A Antiguidade tendia a enxergar
a mulher como um intermediário entre o homem e o animal. Era assim que
Aristóteles, o principal filósofo grego e propagador das ideias helenistas,
dizia expressamente. O Cristianismo elevou o status da mulher na sociedade e
lhe conferiu dignidade moral em relação ao homem, mas isso não durou para
sempre e nem ocorreu sem altos e baixos. Um desses “baixos” é a Idade Média,
que se por um lado não voltou a comparar a mulher aos animais, por outro lado
voltou a encará-la como uma espécie inferior aos homens. E isso aconteceu
principalmente por uma razão muito simples: a “ressurreição” de Aristóteles na
escolástica medieval.
Com as invasões bárbaras que
resultaram no fim da Roma Antiga, Aristóteles havia caído no esquecimento, pelo
menos nas terras cristãs do Ocidente europeu. Mas os árabes o “redescobriram” e
traduziram ao seu idioma, e pela proximidade com os cristãos na Espanha esses
escritos passaram a ficar conhecidos entre eles também. Foi um estouro.
Aristóteles logo virou um best-seller entre
os estudiosos católicos, a fonte
número um de estudos na Cristandade. Um autor em especial foi o grande
responsável por “converter” Aristóteles ao catolicismo: Tomás de Aquino (1225-1274).
Sua Suma Teológica permanece sendo
até hoje o documento católico de maior renome, obra na qual ele cita
Aristóteles – acredite se quiser – quase três mil vezes (2.965 vezes, para ser
mais preciso). Este logo se tornou uma fonte de autoridade igual à Bíblia,
quando não maior.
Se por um lado há quem exalte
essa influência aristotélica na escolástica medieval por seu incremento
filosófico, por outro lado ela foi indiscutivelmente destrutiva e nefasta sob
qualquer perspectiva ética, pelo simples fato de que a ética entre os gregos
antigos era encarada de modo muito diferente da Bíblia, e uma síntese entre as
duas doutrinas não poderia resultar coisa boa. Foi o que aconteceu. Os trechos que
eu selecionei constam todos na Suma Teológica, e se alguém quiser conferir cada
um deles para não me acusar de ter tirado alguma coisa do contexto, basta clicar
aqui e ler. Por serem muitos textos, vou fazer o mínimo de comentários
possíveis e deixar que as declarações falem por si só.
• Devemos amar mais ao pai que à mãe, por ser
«mais excelente» que ela:
O sentido
implicado nessas comparações deve ser interpretado, em si mesmo, de modo a
entendermos ser pergunta: se o pai, como tal deve ser mais amado do que a mãe, como
tal. Pois, em todos os casos como esses, pode haver tanta diferença de virtude
e de malícia, a ponto de a amizade desaparecer ou diminuir, no dizer do
Filósofo. E portanto, como diz Ambrósio, os bons criados devem ser preferidas
aos maus filhos, Mas, considerada a questão em si mesma, devemos amar mais ao
pai que à mãe. Pois, a esta e aquele amamos como os princípios da nossa origem
natural. Pois o pai realiza a noção de princípio de maneira mais excelente que
a mãe, por ser principio ao modo de agente ao passo que a mãe o é, a modo de
paciente e matéria. Logo, absolutamente falando, devemos amar mais ao pai.
• A mulher tem «menor virtude e dignidade que
o homem»:
Ora, a mulher
tem, naturalmente, menor virtude e dignidade que o homem; pois, como diz
Agostinho, sempre é mais digno de honra o agente que o paciente.
• Enquanto o macho é por natureza «um ser
perfeito», a fêmea é «um ser deficiente e falho» (e a justificativa disso é das
mais bizarras):
Na sua
natureza particular, a fêmea é um ser deficiente e falho. Porque a virtude
ativa, que está no sêmen do macho, tende a produzir um ser perfeito semelhante
a si, do sexo masculino. Mas o fato de ser a fêmea a gerada provém da
debilidade da virtude ativa, ou de alguma indisposição da matéria; ou ainda, de
alguma transmutação extrínseca, p. ex., dos ventos austrais, que são úmidos,
como diz Aristóteles. Mas, por comparação com a natureza universal, a fêmea não
é um ser falho, pois está destinada, por intenção da natureza, à obra da
geração.
• Mais um monte de charlatanismo e
superstição para justificar a discriminação às mulheres:
A geração da
mulher se dá, não só por deficiência da virtude ativa ou pela indisposição da
matéria, como refere a objeção, mas também, às vezes, por algum acidente
extrínseco. Assim, como diz o Filósofo, o vento setentrional ajuda a geração
dos machos; o austral, porém, a das fêmeas. Às vezes também pela concepção da
alma, pela qual facilmente é imutado o corpo. E isto podia dar–se precipuamente
no estado de inocência. quando o corpo estava melhor sujeito à alma, de modo
que, conforme a vontade do gerador, assim se distinguisse o sexo, na prole.
• A mulher é naturalmente dependente do homem
porque este tem «maior discreção racional» (um jeito mais sofisticado de chamar
a mulher de burra):
Há dupla
sujeição. Uma servil, pela qual o superior usa do súdito, em sua utilidade, e
essa sujeição foi introduzida depois do pecado. Outra é a sujeição econômica ou
civil, pela qual o chefe usa dos súditos para o bem destes: e tal sujeição já
existia antes do pecado. Pois faltaria o bem da ordem, na sociedade humana, se
uns não fossem governados por outros, mais sábios. E assim, por essa sujeição,
é que a mulher é naturalmente dependente do homem; porque este tem naturalmente
maior discreção racional.
• A mulher é colocada lado a lado com «as
crianças e os dementes», por «falta de razão» (de novo chamando-as de burras,
de uma forma um pouco menos sofisticada agora):
O testemunho
como já dissemos, não tem certeza infalível, mas provável: Logo, tudo o que
orientar em contrário essa probabilidade torna o testemunho ineficaz. Ora,
torna-se provável que uma testemunha não testifica com firmeza a verdade, ora
por culpa, como se dá com os infiéis e os infames e também com os réus de crime
público, que não podem acusar; mas, outras vezes, sem culpa. E isto ou por
falta de razão como o demonstram as crianças, os dementes e as mulheres; ou
pelo afeto, como se dá com os inimigos e as pessoas chegadas e domésticas, ou
também pela condição externa, como os pobres, os escravos, que podem ser
mandados e dos quais é lícito crer que se deixem com facilidade induzir a
testemunhar falsamente contra a verdade. Por onde é claro que um testemunho
pode ser repelido por causa de culpa e sem culpa.
• A mulher é como um «súdito» do homem, que é
seu «superior», e elas não podem ensinar em público porque não tem “sabedoria” suficiente
pra isso:
Dois usos pode
ter a palavra. Um privado, quando falamos familiarmente a um ou a poucos. E,
então, as mulheres podem receber a graça da palavra. Outro público, quando a
palavra é dirigida a toda a Igreja. E isto não é permitido à mulher. Primeiro e
principalmente, pela condição do seu sexo, que a torna sujeita ao homem, como
se lê na Escritura. Ora, ensinar e persuadir publicamente, na Igreja, não
pertence aos súbditos, mas aos superiores. Contudo, mais que a mulher, os
homens dependentes de um superior o podem por delegação; porque a sujeição
deles ao superior não se funda naturalmente no sexo, como se dá com as
mulheres, mas nalgum acidente sobreveniente. Segundo, para que não se desperte
a concupiscência do homem, pois, diz a Escritura: A sua conversação se ateia
como fogo. Terceiro, porque geralmente as mulheres não têm sabedoria perfeita a
ponto de convenientemente se lhes poder cometer o ensino em público.
• A mulher tem que necessariamente obedecer à
vontade do seu marido, mesmo contra a vontade dela, porque ele é seu chefe e
governador:
Quanto à
sujeição da mulher ao marido, deve ela ser entendida como uma pena infligida à
mulher. Não quanto ao regime de vida, porque mesmo antes do pecado, o marido
seria o chefe da mulher e seu governador; mas, porque, atualmente, a mulher há
de necessariamente obedecer à vontade do marido, mesmo contra a vontade dela.
• Cristo tomou a natureza masculina porque o
sexo masculino é «o mais nobre»:
O perdão
concedido à humanidade devia manifestar-se em ambos os sexos. O sexo masculino,
sendo o mais nobre, o Cristo devia tomar-lhe a natureza; e, pois que nascia de
uma mulher, poder-se-ia concluir consequentemente, que também o sexo feminino
participava do perdão.
Por ser o sexo
masculino mais nobre que o feminino, é que Cristo assumiu a natureza humana,
nesse sexo. Mas para que não ficasse desprezado o sexo feminino, foi congruente
que assumisse a carne, de uma mulher.
• A «potência geradora» do homem é melhor que
a da mulher:
A potência geradora
da mulher é imperfeita em relação à do homem. Por isso, assim como nas artes, a
arte inferior dispõe a matéria na qual a superior infunde a forma, como diz
Aristóteles, assim também a virtude geratriz feminina prepara a matéria,
enquanto que a masculina informa a matéria preparada.
• A mulher é inferior ao homem não apenas no
que diz respeito à «robustez do corpo», mas também «quanto ao vigor da alma»:
A mulher está
sujeita ao marido por causa da sua fraqueza natural, tanto quanto ao vigor da
alma quanto à robustez do corpo. Mas depois da ressurreição não haverá mais
essas diferenças, senão só a diversidade dos méritos.
• A mulher é um «macho falho» por causa da
sua «natureza particular»:
Pois, diz o
Filósofo [Aristóteles], a fêmea é um macho falho, nascida como que contra a
intenção da natureza (...) A mulher chama–se macho falho por ser contra a
intenção da natureza particular; não, porém, contra a da natureza universal,
como já se disse antes.
• O homem é «mais digno» do que a mulher:
Sentença: O paraíso era lugar
congruente à habitação humana, quanto à incorrupção do primitivo estado. Ora,
essa incorrupção o homem não a tinha por natureza, mas por dom sobrenatural de
Deus. E para que fosse imputada à graça de Deus e não à natureza humana, Deus
fez o homem fora do paraíso; e depois nele o colocou, para que aí habitasse
todo o tempo da vida animal, para, após haver alcançado a vida espiritual, ser
transferido ao céu.
Objeção: A mulher foi feita no paraíso.
Ora, o homem, sendo mais digno que a mulher, com maior razão devia ter sido
feito nele.
Resposta: A mulher foi feita no
paraíso, não por causa da sua dignidade, mas por causa da dignidade do
princípio pelo qual o seu corpo foi formado. Porque, semelhantemente, também os
filhos teriam nascido no paraíso, no qual já os pais estavam colocados.
• O homem é «mais perfeito» que a mulher:
Como dissemos,
a gravidade do pecado depende mais principalmente da espécie do que da
circunstância dele. Donde devemos concluir, que, consideradas ambas as pessoas,
a da mulher e a do varão, o pecado deste foi mais grave porque era mais
perfeito que a mulher.
