dogma tão
importante fosse colocado em xeque em decorrência de um texto seu. De um modo
ou de outro, está claro que é Dave quem não sabe nada de epistemologia (assim
como não sabe nada de gramática, de interpretação de texto, de história, de raciocínio lógico ou de Bíblia).
Ele é uma “Versão Fácil de Enganar” em pessoa – embora esteja se tornando “Fácil
de se Refutar” também.
Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
Paz do Senhor, estou desconfiado que ele vai dar uma desculpa estilo Macabeus -"II Macabeus, 15:38. Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo. Se ela está imperfeita e medíocre, é porque não pude fazer melhor." ---- Vai ser estilo: 1ª Dave 171:666 "Se refutei o Lucas (coisa que nunca consegui) é porque sou bom mesmo, mas se não consegui é porque sou medíocre, imperfeito, tapado, lesado e zumbi sem noção.
ResponderExcluirkkkkkkk faz sentido...
ExcluirExcellent, common sense answers!
ResponderExcluirThank you!
ExcluirHello Lucas,
ResponderExcluirMy website is not showing up on search engines like Bing or Yahoo. I was wondering whether you had any knowledge or knew of any people who could help me with my problem. Thank you.
Hi Jesse, I really don't know how to solve this problem, here in Brazil absolutely nobody uses the Bing or Yahoo search, everyone just uses Google, so this is not a big loss, I think.
ExcluirHadouken.
ResponderExcluirLucas, o que pensa dos ortodoxos? Tenho a sensação de que eles são a fusão perfeita do protestantismo com o catolicismo romano. Seria basicamente um catolicismo romano que deu certo (afinal, o protestantismo também tem lá os seus problemas).
Não acho que seja uma "fusão", os pontos em que os ortodoxos divergem dos protestantes são pontos em que eles estão simplesmente errados (e geralmente são os mesmos pontos onde os católicos romanos também erram, como a intercessão dos santos, reza aos mortos, salvação por obras e certos dogmas marianos, isso sem falar de uma liturgia quase tão engessada quanto a católica, e que não se parece em nada com a da igreja primitiva). Ao invés de um "catolicismo que deu certo", eu diria que é um "catolicismo menos deteriorado" (que não se "desenvolveu" a ponto de incluir outras heresias ainda piores que surgiram em Roma), mas que ainda assim se distancia bastante daquilo que encontramos no NT.
ExcluirFaz sentido. De fato, reza aos mortos e salvação por obras são coisas complicadas de se engolir.
ExcluirFalando nisso, eu me lembrei que tenho esse artigo sobre os ortodoxos:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/09/semelhancas-e-diferencas-entre.html
Lucas, estou pensando em escrever um artigo refutando um debate entre um católico e um protestante sobre o Sola Scriptura (https://www.youtube.com/watch?v=q7spaylI1gk&t=857s). Neste debate, claramente o católico ganhou, mas definitivamente por demérito do irmão protestante. Como é um vídeo bem visitado, seria importante fazer uma refutação específica, porque soou que não temos resposta a esse questionamento, o que definitivamente não é verdade.
ResponderExcluirCaso eu faça um artigo, você poderia postar no seu blog? Não precisa sequer dar referência a mim ou algo semelhante; pode postar como se fosse de sua autoria.
Deus o abençoe.
Eu jamais postaria um artigo que não é meu sem dar os créditos ao autor (mesmo porque isso é um crime, é prática de plágio), mas ficaria feliz em postar seu artigo aqui no site com os devidos créditos, agregaria muito. Eu só vou avisando que eu sou um pouco chato com artigos de terceiros porque eu não gosto de que no meu site tenha algum conteúdo que destoe das minhas visões (até porque seria muito estranho que um leitor visse no meu site a defesa de um ponto de vista que eu discordo, eu poderia estar induzindo-o ao erro), por isso eu nunca posto conteúdo de terceiros, mas se você quiser eu posso analisar o seu artigo e no caso de ter alguma coisa que eu acredite ser um equívoco eu dou um toque pra editar aquela parte específica, caso você assim concorde é claro.
