18 de dezembro de 2022

20 Como Dave Armstrong "encontrou" a oração aos mortos na Bíblia

 

Nota introdutória
 
Dave Armstrong é um famoso apologista tridentino norte-americano conhecido por passar o dia inteiro atacando os protestantes na internet em vez de arrumar um trabalho, aproveitando o seu imenso tempo livre para escrever infindáveis artigos que seus oponentes não terão tempo de responder até ganhá-los pelo cansaço e cantar vitória (não à toa, sempre fugiu de debates ao vivo, onde o oponente teria o mesmo tempo que ele e ele não teria como correr para o Google). Desde o início do ano criou uma verdadeira obsessão pela minha pessoa e escreveu mais de 50 artigos “against Lucas Banzoli” antes que eu respondesse qualquer coisa. Sempre com uma linguagem hostil e provocadora, apela ainda a calúnias e difamações típicas da apologética católica (tais como que eu sou “não-teísta” e que “nego a divindade de Cristo”).
 
Depois de passar meses quase implorando pela minha atenção decidi respondê-lo com artigos que refutam linha por linha os seus impropérios, e descobri que, quando refutado, ele responde a um texto de 30 páginas com artigos de 5 páginas onde repete tudo o que já foi refutado e ignora todos os argumentos mais fortes. É superficial, fraco e desqualificado que só continua sendo respondido porque fiz das respostas ao Dave o meu novo esporte favorito (e porque estes artigos serão compilados para um novo livro de respostas às acusações papistas mais comuns, e nada melhor do que demonstrá-las na prática com alguém que se gaba por ter mais de 4 mil artigos “refutando” o protestantismo).
 
(Você pode ver minhas outras refutações ao Dave neste índice)
 
 
A incrível habilidade de Dave em citar versículos aleatórios que não dizem nada do que ele defende
 
Eu tenho que confessar uma coisa. Depois de pegar um texto em que Hegésipo chama Judas de irmão de Jesus e usá-lo como a prova de que Hegésipo cria que Judas era primo e não irmão de Jesus, eu pensava que nada, nem ninguém, nem coisa alguma debaixo dos céus poderia superar em nível cômico a proeza de Dave Armstrong. Mas eu estava enganado. O próprio Dave se superou, ao usar como prova de oração aos mortos uma SESSÃO DE NECROMANCIA que ele encontrou na Bíblia (é sério, eu precisei de uns 5 minutos para recuperar o fôlego após ler esse trecho). Eu já começo a pensar que a verdadeira profissão de Dave não é o ócio, mas a comédia. Ele deve ser um comediante mal-sucedido em stand-ups americanos que decidiu usar seu talento humorístico na forma de apologética, trollando seus seguidores que ainda pensam que ele é um cara sério.
 
Mas antes de chegarmos na parte áurea do artigo, deixe-me contextualizar a discussão e situar o leitor. No dia 18 de maio de 2018, eu escrevi um artigo intitulado “Os evangélicos são ‘otários’ e ‘orgulhosos’ por dirigirem suas orações direto a Deus?”, onde eu respondo aos insultos que o padre Paulo Ricardo fez aos crentes durante uma missa, com uma série de textos bíblicos onde pessoas “otárias” e “orgulhosas” oram direto a Deus (em vez de orarem a um “santo” para que o “santo” ore a Deus, como Gargamel exige). Dave não parece ser tão radical quanto o padre, porque em certa parte do artigo (este aqui) ele afirma que podemos orar diretamente a Deus se quisermos (embora ele fortemente desencoraje a prática, como veremos mais adiante), e que «podemos encontrar oração diretamente a Deus em todo o AT».
 
Mas ele defende que há “muitos exemplos bíblicos” de orações dirigidas a outras pessoas que não a Deus – o que significa que podemos orar a Deus ou orarmos a gente morta, o que seria mais proveitoso. O trecho do meu artigo que ele faz questão de repetir muitas e muitas vezes para depois rebater com textos que não tem nada a ver com o que foi afirmado é este aqui:
 
O problema é que se o padre Gargamel Paulo Ricardo está certo, então todos os personagens bíblicos da Bíblia inteira são um bando de otários orgulhosos, porque TODOS eles sempre dirigiram suas orações direto a Deus e nunca, repito, NUNCA a um “santo” falecido para “interceder” junto a Deus.
 
Preste muita atenção no que foi afirmado. Eu disse que (1) todas as ORAÇÕES são dirigidas direto a Deus, e que (2) nunca vemos uma ORAÇÃO dirigida a um santo falecido. Por que isso é importante? Porque a manobra de Dave consiste justamente em manipular aquilo que foi afirmado, citando um caminhão de textos que nada falam de oração e nem de “santos” falecidos. Sim, ele literalmente passa o artigo inteiro citando quase 30 textos bíblicos sem que qualquer um deles tivesse qualquer relação com o meu “desafio”, seja por pensar que seus leitores são um bando de néscios que não vão perceber a manobra, seja por estar levando a sério demais o seu trabalho de comediante.
 
O primeiro texto que Dave cita para “refutar” minha declaração foi o seguinte:
 
“Então Deus disse a ele [Abimeleque] no sonho: ‘Sim, eu sei que você fez isso na integridade do seu coração, e fui eu quem o impediu de pecar contra mim; portanto, não deixei você tocá-la. Agora, pois, restitui a mulher desse homem; porque ele é um profeta, e ele orará por você, e você viverá. (...) Então Abraão orou a Deus; e Deus curou Abimeleque, e também curou sua esposa e escravas para que tivessem filhos. Pois o Senhor havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque por causa de Sara, mulher de Abraão” (Gênesis 20:6-7, 17-18)
 
Note que o texto não diz que Abimeleque orou a Abraão, nem que Abraão orou a outra pessoa que não fosse a Deus, e muito menos que alguém ali tenha orado a um “santo” falecido para que ele servisse de mediador entre Deus e os homens. Pelo contrário: o texto é explicitamente claro em dizer que «então Abraão orou a Deus; e Deus curou Abimeleque». Não foi a um morto que Abraão orou, nem foi um morto que curou Abimeleque. Abraão orou a Deus, e Deus lhe respondeu a oração. Este é o padrão encontrado em toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse: pessoas oram diretamente a Deus, e isso não faz delas “otárias” ou “orgulhosas”.
 
Dave consegue o feito de pegar um versículo que confirma exatamente aquilo que eu havia afirmado, e o usa como uma “prova” de que minha afirmação estava errada. É difícil saber se isso é analfabetismo funcional ou se é apenas a trollagem de Dave sendo executada com sucesso, mas, de todo modo, está claro que o texto não fala nada de alguém orando a qualquer pessoa que não seja a Deus. Mas, então, por que Dave cita esse versículo a seu favor? O que será que ele viu e que ninguém mais viu, que refuta totalmente a minha afirmação? Vejamos o que ele diz:
 
Este é um ótimo versículo que acabei de descobrir ao escrever esta resposta. É notável que o próprio Deus está dizendo a uma pessoa para não orar por si mesma, para que ela “viva”, mas que uma pessoa mais santa (um “profeta”: Abraão) o fará, de acordo com a vontade revelada do próprio Deus, na revelação especial e escrita (a Bíblia). Abraão era a pessoa mais santa. Ele orou, e as coisas boas aconteceram como resultado, porque foi tudo de acordo com a vontade de Deus. Assim, Abimeleque era um “personagem bíblico” e foi informado pelo próprio Deus que Abraão oraria por ele; portanto, ele não foi “direto a Deus” em oração, como Lucas afirmava que “TODAS” as figuras bíblicas faziam. Lucas está novamente fazendo papel de bobo ao afirmar uma “negação universal”: provavelmente a coisa mais idiota que alguém pode fazer em um debate.
 