• A mulher precisou existir para gerar
descendência, se não fosse por isso nem precisaria existir:
*Nota: O trecho abaixo faz parte de um tópico chamado: “Se a
mulher devia ter sido produzida na primeira produção das causas”. Basicamente,
o que estava sendo discutido aqui é se a mulher era realmente necessária, já
que, como afirma o primeiro artigo da questão (citando Aristóteles), «a fêmea é um macho falho», e «nada de falho e deficiente devia existir na primeira
instituição das coisas. Logo, nessa primeira instituição, a mulher não devia
ter sido produzida». O que se segue é uma resposta a isso. Note que
Aquino em momento nenhum responde refutando ou negando que a mulher seja um “macho
falho” ou “deficiente”. Apenas diz que a mulher precisava existir porque só
assim haveria o “adjutório da geração”; ou seja, tinha que existir mulher ou
senão outros homens não nasceriam, os quais têm uma “operação vital mais nobre”
que a mulher, e seriam adjutores “mais convenientes” que ela. Em minha opinião,
só de ser discutido se a mulher
deveria mesmo existir já é um sintoma crônico da misoginia medieval (que jamais
discutiu se o homem também deveria existir):
Era necessário
que a mulher fosse feita para adjutório do homem. Não, certo, adjutório para
qualquer outra obra, como alguns disseram; pois, nisso o homem pode ser
ajudado, mais convenientemente, por outro homem, do que pela mulher; mas para o
adjutório da geração (...) Ora, o homem se ordena a uma operação vital mais
nobre, que é o inteligir. E por isso nele, com maior razão, devia haver a
distinção entre uma e outra virtude, de modo que a fêmea fosse produzida
separadamente do macho; e contudo, ambos se unissem, carnalmente, para a obra
da geração.
Embora a
geração da mulher esteja fora da intenção particular da natureza, esta porém na
sua intenção geral, que exige a dualidade dos sexos para a perfeição da espécie
humana.
E ainda:
Sentença: Parece que no primitivo
estado não nasceriam mulheres. No estado de inocência a geração era ordenada à
multiplicação dos homens. Ora, estes podiam suficientemente multiplicar–se pelo
primeiro homem e pela primeira mulher, desde que viveriam perpetuamente. Logo,
não era necessário nascessem mulheres, no estado de inocência.
Resposta: A prole seria gerada, com
vida animal, à qual é próprio não só usar de alimento, como também gerar. Por
onde, convinha que todos gerassem e não só os primeiros pais; donde resultaria
que seriam gerados tanto mulheres quanto homens.
• A mulher «vive em estado de sujeição», não
pode exercer jurisdição senão a cidade se corromperia nas mãos de uma mulher, e
só pode governar outras mulheres porque seria um perigo para os homens conviver
com elas:
A mulher,
segundo o Apóstolo, vive em estado de sujeição. Por isso não pode exercer
nenhuma jurisdição espiritual; pois, o próprio Filósofo também diz que a ordem
da cidade se corrompe quando o poder vem a cair em mãos de mulher. Eis porque
ela não tem a chave da ordem nem a da jurisdição. É-lhes porém cometido um
certo uso das chaves, de modo que possa governar outras mulheres, por causa do
perigo que podia advir de homens conviverem com elas.
• Se você faz sexo fica burro (essa não tem a
ver com machismo, mas não podia ficar de fora):
Ora, a
conjunção sexual entre o homem e a mulher implica um certo mal – quer seja este a veemência do prazer,
que absorve a razão a ponto de tornar de fato impossível o ato intelectual,
como diz o Filósofo; quer também por causa da tribulação da carne, de que fala
o Apóstolo, e que hão de sofrer os casados pela solicitude com os bens
temporais.
• Meninas de doze anos já estão liberadas para
se casar, mas podem se casar até antes disso (lembre-se que os casamentos eram
arranjados, e não voluntariamente, como hoje). A criança casava-se antes da idade
da puberdade com um véio qualquer, e o casamento era «perpetuamente
indissolúvel»:
O matrimônio,
sendo uma espécie de contrato, depende, como os outros contratos, das
disposições da lei positiva. Por isso, pelo direito, tanto civil como canônico,
foi proibido contrair casamento antes da idade de discernimento, quando cada
uma das partes é capaz de deliberar suficientemente sobre ele e sobre o dever
que deve um cumprir para com o outro. E se assim não for, o casamento será
nulo. Ora, no mais das vezes essa idade é para o homem a dos quatorze anos e,
para a mulher, a dos doze; o que já ficou fundamentado antes. Mas como os preceitos do direito
positivo se aplicam só na maior parte dos casos, não fica nulo o matrimônio de
quem, antes da idade legal, tiver um desenvolvimento suficiente, de modo que o
vigor da natureza e da razão supra a falta de idade. Portanto, o matrimônio
daqueles será perpetuamente indissolúvel, que o tiverem contraído antes da
puberdade, tendo-o já consumado antes da referida idade.
• O marido pode bater na mulher (com açoites
e tudo), contanto que não a mate:
Há duas
espécies de sociedade: Uma, a doméstica, como a família; outra política, como a
cidade e o reino. Ora, o chefe da segunda espécie de sociedade, que é o rei,
pode infligir penas tanto consecutivas como exterminativas do culpado, a fim de
purificar a sociedade cujo governo lhe incumbe. Mas o chefe da primeira espécie
de necessidade, que é o pai de família não pode infligir senão uma pena
corretiva, que não ultrapassa, diferentemente da pena de morte, os limites da
correção. Por onde, o marido, que tem o governo da sua mulher, não na pode
matar, mas somente castigar.
O pecado de
fornicação cometido pela mulher pode ser castigado, não somente pela pena
referida, mas também por palavras e açoites.
• O adultério e o divórcio da mulher é mais
grave que o do homem:
Quanto ao bem
da prole, mais grave é o adultério da mulher que o do marido; portanto, maior
causa de divórcio é o adultério dela que o dele. Por onde, marido e mulher
estão adstritos a obrigações iguais, mas não por causa igual. Nem há nisso
injustiça, porque em ambos os casos há causa suficiente para a pena do
divórcio, como se dá com dois réus condenados à mesma pena de morte, embora
tenha um pecado mais gravemente que outro.
• A mulher é mais «propensa à concupiscência»
do que o homem, e o homem «tem mais desenvolvido o bem da razão» do que a
mulher:
Sentença: Quanto maior for a fragilidade
do pecador, tanto mais digno de vênia será o pecado. Ora, na mulher há maior
fragilidade que no homem, em razão do que, diz Crisóstomo ser a luxúria a
paixão própria da mulher. E o Filósofo ensina que as mulheres, propriamente
falando, não podem chamar-se continentes, por causa de resvalarem facilmente na
concupiscência. Assim também os brutos não podem ser continentes, por não
poderem impor nenhum freio à concupiscência. Logo, deve haver maior
contemplação com as mulheres ao aplicar a pena do divórcio.
Resposta: O pecado de adultério implica
a mesma gravidade que a fornicação simples agravada pelo fato de lesar o
matrimônio. Considerado pois o que há de comum entre o adultério e a
fornicação, o pecado do homem está para o da mulher como o excedente para o
excedido; porque a mulher, sendo mais rica em humores, é mais propensa à
concupiscência; ao passo que no varão há maior ardência, excitante da
concupiscência. Contudo, absolutamente falando e todas as circunstâncias
iguais, o homem, na fornicação simples, peca mais gravemente que a mulher,
porque tem mais desenvolvido o bem da razão, que prevalece sobre os movimentos
das paixões do corpo. Quanto à ofensa porém ao matrimônio, que o adultério
acrescenta à fornicação simples e que causa o divórcio, mais gravemente peca a
mulher que o homem, como do sobre dito se colhe. E como isto é mais grave que a
simples fornicação, por isso, simplesmente falando, e em igualdade de
condições, mais grave é o pecado da adúltera que o do adúltero.
• A mulher é obrigada a transar com o marido
mesmo que este seja um leproso (e não tem problema se nascer um filho leproso,
porque é melhor do que não nascer ninguém):
A lepra dissolve
os esponsais, mas não o matrimônio. Portanto, a mulher está obrigada ao dever
conjugal, mesmo que o marido seja leproso. Mas, não está obrigada a coabitar
com ele; porque não se contamina tão facilmente pelo coito, como se
contaminaria pela coabitação frequente. E embora gere uma prole enferma,
contudo é melhor a esta existir, que de nenhum modo ter a existência.
• O marido é «mais principal» que a mulher,
que é um simples “meio”:
No matrimônio
a mulher foi feita para o marido, conforme aquilo da Escritura: Façamos um
adjutório semelhante a ele. Ora, um fim sempre é mais principal que o meio.
• Um homem pode ter várias mulheres, mas uma
mulher não pode ter vários homens (a “explicação” é sensacional!):
Sentença: Tudo o que contraria o nosso
desejo natural é contra a lei da natureza. Ora, como vemos em toda parte é
natural o marido ter ciúmes da mulher e a esta, de aquele. Logo, sendo o ciúme
um amor, que não admite participação no ser amado, parece contra a lei da
natureza terem várias mulheres um só marido.
Resposta: A inclinação natural da
potência apetitiva depende da concepção natural da faculdade cognitiva. E não
sendo contra nenhum conceito natural ter um homem várias mulheres, como o é ter
uma mulher vários maridos, por isso à mulher não repugna tanto outras uniões do
marido, como ao marido outras da mulher. Por isso, tanto entre os homens como
entre os animais mais ciúmes tem o macho da fêmea, que ao inverso.
• A mulher tem que se casar virgem, mas o
homem não precisa:
Na conjunção
entre Cristo e a Igreja, há unidade de lado a lado. E, assim há deficiência no
sacramento se qualquer dos cônjuges já havia contraído outro matrimônio. Mas
diversamente: pois, do marido se exige que não haja casado com outra, e não que
seja virgem; e da mulher se exige que também seja virgem (...) Portanto, quem
casou com uma mulher já deflorada, crendo-a virgem, incorre em irregularidade
tendo relação carnal com ela.
• O pai é «mais nobre» e «mais digno» que a
mãe:
Sentença: Pois, um ser recebe a sua
denominação do princípio mais nobre donde procede. Ora, o pai, na geração, é
mais nobre que a mãe.
Resposta: Embora seja o pai um
princípio mais digno que a mãe, contudo esta é quem dá a substância do corpo,
donde depende a condição servil.
• Só animais machos eram oferecidos como
holocausto porque «a fêmea é um animal imperfeito»:
Como o
holocausto era o perfeitíssimo dos sacrifícios, só o macho era desse modo
oferecido, porque a fêmea é um animal imperfeito.
• A fêmea é um «macho degenerado» que só
existe por causa da corrupção da natureza:
Toda
corrupção, todo defeito, a velhice são, conforme Aristóteles, contrárias à
intenção primeira da natureza, porque a natureza visa o ser e a perfeição. Mas
não lhe contrariam a intenção segunda. Pois, quando a natureza não pode manter
a existência num serela a conserva em outro, gerado da corrupção do primeiro. E
quando não pode levar a uma perfeição maior, conduz, a outra, menor; assim, não
podendo criar um macho, cria uma fêmea, que é um macho degenerado, na expressão
de Aristóteles.
• Essa aqui o ISIS aplaudiria de pé (prefiro
nem comentar):
Ora, o rapto é
cometido quando arrebata violentamente sua esposa da casa dos pais da mesma e
com ela tem relação carnal (...) O esposo, pelo fato mesmo do casamento, tem
certos direitos sobre a esposa. E, portanto, embora peque empregando a
violência, fica escusado contudo do crime de rapto.