ExcluirFechado. Eu realmente não me importo de não ser identificado, só dei essa ideia pra caso você tivesse algum problema em "oferecer propaganda a terceiros gratuitamente", seja lá como se define isso. Meu objetivo é a defesa da suficiência das Escrituras, nada mais.
ExcluirVou separar um(ns) dia(s) para escrever o artigo, e te encaminho por e-mail. Qualquer eventual alteração, pode ficar tranquilo que suas opiniões e correções serão extremamente bem-vindas. Certamente você tem muito mais domínio no tema do que eu.
Não tenho nenhum problema em fazer propaganda de terceiros, pelo contrário, quando o conteúdo é bom eu tenho prazer em compartilhar (aqui no site mesmo tem um menu à direita com uma lista de sites recomendados), só é um problema quando é um site herético, eu evito publicar comentários com links por causa disso (e por outras razões). Pode me enviar o artigo por esse email: lucas_banzoli@yahoo.com.br, eu vou estar fora nos próximos dias mas retorno na terça (não sei se você já vai ter terminado até lá, mas tome o tempo que for necessário).
ExcluirBoa noite. Lucas, tem umas profecias na Bíblia que parecem ter duplo cumprimento, ou que se cumprem aparentemente duas vezes. O caso da abominação citado em Daniel, Jesus citou como algo que viria a acontecer mas muitos estudiosos concordam também que a abominação foi na época de Antioco, quando colocaram uma estátua de Zeus no templo e sacrificaram um porco ali, essas coisas... pergunto isso por causa de Malaquias 4. Aparentemente se fala de João ali vindo na virtude de Elias antes do dia do Senhor mas o dia que se refere ali pra mim faz mais sentido como o Juízo Final e nao a vinda de Jesus. Esse capítulo de Malaquias se refere a algo que ainda vai acontecer? Qual o papel da Lei de Moisés então, citado no versículo lá?
ResponderExcluirEu também penso assim, vejo Malaquias 4 como uma profecia de dupla referência (que parcialmente se cumpriu na figura tipológica de João Batista, mas que se cumprirá literalmente na pessoa de Elias, que é uma das duas testemunhas do Apocalipse, como todo o contexto aponta com muitos detalhes), algo bem similar à profecia que você citou (que se cumpre tipologicamente em Antíoco e de forma literal com o anticristo). Essa é a única coisa que explica por que Jesus disse que "Elias já veio", ao mesmo tempo em que diz que "Elias virá" (Mt 17:11). Eu argumento extensivamente sobre isso no meu livro "A Lenda da Imortalidade da Alma", da página 1020 à página 1023 da versão em pdf (que você pode baixar na página dos livros, link abaixo).
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html
As profecias são tão sui generis e tão profundas que é como se desdobrassem o tecido da realidade e do tempo: ocorre uma vez por meio da própria visão profética, outra pelo antítipo e, ao final, pelo tipo, que seria seu cumprimento máximo.
ExcluirOs próprios judeus creem em determinadas profecias sendo interpretadas dessa forma.
Vas a tener que pasar varios años en el purgatorio por cometer semejante pecado de meterte a debatir con semejante neófito. Diosito y la virgen no miran correcto que un Titan se meta a pelear con un niñito de 7 años. ¡Ruega a Dios que no te manden al infierno! (Todo esto es sarcástico)
ResponderExcluirHahahaha
ExcluirÓtimo artigo, você já deu uma olhada numa refutação do Armstrong de seu artigo sobre Lutero e os camponeses?
ResponderExcluirAinda não, só dá pra refutar um por vez, mas quando puder eu vejo.
