(Papa João Paulo II beijando um belo e pacífico livro chamado Alcorão)
Nota: O artigo é extraído de um dos capítulos do meu livro sobre a
Reforma, em fase final de construção. O "inédito" do título é porque eu desconheço qualquer outro estudo sobre o tema disponível na internet de forma tão completa como esse, então divulgue o quanto puder.
***
• Perseguição e ódio
aos judeus
Um outro tipo de perseguição à parte da Inquisição, mas também
estimulada por ela, era o ódio aos judeus, que era muito mais intenso e comum
na Cristandade católica medieval do que nos dias de hoje. Como diz Christopher
Brooke, “na Idade Média se odiava aos judeus porque
eram judeus, representação do povo que crucificou a Jesus Cristo”.
Um exemplo clássico desse ódio antissemita foram as Cruzadas, que, diferente do
que se pensa, não vitimaram apenas muçulmanos. A chamada “Cruzada Popular”, que
antecedeu a primeira cruzada oficial, é um exemplo claro do quão profunda era a
hostilidade aos judeus entre as classes populares. Tornell escreve:
Aquelas
hordas de fanáticos e foragidos começou sua atuação cometendo horrorosas
pilhagens e matanças; antes de entrar na Alemanha, atacaram as ricas colônias
de judeus estabelecidos nas cidades comerciais de Mosela e do Rin, saqueando-as
e matando a milhares de judeus. Verdún, Tréveris, Maguncia, Espira e Worms
foram o palco de tais horrores. Depois destas façanhas, continuaram sua marcha,
percorrendo mais de 1.500 km através da Hungria e Bulgária, entre as fronteiras
da Áustria e Constantinopla. As depredações cometidas por esses cruzados
levantaram contra eles os húngaros e búlgaros, que, com sua inata ferocidade,
deram conta da maior parte dos expedicionários. Só uma pequena parte da
expedição pôde cruzar o Bósforo de Constantinopla, sendo o resto exterminado
pelos turcos da Ásia Menor.
O escritor e historiador católico François Michaud descreve o
terror vivido pelos judeus frente aos cruzados encolerizados nas seguintes
palavras:
Emicon
e Volkmar deram o sinal e o exemplo. À sua voz uma multidão furiosa espalhou-se
pelas cidades vizinhas do Reno e do Mosela; massacrou impiedosamente a todos os
judeus que encontrou em sua passagem. No seu desespero, um grande número dessas
vítimas preferia suicidar-se, antes que receber a morte das mãos dos inimigos.
Muitos encerraram-se em suas casas e morriam no meio das chamas, que haviam
mesmo ateado; alguns amarravam grandes pedras às vestes e precipitavam-se com
seus haveres no Reno e no Mosela. As mães sufocavam seus filhos ao seio,
dizendo que preferiam mandá-los ao seio de Abraão, do que vê-los entregues ao
furor dos cristãos. As mulheres, os velhos, solicitavam a piedade para
ajudá-los a morrer. Todos esses infelizes imploravam a morte, como os outros
homens pediam a vida.
Para os cruzados, era incoerente “fazer
guerra aos muçulmanos, que tinham sob suas leis o túmulo de Jesus Cristo,
enquanto se deixava em paz um povo que tinha crucificado seu Deus”.
Os judeus eram alvos de “horror e de ódio”,
e até os cristãos que se encontravam com eles pelo caminho “temiam também ser suas vítimas”.
Heers diz que “os bandos de pobres, destituídos de
recursos, cometem terríveis excessos ao longo de todo o percurso, pilham as
aldeias, massacram os judeus nas cidades alemãs”.
Le Goff acrescenta que pogroms (ataque
violento e maciço a judeus) eram realizados pelas massas em busca de bodes
expiatórios das calamidades:
Ao
mesmo tempo a condição dos judeus na Cristandade se agravava. pogroms foram realizados por volta do
Ano Mil, depois no tempo das Cruzadas, perpetrados, sobretudo pelas massas em
busca de bodes expiatórios das calamidades (guerras, fome, epidemia) e vítimas
de seu fanatismo religioso.
Os cronistas da Primeira Cruzada afirmam que os cruzados sob o
comando de Pedro o Eremita “apoderavam-se das
crianças, cortavam-nas em pedaços para cozinhá-las ou assá-las em espetos,
passando a devorá-las”.
Ao mesmo tempo, mulheres judias se suicidavam para escapar dos estupros. Morrisson
declara que “foi a partir dessa época que a opinião
do povo comum europeu começou a considerar os judeus como inimigos de Cristo e
blasfemadores da cruz. As Cruzadas marcam o início da degradação da situação
jurídica e prática dos judeus do Ocidente, que até essa época eram tolerados e
relativamente integrados na população em geral”.
Lopez também observa:
Desencadeando
o fanatismo religioso na Europa, as Cruzadas (1096-1270) também estimularam o
fanatismo antijudaico. “Temos, sob os olhos, uma raça mais hostil a Deus que
todas as outras” e “o inimigo está entre nós” foram as palavras de ordem que
acarretaram massacres de judeus em Worms, Mainz, Colônia, Trèvez, Ratisbona e
Bamberg, antes da Primeira Cruzada (1096), e em Spira, Mainz, Carentan e Sully
antes da Segunda (1147).
Mas engana-se quem pensa que os massacres contra judeus se
limitaram apenas à cruzada popular. Lins escreve:
Renovavam-se
estas cenas de horror em cada cruzada. Como todos precisavam de dinheiro para a
santa expedição, lembravam-se de que os judeus, em geral depositários de
grandes riquezas, haviam crucificado o Deus dos cristãos. Valeu-se da
perseguição para aumentar os tesouros de que carecia, Ricardo Coração de Leão,
que era extremamente dissipado em seus gastos, nada lhe bastando. Além de
confiscar os bens dos judeus e cobrar, com extremo rigor, a dízima saladina,
alienou os domínios da coroa, pondo em leilão todas as grandes dignidades do
reino. Declarou mesmo que venderia Londres se lhe achasse comprador.
O massacre mais terrível aconteceu justamente na conquista de
Jerusalém, onde os cruzados “não pouparam nem as
crianças, nem os voluntários, nem as pessoas da cidade”.
Um cronista católico que participou dessa cruzada, citado por Jacques Le Goff,
relatou:
O
templo inteiro brilhava com seu sangue. Por fim, depois de ter massacrado os
pagãos, os nossos se apoderaram no templo de um grande número de mulheres e
crianças e mataram ou deixaram com vida quem eles queriam (...) Na manhã
seguinte os nossos escalaram o telhado do templo e atacaram os sarracenos,
homens e mulheres, e tirando suas espadas os decapitaram. Alguns se jogaram do
alto do templo.
Quando o legado papal e Godofredo de Bulhão escreveram ao papa
relatando os acontecimentos, disseram-lhe:
Se
Vossa Majestade deseja saber o que se fez aos inimigos encontrados em
Jerusalém, saiba que nos pórticos de Paloma e nos templos, os nossos cavalgaram
entre o sangue imundo dos sarracenos, e que caminhávamos entre o sangue até os
tornozelos.
Conta o clérigo Raymond de Agiles que ali se viram «coisas
maravilhosas». Entre essas “coisas maravilhosas” que ele viu, inclui o “grande número de sarracenos decapitados, outros
atravessados com flechas ou obrigados a saltar das muralhas; alguns foram
torturados durante vários dias e por último queimados vivos. Nas ruas, se viam
montões de cabeças, de braços, de pés”.
Você deve pensar que os cruzados católicos pouparam os judeus em meio a toda
essa chacina desumana e covarde, uma vez que seu alvo eram os muçulmanos.
Errado de novo. Os cruzados se orgulhavam por poder esmagar não apenas os
árabes, mas também os judeus, a despeito do fato de serem não-combatentes.
Sobre isso, Lins escreve:
Enorme
multidão de velhos, mulheres e crianças, que se abrigara no templo de Salomão,
foi chacinada com os mais hediondos requintes, sendo flechados os que se haviam
refugiado no teto, enquanto outros eram atirados ao chão, de cabeça para baixo,
partindo-se contra as pedras. Quanto aos
judeus, foram, sem piedade, reunidos e queimados vivos na sinagoga, da qual se
fez imensa fogueira. Espalhando-se a notícia de haverem os sarracenos
engolido os seus besantes de ouro, pôs-se a arraia miuda dos cruzados a
abrir-lhes o ventre, revistando-lhes as entranhas muitas vezes ainda
palpitantes. Sendo morosa a operação, sobretudo à vista do elevado número de
mortos, resolveram queimar os cadáveres e procurar, nas cinzas, o ouro.
Maalouf também descreve a forma com que os judeus foram
covardemente assassinados:
Os
louros cavaleiros começavam a invadir as ruas da cidade. A comunidade inteira,
reproduzindo um gesto ancestral, reuniu-se na sinagoga principal para orar. Os
francos então bloquearam todos os acessos. Depois, empilhando feixes de lenha
em torno, atearam fogo. Os que tentavam sair eram mortos nos becos vizinhos, os
outros, queimados vivos.
Diante disso, não sem razão “a maioria
dos judeus, após o massacre de seus correligionários em Jerusalém e Tiberíades,
preferiu seguir os muçulmanos no exílio”.
O massacre de judeus em Jerusalém também ocorreu em grande parte devido às
noções apocalípticas da época, que “associavam a
conversão ou eliminação dos judeus com a libertação de Jerusalém como um
prelúdio necessário para o fim do mundo”.