• O marido que mata sua mulher pode se casar
com outra, desde que não seja com a amante (o fato de assassinar a própria
esposa parece ser um detalhe de pouca importância):
O uxoricídio,
pela legislação da Igreja, impede o matrimônio. Umas vezes porém impede apenas de contraí-lo, sem anular o que já o
foi; assim, quando por causa de adultério ou levado do ódio, o marido
mata a esposa. Contudo, se houver receio que não guarde continência, pode a
Igreja dispensá-lo e permitir que se case de novo. Outras vezes porém dirime o casamento já contraído; assim, quando
o marido mata a esposa, para casar com aquela com quem vive em
adultério. Então se torna absolutamente incapaz de casar com esta, e se o
fizer, nulo será o casamento. Mas isso não no torna incapaz, absolutamente
falando, de casar com qualquer outra mulher.
Lembre-se: nós não estamos
falando aqui dos pensamentos de um autor aleatório qualquer ou de um ilustre
desconhecido, mas sim daquele que é até hoje considerado pelos católicos o maior “doutor da Igreja” de todos os
tempos. Se este era o pensamento misógino predominante no maior e mais esclarecido católico da
época, imagine como deveria ser a cabeça dos católicos comuns do mesmo período. A mulher era explicitamente
inferiorizada em relação ao homem como um “macho defeituoso e degenerado”
(basicamente, era tida como um homem deformado, que nasceu em condição inferior
e deficiente por natureza), classificada como uma demente com um considerável
déficit intelectual e que deveria ser menos amada que o homem, por ser menos digna que ele.
Mas o pior era no que isso
resultava: o marido era o verdadeiro “dono” da mulher (equivalente à relação
senhor/escravo), que podia bater nela por “desobediência”, açoitá-la e, por
vezes, até matá-la impunemente. Podia ainda estuprá-la, arrancando-a
violentamente da casa dos pais contra a sua vontade, exigir o sexo mesmo
leproso, ter relações sexuais mesmo antes da idade da puberdade, e impor à
mesma uma obediência incondicional, mesmo contra a vontade dela, da mesma forma
que um senhor exigia do seu escravo (escravidão, aliás, também fortemente
apoiada por Aquino, mas isso será assunto para um outro artigo).
Eu juro que vasculhei toda a
obra do “doutor angélico” para ver se encontrava algum comentário sobre as
mulheres que não fosse degradante, mas não achei nenhum. Se por um lado
Aristóteles é citado três mil vezes, as mulheres são mencionadas milhares de
vezes menos, e quase sempre em um contexto pejorativo, na melhor das hipóteses
neutro. É este o mesmo doutor católico citado hoje pelos papistas como a maior
autoridade intelectual da história da Igreja, em quem tanto se apoiam e se
orgulham. Basicamente tudo consistia em buscar sofismas para justificar “intelectualmente”
aberrações teológicas ou morais. Mas também não podemos condená-lo totalmente:
essas declarações eram apenas um produto do seu meio, o fruto de sua época, e
não o resultado de uma simples opinião pessoal. Não é Tomás de Aquino o
culpado: é toda a Idade Média, que por sua vez não era em nada pior que a
Antiguidade.
Esqueça todo o romantismo que
você se acostumou a ver nos filmes: a realidade da época era bem diferente de
tudo o que você imagina, e se assemelha muito mais à realidade brutal do mundo
islâmico moderno do que ao conto de fadas do príncipe encantado. Não fosse
pelas reformas estruturais que abateram a Cristandade ocidental (entre elas a
principal, a Reforma Protestante), e o Ocidente cristão estaria até hoje
tratando as mulheres da mesma forma que o mundo muçulmano, que não passou por
reforma nenhuma e continua sendo hoje a mesma coisa que era antes.
Eu não tenho dúvidas de que
ainda há discriminação contra as mulheres em pleno século XXI e pessoas de
mentalidade machista e misógina igual aos antigos, mas nada que se compare ao status quo de qualquer outra época. Sem
a menor sombra de dúvida, o século XXI é a melhor de todas as épocas para uma
mulher viver, considerando o período de que temos registro. Essa é uma das
minhas implicâncias com aquele tipo de gente que nunca estudou história e por
isso tem uma visão romantizada do passado: ele não foi nada do que você pensa
que foi. O mundo moderno pode ser condenável sob inúmeros aspectos, sim, mas
ainda é incomparavelmente superior às eras passadas.
Quanto mais história eu estudo,
menos consigo entender esse ódio tão popular ao mundo moderno, em sua maior
parte por gente que não suportaria viver uma semana se fosse transportada em
uma máquina do tempo para os “bons tempos” que imagina, mas que não faz a menor
ideia de como realmente eram. Se você quer um aperitivo, não deixe de ler meu
artigo sobre “O
mundo era melhor antes?”. Você vai ter uma surpresa, maior do que eu tive
ao ler a Suma Teológica.
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Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
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A papisa Joana existiu?
ResponderExcluirProvavelmente não.
ExcluirLucas. Mas teve uma descoberta de 2018 de moedas que confirmaram sua existência
ExcluirPor favor o Eatado islâmico e o Hamas você conhece a história deles?É verdade que a esquerda os apóia?mas o ISIS não conservadores?a esquerda é liberal e pro pautas progressistas como pode ser unir a um estado islâmico violento e misoginia sendo a esquerda progressista e inclusive feminista?Desculpas pelo tamanho e que Jesus Cristo te abençoe pela inteligência que ele te deu.
ResponderExcluirA esquerda em si não apoia (ao menos não expressamente), mas a extrema-esquerda sim. Há poucos anos li um artigo do PCO, escrito pelo Rui Costa Pimenta (aquele que sempre perde todas as eleições porque ninguém sabe quem é), onde ele prega abertamente a defesa do terrorismo islâmico como uma forma de derrotar os burgueses, os capitalistas, os sionistas e etc. Qualquer coisa é válida para eles, desde que tenha por fim destruir o sistema. É como diz o velho ditado: "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Mas isso não é dito senão por esquerdistas mais extremistas, você não vai ver esquerdistas sustentando isso no geral.
ExcluirMas o Senhor não falou no artigo sobre os imigrantes e os jihardistas que o PT os apoiava
ExcluirVerdade, teve essa ocasião aí mesmo, mas parece que foi algum estagiário que deu aquela resposta, porque depois a página disse que foi um engano (aparentemente o estagiário não sabia o que era jihadismo e pensou que jihadistas era o mesmo dado a um povo, como "iraquianos", "palestinos" e etc).
Excluir0bs: Agendas anti-cristãs as vezes se apoiam, não por todas suas características internas (como fica demonstrado a incoerência, contraditoriedade e hipocrisia), mas sim pelo objetivo final. [negar a Bíblia, negar valores eternos, ou até negar a Deus]
Excluir0bs2: Nem todo muçulmano (campo da religião) ou esquerdista (campo da política) são abertamente anticristãos. Mas com certeza muitos seriam facilmente manobrados, enganados, à medida que o tempo se aproxima e se afunila a história. [em nome dum relativismo, ou de suas próprias ideologias]
Falando em Wikipedia sobre as religiões dos presidentes dos EUA ela falou que Barock Obama era muçulmano
ResponderExcluirEle se diz "protestante", mas seu sobrenome é árabe (Barack Hussein Obama) e eu não duvido que ele seja de fato um muçulmano mesmo (ou um ateu, ou coisa do tipo), mas ninguém que se dissesse abertamente muçulmano ou ateu conseguiria virar presidente dos EUA, já que para isso é necessário o apoio da maioria dos estados da federação, entre eles muitos que são bastante cristãos. Ou seja, qualquer um que queira ser presidente americano se dirá "protestante", sendo protestante mesmo ou não.
ExcluirSobre a divisão dos Estados Unidos em norte e sul.Guerra civil.Me ajude
ResponderExcluirO norte era industrializado e contra a escravidão, o sul era fundamentalmente agrário e dependia da escravidão; o presidente eleito (Abraham Lincoln) quis a abolição da escravidão no país como um todo e levar adiante um projeto de industrialização que desagradava o interesse das oligarquias sulistas, que então foram à guerra pela separação. O norte venceu a guerra, a escravidão acabou e todo o país trilhou o curso do desenvolvimento, apesar de até hoje ainda haver certo revanchismo no sul e resquícios separatistas.
ExcluirO movimento "O Sul é Meu País", no Brasil, tem algo alguma relação com essa guerra? Você é a favor de secessão?
ExcluirNão tem a ver, porque este é um movimento sulista brasileiro motivado por razões totalmente diferentes do movimento sulista americano do século XVIII. Basicamente os sulistas pagam muitos impostos à União, e em troca recebem poucos investimentos aqui, enquanto outras regiões como o Nordeste são favorecidas. É como se eu entregasse cem reais a alguém que promete fazer alguma coisa por mim com esse dinheiro, mas este alguém preferisse usar esse dinheiro para comprar uma coisa a outra pessoa e não a mim. Ou seja, é um separatismo por razões essencialmente tributárias, que pode inclusive ser resolvido com uma Reforma Tributária em vez de pelo separatismo. A minha opinião sobre secessão é em favor da autodeterminação dos povos, então se por um consenso razoável algum povo prefere se separar de um todo maior para ter mais autonomia, eles devem ser ouvidos. Mas é claro que essa é uma solução radical, que só deveria ser tomada após todas as outras falharem miseravelmente, e antes disso todo esforço e diálogo deve ser feito buscando evitar a ruptura de um modo que ninguém saia prejudicado.
ExcluirLucas se o nordeste é tão favorecido assim pelos impostos da União porque é a pior região do Brasil pra se viver, com miséria, fome e um povo que vive em condições precarias?
ExcluirPorque votam sempre no PT e na esquerda e se orgulham disso.
ExcluirLucas, aqui no Ceará o governo é PT mas as políticas públicas tem se caracterizado por melhorias na educação, superávit nas contas públicas, relativa estabilidade política. O bicho pega mesmo é na segurança pública e na saúde, apesar dos esforços e dos investimentos.
ExcluirNa verdade essa questão da educação está cheia de fraudes, recomendo a reportagem presente a partir do minuto 5 deste vídeo, que particularmente me angustiou muito:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=KU_1Lqj-iCU
O iluminismo criou a teilógica liberal e a confusão filosoficasa?
ResponderExcluirMais ou menos isso, embora seja um tanto simplista. Quem fala em "confusão filosófica" parte do pressuposto de que a filosofia medieval era o melhor dos mundos, quando estava bem longe disso, e embora a teologia liberal esteja realmente atrelada ao iluminismo, haviam autores mais antigos que defendiam alguns de seus princípios antes disso.
ExcluirConfusa filósofica é relativismo.ativismo gay.feminismo.libertação moral e secularismo
ExcluirEu concordo que essas coisas pelo que conhecemos provém do iluminismo, mas faria a ressalva de que embora elas sejam condenáveis de uma forma geral, o que havia antes delas (no período medieval ressaltado aqui) era muito pior. Por exemplo: não havia feminismo, mas havia misoginia institucionalizada (o que é muito pior). Não havia secularismo, mas havia um Estado teocrático executando na fogueira quem não se submetesse à religião oficial (o que é muito pior). Não havia "libertação moral", mas havia uma repressão tão forte à atividade sexual (mesmo entre marido e mulher) que a consequência disso era um aumento de estupros e prostituição em relação a hoje. E assim por diante. O mundo moderno tem seus exageros, mas ainda assim supera o status quo antigo.
ExcluirO que é maçonaria quem criou e qual época.E os illumitates existr
ResponderExcluirRealmente eu não sei nada sobre isso, creio que sobre esses temas haja pessoas mais qualificadas aqui para responder com mais precisão do que eu.