O fato de Dave admitir que tinha “acabado de descobrir” aquele versículo ao escrever o artigo vai ao encontro da minha constatação no artigo anterior: Dave não lê a Bíblia, apenas “caça” versículos a esmo que ele acabou de descobrir em algum buscador de versículos e os cita como se tivesse descoberto a pólvora. Ele nem mesmo se preocupa em averiguar se o versículo realmente tem alguma ligação com o que foi afirmado: e não tem. Em momento nenhum eu disse que Deus vai atender necessariamente qualquer oração feita diretamente a Ele. Pelo contrário, "é sabido que Deus não ouve pecadores; mas a todo adorador de Deus, e a todo que faz a sua vontade, a esse ele atende” (Jo 9:31). Salomão diz que “longe está o Senhor dos ímpios, mas ele ouve a oração dos justos” (Pv 15:29).
 
Em outras palavras, em alguns casos, não adianta a pessoa orar a Deus porque Deus não atende a oração de um ímpio. Isso não significa que a solução seja orar a um morto, o que não tem qualquer respaldo bíblico e tampouco é o caso do texto em questão. Deus apenas orientou que Abraão – uma pessoa justa – orasse por ele, e não que o próprio Abimeleque orasse a uma outra pessoa que não fosse Deus. Parece que Dave é intelectualmente incapacitado para notar a diferença entre uma coisa e outra, e então pensa que o caso aqui é uma “prova” de pessoas orando a alguém que não seja a Deus – o que é triste, bárbaro e preocupante.
 
Para que Dave estivesse certo, o texto precisaria dizer que Deus mandou Abimeleque orar a um “santo” falecido, para que este santo orasse a Deus, e então Deus decidisse atender o pedido de Abimeleque. É exatamente isso o que eu havia afirmado que não existe na Bíblia, e o melhor que Dave encontrou em resposta (após ter “acabado de descobrir” o versículo, provavelmente numa busca do Google) foi um texto em que Deus não manda Abimeleque orar a ninguém, muito menos a gente morta, e onde Abraão ora diretamente a Deus. Mas pelo simples fato de Abraão ter orado pelo rei, Dave acha que está aí a prova da reza aos mortos, o que seria cômico se não fosse trágico.
 
Provavelmente, na cabeça de Dave, os protestantes oram apenas por si mesmos e são terminantemente proibidos de intercederem por outras pessoas, como se qualquer caso de intercessão de um vivo por outro vivo fosse uma prova de que devemos orar a gente morta e não diretamente a Deus. O que ele não entende é que a própria intercessão que fazemos por outras pessoas é uma oração dirigida diretamente a Deus, e não a intermediários. O caso em questão é um exemplo primoroso disso: Abraão ora por Abimeleque, mas a Deus. Ele não ora para outra pessoa que não seja a Deus, embora esteja orando por outra pessoa. A oração é sempre dirigida diretamente a Deus, a despeito de quem ora estar pedindo algo para si mesmo ou por outra pessoa.
 
Note como isso contrasta com a oração mais rezada pelos católicos do mundo todo, a “Ave Maria”, que diz:  
 
“Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”
 
Em primeiro lugar, a oração é dirigida diretamente a Maria e não a Deus, como indica o próprio início. Maria é o sujeito, o foco e a destinatária da oração, do começo ao fim. Deus só é mencionado duas vezes, ambas em contextos que exaltam a própria pessoa de Maria, e nenhuma delas como o receptor da oração. A primeira metade é parcialmente encontrada na Bíblia, mas não como uma oração e enquanto Maria estava viva (Lc 1:28), e a segunda é completamente herética e antibíblica, onde o católico pretende estabelecer contato diretamente com uma pessoa morta, e não com Deus (“Ave, Maria”, “o Senhor é convosco”, “bendita sois vós”, “o fruto do vosso ventre”, “rogai por nós”).
 
Note como isso conflita gritantemente com o padrão encontrado não só no texto de Abimeleque (onde nenhum morto é invocado e a única oração que existe no texto é dirigida diretamente a Deus), mas em toda a Escritura. Tome como exemplo a primeira oração que aparece em Atos, onde lemos:
 
“Então indicaram dois nomes: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. Depois oraram: ‘Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos qual destes dois tens escolhido para assumir este ministério apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido’. Então tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos” (Atos 1:23-26)
 
Ou considere a segunda oração, registrada alguns capítulos adiante:
 
“Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito. Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus, dizendo: ‘Ó Soberano, tu fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há! Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: Por que se enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão? Os reis da terra se levantam, e os governantes se reúnem contra o Senhor e contra o seu Ungido. De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste. Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse. Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente. Estende a tua mão para curar e realizar sinais e maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus’. Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (Atos 4:23-31)
 
Observe que, em contraste com a Ave Maria, onde a oração é dirigida diretamente à “Nossa Senhora” e todos os pronomes se referem a ela, as orações que os apóstolos faziam eram sempre dirigidas diretamente a Deus, estabelecendo comunicação não com os mortos, mas exclusivamente com o Senhor. Mesmo que essa oração pudesse incluir a intercessão por outras pessoas (vivas), já que ninguém deveria ser egoísta de orar só por si mesmo, o destinatário da oração continua sendo Deus, e é a Ele que os apóstolos invocam – nunca a um morto, nunca a uma alma penada, nunca a um fantasminha camarada.
 
Eu selecionei apenas duas orações para não cansar o leitor com um artigo de 200 páginas apenas de orações dirigidas diretamente a Deus, mas é o próprio Dave quem se esforça em comprovar isso quando tenta buscar versículos às pressas que refutem este fato, e não consegue encontrar nem um único onde o destinatário da oração seja outro que não Deus. Como ele não é capaz de nos apontar uma única oração bíblica ao maior estilo “Ave Maria”, onde um morto é invocado em lugar de Deus, ele se envolve numa busca incansável por versículos que nada tem a ver com isso, apenas para dizer que citou alguma coisa.
 
Não é brincadeira: eu contei 29 textos que Dave cita em seu artigo, sem que nem um único consistisse numa oração dirigida a alguém que não fosse Deus. Dave frequentemente se orgulha em seus artigos por citar “mais versículos bíblicos” do que eu, como um cego que se orgulha em dar mais tiros para todos os lados com uma metralhadora giratória do que um sniper profissional capaz de matar com um único tiro. Isso me faz lembrar os famosos 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil em 2014, quando os brasileiros tiveram mais finalizações que os alemães (não é brincadeira, veja aqui). Foram 14 finalizações da Alemanha contra 18 do Brasil, o que não impediu que os alemães acertassem metade das suas tentativas, e os brasileiros somente uma.
 
Embora não haja ninguém suficientemente bobo para se orgulhar das 18 finalizações do Brasil, temos alguém bobo o bastante para se orgulhar dos trocentos textos bíblicos que cita às cegas, caçados às pressas de um buscador online, citados de forma totalmente aleatória e sem qualquer critério, tirados grosseiramente do contexto, acompanhados de nenhuma exegese ou hermenêutica, e que não têm qualquer relação com o propósito para o qual os usa. É um jogador amador que se gaba dos muitos chutes para fora do estádio; um atirador cego que se orgulha de atirar para onde aponta o nariz; um lutador vesgo que dá socos em sua própria sombra após estar tonto de tantos golpes que levou.
 