É importante que se ressalte que esses massacres não foram em
nenhum momento alvos de reprimenda papal ou de repúdio por parte da Igreja da
época. Nem as matanças da Cruzada Popular, nem as das cruzadas oficiais levaram
à excomunhão, censura ou qualquer tipo de punição eclesiástica ou civil. Era
como se os judeus devessem ser
chacinados, por serem eles “inimigos de Cristo” assim como os muçulmanos,
merecendo ambos o mesmo destino.
Sobre este aspecto, Phillips ressalta:
Em
1096, a indisciplinada multidão da cruzada popular cometeu terríveis atos de
violência, incluindo o assassinato, contra as comunidades judias. De forma
similar, cinquenta anos depois, a segunda cruzada provocou outro estouro de
antissemitismo na mesma região. O argumento era, em termos muito simples, que se
a cruzada tinha como objetivo erradicar aos não-crentes, se devia começar pela
casa, eliminando a impureza dos territórios cristãos. Em 1146, Pedro o
Venerável, abade de Cluny, escreveu: “Mas por que deveríamos perseguir aos
inimigos da fé cristã em países longes e distantes quando não longe das nossas
casas, entre nós, vivem esses blasfemos infames, muito piores do que qualquer
sarraceno, a saber, os judeus?”.
Assim, o surgimento da Igreja Católica Romana propriamente dita,
com sua separação oficial da Igreja oriental em 1056, determinou o início da
perseguição massiva aos judeus, em contraste com a relativa tolerância que
tinham até então. Le Goff observa:
Os
judeus, mais ou menos tolerados no
Ocidente durante a alta Idade Média, passam a ser no século XII suas vítimas.
Concretamente os impulsos de cruzada vão acompanhados em geral de pogroms impiedosos que provocam a
indignação de alguns prelados e alguns príncipes, e, especialmente, dos
imperadores que tentam colocar os judeus sob sua proteção. Em Maguncia, em
1096, segundo os Anais saxões, os cruzados “mataram novecentos judeus, sem
perdoar nem as mulheres, nem às crianças... dava pena ver os imensos e
numerosos montões de cadáveres que eram tirados da cidade em carretas”.
Isso elimina a tese de que os judeus foram sempre terrivelmente
discriminados e perseguidos em todas as partes e épocas e que a Igreja Romana
apenas fez o mesmo, como tenta objetar o defensor da Inquisição, João Gonzaga. Na
verdade, foi no Ocidente católico do século XII que essa perseguição começou a
se tornar realmente implacável, e a tornar a vida do judeu comum cada vez mais
difícil. E isso não ocorreu de forma aleatória e mágica, mas porque “geralmente havia um pregador para mobilizar o fanatismo
popular”.
Devemos lembrar que a sociedade medieval não era como a de hoje,
onde a Igreja Católica exerce pouca influência. Naqueles tempos, toda a
hegemonia cultural cabia à Igreja, e o povo pensava e cria no que os padres os
faziam pensar e crer. Dito em termos simples, os católicos odiavam mortalmente
os judeus porque eram ensinados pela Igreja a odiar mortalmente os judeus.
A cada tragédia natural que sucedia, incluindo a Peste Negra, o
clero tratava de encontrar nos judeus um bode expiatório e jogar neles toda a
culpa, alimentando o preconceito das massas. E a mesma coisa se repetia vez
após vez. Tal como Hitler foi eficiente na Alemanha em sua máquina
propagandista nazista antissemita, a Igreja Romana foi perfeitamente eficaz em
fazer dos judeus um motivo de ódio e escárnio, usando seu alto e baixo clero
para demonizá-los frente à opinião popular, que, não à toa, passou a detestar
os judeus.
Bethencourt afirma que “o judaísmo
aparece como a principal heresia a combater (seguida do protestantismo e do
islamismo)”.
Isso significa que, mesmo tendo outras “heresias” para se preocupar, eram os
judeus a atenção primordial da Igreja, como se eles fossem uma “peste” superior
a todas as outras. Foi assim que a Igreja criou o conceito de “limpeza de
sangue”, segundo o qual os judeus tinham sangue infectado (a respeito do qual
comentarei mais adiante), o mesmo conceito monstruosamente diabólico que foi ressuscitado
por Hitler na Alemanha nazista. Se os que eram “apenas” hereges já mereciam a
morte na fogueira, o que não dizer daqueles que, além de “hereges”, ainda
tinham “sangue impuro”?
É por isso que o “crime” de Judaísmo era sempre enfatizado acima
dos outros “crimes” de heresia nos autos-da-fé, concentrando e quase
monopolizando as atenções em todos os sermões. Bethencourt sublinha:
Quando
se lê a série impressionante de sermões de autos da fé impressos desde o início
do século XVII em Portugal, é evidente a presença esmagadora e constante do Judaísmo.
A grande maioria dos sermões organiza-se quase exclusivamente em torno desse
assunto, repetindo os exemplos e as citações recolhidas no Antigo Testamento,
mesmo quando existem outras heresias importantes nas listas de condenados.
Novinsky também destaca que “o elemento
central atingido pelo regime totalitário português foi o judeu, que, mascarado
de cristão-novo durante quase três séculos, tornou-se alvo de um programa
destrutivo e de um ódio sem precedentes na história. Os judeus foram o único
povo para o qual foi criado um tribunal específico, com a finalidade de vigiar
e punir qualquer prática e memória do Judaísmo”.
Ela comenta ainda que “a propaganda construída pelo
clero católico criou mentiras que justificaram usar os judeus como bodes
expiatórios; porém, os inquisidores não tinham a intenção de matá-los todos,
nem de acabar com as heresias e os hereges – pois deles provinha principalmente
sua maior fonte de renda, e o sustento da maior burocracia do país”.
Quando a Peste Negra assolou a Europa entre 1347 e 1350, abatendo
um terço da população continental, o clero católico colocou nos judeus, é
claro, a culpa pela catástrofe. Os judeus foram acusados de envenenar a água
dos poços para contaminar os cristãos – mesmo sem nenhuma prova de que isso
fosse verdade e a despeito do fato dos próprios judeus estarem morrendo com a
peste –, e assim o clero romano conseguiu diabolizá-los de tal maneira que
milhares deles foram pilhados e mortos em toda a Europa.
A conspiração foi engenhosa: segundo os católicos, os judeus tinham preparado
venenos a partir de corações de cristãos, juntamente com aranhas, sapos,
lagartos, carne humana e hóstias consagradas, e distribuído sua poção para ser
depositada em fontes e riachos desde Tolosa até a Calábria. O boato se espalhou
e como resultado os judeus foram queimados em massa, incluindo todos os dois
mil que viviam em Estrasburgo.
Lindberg escreve:
Alguns
interpretavam a peste como uma maquinação dos judeus. O medo estimulou o
preconceito, com a consequência de que milhares de judeus foram assassinados
por toda a Europa. A despeito do fato de que os judeus também contraíam a
peste, as pessoas defendiam a ideia de que eles tinham envenenado os poços. O
dominicano Henrique Von Herford deu uma breve descrição do acontecimento:
“Neste ano [1349] os judeus, inclusive mulheres e crianças, foram destruídos de
forma cruel e desumana na Alemanha e em muitos outros países”.
Os judeus não apenas eram responsabilizados pela peste, mas eram eles próprios tratados como uma. Maria
Carneiro observa:
Em
diferentes momentos da Idade Média e Moderna, os judeus tiveram sua imagem
identificada com a imagem da doença. Durante o século XIV, por exemplo,
proliferaram por toda a Europa massacres de judeus que, como bodes expiatórios,
eram identificados como culpados pela proliferação da peste bubônica, o mesmo
acontecendo com os cristãos-novos da Península Ibérica durante o século XVI.
Heresia, epidemia e judaísmo eram comumente empregados com o sentido de
malignidade.
A Peste Negra é somente um exemplo dentre tantos outros, lamentavelmente
tão rotineiros. Um dos casos mais famosos ocorreu em 1505, quando “fanáticos católicos, culpando os judeus pelas más
colheitas e por uma epidemia, promoveram uma chacina em Lisboa, matando mais de
3.000 pessoas, inclusive 600 na fogueira. D. Manuel suprimiu a desordem,
executando 50 culpados, sem excetuar dois dominicanos que tinham insuflado a
massa”.
Note que a multidão não chacinou os judeus sem antes ter sido insuflada pelos
padres dominicanos, responsáveis por disseminar entre o povo as difamações
vergonhosas e o discurso de ódio que levava um povo já fanático a cometer as
piores atrocidades.
A demonização dos judeus por parte da Igreja era tanta que o
próprio termo “judeu” passou a ser considerado uma ofensa. Alguém que fosse
chamado de judeu poderia prestar queixa-crime contra o insultador, da mesma
forma que qualquer pessoa que fosse difamada por outra nos dias de hoje.
Como se isso tudo não bastasse, a Igreja ainda fabricava casos para acentuar a
imagem maligna que se tinha dos judeus e rebaixá-los ainda mais diante da
opinião pública. Um deles ocorreu em 1475, quando os pregadores católicos
culparam os judeus pela morte de uma criança, a fim de que todos fossem
igualmente abominados e odiados:
Exemplar
foi o caso de S. Simão. Em 1475, em Trento, o pregador Bernardino da Feltre,
dito “o flagelo dos judeus” por já tê-los expulso de muitas cidades do norte da
Itália, ladrou (expressão dele)
contra os usuários locais anunciando que um acontecimento extraordinário
sobreviria antes da Páscoa. Quando o menino Simone, de pouco mais de dois anos,
desapareceu, sendo depois encontrado afogado, os judeus da cidade foram
detidos, seus bens confiscados antes do estabelecimento da culpa, os homens
torturados até “confessarem” depois de 17 dias de suplício, e executados.