ExcluirFoi um ótimo artigo. Só discordo da parte do "Mas também não podemos condená-lo totalmente: essas declarações eram apenas um produto do seu meio"
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirEm alguns foruns que frequento, vejo nós paulistas virarmos alvo de zombaria por nosso suposto amor ao "progresso e a modernidade"... o que supostamente nos torna mais "fracos" e "desprovidos de raízes" do que os brasileiros dos demais estados, que supostamente seriam mais "apegados as tradições" e amantes dos seus supostos "passados gloriosos".
ResponderExcluirMas ai eu, paulista quatrocentão que sou, fico intrigado: se São Paulo é supostamente ruim por ser mais "moderno", por que raios milhares de brasileiros de outros estados migram para esse supostos "inferno progressista e sem identidade"? Por que eles não vivem felizes em seus estados mais "tradicionais e puros", da mesma forma como viviam seus antepassados, sem esse maldito capitalismo "anti-hibérico e anti-católico"?
E mais: se nós paulistas somos uma gente sem "passado" e sem "identidade", como explicar a enorme extensão territorial que o Brasil tem atualmente, adquirido no período colonial pelos esforços dos bandeirantes e tropeiros - que eram paulistas? Ou como explicar a existência da cultura caipira - de origem paulista - em lugares tão distantes do Brasil?
Ah, o Brasil é um país de mistérios... Só eu tenho a impressão que os locais mais socialmente problemáticos do país são os que foram colonizados exclusivamente por Portugal? Peguei dois mapas, um que mostrava os municípios divididos por IDH, e outro que mostrava as antigas rotas dos bandeirantes paulistas. A correlação entre eles é surpreendentemente bizarra. Em um forum de arquitetura, um usuário contentou que isso acontece pelo fato dos bandeirantes terem sido inimigos ferozes dos jesuítas. Onde a "cultura jesuíta" se instala, surge uma mentalidade "anti-progresso" e "invejosa", por assim dizer. Onde não teve bandeirante, a cultura jesuíta se impregnou no inconsciente coletivo da população local, gerando locais hostis ao capitalismo. É uma teoria que para mim parece fazer sentido...
Seu comentário foi bem pertinente, me lembrou muito esses "anti-americanistas" que detestam os Estados Unidos mortalmente, mas não perdem a oportunidade de ir morar lá (seja legalmente ou ilegalmente mesmo, qualquer coisa é melhor do que onde vive). Se parar pra pensar, todos os lugares mais criticados são os mais desenvolvidos, o que me faz acreditar fortemente que as pessoas são movidas exclusivamente pela inveja, até mais do que pela ignorância e burrice. Elas detestam o que há de melhor e adoram o que há de mais atrasado, porque isso faz se sentirem melhor como atrasados que são, massageia o ego e cria uma sensação abstrata de grandeza imaginária.
ExcluirEmbora eu ache a contribuição tomista para a civilização altamente nociva, num ponto de vista dooyeweerdiano, eu considero essa argumentação que você apresentou muito perigosa.
ResponderExcluirAtacar a Cristandade como se estivesse atacando a "Igreja católica" é comprar corda para se enforcar. Nenhum reformador acreditava que a Igreja verdadeira desapareceu na Idade Média e retornou com a Reforma, nenhum deles era iluminista "anti-medievalista". Lutero, por exemplo, apesar de se referir a Tomás como "a estrela que caiu do céu", admirava a vida cristã dele, até porque as falhas morais de Lutero também não eram poucas. Norman Geisler é evangélico e tomista.
Essa mentalidade restauracionista "anti-tradição" que os católicos tanto acusam os protestantes (em parte com razão) só ganhou força com o segundo grande avivamento nos EUA, mentalidade que eu considero um grande orgulho e presunção. A Igreja vem se edificando pedra por pedra por séculos de testemunhos, debates e concílios. Os erros da Igreja Ocidental medieval (me refiro ao corpo, não ao alto clero) deviam ser motivos de vergonha e aprendizado para tanto para romanistas quanto protestantes, não motivo de vanglória; porque nós, pela Graça de Deus, reformamos parte da Igreja, não a "restauramos", como se todo mundo desde Constantino (só citando um senso comum típico) pra frente tivesse sido pseudocristão.
Ninguém aqui está discutindo isso que você colocou, eu não disse que a Igreja cristã “desapareceu” na Idade Média, nunca disse que deixou de existir com Constantino, nem exaltei o iluminismo, nem disse que absolutamente tudo da Igreja Católica medieval é ruim (embora a grande maioria o seja). Isso tudo que você atacou são espantalhos, talvez por isso nem mesmo tenha abordado a questão da misoginia, que é o assunto do artigo. Considero extremamente estúpido esse reducionismo simplista que reduz toda a discussão a uma dicotomia entre “iluminismo” ou “medievalismo”, como se alguém fosse obrigado a ser medievalista para ser anti-iluminista (ou vice-versa). Isso é mais um fruto do raciocínio binário que é um câncer na mentalidade popular moderna. Eu vejo algumas qualidades em ambos, mas de forma geral eu repudio os dois, não é porque eu rejeito o iluminismo que devo virar um fã da Idade Média, ainda mais quando eu não vejo muitas qualidades neste período (da mesma forma que não vejo muita coisa boa no iluminismo). Essa é uma falsa dicotomia que os apologistas católicos ardilosamente impõem como uma tática de pressão para fazer as pessoas simpatizarem com a Idade Média, a fim de não serem taxadas de “iluministas”. Infelizmente você é um dos muitos que mordeu a isca.
ExcluirAdemais, esses “séculos de testemunhos, debates e concílios” medievais que você faz alusão foram JUSTAMENTE aquilo que desviou a Igreja de suas raízes. Concílio após concílio, século após século, “debates” após “debates”, foram levando a Igreja a uma condição cada vez mais deplorável, como um paciente terminal cujo tumor se alastra cada vez mais. Possivelmente, se não fosse pela Reforma Protestante estaríamos até hoje comprando indulgências para a salvação, além de relíquias da cruz de Cristo e do leite das mamas da virgem Maria, assassinando divergentes religiosos na fogueira dos autos-da-fé, realizando cruzadas para tomar a “Terra Santa” às custas do sangue de mulheres e crianças, praticando massacres sistemáticos contra os judeus por terem rejeitado a Cristo há milhares de anos, e resolvendo problemas como a Peste Negra na base da superstição e bodes expiatórios.
Da onde você acha que surgiram todas as falsas doutrinas de Roma? Purgatório, invocação dos mortos, culto aos defuntos, idolatria, imaculada conceição, papado, transubstanciação, salvação pelas obras, etc? Todas elas surgiram, ou pelo menos foram consolidadas e fortalecidas, exatamente nestes “séculos de testemunhos, debates e concílios” medievais que você tanto exalta. Do jeito que você fala parece que nem mesmo precisava de “reforma”. Precisou apenas porque esses séculos que o precederam levaram a teologia e a moral tão a fundo que algo urgente e radical era necessário. É verdade que nem tudo estava errado e precisou ser reformado, mas a maior parte sim. Chega a ser deplorável você insinuar que os erros da Igreja Ocidental eram “no corpo, não no alto clero”, quando era justamente do alto clero que partia essas distorções e que estava mais corrompido. Erasmo dizia que os monastérios de seu tempo eram piores que os prostíbulos. Houveram papas cuja monstruosidade e imoralidade superava largamente a de qualquer cidadão comum. De minha parte eu não posso lhe recomendar outra coisa a não ser mais livros e menos youtube.
Concílio após concílio, século após século, “debates” após “debates”, foram levando a Igreja a uma condição cada vez mais deplorável"
ExcluirMas nos Protestantes aceitamos a Patrística e os 4 primeiros concílios eumeníticos.
Não sei o que você quer dizer por "eumeníticos", mas eu estava falando dos concílios medievais e não de todos os concílios da história da Igreja. Além disso não é verdade que todos os protestantes aceitam os primeiros quatro concílios, há coisas ali que muitos protestantes não creem. Nossa regra de fé é a Bíblia, os concílios são levados em consideração somente na medida em que concordam com a Escritura, não se trata de "aceitar" ou "rejeitar" integralmente qualquer concílio, se trata de receber as coisas certas e descartar as erradas. O fato é que quanto mais concílios foram ocorrendo mais e mais a doutrina e a moral foram sendo minadas, o que se acentuou depois do Cisma do Oriente, quando Roma passou a fazer concílios "ecumênicos" só dela.
ExcluirO alto clero medieval era imoral e é claro que a população decaíra e se não fosse uma restauração não se chamaria reforma.A tradição,os concílios,debates, livros e bulas e opiniões tem que se baseadas nas escrituras sem elas são filosofia vazia me desculpe se fui Grosso não foi minha intenção fica com Deus e paz
ExcluirExatamente. "Filosofia vazia" (baseada em sofismas) era o que mais havia. Os trechos citados neste artigo são uma das muitas provas disso.
Excluir(acho que meu comentário não chegou)
Excluir1st. Minha intenção não era refutar integralmente o texto, eu só decidi atacar um ponto que considero pertinente.
2nd. Quando eu me referi à Igreja Ocidental medieval enquanto corpo, eu estava tentando fazer uma distinção entre a igreja e o alto clero justamente a fim de não querer passar pano na degenaração do alto clero (!), que nunca neguei.
Claramente que a tradição deve ser aceita e descartada de acordo com a Sagrada Escritura, que é a única autoridade suprema; essa é exatamente a prática das igrejas tradicionais protestantes. O único problema é que o mesmo não ocorre nos ramos pentecostais e restauracionistas do protestantismo, maioria esmagadora no Brasil.
Nos quatro primeiros concílios ecumênicos da Igreja Cristã, temos fórmulas trinitarianas e a união hipostática da Cristo, como também a redação do credo nicenoconstantinopolitano. Quem está habituado com meios pentecostais, aqui generalizando, sabe que a autoridade (NÃO suprema!) disso tudo não é a priori descartada por não ter base bíblica (até porque tem!), mas sim porque é "coisa de homem". O mesmo pode se aplicar a sínodos e confissões protestantes históricas.
Não por menos as comunidades pentecostais são (com nobres importantes excessões) tomadas pelos caos doutrinário e são as mais vulneráveis a movimentos judaizantes, porque se tudo que a igreja vem produzindo após o período apostólico é "coisa de homem", resta apenas a tradição judaica a ser "sacralizada", por fazer parte do contexto bíblico.
Portanto, recorrer à tradição é uma questão de maturidade espiritual. Aprender com a história e dos irmãos na fé que já morreram é edificante. Eu tenho uma otimista impressão que isto pode estar mudando. Muitos pentecostais já se reconhecem como inclusos dentro de uma tradição arminiana, por exemplo. Apesar da praxe ainda ser descartar o debate e a rotulação como "coisa de homem".
Eu agradeço o seu comentário, só não entendi o que ele tem a ver com o tema do artigo em si, ou da minha resposta anterior.
ExcluirTem a ver no sentido de que considero sua apologética pró-modernista desastrosa, não tenho adjetivo mais adequado. O problema do artigo está nas conclusões.
ExcluirPelo que eu acompanho de conteúdo de rad trads católicos, fico indignado com as coisas que escrevem e também acho imbecil os sonhos românticos de zés cruzadinhas, me dá vontade de me opor a tudo. Mas "pirraça" nunca é produtivo.