Eu suponho que a única razão por que Dave faz questão de citar tantos textos aleatórios e sem qualquer nexo é porque ele pensa que ninguém terá a paciência de checar texto por texto e rebater um a um, por isso a necessidade de citar o máximo de textos possíveis, mesmo que nenhum deles diga o que ele quer que diga. Infelizmente para ele, aqui farei questão de comentar um a um, para vermos se qualquer um deles fala qualquer coisa parecida com alguém orando a um morto ou a qualquer pessoa que não seja somente a Deus (o negrito é por minha conta, para mostrar como os próprios textos que ele usa refutam sua própria tese). O primeiro texto que ele cita é o que diz:
 
“’Agora não é a época da colheita do trigo? Pedirei ao Senhor que envie trovões e chuva para que vocês reconheçam que fizeram o que o Senhor reprova totalmente, quando pediram um rei’. Então Samuel clamou ao Senhor, e naquele mesmo dia o Senhor enviou trovões e chuva. E assim todo o povo temeu grandemente o Senhor e Samuel. E todo o povo disse a Samuel: ‘Ore ao Senhor seu Deus em favor dos seus servos, para que não morramos, pois a todos os nossos pecados acrescentamos o mal de pedir um rei’. (...) E longe de mim esteja pecar contra o Senhor, deixando de orar por vocês. Também lhes ensinarei o caminho que é bom e direito” (1ª Samuel 12:17-19, 23)
 
Samuel ora diretamente ao Senhor, não a qualquer patriarca ou santo falecido. O povo, por sua vez, também não “orou” a Samuel ou a qualquer outro santo – o texto apenas afirma que «o povo disse a Samuel». Ou seja, o único que orou foi Samuel (a pedido do povo, que estava em pecado e por isso não seria ouvido), e essa oração foi dirigida única e exclusivamente a Deus, que respondeu a oração. Mais uma vez, nada de mediadores no além, nada de invocação dos mortos, nada de comunicação com defunto. O próximo texto que ele cita diz:
 
“Então o rei disse ao homem de Deus: ‘Interceda junto ao Senhor, o seu Deus, e ore por mim para que meu braço se recupere’. O homem de Deus intercedeu junto ao Senhor, e o braço do rei recuperou-se e voltou ao normal” (1º Reis 13:6)
 
Novamente, trata-se de uma pessoa viva pedindo uma oração para outra pessoa viva – algo que todo e qualquer evangélico faz rotineiramente –, e onde a oração do «homem de Deus» foi dirigida diretamente ao Senhor. Dave deve pensar que se um vivo pode pedir oração para outro vivo, isso então legitima que um vivo reze a uma pessoa morta, como se uma coisa tivesse qualquer relação com a outra. Constrangedor, como sempre...
 
Próximo texto:
 
“’Vão agora até meu servo Jó, levem sete novilhos e sete carneiros, e com eles apresentem holocaustos em favor de vocês mesmos. Meu servo Jó orará por vocês; eu aceitarei a oração dele e não farei com vocês o que vocês merecem pela loucura que cometeram. Vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó’. Então Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamate, fizeram o que o Senhor lhes ordenara; e o Senhor aceitou a oração de Jó(Jó 42:8-9)
 
Alguém viu um morto aqui? Eu não. Deus repreende os amigos da onça de Jó e diz que só aceitaria a oração dele em favor de seus amigos, mas essa oração foi feita diretamente ao Senhor, não a um morto no além ou a quem quer que seja. Mais uma vez, Dave confunde o conceito de orar por alguém, com orar para alguém (como se fosse a mesma coisa, talvez porque seu intelecto limitado não consiga discernir a diferença entre ambos).
 
Próximo texto:
 
“O rei Zedequias, porém, mandou Jucal, filho de Selemias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maaséias, ao profeta Jeremias com esta mensagem: ‘Ore ao Senhor, ao nosso Deus, em nosso favor’” (Jeremias 37:3)
 
De novo: a oração é feita diretamente a Deus, e Dave usa este texto como um exemplo de como as orações na Bíblia não são sempre feitas diretamente a Deus! Mas o que é isso para alguém que pega um texto que chama Judas de irmão de Jesus e diz que o texto chama Judas de primo? Para um mitomaníaco desse nível, é brincadeirinha de criança.
 
Próximo texto:
 
“Simão [o mago], porém, respondeu: ‘Orem vocês ao Senhor por mim, para que não me aconteça nada do que vocês disseram’” (Atos 8:24)
 
Já está cansativo: mais uma vez, Dave pega um texto onde a oração é feita diretamente a Deus, e o usa como prova de que nem sempre a oração é feita a Deus (como se o simples fato de Simão Mago ter pedido que Pedro e João orassem por ele significasse que a oração não devia ser feita diretamente a Deus). Ou Dave pensa que esse pedido já é uma oração (como se Simão tivesse orado a Pedro e João para que eles orassem a Deus), o que elevaria o senso do ridículo para níveis ainda mais inacreditáveis, ou ele realmente se esforça em selecionar os piores textos possíveis para provar o seu ponto, nos dando de bandeja os textos que provam exatamente o contrário do que ele defende – eu não sei como poderia retribuir tanto carinho.
 
Próximo texto:
 
“Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos” (Tiago 5:14-18)
 
O texto apenas fala da oração de pessoas vivas por outras pessoas vivas, mas todas essas orações são dirigidas diretamente a Deus, feitas «em nome do Senhor», que é quem cura o doente. É curioso que mesmo em um contexto que fala de intercessão, Tiago não aproveita a oportunidade para falar das poderosíssimas intercessões dos mortos canonizados pela Igreja ou das almas que Dave acha que estão literalmente gritando por vingança aglutinadas debaixo de um altar, mas fala apenas do poder de intercessão de uma pessoa viva por outra pessoa viva.
 
O fato de Dave precisar recorrer a este texto só prova duas coisas: (1) que ele realmente não tem nenhum texto que fale de um morto orando por um vivo ou de um vivo orando por um morto, razão por que se vê forçado a recorrer a um texto que fala de uma prática recorrente entre os evangélicos, e (2) que ele realmente não sabe a diferença entre orar “por” e orar “para”, pois continua usando textos que falam de uma oração de intercessão por uma pessoa viva, mas feita por outra pessoa viva que se dirige diretamente para Deus (e não de uma pessoa viva se dirigindo a um morto no além, ou do morto no além orando pelo vivo).
 
É quase uma crueldade refutar esses artigos do Dave; eu francamente me sinto como se estivesse espancando uma criança, e isso é muito feio e me faz me sentir muito mal (talvez seja por isso que os outros apologistas protestantes simplesmente o ignorem, assim não sentem o peso na consciência que eu suporto com muito pesar). Próximo texto...
 
“Quando os justos clamam por socorro, o Senhor os ouve e os livra de todas as suas tribulações” (Salmos 34:17)
 
Que raios esse texto tem a ver com um alguém orando a um morto??? Espero que não seja o efeito de entorpecentes...
 