Apenas a judia Brunetta não cedeu às torturas, jurando até o fim inocência.
Esse profundo ódio ao povo de Deus do Antigo Testamento levou os
poetas católicos da época a escrever poesias inteiramente preconceituosas e com
um tom que faria Hitler se revirar do túmulo, ecoando aquilo que mais tarde
seria largamente disseminado pelos nazistas. Gautier de Coincy (1177-1236), por
exemplo, escreveu:
Mais
bestiais que as próprias bestas
São
todos os judeus, não há dúvida.
Deve-se
odiá-los e eu os odeio
E
Deus os odeia, como eu faço.
E
todo mundo deve odiá-los.
Outro poeta católico da época, Konrad von Würzburg (1225-1287),
escrevia:
Que a
desgraça caia sobre os judeus
Covardes,
surdos e malvados,
Que
não se preocupem de livrar-se
Dos
padecimentos do inferno.
Já no século XVI, o poeta católico Pierre de Ronsard (1524-1585) escrevia
as seguintes estrofes:
Não
amo nada os judeus,
Eles
puseram na cruz
Esse
Cristo, esse Messias
Que
nossos pecados apaga (...)
Filho
de Vespasiano, grande Tito,
Faças
destruindo sua cidade,
Destruir
sua raça
Sem
lhes dar tempo,
Nem
momento nem espaço
De
procurar em outra parte
Outro poeta fez circular pela cidade um panfleto onde descrevia os judeus
indo para a fogueira, cuja reação da plateia era:
Agradecemos
a Deus por ver em nossos dias o castigo dessa raça de cães infieis e heréticos.
Elevemos nossas vozes em coro, para agradecer-lhe esse favor; e façamos pilhas
de gravetos para que não falte madeira na hora do holocausto.
Essa exaltação ao holocausto judeu
que precedeu por séculos o de Hitler era fortemente apoiado pela Igreja, na
pessoa de seus principais expoentes. Os dois maiores ícones católicos do século
XIII, “Inocêncio III e S. Tomás de Aquino, culparam
os judeus pela perda do Santo Sepulcro, condenaram-nos à servidão perpétua e
declararam ser direito da Igreja dispor dos seus bens”.
Os judeus eram marginalizados e
tratados como a escória do mundo, com mais desprezo do que pelos próprios
“hereges” protestantes ou pelo mundo árabe. Numa época em que a Igreja ditava
as regras, os costumes e a cultura – incluindo quem deveria ser amado ou odiado
– é natural que até as mentes consideradas mais brilhantes fossem contaminadas
pelo antissemitismo clerical.
Os sermões antissemitas eram tão ofensivos que o rei Pedro IV de
Aragão julgou necessário censurar os pregadores franciscanos e dominicanos de
seu território “por proferirem sermões antijudaicos
tão incendiários que levaram a assassinatos de judeus e à destruição de suas
propriedades”.
O duque de Ferrara também proibiu tais sermões, mas mesmo assim Bernardino “continuou a pregar sua mensagem envenenada, e teve
sucesso ao ocasionar a expulsão dos judeus de Perúgia, Bréscia e Gubbio, assim
como ao inspirar tumultos contra judeus em Florença e em Forli, e o incêndio da
sinagoga de Ravena”.
Richards diz que “onde quer que
estivessem, os frades intrometiam-se na vida religiosa dos judeus, queimando
livros, invadindo sinagogas e utilizando o medo para induzir os judeus à
conversão”.
Diferente da versão narrada pela apologética católica, era o clero que
inflamava as massas e alimentava o ódio, e não massacres surgindo do nada. Como
Nazario escreve, “a doutrina transformou a acusação
política numa assertiva hereditária, como se o não-reconhecimento da divindade
de Cristo e a culpa de sua crucificação fossem maldições magicamente
transmitidas pelo sangue”.
A acusação mais comum e generalizada contra qualquer judeu era a de
“deicídio”, isto é, o crime de “matar Deus”, ainda que os que tivessem
efetivamente crucificado a Cristo já tivessem morrido há mais de um milênio. Novinsky
destaca que “muitos marranos perderam suas vidas
não porque eles secretamente continuaram a sua vida religiosa judaica, ou
expressavam uma fé sincrética, mas porque eles eram judeus, exatamente como
milhares de judeus perderam suas vidas no século XX, não por razões religiosas,
mas simplesmente porque eram judeus”.
Os papas também foram grandes responsáveis pelo aumento e
disseminação do preconceito antissemita, especialmente Inocêncio III (1198-1216),
que tinha um verdadeiro horror à proteção aos judeus dispensada pelos príncipes
seculares. Numa carta violenta dirigida ao conde de Nevers, ele expressa:
Os
judeus, como o fraticida Caim, estão condenados a vagar sobre a terra como
fugitivos e vagabundos, e suas faces devem estar cobertas de vergonha. Eles não
devem, em hipótese alguma, ser protegidos por príncipes cristãos, mas, ao
contrário, condenados à servidão. É portanto desabonador para os príncipes
cristãos receber judeus em suas cidades ou povoados e empregá-los como
usurários, de modo a extorquirem dinheiro dos cristãos.
Em 1442, o papa Eugênio IV declarou que “os
judeus não podem viver entre os cristãos, mas, ao contrário, devem residir entre
si mesmos, separados e segregados dos cristãos, no interior de certas distinções
ou lugares, fora dos quais não poderiam, em nenhuma hipótese, ter a permissão de
possuir casas”.
Isso foi aplicado consistentemente desde então, fomentando o segregacionismo que
seria uma das principais marcas do nazissmo e do racismo moderno. O’Malley
sublinha que “em 1555, o papa Paulo IV criou o
gueto romano e começou a impor algumas das mais severas restrições à liberdade
dos judeus em toda a Itália e a encorajar atrocidades judiciais contra eles no
Estado papal”.
A bula, intitulada Cum nimis
absurdum, é toda ela uma afronta aberta à dignidade dos judeus. O primeiro artigo
é o que institui os guetos, o segundo ordena a destruição de sinagogas e a venda
do terreno a cristãos, o terceiro institui chapéus e outros sinais visíveis que
os judeus deveriam usar para serem distinguidos dos católicos, o quarto proíbe que
tenham empregadas ou enfermeiras cristãs, o quinto exige a guarda do domingo, o
sexto proíbe que judeus acusem cristãos em tribunais, o sétimo proíbe “jogar, comer ou confraternizar com os cristãos”,
o oitavo proíbe seu uso de palavras que não sejam latinas ou italianas, o nono diz
que “devem se limitar ao comércio de trapos, e não podem
negociar grãos, cevada ou qualquer outra mercadoria essencial para o bem-estar humano”,
o décimo proíbe que médicos judeus cuidem de cristãos, e assim por diante.
Como era de se esperar, a bula de Paulo IV sujeitou os judeus a diversas
degradações morais, perdas econômicas severas e restrições à sua liberdade pessoal,
só sendo revogada formalmente mais de três séculos depois, em 1882. Isso não impediu
que seu sucessor Pio IV reforçasse o teor da bula e ordenasse a criação de novos
guetos, e que o papa seguinte, Pio V, promulgasse a bula Romanus Pontifex, onde insiste nas leis discriminatórias e ordena que
os príncipes imponham penas temporais aos judeus que resistirem.
Assim como os papas, os teólogos do mais alto escalão da Igreja
também inflamaram o povo contra os judeus, retratando-os de forma semelhante à
linguagem empregada pelos nazistas no século passado. Pedro o Venerável
(1092-1156), abade de Cluny e tido como um “santo”, vociferou contra os judeus
em seu Tractatus contra Judaeorum
inveteratam duritiem (“Tratado contra a dureza judaica de longa data”), onde declara:
Eu não sei se um judeu pode ser um ser
humano, pois ele não acede nem à razão humana, nem reconhece afirmações
indiscutíveis que são divinas e pertencem à sua própria tradição.
Essa mentalidade deploravelmente preconceituosa fomentada pela Igreja
que questionava até se o judeu era um ser humano levou à criação de leis de cunho
declaradamente racista, que tratava os judeus como uma raça sub-humana. Um dos exemplos
mais marcantes é a proibição de cristãos terem relações sexuais com judeus, os quais
eram igualados às bestas e a outros animais. Assim, o código de leis inglês do século
XIII, Fleta, declarava:
Cristãos
apóstatas, bruxos e outros desta mesma laia devem ser arrastados e queimados. Aqueles
que coabitam com judeus e judias e aqueles que se dedicam à bestialidade e à sodomia
devem ser queimados vivos.
É de se espantar que o “crime” de coabitar com judeus fosse equiparado
com a zoofilia, mas compreensível levando em conta uma sociedade medieval católica
e preconceituosa na qual os judeus não eram tidos como muito mais que bestas em
forma humana. É por isso que o rei João I de Aragão (1387-1395) decretou pena de
morte para quem tivesse relações sexuais com judeus, o mesmo tipo de pena aplicado
a quem fizesse sexo com animais. Os
cristãos não podiam se “contaminar” relacionando-se com judeus, e por essa razão
até mesmo os prostíbulos os judeus eram proibidos de frequentar.