ExcluirEu não moro mais no Nordeste, mas sou pernambucana, aí naquelas novenas que rolavam na minha cidade, sempre dava para ouvir de longe o padre gritando: Viva Maria, Viva Nossa Senhora da Conceição, Viva os mais de 20 mil santos e no final Viva Jesus. Os caras nem disfarçam, a cegueira espiritual é surreal. O Youtube está insuportável não posso assistir um vídeo mais sem aparecer propaganda do curso do Padre Paulo Ricardo.
ResponderExcluirPois é, os caras nem disfarçam, é como eu sempre digo: Jesus no catolicismo é totalmente "escanteado", colocado de lado, em segundo plano, tendo que dividir a atenção com outros duzentos mil "santos", e o pior: o coitado não é nem mesmo o mais importante desses milhares aí. O foco é desviado totalmente do Criador para a criatura, exatamente como Paulo definiu em Romanos 1:22-25.
ExcluirPS: o youtube também está empenhadíssimo em me converter ao catolicismo, mas não através dos cursos do Gargamel e sim dos cursos de um católico aleatório aí que eu nem sei o nome (da próxima vez que aparecer eu clico só pra saber haha), daqueles que tem cara de não saber nada e aí quando você vê o que ele diz descobre que não sabe mesmo...
Our culture is disgusting:
ResponderExcluirhttps://fism.tv/chaos-in-queens-after-aoc-promotes-far-left-counter-protest-at-drag-queen-story-hour/
Do you folks in Brazil have these problems?
There are those things here too, maybe not as much as in America, but it is something that is visibly growing.
ExcluirImpressive how American culture is degenerating after American Protestant culture began lost its influence to Secularism. The only way of America become great again is restoring its Protestant heritage. It's a really sad reality.
ExcluirOntem, fui ao casamento da minha Tia na Igreja assembleia de Deus e foi bem estranho pra mim ver o Pastor falando umas paradas estranhas e uma mulher falando em Línguas e depois começou a falar como se estivesse possuída, depois desmaiava do nada e se levantava e começava tudo de novo. Você acha que isso Lucas?
ResponderExcluirO Espírito Santo não se manifesta desse jeito ("apagando" as pessoas), Paulo disse que "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1Co 14:32), ou seja, o "profeta" continua no controle de si o tempo todo, ele não perde a consciência e continua tendo a capacidade de abortar o processo caso queira, justamente porque Deus é um cavalheiro e não um manipulador. Já o diabo é o contrário, quando alguém está endemoniado pode ver que ele perde o controle e depois que o demônio é expulso ele nem sabe o que aconteceu, porque perdeu totalmente o controle de si. Então, se o que você descreveu foi assim mesmo, é mais provável que tenha sido obra demoníaca do que ação do Espírito Santo (me refiro a este caso específico, já que eu também creio em línguas estranhas e outras coisas pentecostais que podem acontecer por ação do Espírito).
ExcluirBoa noite Lucas, desculpe por ter estado afastado do blog e do canal por tanto tempo, o principal motivo desse afastamento foram os compromissos com a faculdade e as atividades extracurriculares (sem contar que ano passado as aulas presenciais finalmente voltaram após 2 anos fechada, portanto estive numa transição do EAD para o presencial, além disso minhas principais atividades extracurriculares foram assistir audiências no fórum e assistir palestras, além disso também escrevi uma monografia e um artigo científico que vou mandar publicar no próximo semestre) e por conta disso tive que ficar fora do blog por um tempo.
ResponderExcluirEntretanto como agora finalmente estou de férias posso voltar a acompanhar o seu blog (ainda que temporariamente porque em fevereiro volta tudo de novo), e pelo que vi assim quando voltei, vi que um apologista católico gringo está tretando contigo, e olha, isso é um bom sinal! Significa que você está ganhando relevância internacional e credibilidade no meio teológico (desejo a você todo o sucesso do mundo).