Next:
 
“Sabemos que Deus não ouve a pecadores, mas ouve ao homem que o teme e pratica a sua vontade” (João 9:31)
 
Exatamente o texto que eu havia citado antes, que explica por que muitas pessoas ímpias na Bíblia pedem que outra pessoa ore por elas em vez delas mesmas orarem. Mas, como vimos, nem essas pessoas ímpias oram àquelas às quais pedem a oração, nem estas que recebem o pedido são pessoas mortas com harpas nas mãos perseguindo as nuvens no céu e bebendo leite de ambrósia, nem as pessoas que oram por elas dirigem a oração a qualquer um que não seja somente a Deus. Pra resumir: na Bíblia, todo mundo que ora, ora diretamente a Deus. Mas nem todo mundo ora, porque muitos estão em pecado, e Deus não atende a oração de quem vive obstinadamente no pecado. Será preciso desenhar?
 
Próximo...
 
“Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração” (1ª Pedro 3:12)
 
Oi? Preciso mesmo comentar alguma coisa aqui? Talvez o próximo faça mais sentido...
 
“E recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada” (1ª João 3:22)
 
É, acho que não foi dessa vez. O nível está caindo tanto que está até difícil acompanhar o raciocínio, nem que seja para captar que malabarismo secreto e sinistro Dave fez para encontrar qualquer coisa nesses textos que possa ser útil a seu favor (obs: nessa parte do artigo, ele não comenta os versículos, apenas vai passando a boiada, como lhe é de costume, então eu realmente não tenho como saber que diabos passava na cabeça dele quando “acabou de descobrir” esses versículos e pensou “uau, acho que posso usar isso against Lucas Banzoli!”).
 
Próximo:
 
“Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve” (1ª João 5:14)
 
Alguém pode me garantir que não estamos num multiverso onde Dave é na verdade um apologista protestante ferrenho e fanático disposto a buscar os melhores versículos para me ajudar? Mais uma vez: obrigado por tanta gentileza. Embora eu não tenha “acabado de descobrir” esses versículos, eu não tenho como retribuir o carinho.
 
Próximo...
 
“No dia seguinte Moisés disse ao povo: ‘Vocês cometeram um grande pecado. Mas agora subirei ao Senhor, e talvez possa oferecer propiciação pelo pecado de vocês’” (Êxodo 32:30)
 
Moisés orou a quem? Ao São Noé? Ao Santo Abraão? Ao Venerável Jó? Não. Parece que ele subiu ao Senhor, para oferecer propiciação pelos pecados do povo (isso já foi tão exaustivamente explicado que eu vou poupar o leitor e partir para o próximo versículo que Dave também deve ter acabado de descobrir).
 
“Aconteceu que o povo começou a queixar-se das suas dificuldades aos ouvidos do Senhor. Quando ele os ouviu, a sua ira acendeu-se e fogo da parte do Senhor queimou entre eles e consumiu algumas extremidades do acampamento. Então o povo clamou a Moisés, este orou ao Senhor, e o fogo extinguiu-se” (Números 11:1-2)
 
Note que o povo “clamou” com Moisés (o que é diferente de “orar”), e este orou ao Senhor, para que o fogo se extinguisse. Só há uma oração aqui, e essa oração é dirigida diretamente a Deus (seguindo à risca o princípio de que nenhum justo na Bíblia ora a alguém que não seja a Deus). Próximo...
 
“Moisés disse ao Senhor: ‘Então os egípcios ouvirão que pelo teu poder fizeste este povo sair dentre eles... segundo a tua grande fidelidade, perdoa a iniquidade deste povo, assim como a tens perdoado desde que saíram do Egito até agora’. O Senhor respondeu: ‘Eu os perdoei, conforme você pediu’” (Números 14:13, 19-20)
 
Mais uma vez, Moisés ora diretamente a Deus, intercedendo pelo povo ímpio que ele liderava, e Deus concede o pedido de Moisés. E nada de oração a um morto, de intercessão de uma alma fantasmagórica no além ou de alguém dirigindo uma oração que não fosse a Deus. Próximo...
 
“O povo foi a Moisés e disse: ‘Pecamos quando falamos contra o Senhor e contra você. Ore pedindo ao Senhor que tire as serpentes do meio de nós’. E Moisés orou pelo povo. O Senhor disse a Moisés: ‘Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste; quem for mordido e olhar para ela viverá’. Moisés fez então uma serpente de bronze e a colocou num poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, permanecia vivo” (Números 21:7-9)
 
De novo: o povo peca, pede que Moisés ore por eles, Moisés ora ao Senhor e o Senhor concede o pedido de Moisés. Embora possa-se dizer que Moisés agiu como um “intermediário” entre o povo e Deus, é num sentido totalmente diferente dos “santos” do catolicismo. Em primeiro lugar, porque o povo não “orou” a Moisés, como os católicos rezam aos santos. Segundo, porque Moisés estava vivo, e depois que ele morre nunca mais vemos qualquer judeu pedindo qualquer coisa a Moisés ou orando a ele (justamente porque sabiam que as orações tinham que ser dirigidas somente a Deus). E terceiro, porque estamos falando de um povo ímpio vivendo no pecado, o que se encaixa no que vimos em textos como João 9:31 e Provérbios 15:29, sobre Deus não atender a oração de um ímpio – e que é um caso totalmente diferente dos justos, que podem orar a Deus sem medo de que suas orações não sejam respondidas, como Paulo e o autor de Hebreus tanto enfatizaram:
 
“De acordo com o seu eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor, por intermédio de quem temos livre acesso a Deus em confiança, pela fé nele” (Efésios 3:11-12)
 
“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura. Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel” (Hebreus 10:19-23)
 
Depois de citar todos esses textos que nada falam de qualquer pessoa orando a alguém que não fosse Deus, ajudando a reforçar o ponto que eu destaquei no próprio artigo que ele pretendia refutar, Dave consagra a lástima do argumento desse jeito:
 
A partir desses dados bíblicos maciços, concluímos, então, que é melhor “ir direto a Deus” em oração, a menos que haja uma pessoa mais justa do que nós nas proximidades, que esteja disposta a fazer o mesmo pedido de oração. Então a Bíblia recomenda que peçamos a eles que intercedam por nós ou por qualquer causa justa, em vez de pedir a Deus diretamente.
 
É assim que Dave tenta justificar o fato dos católicos nunca irem diretamente a Deus, já que sempre há «uma pessoa mais justa do que nós nas proximidades», mesmo que por “proximidades” Dave entenda as nuvens do Paraíso – ou o quinto dos infernos, onde deve estar a maioria daqueles a quem ele reza (é só uma brincadeira, todos sabem que eu não acredito em inferno). Se isso fosse verdade, ninguém nunca teria orado diretamente a Deus na Bíblia, pois sempre existiria alguém mais justo que ele “nas proximidades” (mesmo que fosse Noé, Jó, Abraão, Moisés, Daniel e outros santos que Dave acredita que já estavam no céu na época do NT, por exemplo).
 
Mesmo assim, nós nunca vemos um único personagem bíblico do NT orando a um “santo” do AT (ou a um mártir do NT, como João Batista e Estêvão). Ao contrário, as orações são sempre, somente e exclusivamente dirigidas a Deus, a despeito do quão mais “santos” esses mortos seriam. Se a lógica católica fizesse algum sentido, isso só nos daria uma razão adicional para orarmos a Jesus, já que Jesus é certamente o maior santo que já existiu e ele sempre está perto de nós (Mt 18:20). Mas Dave prefere orar a gente morta sob o pretexto deles serem “mais justos” do que ele, quando esses próprios mortos não são absolutamente nada em comparado à justiça perfeita de Cristo, a quem eles também poderiam orar (mas não oram, e que se dane a lógica).
 