Essas medidas contra os judeus eram um reflexo do que se passava nos
concílios ecumênicos que exerciam autoridade sobre todo o mundo católico, e que
até hoje são tidos como infalíveis pelos católicos romanos. Algumas dessas
medidas claramente xenofóbicas estão presentes no Concílio de Florença
(1431-1445), que assim prescreve:
Além
disso, renovamos os cânones sagrados, que ordenam os bispos diocesanos e os
poderes seculares a proibir em todos os sentidos judeus e outros infiéis de ter
cristãos, homens ou mulheres, em suas famílias prestando serviços, ou como
enfermeiros de seus filhos, e os cristãos de entrar com eles em festas,
casamentos, banquetes ou banhos, ou em muita conversa, ou em tomá-los como
médicos ou agentes de casamentos ou mediadores nomeados oficialmente de outros
contratos. A eles não devem ser dadas outras repartições públicas, ou admitidos
a quaisquer graus acadêmicos. Eles estão proibidos de comprar livros
eclesiásticos, cálices, cruzes e outros ornamentos de igrejas, sob pena da perda
do objeto, ou a aceitá-los em penhor, sob pena de perda do dinheiro que
emprestou. Eles estão obrigados, sob severas penas, de usar algum vestuário em
que possam ser claramente distinguidos dos cristãos. A fim de evitar relações
sexuais mútuas, eles devem habitar em áreas distantes, nas cidades e vilas que
estão para além das residências dos cristãos e o mais distante possível de
igrejas. Nos domingos e outras festas solenes que não se atrevam a abrir suas
lojas ou trabalhar em público.
Associando-os ao diabo, o Concílio de Béziers (1246) afirmou que
era preferível a morte do que ser tratado por médicos judeus, “pois é melhor morrer do que dever sua vida a um judeu”.
E da mesma forma que o Concílio de Florença (1431-1445), o quarto Concílio de
Latrão (1215) decretou que os judeus “deveriam usar
uma identificação especial. Os cristãos ficaram proibidos de fazer qualquer
tipo de negócio com eles. Com o tempo, isso levaria à criação dos guetos”.
Essa “identificação especial” consistia em “distintivos
amarelos (tragicamente revivificados na era nazista) para serem facilmente
identificados e, assim, socialmente separados”.
Paul Johnson também disserta:
Foi
introduzida uma nova doutrina do pecado original, ainda mais não-cristã por não
poder ser eliminado pelo batismo; os mantos cor de açafrão usados pelos
condenados (a grande maioria dos quais era composta por judeus) tinham de ser
pendurados nas igrejas como uma censura perene a seus descendentes – lei
observada até o final do século XVIII.
Diante do que vemos nestes concílios considerados infalíveis pela
Igreja Romana, devemos perguntar honestamente: de onde vinha o incentivo ao
preconceito e à discriminação aos judeus? A resposta é óbvia: da própria
Igreja. O câncer vinha de cima, e contaminava as massas de uma maneira que
dificilmente seria possível sem todo o envolvimento e apoio do aparato
eclesiástico. Era a própria Igreja que criava o ambiente de intolerância que
dava margem aos atos mais brutais e hostis contra a vida humana, especialmente
a vida dos judeus.
Concílio após concílio, a Igreja impunha restrições aos direitos
civis dos judeus que se igualavam em tudo às medidas tomadas pelo Partido
Nazista quando esteve no poder. A tabela a seguir sumariza algumas dessas
medidas:
Sínodo
|
Catolicismo
|
Nazismo
|
Sínodo
de Elvira (306)
|
Proibição
de casamentos e relações sexuais entre cristãos e judeus e proibição aos
judeus de comerem junto com cristãos.
|
Em
15 de setembro de 1935:
O
nazismo fez o mesmo, criando a lei de proteção ao sangue e honra dos alemães.
|
Sínodo
de Clermont (535)
|
Exclusão
dos judeus de todas as funções públicas.
|
7
de abril de 1933:
O
nazismo fez o mesmo, criando a lei para a restauração do serviço público
profissional.
|
Sínodo
de Orleans (538)
|
Proibição
aos judeus de terem empregados cristãos.
|
15
de setembro de 1935:
O
nazismo fez o mesmo, com sua Lei para a Proteção do Sangue Alemão e Honra
Alemã.
|
Sínodo
de Orleans (538)
|
Proibição
aos judeus de aparecerem nas ruas durante a Semana Santa.
|
03
de dezembro de 1938:
O
nazismo fez o mesmo, com um decreto que autorizava as autoridades locais
proibirem os judeus de aparecem nas ruas durante certos feriados.
|
XII
Concilio de Toledo (681)
|
Destruição
do Talmude e outros livros judaicos.
|
Os
nazistas fizeram o mesmo em toda a Alemanha.
|
Sínodo
de Trulanic (692)
|
Proibição
aos cristãos de se tratarem com médicos judeus.
|
25
de julho de 1938:
Cria-se
um decreto nazista estabelecendo o mesmo.
|
Sínodo
de Narbonne (1050)
|
Proibição
aos cristãos de conviverem com famílias judias.
|
28
de dezembro de 1938:
O
nazismo faz o mesmo, criando a Diretiva de Goering, proibindo a concentração
de judeus em casas residenciais arianas.
|
Sínodo
de Szabolcs (1092)
|
Proibição
de trabalhar aos domingos
|
Idem.
|
Terceiro
Concilio de Latrão (1179)
|
Proíbe
judeus de deporem contra cristãos em tribunais.
|
9
de setembro de 1942:
O
nazismo faz o mesmo, com a Proposta de Chancelaria do Reich, impedindo os
judeus de executarem ações civis na Justiça.
|
Terceiro
Concílio de Latrão (1179)
|
Judeus
são proibidos de receber herança de cristãos.
|
31
de Julho de 1938:
Novamente,
o nazismo toma a mesma medida, criando um decreto que permite ao Ministério
da Justiça substituir as vontades que ofendem o "bom senso das
pessoas".
|
Quarto
Concílio de Latrão (1215)
|
Estabelece
o uso obrigatório de um símbolo a ser usado pelos judeus em sua vestimenta
como marca de identificação.
|
1
de setembro de 1941:
O
nazismo faz o mesmo.
|
Concilio
de Oxford (1222)
|
Proibição
de construir novas sinagogas.
|
Idem.
|
Sínodo
de Viena (1267)
|
Proibição
a cristãos de assistirem as cerimônias judias.
Proibição
aos judeus de discutir doutrinas da religião cristã com cristãos do povo.
|
24
de outubro de 1941:
O
nazismo faz o mesmo, proibindo os arianos de manterem quaisquer relações
amistosas com os judeus.
|
Sínodo
de Breslau (1267)
|
Se
estabelece o confinamento de judeus em guetos obrigatórios.
|
21
de setembro de 1939:
Inicia-se
a Ordem de Heydrich, definindo o aprisionamento de judeus em guetos.
|
Sínodo
do Ofen (1279)
|
Proibição
aos cristãos de venderem ou alugarem bens imobiliários a judeus.
|
Idem.
|
Sínodo
de Lavour (1368)
|
Proibição
de vender ou transferir aos judeus objetos pertencentes à Igreja.
|
Proibição
de vender ou transferir aos judeus objetos pertencentes ao estado nazista.
|
Concílio
de Basileia (1434)
|
Proibição
a judeus de agirem como intermediários em transações comerciais, imobiliárias
ou contratos de casamentos.
|
Idem.
|
Concílio
de Basileia (1434)
|
Proibição
de dar títulos acadêmicos a judeus.
|
25
de Abril de 1933:
O
mesmo faz o nazismo, retirando os judeus de todas as escolas e universidades.
|
Fonte: HILBERG, Raul. A Destruição dos Judeus Europeus. São Paulo: Amarilys, 2016.
A Igreja Católica não perdia em nada para os nazistas do século XX,
exceto pelo fato de que os nazistas possuíam métodos e tecnologia moderna para
matar judeus em maior escala, o que não era vantajoso e nem mesmo possível para
os católicos de séculos passados. Porém, o discurso
por detrás dos assassinatos era o mesmo. A mesma técnica de demonização, o
mesmo bode expiatório de todos os males, o mesmo pretexto do sangue impuro, o
mesmo ódio para uma raça considerada sub-humana.
Lopez diz que “nem a pouca idade
atenuava a brutalidade: em Wurzburg, foram executados dois meninos e duas
meninas de 11 e 12 anos que tinham confessado, sob tortura, sua participação na
sinagoga de Satanás” .
O autor resume alguns dos massacres aos judeus perpetrados por católicos na
Idade Média – mas apenas alguns, porque uma lista completa esgotaria o escopo
de páginas deste livro:
Ao
longo da Idade Média, foram diversas as perseguições a judeus. Em Norwich, na
Inglaterra, em 1144; em Blois, na França, com 38 queimados na fogueira, em
1171; em Bray-sur-Seine, também na França, em 1191; em Wurzburg, no
Sacro-império, em 1147; em Munique, também no Sacro-Império, com vários judeus
queimados numa sinagoga, em 1285; em Baden, ainda no Sacro-Império, com 330
judeus encarcerados numa casa e queimados, em 1331. Na fase da Peste Negra, que
começou em 1337, muitos judeus foram chacinados em diversas cidades europeias,
sob a acusação de conluio com Satanás – Colônia, Frankfurt, Colmar, Worms,
Basileia, Narbonne, Carcassonne e Estrasburgo, onde os mortos chegaram a 2.000.