Explico o que quero dizer:
"Quanto mais história eu estudo, menos consigo entender esse ódio tão popular ao mundo moderno"
Hmm. Será porque o mundo moderno rejeitou o senhorio exclusivo de Cristo e a autoridade da Escritura? Será que isso é secundário? Ninguém se opõe ao mundo moderno pelo grau tecnológico (talvez apenas os anarcoprimitivistas...), mas enquanto projeto IDEOLÓGICO. O problema dos rad trads é que eles fazem constatações corretas (constatações que foram feitas por autores protestantes também), mas por motivos errados, basicamente por causa do sonho imperialista católico ultramontanista deles. O século XXI que você exaltou também considera as frases do apóstolo Paulo acerca da mulher machistas (e quem sabe no futuro, misóginas). Eu fico com a Escritura.
Em vez de você expor os protestantes como os verdadeiros herdeiros da tradição cristã, enquanto os católicos romanos, seus deturpadores; você apresenta o protestantismo como a causa da modernidade (que é contra a fé cristã) e desdenha da tradição. Isso não só não persuade nenhum rad trad, como reforça a convicção deles!
Como também não é verdade, Tomás foi um modernista foi um modernista do seu tempo, a domesticação de Aristóteles destruiu a cosmovisão do homem medieval, levando ao antropocentrismo da Renascença, que foi o primeiro passo da modernidade, antes mesmo da Reforma. Não sei se você já leu O Anticristo de Nietzche, nele ele desdenha Lutero como um reacionário, que salvou o cristianismo da sua extinção contra os valores modernos da Renascença.
“Hmm. Será porque o mundo moderno rejeitou o senhorio exclusivo de Cristo e a autoridade da Escritura? Será que isso é secundário?”
ExcluirE o que é “senhorio exclusivo de Cristo” pra você? Vamos voltar ao mundo da época que você defende (em contraste ao “modernismo”): judeus eram expulsos em massa de países católicos, eram massacrados em pogroms apenas e tão-somente por serem judeus, os “cismáticos” e “hereges” (ou seja, todo aquele que discordava de Roma) era forçado a abjurar suas crenças se quisesse continuar existindo e não ser queimado vivo (e mesmo se abjurasse poderia ter seus bens confiscados, receber centenas de açoites, apodrecer em uma cela suja esperando julgamento e padecer torturas «até a diminuição do membro e risco de morte»), a prostituição era infinitamente maior, a imoralidade do clero era infinitamente maior, os índios eram massacrados em genocídios sistemáticos, os “infiéis” eram atacados e orgulhava-se por matarem mulheres e crianças, a superstição era incomparavelmente maior (a ponto de literalmente acreditarem nos pedaços da cruz de Cristo e no leite das mamas da virgem Maria), a mortalidade infantil era monstruosa, a expectativa de vida era ridícula, as condições de higiene eram pífias, o nível de instrução era baixo e ruim, o analfabetismo era generalizado mesmo entre o clero, a ciência era obsoleta e primitiva, a nobreza era improdutiva e exploradora, as leis eram muito mais ímpias, a desigualdade era muito maior, a miséria era generalizada, a democracia não existia, a escravidão vigorava, a servidão («semi-escravidão») também, as mulheres eram oprimidas e tratadas de forma misógina tal como nos muitos exemplos do artigo (os quais você não comentou nem refutou), as guerras eram extraordinariamente mais comuns (mesmo entre povos cristãos lutando contra outros povos cristãos), e assim por diante – não vou continuar a lista aqui porque a intenção é responder um simples comentário e não escrever um livro.
Mesmo assim, na sua visão fechada e limitada, tudo isso era compensado pela ilusão abstrata e utópica do “senhorio exclusivo de Cristo”, que NUNCA foi uma realidade no mundo da época. Havia sim uma ilusão de um “mundo cristão”, cidades com mais igrejas, muito mais discussões religiosas (e bem mais ávidas do que hoje), muito mais fanatismo, mas não um Cristianismo real em larga escala, com um potencial de transformar vidas, de penetrar no mundo e mudá-lo, que é o propósito do evangelho. Eu ousaria dizer que há mais cristãos de fato hoje do que na Idade Média, a despeito de todo o secularismo do mundo moderno. Porque isso que era chamado de “Cristianismo”, e esse mundo gerado por ele, era muito pior que o secularismo do século XXI. Eu vejo muito mais piedade cristã numa França moderna da nossa era do que no século XVI, e quem nega isso ou não estudou a França do século XVI ou é pior do que eu imaginava.
Isso não significa aplaudir tudo do mundo moderno, eu mesmo mencionei isso no artigo, há muitos erros incontestáveis, alguns repugnantes, mas nada que se compare ao mundo de alguns séculos atrás (ou de muitos). Nosso propósito como cristãos não deveria ser se fechar a uma visão reacionária e retrógrada de mundo, de uma volta a supostos tempos áureos que jamais existiram senão na cabeça de quem assim imagina, mas sim de confrontar e corrigir os erros do mundo moderno para torná-lo mais próximo do ideal de mundo cristão (que nunca foi uma teocracia ou uma imposição unilateral e coercitiva da verdade). Não é uma “volta ao passado”, mas um olhar ao futuro, tendo a consciência de que a evolução das mentalidades ainda está longe de ter alcançado o seu ponto final e culminante. Enquanto você e os rad-trads querem a volta ao regresso (cada qual à sua maneira), eu quero o progresso da humanidade, que já avançou muito de séculos pra cá, mas que ainda tem muito a progredir.
Você parte do pressuposto de que eu quero que o medievo retorne, e ainda por cima num combo completo, quando eu falei que a tecnologia (e ciência e qualidade de vida inclusa) não é objeto de controvérsia.
Excluir“Eu vejo muito mais piedade cristã numa França moderna da nossa era do que no século XVI, e quem nega isso ou não estudou a França do século XVI ou é pior do que eu imaginava.“
A França quando huguenotes eram martizados pela Fé era menos piedosa do que a França que expusou Deus da vida pública e não acredita mais na existência do pecado? …
O parâmetro de qualquer cristão nunca deve ser uma época histórica, e sim a sagrada Escuritura. Eu sempre reconheci a hipocrisia e a brutalidade reinante na idade média, como também eu conheço a graça comum de Deus na modernidade, e sou grato por ter nascido numa época com mais conforto.
Mas o juízo de Deus não é raso. A julgar com seu raciocínio os fortes pecados cometidos por Davi, seria muito difícil entender como Deus o considerou o homem segundo seu coração.
A modernidade é tão ou mais abominável que o medievo pela sua ingratidão, dureza de coração e pretensa independência de Deus.
Você me acusa de ter uma visão fechada e limitada, como se eu já não tivesse pensado como você, e como se a maioria não pensasse assim. Muito pelo contrário, você que permanece no pietismo impregnado da igreja evangélica brasileira, que reduz a atuação de Deus no mundo de forma individualista e idealista.
Aliás, essa torre de babel chamada “progresso” já foi derrubada com a segunda guerra mundial. Quando o homem moderno foi colocado em uma situação difícil, ele usou da sua ideologia para cometer as maiores barbaridades já vistas.
Minha pretensão ao escrever isso continua sendo construtiva. Não estou num debate de egos, querendo refutar artigos e destruir pessoas.
Eu não sei se deveria continuar essa discussão já que dei dúzias de exemplos e não recebi qualquer resposta a respeito delas a não ser a repetição da mesma ladainha já refutada e de uma estranha argumentação em torno do nível de pecado, comparando ao rei Davi, que se arrependeu dos pecados que cometeu, diferentemente do mundo medieval que você defende em contraste ao mundo moderno. É como se os pecados do mundo moderno devessem ser levados em consideração de modo a desqualificá-lo completamente, mas os pecados das outras eras não, como se fossem todos “reis Davi”, puros de coração. Realmente não se tem como levar uma discussão adiante quando uma das partes trabalha com dados e fatos objetivos e a outra com subjetivismo e achismo.
ExcluirVou comentar apenas essa parte do seu texto que resume todo o pensamento perverso que traduz tudo o que você defende:
“A França quando huguenotes eram martirizados pela Fé era menos piedosa do que a França que expulsou Deus da vida pública e não acredita mais na existência do pecado?”
Pois é: na sua visão, Deus deve estar mais orgulhoso de uma França que assassinava centenas de milhares de cristãos – e não apenas na Noite de São Bartolomeu, mas em incontáveis massacres sistemáticos –, que proibia a fé daqueles que não fossem católicos, que se orgulhava por exterminar fanaticamente mulheres e crianças indefesas dentro de um celeiro improvisado como igreja (e que foram celebrados em praça pública por esse massacre), e cujo papa de Roma conclamava todo o povo a celebrações oficiais pelo morticínio covarde da Noite de São Bartolomeu (cunhando medalhas comemorativas e tudo) do que uma França moderna onde a maioria das pessoas não vai à igreja e muitos não creem em Deus (até por conta de todo esse histórico deplorável), mas onde todos tem liberdade de culto, a fé de todos é respeitada e massacres não são ocorridos há muito tempo.
Realmente você quer comparar uma coisa com a outra? Então nossa discussão termina aqui, eu não tenho nada a continuar discutindo com quem tem esse tipo de pensamento. Eu já expliquei em minha resposta anterior que esse tal “senhorio exclusivo de Cristo” que você diz NUNCA EXISTIU NO MUNDO REAL, nem quando os cristãos representavam mais de 50% da população mundial. Era uma ilusão, um engodo, um tipo de Cristianismo mais perverso que o secularismo atual, um tipo de “Cristianismo” e de “cristãos” que Deus vomitaria da sua boca. Vá ler o evangelho e depois me diga se Deus aceita todo tipo de cristão nominal, ou apenas aquele que faz a Sua vontade, que age com amor, tolerância e fé. Entre um agnóstico pacífico e um “cristão” facínora (que biblicamente falando nem cristão é), eu fico mil vezes do lado do agnóstico.
Você deve se lembrar que Jesus condenou os pecados de Israel como ACIMA e MAIS GRAVES que os de Tiro e Sidom, porque Israel dizia com a boca que servia a Deus, mas os seus atos o negavam (enquanto Tiro e Sidom eram apenas incrédulos). Não me restam dúvidas de que da mesma forma Deus teria muito mais nojo de uma Cristandade que com a boca dizia servi-lo acima de tudo, mas que o demonstrava com assassinatos e crueldades sem fim, do que da modernidade marcada pela incredulidade em grande parte, mas que conserva uma minoria de cristãos piedosos e muito mais tolerantes que aqueles.
O mundo de antes podia ter mais de 50% de cristãos nominais, mas se tinha 1% de cristãos reais já era muito (eu não considero quem assassina ou aplaude o assassinato de pessoas inocentes como um “cristão verdadeiro”). O mundo atual tem 28% de cristãos, lógico que muitos desses também são apenas nominais, mas o tipo de Cristianismo que se pratica é muito mais tolerante e benevolente do que na época que você exalta. Mesmo em se tratando de catolicismo e de papado, não dá nem pra comparar o antigo e o moderno. Essa evolução na mentalidade só aconteceu porque a modernidade rompeu com o padrão antigo, e o quebrou como uma bomba – senão estaríamos até hoje comparecendo a autos-da-fé para ver pessoas sendo queimadas vivas enquanto consideramos isso um “ato de fé”, literalmente.