Vale ressaltar, mais uma vez, que esses pedidos de oração dos exemplos que Dave cita eram sempre de pessoas vivas para outras pessoas vivas, nunca para alguém que já morreu, e que essas pessoas que não ousavam orar pessoalmente eram pessoas ímpias, não justas. De todos os exemplos que Dave caçou na Bíblia, você não viu nenhum em que uma pessoa justa se recusa a orar por si mesma para deixar apenas que outra pessoa ore por ela. A não ser que Dave se considere um ímpio (o que poderia explicar muita coisa), ele não pode usar esses exemplos como justificativa para a prática católica com os “santos”.
 
Agora preste bem atenção, que Dave vai ensinar para mim, o “analfabeto” e “ignorante bíblico”, o texto bombástico que refuta tudo o que vimos aqui e que prova que devemos mesmo orar aos mortos:
 
Desculpe frustrar Lucas mais uma vez e expor sua ignorância bíblica e analfabetismo, mas isso não é verdade. Abraão era um santo falecido (um verdadeiro, sem aspas em torno de “santo”!) e ele recebeu orações e pedidos de intercessão feitos a ele, de acordo com nosso Senhor Jesus: quem contou a história de eventos reais, por meio dos quais um homem rico que morreu e foi para o Hades (Lc 16:22-23) pediu a Abraão que ajudasse seus irmãos ainda vivos.
 
É isso mesmo: a grande prova que ele tem de que a oração aos mortos é legítima é uma parábola onde o rico está no Hades com língua e sente sede (Lc 16:24), e Lázaro está lá com dedo e tudo (v. 24) e pode conversar com o rico do outro lado tranquilamente, como quem conversa num banquete com alguém na mesa ao lado (não obstante esteja o rico queimando literalmente em meio às chamas infernais). Eu imagino como deve ser bonito o céu de Dave, caminhando e cantando e seguindo a canção, até olhar pro outro lado e ver seus parentes e filhos queimando diante dele e podendo bater um papo com eles sem que possa fazer nada para atenuar-lhes o sofrimento (embora provavelmente seria ele a estar “no outro lado”, para que a analogia estivesse mais precisa).
 
Também me pergunto de que modo o rico e Lázaro foram parar no Hades com corpo e tudo, quando na verdade deveriam ser espíritos incorpóreos (fantasminhas, como na fábula imortalista que Dave adora). Numa dessas o corpo deles foi junto pro Hades por engano, igual os revoltosos de Corá que “desceram vivos ao Sheol com tudo o que possuíam” (Nm 16:33), o que para os imortalistas deve significar que eles entraram em queda livre no Sheol junto com suas tendas e pertences, e são os únicos lá (junto com o rico e Lázaro, é claro) a estarem corporalmente no Sheol/Hades – uma cena que eu adoraria ter presenciado, e que daria um ótimo filme.
 
Mesmo assim, é com base nisso que Dave constrói seu argumento em torno da “oração a Abraão”, ainda que a vasta maioria dos próprios teólogos imortalistas reconheça que o relato é meramente parabólico e que não tem nada de «eventos reais», algo que Dave conclui como o bom palpiteiro que é. Não me estenderei aqui sobre isso porque recentemente já postei este artigo sobre a parábola, o mais aprofundado sobre o assunto que existe na internet, extraído do meu livro sobre o tema (que você pode baixar aqui).
 
Como você poderá constatar, até mesmo teólogos imortalistas um pouco mais sérios reconhecem que Jesus não estava contando uma história real ou original, mas meramente fazendo uma adaptação de um conto bem conhecido no mundo pagão (assim como nós temos nossos próprios contos famosos, como A Branca de Neve e A Bela Adormecida). Nos dias de Jesus, era comum os rabinos pegarem um conto popular e mudar alguns detalhes, não para endossar o conto em si como real ou literal (o qual todos sabiam que era uma simples alegoria), mas para enfatizar alguma lição moral que se depreende dessa mudança. O mesmo fez Jesus com a parábola do rico e Lázaro, onde ele enche a parábola de aspectos satíricos justamente para parodiar o Hades pagão (grego), e muda o final para destacar uma lição moral (leia o artigo para entender qual).
 
Não haveria nenhum problema em Dave reconhecer algo tão simples, que outros imortalistas já reconhecem, se não fosse por um pequeno inconveniente: se Dave fosse suficientemente honesto para reconhecer que Lucas 16:19-31 é uma parábola e não uma história real, ele perderia o único texto que pode citar em seu favor. Este é o problema quando você está comprometido com uma falsa doutrina: você é obrigado a se apegar com unhas e dentes aos argumentos mais esdrúxulos, uma vez que isso é tudo o que você tem. E o pior é que nem mesmo se a parábola do rico e Lázaro fosse uma história real este texto poderia ser corretamente usado em favor dele, porque nem o rico é atendido, nem faz uma oração propriamente dita.
 
Na Bíblia, oração é estabelecer um contato entre este mundo e o outro. Se eu me dirijo a Deus e peço um carro (estou sendo bem materialista, não siga o meu exemplo), isso é considerado uma oração; mas se eu me dirijo ao meu vizinho e faço o mesmo pedido, ninguém diria que eu estou “orando” a ele, mas simplesmente pedindo uma coisa para alguém que eu estou vendo e falando. A questão é: na parábola, ninguém estabelece um contato entre o mundo “de cá” e o “de lá”. Não há uma oração propriamente dita, mas uma simples petição a alguém que também estava no lado “de lá”. Assim, mesmo se a parábola fosse uma história real, ela de modo algum poderia ser usada para sustentar a oração de pessoas vivas para pessoas mortas. Tudo o que vemos ali é uma petição de um morto para outro morto (e que nem mesmo foi atendida).
 
Ciente disso, Dave lança a sua última carta na mesa, a carta do desespero total. Sim, é aquela mesma do início do artigo: a sessão de necromancia de Saul com a feiticeira de En-Dor! Ele escreve:
 
O rei Saul também fez um pedido de oração a respeito de si mesmo, ao profeta Samuel, depois que este morreu (1Sm 28:3). Samuel respondeu à súplica de Saul com um retumbante “não!”. Ele nunca o repreendeu pela presunção de perguntar a ele (um mero homem) sobre o que ele deveria fazer sobre sua rebelião espiritual e seus inimigos. O rei Saul era um “personagem bíblico” e não foi “direto a Deus” em oração, como Lucas afirmou que “TODAS” as figuras bíblicas [que incluem boas e más] fizeram. Ele foi até o falecido profeta Samuel, contrariando a afirmação de Lucas de que “todos os personagens bíblicos em toda a Bíblia... sempre dirigiram suas orações direto a Deus e nunca, repito, NUNCA a um ‘santo’ falecido para ‘interceder’ junto a Deus”.
 