No séc. XVI, nas regiões calvinistas e nos países anglo-saxões, adotou-se uma
política de tolerância em relação aos judeus, os quais, inclusive, se tornaram
um dos temas preferenciais da arte de Rembrandt. A tolerância calvinista era
resultado da afinidade ideológica, já que eles valorizavam, de um modo muito
especial, o Velho Testamento.
Lins acrescenta:
Manifestou-se,
demais, de maneira ruidosa, o entusiasmo dos ingleses por tremenda perseguição
aos seus algozes, suicidando-se. Em York, mataram-se, por suas próprias mãos,
nada menos que quinhentos. O chefe da família tomava de um punhal, e, depois de
matar a esposa e os filhos, suicidava-se, afim de evitar os suplícios a que o
povo, exacerbado, submetia os israelitas – conta o abade Fleury, o qual
registra ainda haverem os cristãos queimado arquivos e papeis dos judeus para
se livrarem de suas dívidas.
Blainey destaca que “em menos de um
século, os judeus perderam seu direito de casar-se com cristãos, a não ser que
mudassem de religião, e perderam seu direito de servir o exército. Não podiam
tentar converter outras pessoas à sua religião; em vários lugares, as multidões
destruíam sinagogas”.
A difamação contra os judeus também se refletia na iconografia medieval, que os
retratava como excremento. Assim, “a imagem do Judensau (‘porco judeu’) do século XIII,
que retratava os judeus mamando nas tetas de uma porca, incluía adicionalmente,
por volta do século XV, judeus postados no traseiro do animal comendo e bebendo
excremento”.
Na Espanha, onde os judeus mais sofreram, eram chamados de “marranos”, que
significava “porco”, em espanhol.
Richards também escreve:
Na
Idade Média, o bode, símbolo de devassidão, era retratado como o animal
favorito do diabo, e os judeus eram comumente representados montados sobre
bodes. Assim como o diabo tinha um cheiro característico de enxofre, também os
judeus, acreditava-se, emitiam um odor desagradável e característico (foetor judaicus), em oposição aos santos
e homens santos que emitiam o “odor de santidade”. O foetor judaicus só podia ser removido através do batismo cristão.
E o mais surpreendente ainda está por vir:
Pensava-se
que todos os judeus eram adeptos do uso de venenos. O judeu como envenenador
era uma figura familiar na literatura e nas lendas, culminando com o Barrabás
de Christopher Marlowe em O judeu de
Malta (c. 1592). A frequentemente reiterada legislação secular e
eclesiástica que proibia os cristãos de comprar carne e outros alimentos dos
judeus era motivada em parte pela suspeita de que pudessem estar envenenados,
como afirmaram explicitamente os concílios de Viena e Breslau, em 1261, e os
estatutos de Valladolid de 1412. Uma suspeita popular presumia que os judeus
obrigavam suas crianças a urinar sobre a carne antes de vendê-la para cristãos.
O medo do envenenamento era parte de um crescente e mais generalizado horror à
poluição. Passou-se a pensar que tudo em que os judeus tocavam estava
contaminado e, já no século XIV, este sentimento chegou a um ponto em que as
cidades de Avinhão e Bolzano decretaram que os judeus deveriam comprar tudo
aquilo que tocavam.
Lindberg ressalta que “o poder de tais
imagens visuais afetava a conduta. Os judeus eram massacrados aos milhares em pogroms e foram expulsos
indiscriminadamente da Inglaterra (1290), da França (1306), da Espanha (1492) e
de Portugal (1497)”.
Poucos anos antes da expulsão na Espanha os judeus eram executados em massa,
com Bleye apontando que em apenas um único mês (Novembro de 1481) “os condenados a morrer na fogueira eram já 298, apenas
em Sevilha”.
Considerando aquele ano inteiro, ele afirma que “foram
queimadas vivas umas duas mil pessoas; outras tantas foram queimadas em estátua
por ter morrido ou fugido, e dezessete mil sofreram penas mais ou menos graves”.
Richards complementa:
Dada
a situação geral de alimentos estragados, de águas contaminadas e de higiene
deficiente, situação essa exacerbada pela fome e pela escassez, não é de se
estranhar que ocorressem ondas de histeria que atribuíssem as epidemias locais
ao envenenamento das fontes de água. As acusações surgiram de pronto. Vinte e
sete judeus foram executados por envenenamento das nascentes em Troppau, na
Boêmia, em 1163. Acusações semelhantes foram feitas em Breslau em 1226 e em
Viena em 1267. Houve um caso espetacular em 1321, quando os judeus foram
acusados de cooperar com leprosos e muçulmanos numa conspiração para envenenar
todos os poços da França. Isto aconteceu num contexto de fome prolongada e
devastação causada pela “Cruzada dos Pastores”, cujos participantes tinham
destruído 120 comunidades judaicas em seu avanço violento através da França. A
“Conspiração dos Leprosos” levou o Parlamento de Paris a exigir dos judeus uma
gigantesca multa de 150 livres, judeus
esses que foram subsequentemente expulsos em massa pelo rei Carlos IV, mas não
antes que 160 deles tivessem sido queimados em Chinon e 40 cometido suicídio na
Champagne.
Nem a situação dos judeus convertidos era mais confortante.
Chamados de “porcos” na Espanha, eles eram “fiscalizados
rigorosamente, com o objetivo de descobrir se não seguiam às ocultas sua antiga
religião, praticando atos como vestir roupa lavada aos sábados, dar nomes
judaicos aos filhos, comer carne na Quaresma, comer pão ázimo, etc”.
Além de serem retratados como excrementos e porcos, os judeus também eram alvos
da tradição da colafização, que consistia
em esbofetear um judeu, na Sexta-Feira Santa, diante da catedral.
Nem seus filhos eram poupados: os judeus tinham seus filhos ainda crianças
arrancados à força da guarda dos pais e levados para casais católicos para
serem educados na doutrina católica.
Melo alega que “os judeus tinham que
professar a fé católica, muitas vezes, batizados à força, caso não quisessem
morrer”.
Por incrível que pareça, essa prática perdurou por muito mais tempo depois da
Idade Média e Moderna. Em finais do século XIX, o mundo ficou assombrado com a
história de Edgardo Mortara, um menino judeu tirado à força de seus pais pelas
autoridades dos Estados Pontíficios quando ainda tinha 6 anos, sendo adotado
pelo papa Pio IX, que o enviou a uma escola católica para ser doutrinado como
católico. A justificativa? Mortara teria sido batizado às pressas por uma
empregada doméstica durante uma grave doença, o que automaticamente transformava
a criança em católica e legitimava esse ato horrendo, uma vez que nos Estados
Pontíficios (governados pelo próprio papa) era proibido que não-católicos
criassem crianças católicas.
Seus pais lutaram, em vão, por sua libertação, durante nada a menos
que doze anos. Suas tentativas foram sistematicamente frustradas devido à firme
oposição de Pio IX, o que não impediu este papa de ser beatificado em 2000,
fazendo dele um “santo”. O “caso Mortara” chocou a opinião pública de sua
época; afinal, estamos falando de finais do século XIX, quando a sociedade já
não era mais tão ferrenhamente católica como outrora. Mas na sociedade medieval
isso não apenas era rotineiro como encorajado, devido aos judeus serem “porcos”
e “excrementos” que crucificaram a Cristo mais de mil anos antes.
Mesmo quando raramente surgia um padre mais esclarecido e
tolerante, como o brilhante padre Antônio Vieira, a reação da Igreja era de
oposição e perseguição pelas estranhas e inaceitáveis tendências de tolerância.
Foi por isso que o padre Vieira foi preso pela Inquisição em 1663, acusado de “simpatia pela sorte dos judeus convertidos”.
Se até o padre que defendia os judeus era
perseguido, imagine o que eles não faziam com os próprios judeus. Não à toa Paul Johnson diz que o Egito –
dominado pelos muçulmanos – era um local mais seguro para os judeus do que a
Cristandade ocidental católica.
• Expulsão (e morte) de
judeus e mouros
Um dos casos mais famosos de demonização dos judeus ocorreu em
1492, quando os inquisidores falsificaram um “crime ritual” envolvendo um certo
Santo Niño de la Guardia, “evento que causou tal
comoção que, no dia 31 de março de 1492, os reis católicos decretaram a
expulsão de todos os judeus dos reinos da Espanha ‘para que jamais
retornassem’”.
Baigent e Leigh afirmam que esta foi a “fabricação
mais crassa que qualquer outra perpretada em nosso século por Hitler ou Stalin”.
Um pretexto armado para que os judeus fossem culpados, execrados e expulsos de
suas próprias casas.
Bleye escreve:
[Os
judeus] eram algo estranho, que podia ser eliminado quando se quisesse. O povo
cristão não estimava aos judeus; a lei se ocupava neles quase exclusivamente
para fixar suas incapacidades civis, para marcar e aprofundar a separação entre
eles e os cristãos. E chegou, enfim, a lei inevitável, a de sua expulsão, que
não foi a Espanha o único Estado a decretar.
Cantú diz que os judeus tentaram convencer os reis católicos a
mudar de opinião oferecendo-lhes quantia em dinheiro, mas a Igreja os convenceu
a seguir em frente com o intento maligno:
Os judeus
procuraram desviar o golpe, oferecendo pagarem trinta mil ducados para as
despesas da guerra e submeterem-se a todas as ordens, que quisessem impor-lhes.