ExcluirSe é esse o tipo de “fé” que você exalta, eu só tenho apenas a vomitar. Toda essa suposta “cristandade piedosa pré-modernidade” que você imagina é delírio criado pela cabeça de gente que jamais estudou História, ou de gente cuja perversidade moral é tão grande quanto a daqueles que defende. Eu não estou aqui para defender a modernidade como se estivesse isenta de erros como você insiste em insinuar, mas também não sou néscio para fazer de conta que houve um tempo em que as coisas eram melhores.
“Minha pretensão ao escrever isso continua sendo construtiva. Não estou num debate de egos, querendo refutar artigos e destruir pessoas”
Pois não é o que parece. TODOS os seus comentários aqui em qualquer artigo são sempre e somente para criticar, para tentar “refutar” com argumentos rasos e com achismos subjetivos, que você insiste em repetir vez após vez mesmo sem lidar com a contra-argumentação que lhe é feita. Uma coisa é leitor que critica aqui ou ali mas que também sabe elogiar aqui ou ali, que também sabe acrescentar informações úteis aqui ou ali, que interage com outros comentários aqui ou ali, que pergunta alguma coisa aqui ou ali, que faz uma sugestão aqui ou ali, e assim por diante. Outra coisa é gente xarope cuja ÚNICA coisa que sabe fazer é criticar e criticar, como se tivesse uma obsessão quase doentia em refutar tudo aqui. Eu não te conheço e mesmo se conhecesse algum blog seu e discordasse de tudo ali eu não me prestaria a esse papel, com todo o respeito. Chega uma hora que cansa.
Respondendo a isto aqui depois de 2 meses.
ExcluirPrimeiramente, desculpe-me se fui cansativo. Eu fui instigado a escrever por um problema filosófico que era acredito ser bastante pertinente. Eu estudo medicina, não sou historiador, e sou inapto a discutir história per si. O que nunca foi minha real intenção também, tanto é que meu único problema foi com suas conclusões do artigo. Como a caixa de comentários é sempre repleta de conteúdos aleatórios, considerei prudente este meio.
Sobre a França. Eu previ que o forma como eu escrevi daria margem a esse tipo de interpretação, mas não quis alongar o texto. O que estava exaltando era a piedade dos cristãos ao ponto de entregarem sua vida por amor de Cristo, se esses huguenotes fossem transportados vivos para a França hoje certamente seriam uma voz poderosa, sem vaidade, na vida pública francesa a favor do Evangelho, algo que hoje não há. E por que não há? O acesso à Escritura e ao Evangelho nunca foram tão fáceis, e as perseguições são brandas... porque a cultura moderna é o maior instrumento que Satanás já teve.
Não ignoro o que Jesus falou sobre Tiro e Sidom, mas ele também falou que haverá mais rigor para a cidade que rejeitar a Palavra do que para Sodoma e Gomorra, acho que você vai concordar que Deus está dando muito mais oportunidade hoje do que para os camponeses medievais iletrados à mercê das homilias dos padres. A bíblia também fala que tudo que um ímpio faz é pecaminoso, porque não é para a glória de Deus.
Concluindo, eu também me desculpo por ter usado uma linguagem ambígua e imprecisa. Talvez por costume de debater com católicos, você introjetou que eu 1) quero fazer uma apologia da idade média como a melhor época 2) quero justificar as perversidades do período pré-moderno, nego veementemente ambas. Se eu estou sendo chato aqui é porque acredito que sua teologia já beira ao liberalismo teológico e admiravelmente você consegue tempo de ler e responder os comentários. Porque tudo aqui evidência que você enxerga o protestantismo como tendo mais uma visão civilizatória do que redentora. Além disso, quando leio a Bíblia eu encontro justiça, e justiça envolve não tolerar o mal. Se você quer crer que a "ideologia" moderna tem apenas erros pontuais, mas em essência tenha valores cristãos, quem está se iludindo aqui é você, seriamente. Qualquer pessoa minimamente "moderna" considera o "Deus do antigo testamento" um ser odioso e intolerante, Paulo homofóbico e machista, no mínimo. Nada disso é pormenor, o cristianismo teve o seu papel histórico, mas a humanidade já evoluiu moralmente acima da Bíblia, dirão. Os liberais farão malabarismos para demonstrar o quão fiél aos valores modernos a bíblia é. E não, não há paralelismo com o medievo aqui, não conheço um teólogo sério tentando adequar a bíblia aos valores medievais.
A razão pela qual o ateísmo cresce na Europa não tem nada a ver com “a cultura moderna”, mas porque lá eles têm de tudo, e quem tem de tudo geralmente acha que não precisa de Deus. Por isso se trata um fenômeno específico de países mais ricos de primeiro mundo. Se sua tese estivesse certa, o ateísmo estaria dominando o mundo todo, já que aqui no Brasil por exemplo – onde ainda há muita religiosidade – a cultura predominante é a mesma da Europa e do resto do mundo globalizado. A comparação com a França é bem descabida, naquela época os huguenotes davam a vida por Cristo porque eram literalmente perseguidos até a morte, e a França atual não persegue cristãos. Mas se você for a países como Irã, Coreia do Norte, China e etc, verá uma Igreja perseguida tão fiel e combatente quanto a huguenote de antes.
ExcluirEu acho que você ainda não entendeu que o foco deste artigo não é dizer que o mundo ou a cultura atuais são perfeitos, isso é o espantalho que você criou da sua cabeça. Mas sim dizer que o mundo é hoje muito superior do que qualquer época passada, ainda mais em relação à Idade Média retratada no artigo. Hoje as mulheres têm mais voz e direitos, a escravidão virtualmente não existe em todo o mundo ocidental, os negros são muito mais respeitados, os homossexuais não são mortos e nem obrigados a ficar “no armário”, os índios são protegidos em vez de exterminados, não há mais guerras religiosas, a liberdade de expressão, de manifestação e de imprensa são incomparavelmente maiores, a maior parte dos países são democráticos, muito menos gente morre de fome, os deficientes e idosos recebem mais atenção e cuidado, o racismo é menor, a prostituição é (muito) menor, há mais tolerância para com minorias étnicas, há menos guerras do que em qualquer outra época, e é preciso ser monstruosamente ignorante ou desonesto para não saber ou discordar de tudo isso. Se você não consegue entender que este é o ponto em questão, eu acho que nem desenhando.
Sua acusação de que eu “beiro o liberalismo teológico” é engraçada, porque ao mesmo tempo em que eu sou acusado de “liberal” e “ecumênico” por alguns, sou acusado de ser “fundamentalista” e “radical” por outros. Na verdade isso só prova que eu estou naquela posição equilibrada e moderada entre duas posições radicais, cada qual enxergando os moderados como se fizessem parte “do outro extremo”, porque analisam o mundo sob a sua própria ótica extremista. Neste mundo de radicais, os moderados ficam no meio desse fogo cruzado e recebem ataques dos dois lados, porque é “liberal” demais para o gosto de alguns, e “fundamentalista” demais o gosto de outros. É a mesma visão do PCO, que acha que o PT é um “partido burguês de direita”, só porque eles têm uma visão muito mais radical à esquerda que o PT. Pra mim é uma honra ser estigmatizado desse jeito por ambos os lados, eu ficaria preocupado se não fosse.
O fruto desse tipo de raciocínio binário fica bem evidente quando você diz que “tudo aqui evidência que você enxerga o protestantismo como tendo mais uma visão civilizatória do que redentora”. Por que não pode ser ambas? O protestantismo é um caminho de fé, a salvação é seu objetivo maior, mas ao mesmo tempo é capaz de moldar o mundo à sua volta, transformando-o para uma coisa melhor do que era antes. É tão difícil entender isso?
O que você achou do debate entre Tourinho e João Neto?
ResponderExcluirAchei que devo passar bem longe de fazer teologia na Cruzeiro do Sul.
ExcluirQue debate foi esse? Eu pesquisei e não achei.
ExcluirFoi esse aqui:
Excluirhttps://www.facebook.com/francisco.tourinho.37/videos/vb.100018323829214/288027958484663/?type=2&video_source=user_video_tab
O Tourinho se saiu muito bem. Ganhou o debate.
ExcluirLucas, o que você acha da associação católica radical Montforf?
ResponderExcluirOlha, eu confesso que tenho até certo apreço por eles, obviamente não por qualquer razão doutrinária mas porque foi justamente o site que me levou à apologética. Eu via o Orlando Fedeli respondendo cartas, gostei da ideia e pensei: "Por que não criar o meu?". Por isso eu devo muito à Montfort, apesar de discordar de praticamente tudo o que eles dizem e fazem ali (eles são criticados até pelos próprios católicos, porque beiram o sedevacantismo).
Excluir"eu confesso que tenho até certo apreço por eles,"
ExcluirEstava ficando com medo de vc agora.
;p
ExcluirO livro as duas babilonias de Alexander Hislop é confiavel vejo varios apologistas catolicas falando mal e dizendo anti-historica isso é verdade?
ResponderExcluirEu não li esse livro ainda, então não posso comentar.
ExcluirLucas voce poderia fazer um livro de ficção sobre os fins tipo deixados para tras mas mais biblico.E a parte dois do livro do falso profeta esse livro é massa👍
ExcluirEstou sendo chato?Me desculpe é muitas perguntas e duvidas
Excluir"Lucas voce poderia fazer um livro de ficção sobre os fins tipo deixados para tras mas mais biblico.E a parte dois do livro do falso profeta esse livro é massa👍"
ExcluirUma continuação ao "Enigma do Falso Profeta" eu já estou planejando há tempos, só não fiz ainda porque preciso terminar os livros da Reforma (os outros dois volumes). Mas fazer um livro sobre o fim dos tempos ao estilo "Deixados para Trás" eu acho que não seria capaz porque me falta criatividade para livros de ficção longos e elaborados, não é bem a minha praia (talvez no futuro).
"Estou sendo chato? Me desculpe é muitas perguntas e duvidas"
Sem problema nenhum, todo comentário respeitoso é sempre bem-vindo aqui.
Obg (sou a mesma pessoa)
Excluir“O livro as duas babilonias de Alexander Hislop é confiavel vejo varios apologistas catolicas falando mal e dizendo anti-historica isso é verdade?”
ExcluirÉ FANTÁSTICO!
Leiam!
Existe algo muito estranho no presidente da frança voce ja percebeu
ResponderExcluirPercebi. É estranho mesmo...
ExcluirUfa que bom que não é só eu.Ele tem algo estranho
ExcluirLucas, o que tem de estranho no presidente da França??
ExcluirEle quer fazer o que o Lucas já escreveu em um outro artigo sobre o fim dos tempos e a União Européia.
Excluir"Dentro de pouco tempo (provavelmente bem antes que termine o século XXI) os Estados Unidos perderá a supremacia mundial para uma Europa unificada, que é a União Europeia atual em um formato futuro governado por um único homem com poder supremo (o anticristo, em um papel análogo ao que o César tinha na velha Roma) e com um único exército que imporá respeito e medo em todo o mundo, tal como o Império Romano em seu auge."
Link: http://www.lucasbanzoli.com/2018/09/seria-uniao-europeia-o-novo-imperio.html
O Macron disse que quer que a Europa tenha um exército independe para que possa se defender sem a ajuda do USA e talvez se defender até do próprio USA.
Notícia: https://www.breitbart.com/europe/2018/11/06/macron-calls-real-european-army-protect-eu-us/
Não estou querendo dizer que ele é o anticristo, mas também acho ele muito estranho.
Bem isso. Ele pode até não ser o próprio anticristo, mas está trabalhando para a mesma agenda que a dele.
Excluir...Comente...