Vlw Elion, sucesso aí no curso, logo logo essa correria acaba e você está se formando (e quem sabe vira ministro do STF um dia hehe)
ExcluirQuem sabe um dia talvez eu não sente na vaga/cadeira do Ministro Xandão quando ele se aposentar... 🤭
ExcluirSó não vá ser um ditador que nem ele 🤣
ExcluirPode deixar 🤣🤣
ExcluirPela nota introdutória, dá pra ver que não importa o país, os apologistas católicos serão sempre o mesmo: arrogantes idiotas que não suportam argumentos que vão contra suas convicções patéticas.
ResponderExcluirPois é...
ExcluirLucas, eu não sei como me comunicar com você, então o farei por aqui, me deparei com esse vídeo aqui de um tal Marcelo Andrade, que é um fedeliano, provavelmente tridentino, que faz afirmações históricas no mínimo fora de contexto, no último vídeo de aula que ele postou de graça no Youtube ele afirma de forma categórica que a eugenia é própria do protestantismo, inclusive ele cita a Alemanha como país protestante, o que eu sei que não é verdade, acho que é válido ficar de olho nesse cidadão, já que ele está ganhando proeminência por usar o cenário político para cooptar seguidores.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=PNsUO625Joo
Não conheço esse Marcelo Andrade (joguei o nome dele no youtube e vi que o rosto dele não me é estranho, mas não me lembro do que vi ou quando vi), de todo modo esses fedelianos são todos iguais, eles não são levados muito a sério nem no meio católico (exceto nos círculos mais tridentinos). A eugenia é algo global: existiu na Europa (católica e protestante), na China (que não é nenhum dos dois), em tribos indígenas desde antes do homem branco pisar os pés na América, e até no Brasil tinha os seus entusiastas (existia até a Comissão Central Brasileira de Eugenia, criada na década de 30). Mas é aquele mesmo discursinho fajuto que eles fazem com "o protestantismo criou o ateísmo", "o protestantismo criou o comunismo", "o protestantismo criou o casamento gay" e outras barbaridades que só enganam quem já está com os pés totalmente atolados no lamaçal de calúnias sem fim que eles lançam contra nós desde sempre, sem um mínimo de consistência ou um pingo de bom senso. Eu duvido que eles mesmos acreditem nessas coisas seriamente, mas como é útil reproduzir o discurso para ludibriar as mentes mais fracas, eles fazem com prazer.
ExcluirPior que eu cheguei a levar ele à sério em algum momento. Acredito que se aproveite uma ou outra coisa, mas o quadro geral é alarmante. No novo corte que ele lançou dessa palestra que eu postei o link ele afirma que a culpa da desgraça na África foi a descolonização, até aí tudo bem, opinião dele, porém ele do nada diz que o problema da descolonização foi trocar a cultura católica de países europeus como França e Itália pelo protestantismo americano. Ou seja tudo ele resume em protestantismo x catolicismo, sendo que ele ignora nesse momento que a França católica é cheia de mazelas.
ExcluirPois é, como se os países africanos colonizados por países católicos (Congo, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, etc) estivessem em melhor condição do que aqueles colonizados por países protestantes (África do Sul, Nigéria, Egito, etc), quando na verdade é justamente o contrário. Os países africanos com mais predominância protestante são os mais prósperos do continente, e os mais católicos são os mais miseráveis (o mesmo quadro histórico que se observa na Europa e na América, guardadas as devidas proporções).
ExcluirNesse caso tenho que discordar de você, porque eu não acredito que se possa traçar uma linha generalista de que um país colonizado x é melhor que o y apenas levando em conta a questão religiosa, teria que apontar n outros fatores. Eu não gosto muito desse reducionismo, pois ignora inclusive o movimento Geopolítico complexo dos atores envolvidos, por exemplo se ignora que o Portugal Católico era mais próximo geopoliticamente da Inglaterra anglicana, ou até mesmo que a Roma católica tenha se aliado com a Alemanha "luterana", na segunda guerra. Sem contar questões mais complexas como a própria existência de grupos de interesse totalmente avessos à questão puramente religiosa ou até mesmo anti-religiosos. É óbvio que grande parte do trabalho de colonização fosse feito por missionários, mas mesmo levando isso em conta é necessário lembrar que alguém confessar uma religião não necessariamente o torna um proponente daquela religião ou que seus interesses convergem com os do grupo religioso em questão.