O rei e a rainha não estavam muito longe de cederem a estas propostas, quando o
inquisidor-geral Torquemada se lhes apresentou com um crucifixo na mão, e lhes
disse: “Judas vendeu Nosso Senhor por trinta moedas; quererão vossas altezas
vende-lo agora novamente por trinta mil ducados?”. Decretou-se, portanto
(1492), que os judeus receberiam o batismo, ou seriam obrigados a saírem do
reino, no prazo de três meses, sob pena de morte e do confisco dos bens, tanto
para eles como para os cristãos que lhes dessem asilo.
Assim, em 31 de março de 1492, os reis católicos promulgam um édito
“cujas cláusulas, rigorosas e claras, obrigavam a
todos os judeus residentes nas terras dos reis a se batizarem ou saírem da
Espanha em até quatro meses. A ordem se cumpriu com grande rigor”.
Diferente do que você pode estar propenso a pensar, o édito não continha
exceções. “Sem distinção de sexo, idade e nem
estado”,
os judeus eram expulsos da Espanha e proibidos de voltar sob qualquer pretexto.
Os católicos que eventualmente quisessem demonstrar misericórdia e conceder
abrigo aos judeus (como muitos alemães fizeram na época do nazismo) seriam
punidos.
Como consequência deste édito maquiavélico instigado pela Igreja
Romana e levado a cabo pelas autoridades católicas, cerca de 500 mil judeus
escolheram se converter à força para não serem expulsos (os quais passaram a ser
alvos constantes da Inquisição e executados aos montões), e outros 200 mil
partiram.
E essa cifra ainda é a estimativa baixa, pois
os escritores da época estimavam pelo menos o dobro disso. O bispo espanhol
Diego de Simancas (m. 1583), por exemplo, disse que foram 400 mil,
o erudito português Immanuel Aboab (1555-1628) estimou em 420 mil, o
capelão do rei espanhol Pedro Fernández de Navarrete (1564-1632) alegou terem
sido 600 mil,
e o padre jesuíta e historiador Juan de Mariana (1536-1624) sustentou a cifra
de 800 mil,
o mesmo que diz Llorente.
Cantú diz que mais de 150 mil desses judeus expulsos da Espanha
foram para a África, enquanto outros atravessaram os Pireneus para se dirigirem
aos portos da Guiana e do Languedoc. Ele
acrescenta:
Os
soberanos da Espanha insistiam para que o seu exemplo fosse imitado; os patrões
das barcas, com quem os judeus ajustavam a sua passagem, tornavam-se cada vez
mais exigentes: depois de lhes terem extorquido grossas somas, conservavam-nos
presos nos seus navios, até que lhes pagavam enormes resgates; ou também
roubavam-lhes suas mulheres e filhos para os batizarem.
Os judeus que se dirigiram à vizinha Portugal sob a promessa de
proteção de Dom João II (que exigiu o pagamento de oito escudos por cabeça) não
tiveram uma sorte melhor, pois seu sucessor, Dom Manuel, revogou a promessa de
seu antecessor e também os obrigou a sair do país “com
tudo o que possuíam, sob pena de ficarem escravos”.
Não satisfeito com isso, ele mandou arrancar os filhos pequenos de suas mães e
ainda proibiu que embarcassem para a África, forçando-lhes a traçar um caminho
mais longo que resultaria na morte de muitos deles, e na escravização daqueles
que se recusaram a partir:
A fim
de salvar essas almas do inferno, mandou-lhes tirar os filhos de menos de
catorze anos, para os mandar educar na religião cristã. Imagine-se o desespero
das mães! (...) Depois o rei impediu esses infelizes de embarcarem para a
África, onde esperavam encontrar nos muçulmanos a tranquilidade que lhes
recusavam os cristãos. (...) Um certo número dentre eles desembarcou na Itália,
e alguns foram vistos morrerem de fome junto do molhe de Gênova, único canto da
terra onde quiseram recebê-los. Os que deixaram terminar o prazo fixo para a
partida foram feitos escravos.
Mas engana-se quem pensa que os reis católicos com o incentivo da
Igreja expulsaram os judeus da Espanha e de Portugal somente uma vez no final
do século XV. Na verdade, foram várias expulsões e exílios forçados desde
Fernando (1492) até Filipe IV (1665), cuja quantidade de judeus deportados é
calculada em três milhões por Cantú,
mesma cifra alegada pelo capelão do rei, Fernández de Navarrete.
Bleye diz que “não é de se estranhar que em
Andaluzia ficassem mais de quatro mil casas vazias, abandonadas pelos judeus
que escapavam com suas mulheres e seus filhos. Disseram à rainha que a
emigração de gentes tão ativas fazia decair o comércio e diminuía as rendas reais.
Mas as súplicas para que a evitasse não a fizeram mudar de propósito”.
Um fato que chama a atenção é que esse exemplo extremo de
intolerância não foi seguido nem pelos muçulmanos, quando governavam a Espanha.
Até a Reconquista, que se consumou em 1492, os territórios muçulmanos da
Espanha permitiam a presença de cristãos, judeus e muçulmanos dividindo a mesma
terra, sem criar nenhum aparato de perseguição sistemática análogo à Inquisição
católica, e sem jamais ter expulsado os judeus de suas casas. Essa é a razão
pela qual havia tantos judeus (provavelmente na faixa dos milhões) na época em
que os reis católicos os expulsaram de Espanha e Portugal. Essa política de
tolerância foi radicalmente subvertida quando os católicos reconquistaram a
península, não demorando em expulsar os judeus do território e em estabelecer o
Santo Ofício para vigiar, julgar e executar os judeus conversos.
Até mesmo os muçulmanos (chamados de “mouros” na Espanha católica),
que toleraram a presença de súditos católicos quando estiveram no poder, foram
expulsos dali por ocasião da Reconquista, como conta Bleye:
Os
soberanos medievais espanhois eram reis de “homens das três religiões”:
cristãos, muçulmanos e judeus. Dona Isabel e Dom Fernando começaram também a
reinar sobre gentes dessas três religiões. Os muçulmanos, súditos de Aragão, se
chamavam mouros (...) Mas obedecendo a um novo espírito de fervor cristão,
despertado pela Reconquista, obrigaram a se batizarem todos os muçulmanos que
viviam no recém conquistado reino de Granada e nos antigos domínios de Castilha
e Leão (Sevilla, 14 de fevereiro de 1502). Os que não se batizaram, e tinham 14
anos ou mais, deviam sair da Espanha.
Assim, a Espanha, outrora tolerante para com a diversidade de
religiões, mudava radicalmente seus trilhos ao ser reconquistada pelos
católicos, que só aceitavam a presença de uma religião: a deles. Judeus e
mouros foram expulsos antes do final do século XV, e o protestantismo emergente
nas décadas seguintes foi rapidamente liquidado através do extermínio sumário
de protestantes.
Os mouros que não foram expulsos em 1496 e em 1502 foram definitivamente
expulsos por Filipe III (1578-1621).
Cantú revela detalhes do que aconteceu:
Filipe
III, ou antes o duque de Lerme, decretou a expulsão dos mouros (1609).
Dezesseis galeras de Gênova, dezessete de Nápoles e nove de Sicília vieram, com
tropas italianas, para levar a bordo todos os mouros que existiam na Espanha.
Tiveram ordem de só levarem o dinheiro e o ouro necessário à sua viagem.
Puderam também levar o produto dos seus bens vendidos, porém em gêneros do
país. Foi-lhes necessário deixarem os seus filhos de menos de quatro anos, as
mulheres mouras casadas com cristãos.
Só nessa última expulsão, foram 500 mil mouros que tiveram que
deixar o país,
na estimativa mais baixa.
A consequência imediata e visível da expulsão “foi
que a Espanha perdeu uma porção considerável e laboriosa de sua população, já
então escassa”.
Nem mesmo as grandes somas em dinheiro e propriedades do que foi roubado de
judeus e mouros com as expulsões foi capaz de compensar isso, o que ajudou a
empobrecer e apequenar uma nação que outrora rivilizava com a França pela
soberania da Europa.
A circunstância da expulsão dos mouros foi ainda mais desumana que
a dos judeus, pois tiveram apenas três dias para sumir do país, e não os três
meses dados aos judeus. Como consequência, os mouros, em geral já pobres,
tiveram que fugir às pressas para o desconhecido – sem avião, sem ônibus, sem
carro ou ao menos uma bicicleta –, no que resultou na morte de ¾ deles pela
fome e miséria,
o que significa que aproximadamente 375 mil mouros pereceram em função do
decreto imperial. Embora esteja longe de ser o único caso de genocídio
perpetrado pelos católicos espanhois, era o único em que eles nem mesmo
precisaram do uso da espada diretamente. E este número sequer inclui os judeus
que pereceram da mesma forma.
Esse massacre silencioso e covarde de centenas de milhares de
judeus e mouros (incluindo principalmente crianças pequenas, mulheres e idosos,
que pereciam mais rápido devido à sua fragilidade) jamais foi alvo do repúdio
papal na época dos acontecimentos. Muito pelo contrário: o papa Sisto IV
expressamente autorizou a nomeação de inquisidores em 1º de novembro de 1478 “a fim de que se descobrissem e extirpassem a heresia em
todos os seus reinos”,
o inquisidor-geral Torquemada convenceu os reis a seguirem em frente com o
plano quando estavam hesitantes,
e o papa Alexandre VI (1492-1503), pouco depois do édito da expulsão dos
judeus, fez questão de outorgar aos reis espanhois Fernando e Isabel o honroso
título de “Reis católicos”, que jamais foi revogado.