ResponderExcluirhttps://www.mblnews.org/notas/saiba-quais-alteracoes-bolsonaro-podera-fazer-na-educacao/
Concordo com ele. Só não vale passar cola pros outros ;p
ExcluirLucas, as Testemunhas de Jeová serão salvas?
ResponderExcluirEu não sou Deus pra saber quem será salvo e quem não será, por isso aqui eu apenas julgo doutrinas e não salvação pessoal desse ou daquele, mesmo porque eu não entendo que a salvação esteja inteiramente condicionada às doutrinas que segue, entendo que esteja muito mais condicionada à vida pessoal e moral (santidade, fé, oração, integridade de caráter, etc), sem descartar o aspecto doutrinário. Essa coisa de colocar o aspecto doutrinário acima de tudo como se só disso dependesse a nossa salvação é coisa de católico, eu não acho certo um protestante pensar por esse prisma (embora muitos pensem assim também). O que eu posso dizer é que as TJ tem muitos erros e que os testemunhos de ex-TJ deixam claro como aquilo é uma seita, mas se todos os TJ vão ser condenados ou não, isso aí não é comigo.
ExcluirMas e quanto ao fato delas não crerem que Jesus é Deus, isso poderia impedir que alguém fosse salvo lá dentro?
ExcluirNão é bom ficar apontando dedos e falar quem vai e quem não vai ser salvo. É muito difícil para mim, por exemplo, pensar em um caso de uma pessoa psicopata; pois este tem tendência enorme para muitos pecados, mas este tem a incapacidade de sentir arrependimento, culpa, etc. Então, podem me perguntar, como Deus vai falar a essa pessoa ou julgar ela? Eu simplesmente não sei.
ExcluirDeus lhes ilumine!
"Mas e quanto ao fato delas não crerem que Jesus é Deus, isso poderia impedir que alguém fosse salvo lá dentro?"
ExcluirPode atrapalhar sim, com certeza, mas eu não uso a palavra "impedir" nem pra muçulmano, quanto menos pra TJ. Como já disse, essa questão de salvação é muito complexa e pessoal, e eu não quero dar uma de Deus aqui.
"Não é bom ficar apontando dedos e falar quem vai e quem não vai ser salvo..."
É como eu penso. Por isso me restrinjo a abordar a questão doutrinária, que é o meu campo, e deixar a salvação pessoal de cada um nas mãos de Deus (ainda que eu creie ser bem mais possível que alguém seja salvo conhecendo a verdade do que estando no engano).
A primeira coisa em que pensei quando comecei a me afastar do catolicismo foi em poder amar os meus pais igualmente. De tudo que já li de Aquino sobre as mulheres, isso sempre foi o mais difícil de engolir. Acho engraçado ver as católicas tradicionalistas defendendo esse homem, por mais que me esforçasse nunca consegui gostar dele. Pior é ver o chato do Nougué dando voltas e voltas tentando mostras que o amado dele não era misógino.
ResponderExcluirPois é. Eles fazem malabarismos e sofismas para tentar livrar a barra de Aquino de uma maneira revisionista tentando negar tudo o que ele disse, com o mesmo tipo de sofismas que o próprio Aquino usava para justificar o preconceito medieval à inúmeras classes marginalizadas na sociedade da época. É preciso ser extremamente desonesto para se prestar a um papel desses.
ExcluirLucas, o que você acha sobre a Reforma Agrária? A favor ou contra? Poderia explicar porque? Você acha que Bolsonaro poderia acabar de uma vez por todas com o Foro Privilegiado dos políticos após ele assumir?
ResponderExcluirSou a favor de uma reforma agrária, mas desde que seja de uma forma justa, sem favoritismos e sem ser de uma forma radical (como ocorreu em países como Cuba e China). A reforma que defendo é no estilo que os Estados Unidos fez no século XIX, que foi bem positiva. O Foro Privilegiado é um problema mesmo porque protege os políticos de serem presos por corrupção (o Aécio, por exemplo, não vai ser julgado nunca se continuar se reelegendo), mas por outro lado tem seu aspecto positivo, pois protege o político de perseguições políticas por palavras ou atos (por exemplo, se não fosse pelo Foro, o Bolsonaro podia ter sido condenado por aquele episódio com a Maria do Rosário em um júri popular constituído por esquerdistas, e assim nem poderia ter concorrido à presidência). Então eu sou a favor de manter o Foro para casos assim, mas não para denúncias de corrupção. Se o Bolsonaro vai conseguir mudar alguma coisa, eu acho bem difícil, quase impossível, já que seria o mesmo de pedir que os políticos votassem contra eles mesmos, aumentando sua possibilidade de serem presos. É o mesmo que esperar que o Congresso aprove uma redução de salários dos deputados - não vai acontecer nunca.
ExcluirOlá, você já ouviu falar dos escândalos de adultério envolvendo o pastor norte-americano Martin Luther King? Vc acha que isso transforma ele num falso cristão hipócrita e joga por terra o legado dele, ou apenas mostra que ele era um humano falho como todos nós?
ResponderExcluirEu já ouvi falar, mas que eu saiba não foram provados, são apenas acusações. Mesmo que seja verdade, só provaria que ele era um homem com fraquezas carnais como qualquer outro, que pode ter se arrependido disso se realmente cometeu esses atos. Vale ressaltar que ele era extremamente perseguido na época (por isso mesmo acabou assassinado), então era de se esperar que tentassem manchar sua reputação desse jeito, com acusações falsas que o desmoralizassem publicamente (veja no artigo abaixo):
Excluirhttps://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/04/internacional/1509764588_682722.html
Lucas você diz que a América do Sul é muita católica e pobre mas existe um país colonizado por inglêses e anglicano é a guiana(República da Guiana antiga guiana inglesa).Só quis dizer pois estou estudando isso.Ela também tem indianos hindú.Mas é anglicana em sua maioria
ResponderExcluirOs protestantes representam menos de um terço da população da Guiana (anglicanos são 5,2%, portanto estão longe de serem a maioria).
ExcluirGuiana.NÃO é a francesa mas a indepente
ExcluirFoi dessa mesmo que eu falei.
ExcluirDesculpa é protestant(Não necessariamente a angllicana)
ExcluirGuiana cristianismo 51% (protestantes 22%, católicos 11%, anglicanos 9%), hinduísmo 33%, islamismo 8%, outras 8% (2011).
ExcluirExato, foi esse dado que eu citei quando disse que menos de um terço era protestante (22+9=31%, que é menos de 33%, que é um terço).
ExcluirO sincretismo religioso empobre espirituamente e leva a perdição.Esse sincretismo brasileiro tem levado nosso país ao abismo
ResponderExcluirAvalie:
ResponderExcluirPresidente do Inep precisa vir a público explicar a prova do Enem
https://www.youtube.com/watch?v=7Z12OTgtXGw
Concordo.
ExcluirAvalie: https://esquerdaonline.com.br/2018/09/25/pode-o-fascismo-ser-neoliberal-um-precedente-do-integralismo-brasileiro/
ResponderExcluirSó na cabeça desses doentes é que o integralismo era "neoliberal". Eles chamam de "neoliberal" qualquer coisa que não seja da extrema-esquerda, até o FHC eles chamam de "neoliberal". Qualquer cidadão com mais de dois neurônios que tenha estudado minimamente sobre o integralismo sabe que eles eram nacionalistas ferrenhos e antiliberais (um exemplo é o próprio Enéas, citado de passagem no artigo, que odiava o liberalismo mais do que qualquer outra coisa). A direita brasileira só foi se tornar liberal há pouquíssimo tempo; ao longo de toda a história o que conhecemos por "direita" era um conservadorismo moral aliado a um nacionalismo econômico (por isso mesmo o Brasil nunca andou pra frente, nem mesmo quando direitistas assumiram o governo).
ExcluirA antiga UDN de Carlos Lacerda não era liberal?
ExcluirQuais direitistas já assumiram o poder?
Excluir"A antiga UDN de Carlos Lacerda não era liberal?"
ExcluirEla nunca assumiu a presidência.
"Quais direitistas já assumiram o poder?"
Direitista liberal na economia e conservador nos costumes, eu não me lembro de nenhum. Mas direitista apenas no sentido de ser conservador nos costumes (embora nacionalista na economia), teve vários, inclusive todos os militares.
Os militares eram reacionários, é diferente
ExcluirMas eram tidos como de direita.
ExcluirLucas o que voce acha dessa tradução está certo? estou am pânico
ResponderExcluirPorque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e a autoridade está sobre os seus ombros, e o maravilhoso conselheiro, o poderoso Deus, o eterno Pai, chamou seu nome de o príncipe da paz Isaías 9:6
Que tradução é essa?
Excluiré uma tradução ora
ExcluirNão me diga, sério mesmo? Quero saber qual a versão é essa, de qual Bíblia, mas pelo jeito nem você sabe.
ExcluirMoro na Bahia aqui é bom e as pessoas simpaticas mas o sincretismo religiosa no Pelourinho é muito escuridão espiritual você falou nela no cristianismo ou paganismo no seu site apologia cristã
ResponderExcluirVerdade.
ExcluirJoão Goulart foi um bom presidente? Caso não tivesse sido deposto pelos militares você acredita que ele teria feito um bom governo?
ResponderExcluirNão foi um bom presidente, embora não merecesse ter sido tirado do cargo daquele jeito por uma falsa acusação de ser "comunista".
ExcluirEntão ele não era comunista? Por que dizem que ele era comunista?
ExcluirDisseram isso como um pretexto para o golpe. O próprio Goulart jamais se declarou comunista, não era de um partido comunista e não estava implementando e nem arquitetando nenhuma revolução comunista. O que ocorre é que na época havia uma paranoia anticomunista do tipo que vê comunista em tudo (embora um tanto compreensível, já que Cuba havia há poucos anos passado por uma revolução comunista e aqui tentaram fazer o mesmo sem sucesso com a Intentona Comunista), e Goulart acabou sendo vítima dessa paranoia toda. No vídeo abaixo (uma relíquia) você vê o próprio Juscelino Kubitschek defendendo João Goulart e atestando como ele não era comunista coisa nenhuma:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=NRrFul1KUAs
OH BONZOLAO, queria que vc analisasse esse Texto aki:
ResponderExcluir"O governo israelense admitiu, em 2013, que castrava a força os judeus negros ( Ethiopian Jews ) através de injeções médicas, fonte: ( https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/israel-gave-birth-control-to-ethiopian-jews-without-their-consent-8468800.html )
Vocês direitistas e/ou cristãos amantes da miscigenação, diversidade, que são anti-racismo, anti-nazismo e amam Israel, vocês deveriam parar um pouco para analisar o motivo pelo quão amam tanto o Estado Supremacista Racial de Israel.
Pensem um pouco também sobre o criador do comunismo ( judeu Karl Marx ), os fundadores da URSS ( judeus Lenin e Trotsky ), por meio da URSS os judeus assassinaram mais de 20 milhões de russos e ucranianos desde a Revolução até o Holodomor e os campos de concentração gulags cujo 75% deles eram administrados por judeus ( o único não judeu a administrar os gulags durou pouquíssimo tempo no cargo ).
Veja que povo, até hoje, promove o socialismo e globalismo ao redor do mundo, como o judeu George Soros, se pergunte pq Israel financia a ONG israelense IsraAid que ajuda muçulmanos a entrarem na Europa ao passo que eles mesmos nunca aceitaram nenhum."
Essas informações são verdadeiras?