ExcluirEu não disse que "apenas a questão religiosa" tem que ser levada em conta, mas especialmente em se tratando dos séculos passados, este era de longe o fator principal e mais preponderante, porque a própria política econômica desses países se alinhava com a ideologia religiosa predominante (como Weber demonstrou em seu ensaio sobre "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo"). Você diz que "o Portugal Católico era mais próximo geopoliticamente da Inglaterra anglicana", o que é verdade em se tratando de acordos comerciais ou alianças políticas, mas economicamente falando as duas nações não podiam ser mais antagônicas, com Portugal totalmente alinhado ao espírito anticapitalista predominante nos outros países católicos e a Inglaterra ao capitalismo predominante nos outros países protestantes. Eu não vou me alongar sobre isso aqui porque já tenho um livro inteiro só sobre o assunto (o segundo volume dos "500 Anos de Reforma", que trata justamente da relação do protestantismo com o capitalismo e o liberalismo econômico), é só baixar na página dos livros e ler.
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html
Ótimo texto, Lucas!
ResponderExcluirDave é fraco e só é idolatrado por católicos porque diz o que eles querem ouvir - como todo "bom" falso profeta e falso mestre.
Uma correção no seu texto: Ao invés de "A parte que diz “disseram” é um argumento para justificar o “saíram para o pregar”", eu creio que você quis dizer "A parte que diz “disseram” é um argumento para justificar o “saíram para o PEGAR”"
Deus abençoe e continue com o ótimo trabalho
Eu acho que eles confundem "escrever muito" com "escrever bem". Dave se orgulha de seus 4.000 artigos contra o protestantismo, mas quando analisamos a consistência desses artigos, vemos que é na verdade 4.000 boas razões para se manter protestante.
ExcluirPS: obrigado por apontar o equívoco, já corrigi no artigo. Deus lhe abençoe igualmente!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLucas, recebi scan livrinho ( sobre profecia) colega estou relutante acreditar porque igreja considerada seita por alguns teólogos
ResponderExcluirhttps://drive.google.com/file/d/15PG5LYzhe4mh5s3d_BCrEdn1e7eLU8nZ/view
O que irmão acha?
Mas você não é obrigado a concordar com tudo o que o livrinho diz (nem com este, nem com qualquer outro). Você pode (e deve) fazer como Paulo indicou: "Examinai tudo e retém o que é bom" (1Ts 5:21). Um dos maiores perigos que existem é quando lemos algo de um autor do qual admiramos, e acabamos pescando uma ou outra coisa errada que ele diz. Muito mais gente acaba se perdendo assim do que lendo coisas que já consideram "sectárias", porque com estas as pessoas leem com um pé atrás (senso crítico), e com as outras não (leem acriticamente, e acabam engolindo tudo que é tipo de heresia).
ExcluirAvalie: https://askdrbrown.org/article/was-martin-luther-an-anti-semite
ResponderExcluirJá faz muito tempo que eu não comento links aqui no site (inclusive uma das regras de comentários é que "comentários apenas com links não serão publicados", porque esse tipo de comentário geralmente toma muito tempo pra ler ou assistir tudo e ainda comentar em cima), mas sobre o tema em questão, eu tenho um artigo justamente sobre isso, este aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2018/07/lutero-era-antissemita-e-o.html
Olá, Lucas. Tudo na paz do Senhor? Meu querido, parabéns pelo trabalho. Já li vários livros seus e gosto muito dos seus artigos.
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