Sim, eu disse que “nunca um personagem bíblico dirigiu uma oração a um santo falecido na Bíblia”, mas porque eu pensava que os leitores tinham uma inteligência um pouco acima de um primata para perceber que eu estava falando de personagens justos que pudessem ser usados de exemplo para respaldar doutrina, e não literalmente “qualquer” personagem (incluindo a serpente do Éden, a besta do Apocalipse, o anticristo e o próprio Satã). É óbvio que em toda a Bíblia vemos “personagens bíblicos” praticando idolatria, adorando imagens, sacrificando os filhos a Moloque, consultando os mortos e sendo punidos por isso. Na minha cabeça, isso era tão óbvio que dispensava qualquer parêntesis explicativo.
 
Mas Dave, na sua ânsia de me refutar, acha que encontrou a brecha perfeita para isso neste trecho – eu até posso imaginá-lo dizendo gotcha e abrindo um sorrisinho no rosto –, como se eu tivesse caído numa grande armadilha que desmonta o meu artigo por completo. Eu não duvido que se eu dissesse que “todos os personagens bíblicos criam em Deus”, Dave usaria o texto que assevera: “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’” (Sl 14:1) para provar que eu estava errado, já que havia sim um personagem que não cria em Deus (o “tolo” do verso em questão). Dave me faz lembrar meus alunos do Ensino Fundamental quando digo “todo mundo sentado!”, e algum engraçadinho responde “mas você está de pé!” (com a diferença de que os meus alunos do 6º ano sabem um pouco mais de Bíblia).
 
A maioria dos meus alunos do 6º ano em Ensino Religioso sabem que Saul foi um rei ímpio e apóstata, atormentado por espíritos malignos (1Sm 16:23), que perseguiu Davi por inveja a vida inteira e que assassinou a sangue frio os gibeonitas por protegerem Davi. Mas, curiosamente, de todos os muitos pecados que Saul cometeu, aquele que foi apontado pelo próprio Senhor como a causa da sua morte foi justamente, adivinhe só, a consulta em En-Dor que Dave usa como pretexto para justificar a prática católica! Vejamos o que o texto diz:
 
“Saul morreu porque foi infiel ao Senhor; não guardou a palavra do Senhor e chegou a consultar uma médium em busca de orientação, em vez de consultar o Senhor. Por isso o Senhor o entregou à morte e deu o reino a Davi, filho de Jessé” (1ª Crônicas 10:13-14)
 
Ou seja, não apenas estamos falando de um rei ímpio que não era padrão nem exemplo pra ninguém, mas de um rei castigado com a morte justamente por praticar aquilo que Dave usa para fundamentar a oração pelos mortos! É realmente incrível como Dave consegue surpreender a cada artigo que passa! Cinicamente, Dave argumenta que Samuel «nunca o repreendeu pela presunção de perguntar a ele (um mero homem) sobre o que ele deveria fazer sobre sua rebelião espiritual e seus inimigos», como se isso significasse que Saul fez certo ao consultá-lo, quando a própria Bíblia que Dave nunca abriu chama essa prática de abominação e punia com a morte seus praticantes (como aconteceu com o próprio Saul):
 
Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos; que seja médium ou espírita ou que consulte os mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês” (Deuteronômio 18:10-12)
 
Se Dave tivesse “acabado de descobrir” esses versículos também, talvez ele pensasse duas vezes antes de citar 1º Samuel 28 em apoio à ideia de invocar os mortos, como se a invocação que a necromante fez de Samuel justificasse a prática católica de comunicação com os mortos. Mas então por que Samuel não repreendeu Saul por consultá-lo, como argumenta Dave? A resposta é simples: porque não era realmente Samuel, mas um demônio que se passava por ele. Isso não é uma apelação recente de mortalistas malvados; na verdade, é a forma com que o texto tem sido tradicionalmente interpretado desde sempre – seja pela vasta maioria dos Pais da Igreja, dos reformadores ou até mesmo dos doutores católicos, como eu mostro no meu livro (junto com uma análise bíblica minuciosa de todo o contexto).
 
É Dave quem rejeita a interpretação tradicional do texto para se unir aos espíritas, e tudo isso apenas no desespero de encontrar qualquer base em qualquer lugar e a qualquer custo que seja, desde que sirva aos seus propósitos. Dave sabe que está lutando uma causa perdida, e justamente por isso precisa apelar a tudo o que for mais baixo possível – até mesmo a uma prática explicitamente abominada por Deus, mas que supostamente não teria sido tão abominada assim pelo profeta, então está tudo bem praticar. Esse é o nível do “apologista” com quem estamos lidando. Alguém que não sabe a diferença entre irmão e primo, entre petição e oração, entre “por” e “para”, entre descrição e prescrição. É claramente um caso perdido.
 
Depois de falhar miseravelmente em mostrar um único caso na Bíblia onde alguém (ou melhor, alguém que não seja um ímpio, antes que Dave conteste isso de novo) ora a qualquer um que não seja a Deus, Dave termina o artigo com uma última piada: a “intercessão dos anjos”. Para isso, ele se apoia no texto da condenação de Sodoma e Gomorra, onde lemos:
 
“Ao raiar do dia, os anjos insistiam com Ló, dizendo: ‘Depressa! Leve daqui sua mulher e suas duas filhas, ou vocês também serão mortos quando a cidade for castigada’. (...) Ló, porém, lhes disse: ‘Não, meu senhor! Seu servo foi favorecido por sua benevolência, pois o senhor foi bondoso comigo, poupando-me a vida. Não posso fugir para as montanhas, se não esta calamidade cairá sobre mim, e morrerei. Aqui perto há uma cidade pequena. Está tão próxima que dá para correr até lá. Deixe-me ir para lá! Mesmo sendo tão pequena, lá estarei a salvo’. ‘Está bem’, respondeu ele. ‘Também lhe atenderei esse pedido; não destruirei a cidade da qual você fala. Fuja depressa, porque nada poderei fazer enquanto você não chegar lá’. Por isso a cidade foi chamada Zoar” (Gênesis 19:15, 18-22)
 
Eu sei que já está extremamente maçante, mas eu preciso recomeçar o interrogatório de novo: qual parte desse texto diz que alguém orou a uma pessoa que não fosse Deus? Nenhuma. Qual parte do texto fala de um morto intercedendo no céu? Não fala. Alguma parte do texto sequer fala de oração? Nana-nina-não (embora Dave explicitamente afirme isso em outra parte do artigo, porque nem mesmo sabe o que é uma oração). Em suma, Dave literalmente pega um texto que nada fala de oração, e o usa como a “prova” de que podemos orar a alguém que não seja Deus. Sinistro. Surreal. Daveniano.
 
O que vemos no texto é apenas o diálogo normal entre duas partes que conversavam naturalmente uma com a outra, com o detalhe de que uma delas era um anjo. Acontece isso algumas vezes com Deus em teofanias do AT, onde Deus conversa com seres humanos de forma personificada (antropomórfica), e ninguém chama isso de “oração”. E uma vez que os anjos são justamente “espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14), faz todo o sentido que tenham ajudado Ló nesta ocasião, assim como continuam ajudando muita gente até os nossos dias (mesmo quando não sabemos ou não percebemos essa presença).
 