Isso aí é apenas discurso neo-nazista antissionista baseado em teorias de conspiração e delírios antissemitas. Como não existe qualquer massacre praticado por judeus, eles precisam dizer que os judeus "assassinaram mais de 20 milhões de russos" POR MEIO DA URSS (como se a União Soviética fosse um Estado judeu, quando na verdade era um Estado ateu). Dizer que os israelenses "nunca aceitaram nenhum muçulmano" em seu país é uma patifaria total, mais de 10% dos cidadãos israelenses são árabes muçulmanos. Compare isso com o índice de judeus em países árabes, se um judeu pisa os pés lá é fuzilado sem dar tempo de dizer uma palavra.
ExcluirPrimeiro Mussolini ser judeu não significa que todos eles são errados.Hitler era alemão nem por isso o povo alemão meresse fica sem estado.Existe vários judeus bons como Albert Einstein e o maior de todos eles Jesus Cristo
ExcluirO Estado de Israel possui em torno de 6.9 milhões de habitantes.
ExcluirA característica mais notável da população de Israel é sua alta diversidade. Apesar da principal divisão dos habitantes do País em Judeus (80%) e Árabes (20%),
Ser anti-racista e anti-nazi é um dever de cidadão e ainda mais cristão pois nos seguimos o exemplo de Cristo que nunca ensinou o ódio.Ainda mais um posição política assassina
ExcluirBem observado.
ExcluirMas e sobre a politicas Racista do governo israelense de castrar a força os judeus Negros que vieram da Etiópia? Eu já tinha visto esta noticia em diversas Fontes SERIAS de noticia, e não em apenas em meia duzia de sites Neo-Nazis. Isso é verdade ou é apenas mais uma Fake News da Media Esquerdista?
ExcluirEu não pesquisei sobre isso a fundo, mas mesmo que seja verdade, é algo lamentável, mas ainda assim incomparável à Sharia ou a qualquer lei islâmica ou organização terrorista islâmica ou de radicalismo islâmico que combate Israel. Não tem nem como comparar uma coisa com a outra em termos de gravidade. Política de controle de natalidade é diferente de genocídio, mesmo quando feito de maneira escabrosa. Devemos lembrar que, com todos os seus defeitos, Israel continua sendo a única democracia do Oriente Médio.
ExcluirPode recomendar alguns bons livros sobre a Idade Média/Igreja Católica/Inquisição ?
ResponderExcluirPrimeiro eu recomendo o meu livro mais recente sobre a Reforma, não apenas pelo livro em si mas pela bibliografia usada no mesmo:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2018/08/novo-livro-500-anos-de-reforma-como-o.html
Sobre Inquisição eu tenho vários artigos que você pode conferir no índice de artigos sobre catolicismo, os quais fazem parte de um livro ainda inacabado:
http://www.lucasbanzoli.com/2015/07/artigos-sobre-catolicismo.html
No final do artigo abaixo tem uma bibliografia especificamente sobre a Inquisição:
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2017/08/breve-refutacao-cinco-taticas-dos.html
Dos livros mais importantes, eu recomendaria estes:
LINDSAY, T. M. A Reforma. Lisboa: Typ. a vapor de Eduardo Ros, 1912.
LINDBERG, Carter. Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001.
BIÉLER, André. A Força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
Outras que são bem úteis, embora em menor grau que estes três, são:
WALKER, Williston. História da Igreja Cristã: Volume II. São Paulo: Associação de Seminários Teológicos Evangélicos, 1967.
CAIRNS, Earle Edwin. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 3ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
PIJOAN, J. Historia del Mundo – Tomo Cuatro. Barcelona: Salvat Editores, 1933.
OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. História do Cristianismo em Esboço. Recife: STBNB Edições, 1998.
NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1960.
SAUSSURE, A de. Lutero: o grande reformador que revolucionou seu tempo e mudou a história da igreja. São Paulo: Editora Vida, 2004.
MELO, Saulo de. História da igreja e evangelismo brasileiro. Maringá: Orvalho, 2011.
MOUSNIER, Roland. História Geral das Civilizações: Os Séculos XVI e XVII – Tomo IV, 1º Volume. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960.
Lucas,não é anacronismo usar conceitos da direita e esquerda de agora e tentar fazer um revisionismo de um determinado sistema politico,como o nazismo (não estou falando no sentido ruim,senso comum de revisionismo) ?
ResponderExcluirRevisionismo é alterar a história estabelecida (do conteúdo em si, não apenas de termos), isso que você colocou é apenas adequação, contextualização histórica, não revisionismo. Uma vez que os conceitos de direita e esquerda mudam conforme o tempo e o espaço, é natural que o que se entendia por "direita" em uma determinada época e lugar seja diferente do que se entende por "direita" hoje, e se isso não for explicado vai passar uma conotação muito errada (por exemplo, levando gente ingênua a acreditar que Hitler ou Mussolini eram liberais na economia).
ExcluirMas usar temos atuais de esquerda e direita para definir o nazismo é anacronismo ?
ExcluirEsse é o único jeito de não definir como esquerda ou direita algo que já não faria mais sentido nenhum hoje.
ExcluirLucas Banzolão, eu quero ver um debate entre você e o Francisco Tourão sobre calvinismo x arminianismo. Vocês dois entendem bem do assunto. Você tem obra publicada sobre o tema, e ele também irá publicar a dele brevemente. Seria um duelo épico. Kkk
ResponderExcluirNão conheço esse tal Tourão aí, apenas o Little Bull.
ExcluirTourão e Little Bull são a mesma pessoa. Sei que você não gosta de matemática, mas vou fazer uma equação:
ExcluirTourão = Little Bull
Kkk
Eu sei que é o mesmo, eu tava de zoas.
ExcluirComo você e Matheus Carrell estão? Estão brigados?
ResponderExcluirVocê é do fã clube do Matheus? ;p
ExcluirPS: não tem briga nenhuma.
Não sou de nenhum fã clube. Não estou defendendo ele (e nem ninguém). Foi apenas uma pergunta.
ExcluirVou indicar o documentário Como Viveremos?, de Francis Schaeffer, que foi traduzido pela Escola Charles Spurgeon.
ResponderExcluirNeste documentário Schaeffer nos leva a uma viagem pelas diferentes cosmovisões do homem desde Roma até o presente.
É muito bom! Esse homem, sem dúvida, foi um maiores apologistas que já houve.
Então, vou colar um pouquinho do que ele diz sobre Aquino:
Schaeffer comenta que Aquino tinha uma visão incompleta da Queda do homem, ou seja, como o homem havia se revoltado contra Deus. Na visão de Aquino, a vontade humana era caída e corrupta, mas não o intelecto. E como resultado, gradualmente a filosofia começou a agir de uma maneira gradualmente independente e autônoma. Assim, os ensinamentos bíblicos e dos filósofos clássicos não-cristãos misturavam-se livremente. E um dos resultados disso foi: a Bíblia é realmente necessária, uma vez que a verdade poderia ser encontrada sem ela?
Aquino abriu as comportas na ênfase em Aristóteles e nos particulares. Quando isso aconteceu, a filosofia gradualmente foi tornada livre de qualquer coisa que Deus já tenha dito e o homem começou a tomar lugar e a se colocar no centro. Cada vez mais a autoridade da igreja tomou precedência sobre os ensinamentos da Bíblia e, por seguinte, a salvação dependia mais dos merecimentos das pessoas do que somente dos méritos da obra de Cristo.
Esse elemento humanista foi crescendo e o que a igreja decidia era tornado igual ao que a Bíblia decidia.
Link da playlist:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLllLejb59ly2xsfkmyiMDe41CEepFiGVV
Obrigado pela recomendação!
ExcluirAnônimo do Avalie: eu parei de ler o artigo que você me passou na parte em que ele cita um link do Orkut como prova. O link era esse:
ResponderExcluirhttp://www.orkut.com.br/Main…
Não vale a pena nem comentar um troço desses, vai que é doença...
Eu tentei entrar no link mas não consegui.
ExcluirClaro, porque a página não existe. E não existe HÁ QUATRO ANOS, desde que o Orkut deixou de existir. Ou seja, o cara literalmente me cita como "prova" um link que remete à página inicial de uma rede social que não existe mais há anos. Isso é pior do que aluno que coloca na bibliografia dos trabalhos da escola: "Google". É amadorismo total.
ExcluirOi mestre.
ResponderExcluirEu acho que um homem careca assim, com esse corte de cabelo, não deveria ser levado a sério...
concorda?
Mas me conta, e a igreja católica hoje, como vê a mulher?
"Eu acho que um homem careca assim, com esse corte de cabelo, não deveria ser levado a sério... concorda?"
ExcluirHaha, quem dera o cabelo fosse o único problema, nesse caso ele poderia colocar um aplique, ficaria bem show, bem "prafrentex"! As monjas iriam adorar!
"Mas me conta, e a igreja católica hoje, como vê a mulher?"
Que eu saiba eles não levam mais a sério esse tipo de pensamento, por isso você jamais verá o papa Francisco por exemplo dizer que o homem pode espancar a mulher, que devemos amar ao pai mais do que a mãe, que a mulher é um "macho degenerado" ou que está obrigada a copular com um leproso. Mas isso não significa que essa mentalidade tenha sido totalmente superada, porque até hoje existem tomistas que, acredite, defendem Tomás de Aquino em todas essas aberrações, porque odeiam o mundo moderno.
Olá Lucas.
ResponderExcluirSou da opinião que toda essa aberração foi motivada por filosofias pagãs que embriagou o cristianismo medieval esquecendo-se da Palavra de Deus.
"Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus".
Concordo totalmente!
ExcluirLucas Muito Bom o artigo, Lucas o que sabemos dos outros apóstolos o que aconteceu com eles onde pregaram? Paulo e Barnabé eram apóstolos também?
ResponderExcluirPaulo e Barnabé eram apóstolos no sentido mais amplo que ia além dos doze, ou seja, de missionários (confira Atos 14:14). Sobre o que aconteceu com os apóstolos e onde pregaram, embora não se possa saber com precisão, há os registros de Eusébio de Cesareia em sua "História Eclesiástica" (que na verdade nada mais é que um compilado de fontes mais antigas citadas no livro), você pode ler o livro aqui:
Excluirhttp://www.nazarenopaulista.com.br/estudos/Historia_Eclesiastica_Eusebio_de_Cesareia.pdf
Abs!
Nossa, depois de ver essas frases escritas em vermelho eu não sei se tenho uma ânsia de vômito ou se dou tiro na minha cabeça.
ResponderExcluirQue mundo louco, e que tempos bizarros eram esses viu.
De um protestante como você, eu já esperava todo esse feminismo, afinal, foram os protestantes que criaram o feminismo, já que os quakers vestiam as mesmas roupas independente do sexo. Enfim, você não é muito diferente dos ateus que acusam a Palavra de Deus de machismo, aliais, lembremos que São Paulo de Tarso pregava que a esposa devia submissão ao marido e que a mulher deveria ficar calada na Igreja.
ResponderExcluirClaro, se alguém discorda que as mulheres podem ser espancadas pelos maridos, que são um "macho deformado" e que tem a obrigação de transar com um marido leproso, só pode ser um maldito feminista mesmo, que tipo de gente ousaria se opor a coisas tão belas assim? Você tem toda a razão, é tudo culpa desses quakers satânicos, viva a Sancta Igreja!
ExcluirVc ainda responde as perguntas aqui neste site?
ResponderExcluir