Os reis católicos Fernando
e Isabel não receberam este título à toa: eles eram tidos pela Cúria romana
como um modelo de monarca católico ideal, porque a política dos reis católicos
no campo religioso expressava exatamente as ambições da Santa Sé. Perseguições
sistemáticas, execuções em massa e expulsões desumanas que resultavam na morte
de centenas de milhares de civis inocentes faziam da Espanha a “nação mais devotamente católica e poderosa da Europa”,
nas palavras dos historiadores católicos Price e Collins. O papa pôde ter
excomungado Henrique VIII por causa de um divórcio, mas não fez nada contra os
reis espanhois responsáveis pelo massacre sumário de centenas de milhares de
vidas, além de enaltecê-los e premiá-los por essa conduta.
Lastimavelmente, a Espanha esteve longe de ser o único país
católico a expulsar os judeus de seu território – atitude essa, diga-se de
passagem, jamais exigida pelos países protestantes –, sendo Inglaterra (1290),
França (1306, 1394, 1615) e Portugal (1496) exemplos de países católicos e leais
ao papa que fizeram o mesmo.
As justificativas para o confisco (roubo) dos bens dos judeus e sua expulsão
estavam sempre baseadas no “autoritarismo que
explorou o ódio social, racial e religioso”,
instigado pelo fanatismo católico e estimulado pelo papado. Nas palavras de um
exilado espanhol, “nosso país é uma terra de
orgulho e inveja e, pode-se acrescentar, barbárie; lá, não se pode produzir
qualquer cultura sem se tornar suspeito de heresia, erro e judaísmo. Desse
modo, impôs-se silêncio aos cultos”.
• Limpeza de sangue
“Mathias Ayres é limpo de sangue, de geração sem raça, fama, ascendência
ou a mais tênue nódoa de sangue infecto de judeu, mouro, negro ou índio”. Se
você está pensando que essa assertiva foi feita por algum nazista no século
passado, está bem enganado. Foi feita em 1743, pelo pai de Mathias, que
intercedeu pelo seu filho junto à Inquisição garantindo-lhe provas de “limpeza
de sangue”. Não bastasse serem alvos da Inquisição, dos concílios e de
massacres sumários, os judeus nos países mais fortemente católicos como Espanha
e Portugal também sofriam o mesmo tipo de discriminação racista que se tornou
comum na Alemanha nazista e que resultou no extermínio de milhões deles.
O historiador espanhol Pedro Aguado Bleye diz que “essas perseguições e o estabelecimento da prova de
‘limpeza de sangue’, para impedir o acesso a cargos públicos e a entrada no
clero dos que tivessem em sua ascendência maometanos ou judeus, tornou difícil
a vida dos conversos, muitos dos quais emigraram da Espanha”.
Quando a Espanha expulsou os judeus que se recusaram a se converter, a
Inquisição passou a direcionar sua atenção para aqueles “convertidos” à força,
que se tornaram católicos para não serem expulsos. Era preciso vigiá-los com
cuidado, para garantir que não estavam praticando seu velho Judaísmo em
segredo.
Mas certificar-se de que eram bons católicos não era o suficiente,
porque supostamente tinham sangue infecto
devido ao fato de serem judeus ou de terem ascendência judaica, “infecção”
essa que se transmitia adiante pelas gerações e os tornava inferiores aos
demais católicos, indignos dos mesmos direitos civis ou de ocupar cargos no
Estado ou na Igreja. Bethencourt alega que “os
reconciliados dos ‘crimes’ de heresia, bem como os respectivos filhos e netos,
são excluídos dos cargos públicos e das funções de médicos ou boticários pelas
cédulas reais de 1501 e de 1528, que encarregam o ‘Santo Ofício’ de controlar a
execução dessas disposições”.
Novinsky acrescenta:
A
Inquisição portuguesa, assim como a espanhola, foi uma instituição racista. Era
preciso encontrar o herege, e para isso se buscou a origem étnica dos
portugueses até a sétima, oitava, nona geração. Judeus, mouros, índios, negros,
mulatos, ciganos, eram excluídos por lei dos serviços públicos, da Igreja, das
ordens religiosas, dos estudos superiores.
O processo que decidia se o candidato a uma vaga como funcionário
público, estudante na universidade ou clérigo tinha sangue puro ou impuro era
longo e cansativo, para não dar margens à possibilidade de alguém com “sangue
infecto” ocupar um lugar do qual só os católicos de “sangue puro” eram
merecedores. A este respeito, Bethencourt escreve:
A
investidura dos funcionários e familiares nas Inquisições hispânicas é
precedida por um processo de habilitação que torna mais distintiva a pertença
ao tribunal. O inquérito devia ser feito até a terceira geração, sendo
necessário interrogar um mínimo de doze testemunhas entre as pessoas mais velhas
e mais prestigiadas das cidades, vilas e aldeias onde tinham residido os
antepassados do candidato ao posto (...) Certos processos de habilitação
atingem centenas de fólios, justamente porque era necessário estabelecer “sem
falhas” a pureza de sangue do candidato – o número de testemunhas interrogadas
podia aumentar extraordinariamente nos casos mais complicados, o que
sobrecarregava os custos do processo (...) A pureza de sangue era um elemento
suplementar de distinção social que vinha se juntar ao sistema tradicional da
linhagem e da nobreza de nascimento.
Nazario também ressalta:
Desde
a introdução dos Estatutos da Limpeza do Sangue, a perseguição aos
cristãos-novos passou a dar-se sobre bases racistas. Por esses estatutos, os
réus eram qualificados segundo a quantidade de sangue judaico que possuíam nas
veias, presumindo-se a heresia proporcional a essa porcentagem. O cristão-velho
de quatro costados ou de todos os costados era o cristão de “sangue puro”. O de
dois costados já estava 50% “contaminado de heresia”, e assim por diante. Os
Estatutos foram adotados pela Coroa, pela Igreja, pelas Ordens Militares e
reconhecidos por todas as camadas sociais.
Os “cristãos-velhos” eram aqueles católicos que não tinham
ascendência judaica (eram católicos de “sangue puro”), enquanto os
“cristãos-novos” eram aqueles católicos que descendiam de judeus convertidos,
mas que continuavam com “sangue impuro” devido à sua ascendência judaica. A
estes era proibida até mesmo a moradia em certos lugares, como a província de
Guipúzcoa, que fez um estatuto proibindo morar ou casar-se nela os que vinham
de famílias judias.
Nas Índias de Castela, a legislação proibia até que os descendentes
de judeus viessem ao Novo Mundo ou mesmo que participassem dos tratos
comerciais a ele relacionados.
Gorenstein acrescenta que “havia a
necessidade de ser ‘limpo de sangue’ para sobreviver sem sobressaltos. Aqueles
que tivessem qualquer parte de ‘sangue infecto’, de ‘sangue judeu’ estavam
sujeitos a qualquer momento a serem presos e enviados a Lisboa para serem
julgados pelo crime de heresia judaica”.
Essa realidade ainda mais sombria da Inquisição é tão incontestável e notória
que até João Bernardino Gonzaga, o apologista católico defensor da Inquisição,
é obrigado a confessar:
A “limpeza
de sangue” passou a ser exigida para a obtenção de postos de relevo na administração
pública, civil e militar, bem como no mundo universitário e no âmbito
eclesiástico. Várias disposições da legislação civil assim dispunham, embora na
prática nem sempre fossem obedecidas. A proibição apresentou-se também como
pena acessória, transpessoal, decorrente das condenações impostas pelo Santo
Ofício. Consoante seu Regimento de 1640, o filho e o neto de um condenado pela
Inquisição ficavam impedidos de serem juiz, meirinho, notário, escrivão,
procurador, feitor, almoxarife, médico, boticário, etc., etc.
Carneiro assinala que “do século XV ao
XIX, o discurso acusatório fez uso de vocábulos teológicos para justificar a
exclusão social dos ‘infames pelo sangue’”.
Ou seja, a Igreja precisava de um pretexto teológico para justificar essa vergonhosa
prática discriminatória e racista, o que explica as pregações preconceituosas e
antissemitas dos padres, que inflamavam as multidões, criando e acumulando ódio
aos judeus – o qual, lamentavelmente, continua em certo grau até os nossos
dias.
Os múltiplos estatutos de pureza de sangue que “bloquearam a
promoção social dos cristãos-novos e os marginalizaram”
não foram abolidos senão em pleno ano de 1865, ou seja, há apenas um século e
meio.
Até essa época os descendentes de judeus continuavam a ser perseguidos pela
Inquisição, a qual “participou ativamente nos processos de exclusão
de grupos sociais, contribuindo fortemente para a consolidação dos preconceitos
de ‘limpeza de sangue’”. Para isso a Inquisição contou com o
apoio da própria Igreja, que “durante séculos
interessou-se pela preservação do mito da pureza de sangue: a prática da
exclusão pela infâmia lhe rendia gordos dividendos”.
Na península ibérica, “o sangue passou a ser a
explicação para a superioridade de uns e a inferioridade de outros”.
Friedman sustenta que o antissemitismo moderno provém dos estatutos
de pureza de sangue instituídos pela Inquisição, que “sustentavam
que o sangue judeu degenerado era inacessível para o batismo e a graça... a
condição de judeu, então, não era uma declaração de fé nem mesmo uma série da
práticas étnicas, mas uma consideração biológica”.
Nazario também acredita que a Igreja Romana através de seu principal mecanismo
de caça aos hereges “prefigurou a política
biológica do nazismo”.
A própria terminologia nazista se aproximava da católica, pois ambos exigiam a
“pureza de sangue” e a morte do judeu como uma medida de “higiene social”,
com a diferença de que os nazistas matavam rápido em câmaras de gás, e a Igreja
a fogo lento nos autos-da-fé.