É um caso totalmente diferente dos mortos, que nunca são chamados de “espíritos ministradores” para ajudar quem quer que seja, e que nem mesmo estão vivos em algum lugar para cumprir este propósito (como provei ao longo de 1.900 páginas do meu livro mais recente). E, mesmo assim, Ló não “orou” a anjo nenhum, apenas conversou com eles quando apareceram pessoalmente a ele. Você pode folhear a Bíblia inteira do Gênesis ao Apocalipse e não encontrará uma única oração dirigida a um anjo, e ninguém jamais dirige a palavra a um anjo sem que o anjo lhe tenha aparecido (visivelmente) primeiro. Até o Dave sabe disso, e justamente por isso o único texto que ele tem para citar sobre a “intercessão dos anjos” é este aqui (o que deve significar que é o melhor que ele tem, não ria alto!).
 
O artigo de Dave ainda se arrasta mais um pouco, repetindo as mesmas baboseiras já refutadas e acrescentando uma sandice ainda maior para refutar 1ª Timóteo 2:5 (o texto que diz que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus). Acredite se quiser, Dave literalmente chama os “santos” do catolicismo de “minimediadores(!)” “essencialmente secundários” (não é brincadeira e nem sarcasmo, ele literalmente chama de “minimediadores”!). O meu estômago já estava embrulhado desde a parte em que ele usou a sessão de necromancia como base para orar a Samuel; depois dessa eu quase vomitei e desisti de continuar o texto. É sério, não tem como. Ultrapassa todas as barreiras do humanamente suportável. Alguém chame um médico, um psiquiatra, um veterinário talvez, mas não podem deixar um homem desses escrevendo as coisas que escreve.
 
Eu vou parar por aqui, antes que o pouco que sobrou da minha paciência me force a ultrapassar certos limites saudáveis. Eu faço questão que você entre no artigo dele (clique aqui) e se dirija à parte no final do artigo, em que ele cita oito versículos bíblicos em apoio à sua tese dos “minimediadores”. Eu me recuso a comentar esses textos, vá você mesmo ler e veja o nível da coisa, já é demais por hoje. Tente encontrar a parte em que os textos falam em minimediadores falecidos que intermediam as orações entre nós e Deus, e se você encontrar, me avise pra eu te pagar uma carne de ouro.
 
Os “minimediadores” me faz lembrar um comentário recente do meu amigo Miguel Ferreira sobre os artigos do Dave:
 
"O cara continua com as mesmas falaciazinhas de redução nominal: não é adoração, é veneração. Não é idolatria, é hiperdulia. Não é mentira, é uma mera transcendência da verdade por outros meios. Não é pecado: é um reconhecimento demonstrativo, manifesto e deliberado da natureza decaída do homem. (...) Eles são mestres em pelejar no domínio da linguagem, na esfera puramente nominalista: mude uma palavra aqui, adicione um termo sofisticado acolá... e pronto, eles criam um mundo de falácias que pode até aparentar alguma coesão quando você restringe sua análise somente à esfera da linguagem, mas que cai como um castelo de cartas quando você compara o que é dito com o que é feito, a realidade com a narrativa, a mera percepção com o fenômeno em si e finalmente: o que se vê com o que se descreve".
 
Dave é um exemplo perfeito de um sofista dos tempos modernos: em vez de refutar com argumentos, apela para a redução nominal, como se através de um jogo de palavras se conseguisse tudo. É uma tática de covardes, mas é tudo o que ele tem. Ele estaria apto a debater até mesmo com um doutor em física quântica mesmo sem nem saber o que é isso, se simplesmente soubesse jogar com as palavras de um modo que impressione os incautos. É por isso, por exemplo, que eles não chamam Maria de “segunda redentora”, mas de “corredentora”, como se isso atenuasse o problema da Bíblia chamar Jesus de o único salvador (At 4:12).
 
Não importa o que a Bíblia realmente diz; o que importa é como isso pode ser manipulado nominalmente para dar a entender o sentido contrário. Como já está nítido desde a minha primeira refutação, todos esses anos de apologética só fizeram de Dave um mestre na arte do engano e da dissimulação, um atacante profissional de espantalhos, alguém que compulsoriamente precisa desviar o cerne da discussão, mutilar o argumento contrário, distorcer tudo o que foi dito e então bombardear o máximo possível de textos citados aleatoriamente, apostando que ninguém vai ter a santa paciência de analisá-los um a um para fazê-lo passar vergonha. Infelizmente, ele perdeu a aposta desta vez.
 
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (youtube.com/LucasBanzoli)

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20 comentários:

  1. Paz do Senhor, tem 2 coisas que me chama a atenção: 1 - Esse cara deve ser masoquista, pois quanto mais apanha, mais gosta. 2 - Os "fãs" dele deve ser voyeur, pois amam ver ele apanhar. Ainda bem que o irmão escreveu "Como funciona o mundo na cabeça de um zumbi tridentino", explica muita coisa a respeito desse tipo de gente.

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  2. É por isso que eu digo que precisamos chamar os Recordes Mundiais do Guinness para vir e premiar o Dave. Suas "refutações" são um tributo ao ridículo, cômico e patético que beira um recorde mundial que merece reconhecimento. Dizer que os cristãos oravam aos santos falecidos é um anacronismo, mesmo que acreditássemos que os cristãos do tempo dos apóstolos acreditassem na imortalidade da alma, que de forma alguma dá licença para concluir que eles oravam aos santos falecidos para interceder. Bênçãos irmão.

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    1. Até o "Hegésipo disse que Judas era primo de Jesus", eu acreditava que a disputa era boa pelo recorde mundial do Guinness Book de artigos cômicos, mas ele tinha a concorrência de outros peso-pesados, como Rafael Rodrigues, Cris Macabeus, Fernando Nascimento e etc. Mas agora, depois da feiticeira de En-Dor ser usada como uma prova de que podemos orar a Samuel, todos devem concordar que não há mais disputa. Dave é o rei supremo e ninguém pode ser comparado a ele. Viva o rei!

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  3. Nobre Lucas, há muito desejava tirar um dúvida escatológica contigo, mas infelizmente perdi seu contato no WhatsApp. Espero que está mensagem lhe encontre bem. Segue a dúvida: depois do milênio sabemos que acontecerá a ressurreição dos ímpios, os mesmos serão enganados por Satánas mais uma vez, e marcharam contra Cidade Santa. A Bíblia relata que saíra fogo do altar, que consumirá os ímpios em questão. Agora, onde podemos encaixar o sofrimento proporcional no geena? Os ímpios serão ressuscitados mais uma vez para serem julgados? Há algo de errado no meu raciocínio? Por gentileza, me ajude nesse meu amigo. Um grande abraço.

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    1. Na verdade nenhum ímpio sofre castigo (consciente) no geena; o geena é o local da destruição deles e não do castigo proporcional (eu falo sobre isso no livro). O castigo proporcional ocorre após a ressurreição dos ímpios e antes deles serem consumidos no geena, em um local que a Bíblia chama apenas de "prisão" (todas as vezes que o geena é mencionado no NT, é pra falar do lugar de aniquilação pelo fogo e nunca do lugar de castigo consciente). Abs!

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    2. Certo. Eu não sei se está muito claro e eu tô garoteando ou se a duvida é de fato pertinente, mas tem algo que ainda não ficou muito claro pra mim. Trata-se da cronologia dos fatos, seria: ressurreição - marchar contra a Cidade Santa - sofrimento proporcional - segunda morte ou ressurreição - sofrimento proporcional - marchar contra a Cidade Santa - segunda morte? Digo porque o texto indica que, logo após essa marcha, os ímpios serão consumidos, como abaixo:
      "As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou. O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre." Ap 20:9,10
      Além do que, há uma outra questão pendente, pelo menos no meu entendimento. A Bíblia indica que todos seremos julgados de acordo com as nossas obras, sejam elas boas ou más. Esse julgamento seria num sentido figurado ou realmente estaremos diante de Deus? Não consigo enxergar o julgamento nessa cronologia, a não ser que seja uma figura de linguagem. Me perdoe se for algo muito imbecil da minha parte.

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    3. Eu entendo da segunda maneira que você colocou (com o sofrimento proporcional anterior à marcha contra a cidade santa), mas a Bíblia não é detalhista quanto a isso. E entendo o juízo como literal mesmo e não figurado, ocorrendo depois da ressurreição (e antes do sofrimento proporcional). Ou seja, no juízo eles são condenados a pagar o tanto respectivo aos seus pecados, depois disso Deus permite que eles marchem contra a cidade santa numa tentativa de obter a imortalidade também, mas são consumidos.

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  4. Blessings irmão, aqui está o link onde converti em vídeo sua resposta a Dave sobre Josefo e os irmãos de Jesus, dê uma olhada (Está em espanhol).

    https://www.youtube.com/watch?v=CsuBQ26LNxw&lc=UgzOD8ZPVEY4wqBDOsZ4AaABAg

    Você foi longe, seus artigos foram além das fronteiras do Brasil, passando pela América Latina para os Estados Unidos. E não só isso, um movimento de direita em Honduras, usou os artigos que você escreveu em defesa do capitalismo e contra o aborto traduzidos para o espanhol, mas também se chama "La voz de la vida", eu me juntei a esse movimento e dei a conhecer seus artigos sobre o assunto, e os membros do movimento adoraram seus artigos (inclusive católicos)... Você pode imaginar como seus escritos podem influenciar a política de um país... você chegou longe Lucas, bênçãos.

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    1. Olá, fico muito feliz por isso, te devo muito pela divulgação também, se não fosse por isso os meus artigos jamais chegariam longe. O vídeo sobre Josefo ficou muito bom, já aproveitei e me inscrevi no canal para acompanhar mais vídeos mais tarde. Apenas uma dica, eu acho que o vídeo teria um alcance melhor se não mostrasse meu rosto com tanta frequência já que eu não estou falando, poderia fazer algo no estilo do "Mundo Cópia", do canal "Dois Dedos de Teologia" (link abaixo), onde ele coloca imagens que tem a ver com o conteúdo que está sendo dito (e não do locutor ou do autor):

      https://www.youtube.com/playlist?list=PLRPNvughqc8QMOQrmpdZ8PemDcEt99N4p

      É só uma dica mesmo, porque pra mim não tem nenhum problema em mostrar meu rosto (até ajuda na identificação com o público), mas acho que se for feito do outro modo (ou alternar entre um modo e outro) pode aumentar a quantidade de visualizações.

      Abraços!

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    2. Meus Parabéns Banzoli, os frutos do seu trabalho estão sendo colhidos e estão espalhando-se pelo mundo, espero que você obtenha todo o reconhecimento do mundo pelo seu trabalho excepcional! Você fez por merecer!

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  5. Bom dia. Olha, eu nem sabia quem era esse Dave, só fui saber porque vc voltou a escrever e eu nem sabia que vc tinha voltado. Tenho mais uma boa argumentação contra a oração aos mortos, é histórica: tenho acompanhado há anos estudos a respeito dos Manuscritos do Mar Morto e pelo menos até agora achei de tudo ali menos qualquer indício de qualquer doutrina que tenha surgido durante o período intertestamentário, naquela região e naquela seita, dentro dos pergaminhos, que dê lastro para a oração aos mortos. Nada mesmo. Zero. Nem as seitas daquela época de Jesus iam tão longe a ponto de querer orar os mortos na esperança de conseguir algo se temos acesso ao próprio Deus.

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    1. Interessante. Eu já sabia que os judeus da época de Jesus não oravam aos mortos, mas não tenho acesso a esses manuscritos do Mar Morto (exceto alguns poucos que tem disponíveis na internet e de um livro que eu tenho aqui), se você puder me informar onde eu posso lê-los, eu ficaria muito agradecido, pois tenho grande interesse.

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    2. Nunca chegou a vasculhar os arquivos online?
      A editora Brill publica anuários, todo santo ano, com vários artigos escritos a respeitos de inúmeros pergaminhos, escritos por linguistas, teólogos, até engenheiros, matemáticos e físicos.: https://brill.com/display/serial/DSSE
      https://brill.com/display/serial/STDJ
      E detalhe, a editora Brill é muito respeitada, ela publica livros desde a Reforma Protestante.
      Esses caras publicaram até concordância, dicionários, estudos sobre a manufatura dos pergaminhos, o que tu imaginar tem ali.
      Tem outros sites bem sérios:
      http://dss.collections.imj.org.il/
      https://www.deadseascrolls.org.il/explore-the-archive
      Fora os estudos independentes.
      Só tem um problema: são pagos. E conhecimento custa caro. Antes eu pegava algumas coisas no z-library mas o site caiu.
      Até agora, o que eu entendi, era que a comunidade de Qumram, de onde saiu os manuscritos do mar morto, era uma facção de um grupo maior, os essênios. Essa facção era sectária mas de alguma forma foi usada por Deus ao menos para preservar os pergaminhos do Antigo Testamento. Tem muita coisa ali. Mas eles nunca invocaram mortos, posso garantir. Eles acreditavam que Deus armazenava a alma numa espécie de caverna mas ela ficava alojada e completamente isoalda ali sem contato nenhum com o exterior, o que é menos mal comparada com a doutriária católica que fiz que as almas dos santos escutam orações, o que soa como um completo absurdo.
      Tem esse site também: http://enochseminar.org/ eles abordam mais o judaismo enóquico porém eles fazem um trabalho sério, e independente de confissão doutrinária.
      Já tem quase 10 anos que acompanho o trabalho deles e comecei por um acaso, eu estudei física aplicada e encontraram lá nas cavernas, juntos com manuscritos, dois instrumentos de navegação no deserto e por isso que acabei mergulhando no assunto.

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    3. Vlw, vou dar uma olhada nesses links que você passou!

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  6. Excelente artigo como sempre, Lucas! Ah, é importante lembrar que o Dave Armstrong é considerado por muitos o melhor apologista católico da atualidade (se ele é o melhor, imagina então o nível dos piores). Eu me pergunto como alguém tem a coragem de tentar provar as doutrinas papistas por meio das escrituras citando texto que não tem relação nenhuma com aquilo a ser domonstrado.

    No caso da Mariolatria romana, ainda também existe o saltério de são Boaventura, onde ele dedica cento e cinquenta salmos em honra a Maria. É como foi dito no artigo, no fim, tudo consiste em manipulação semântica e redução nominal, como se a mera manipulação dos termos provassem que a veneração aos santos no catolicismo é idólatra por exelencia.

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    1. Não conhecia esse Saltério de São Boaventura, já aproveitei pra baixar aqui e ler mais tarde, um dia ainda faço um compilado de todas essas obras idólatras mais famosas na forma de um livro expositivo sobre a mariolatria católica. Do pouco que li até agora deu pra ver como o autor se esforça em escrever no mesmo estilo dos salmos, apenas trocando "Deus" por "Nossa Senhora" (e ainda dizem que não a tratam como uma deusa...).

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