Bethencourt considera “inegável que as
Inquisições hispânicas desempenharam um papel decisivo na reprodução e
ampliação das exclusões sociais sob o argumento da impureza de sangue”,
enquanto Baigent e Leigh destacam que os católicos ibéricos “mergulharam num implacável programa de purificação que
antecipava a política nacional-socialista do século 20 e a prática de ‘limpeza
étnica’ aplicada nos Balcãs na década de 1990”.
Lewy vai além e diz que “os papas da Igreja
Católica foram os primeiros a desenvolver o antissemitismo como uma ciência”.
Anita Novinsky, uma das maiores estudiosas da Inquisição, declara:
Em
nenhuma época da história – antes do nazismo – foi elaborado um programa
antissemita tão longo, tão minucioso, organizado e sistemático como em
Portugal. Durante mais de dois séculos, os inquisidores mantiveram um
verdadeiro “Gabinete de Investigação”, em
busca de descendentes de judeus, e de geração em geração se repetiam os mesmos “slogans”,
os mesmos estereótipos e as mesmas acusações. Muitos portugueses, por terem
antepassados cristãos-novos, perderam os bens, a família, a vida.
Até mesmo na questão da quantidade
de sangue os nazistas precisaram apenas copiar os católicos, sem
acrescentar nada de novo:
Analisando
os processos inquisitoriais, verificamos que a qualidade do réu dependia da quantidade
de sangue judaico que este possuía em suas veias. Daí as categorias dos infectados em quartos,
oitavos e meios oitavos. Essa mesma qualificação foi reabilitada pelo nazismo,
que, a partir das Leis de Nuremberg promulgadas em 15 de setembro de 1935,
valeu-se de critérios semelhantes para qualificar os judeus como representantes
de uma raça inferior. Apoiando-se em fundamentos pseudocientíficos, o 3º Reich
institucionalizou as ideias de pureza racial na Lei para cidadãos do Reich e Lei para a defesa do sangue da honra.
Carneiro também enfatiza outras similaridades entre os nazistas e a
Inquisição quando diz:
Ainda
que apoiados em fundamentos distintos (teológico e científico, respectivamente),
tanto o discurso antissemita tradicional como o moderno eram radicais: tinham a
capacidade de alterar a trajetória de vida de qualquer cidadão “suspeito de ter
origens judaicas”. Assim foram rotulados os cristãos-novos portugueses e
brasileiros nos tempos da Inquisição; da mesma forma, milhares de alemães
tiveram suas vidas devassadas por médicos e juristas a serviço da Alemanha
hitlerista em pleno século XX. Lembramos que, em 1935, a metáfora da doença
atrelada à imagem do judeu como perigo foi novamente retomada pelos nazistas,
que chegaram a preparar um boletim médico comparando o judeu ao bacilo de Koch.
Como vemos, o nazismo não foi um mal que surgiu “do nada”, mas é
antes de tudo o fruto de toda uma mentalidade antissemita que se desenvolveu
por séculos, tendo no papado, na Inquisição e na pessoa dos reis católicos o
seu pontapé inicial. As ideias de “pureza de sangue” e seus estatutos contra os
judeus e seus descendentes serviram de inspiração a Hitler, que não tardou em
implementá-los também em seu país. Toda a ideologia nazista era baseada na política
de discriminação racial predominante na Idade Média e que já massacrava judeus muito
antes de um führer chegar ao poder no século XX. Como um pavio fumegante de uma
bomba prestes a estourar, era mera questão de tempo até que o antissemitismo eclesial
tomasse a forma de antissemitismo de Estado e resultasse no extermínio de milhões
de judeus, não apenas na Alemanha, mas ao redor de todo o mundo.
Cohen não está errado quando argumenta que “os
mendicantes, inquisidores, missionários, polemistas, contendores, eruditos e pregadores
se engajaram num esforço sistemático para solapar a liberdade religiosa e a segurança
física dos judeus”.
Quando os nazistas ensinavam a odiar os judeus inventando calúnias e difamações
eles não estavam fazendo mais do que a Igreja Romana, que durante séculos doutrinou
seus fieis a odiarem os judeus desde a mais tenra idade e manteve viva a chama do
antissemitismo que, lamentavelmente, continua acessa até hoje. Como corretamente
constata Lopez, “a partir da religião católica
nasceu um antijudaísmo explicitamente racista”.
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Interessante o fato do nazistas terem copiado todo o antissemitismo da legislação católica apesar do nazismo não ser um movimento religioso e o motivo destes perseguirem os judeus era racial,pois os consideravam uma raça inferior,assim como os ciganos e os eslavos,mas mesmo assim tiveram essa inspiração
ResponderExcluirLembrando que os católicos também tinham preconceitos raciais contra os judeus, por isso a "limpeza de sangue" (é o terceiro tópico do artigo), exigida mesmo para aqueles que eram bons católicos, mas que tinham ascendência judaica.
ExcluirAvalie: https://youtu.be/kXvIdR6LHng
ExcluirFunny.
Excluir"Olavo de Carvalho, O Jardim das Aflições, É Realizações, 2ª edição, página 212, nota 145 :
ResponderExcluirDemasiado distante de Bizâncio para poder desfrutar da proteção imperial contra os bárbaros, demasiado sujeita à autoridade bizantina para poder recusar-lhe o pagamento de pesados impostos, a Igreja de Roma, por volta do século VIII, começa a sonhar com uma transferência do Império para o Ocidente."
Avalie e comente.
Não entendi o que isso tem a ver. De todo modo, essa transferência jamais foi concretizada.
ExcluirOlavo de Carvalho, O Jardim das Aflições, É Realizações, 2ª edição, página 35, nota 14 :
ResponderExcluir"A inquisição espanhola mandou executar, no total, não mais de 20 mil pessoas em quatro séculos, isto é, em média, quatro por ano;"
Avalie e comente.
Ah, foram "só" 20 mil pessoas? Tá deboas então!
ExcluirSobre o número em si (que foi bem mais que isso), comentei neste artigo recente:
http://www.lucasbanzoli.com/2018/06/entenda-tudo-sobre-inquisicao-e-caca.html
Já viu esse lugar Banzoli? É aí em Curitiba. Comeria um hot dog desses sozinho?
ResponderExcluirQue lugar?
ExcluirPS: eu não moro em Curitiba, e sim em São José dos Pinhais, que fica ao lado. Às vezes cito Curitiba apenas como um referencial por ser mais conhecida, mas eu não conheço muita coisa de Curitiba.
Existem contextos que não precisam de comentários
ResponderExcluirJeremias 51:35 A violência que se me fez a mim e à minha carne venha sobre Babilônia, diga a moradora de Sião. O meu sangue caia sobre os moradores de Caldéia, diga Jerusalém.
Jeremias 51:49 Babilônia há de cair pelos mortos de Israel, assim como por Babilônia cairão os mortos de toda a terra.
Apocalipse 18:24 E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra.
Magnífico o Artigo, Banzoli
E ainda são tão caras de pau que inventaram que a Babilônia se refere não a eles, mas justamente (adivinhe)... aos judeus. Que "surpresa".
ExcluirEsse ódio aos judeus ainda pode ser visto em alguns católicos (Paulo Leitão, por exemplo), principalmente nos ditos tradicionalistas, alguns até são simpatizantes do nazismo.
ResponderExcluirVerdade, é um resquício do que sobrou do ódio do passado, que como eu escrevo no artigo, ainda não foi totalmente superado. Se eu fosse colecionar cada discurso de ódio contra os judeus que vejo por aí, quase todos vindos desse pessoal, daria para postar uns trocentos artigos só de prints.
ExcluirLucas voce é casado, ou namora?
ResponderExcluirNão.
ExcluirJá namorou, ou pretende de dedicar ao Reino de Deus (escolha extraordinária)?
ExcluirJá sim, pretendo voltar a namorar um dia mas não agora.
Excluirhttps://youtu.be/-GGWKf2qhIg
ResponderExcluirTudo isso daí é pra exigir que as pessoas da época tivessem o mesmo tipo de classificação de animais que as pessoas de hoje? Cara, isso é tão estúpido... para os hebreus ave era tudo o que voava, os morcegos voavam, então eram aves. A modernidade criou um novo modelo de classificação dos seres, não significa que é melhor ou pior, é apenas diferente. Exigir que os métodos sejam os mesmos e depois inferir que "a Bíblia errou" é simplesmente ridículo. Seria o mesmo que dizer que os livros escolares da minha época (e desde muito antes, até pouco tempo atrás) estavam errados por classificarem Plutão como um planeta, só porque recentemente uma convenção científica (e bem contestável, por sinal) convencionou "rebaixar" Plutão e não considerá-lo mais um planeta. Isso não quer dizer que os livros escolares da minha época estavam mentindo, eles estavam certos porque na época assim era considerado, eles não estavam dependentes da classificação que seria dada no futuro e sim da que então vigorava, tal como o caso do "morcego ave".
ExcluirSobre a lebre e o coelho:
https://defendendoafecrista.wordpress.com/2015/10/07/a-biblia-ensina-que-coelhos-e-lebres-sao-animais-ruminantes/
https://seuhistory.com/noticias/conheca-grandes-contradicoes-da-biblia
ResponderExcluirhttp://www.dc.golgota.org/
Excluirhttp://dcgolgota.blogspot.com/
https://www.facebook.com/descontradizendocontradicoes/
Ivanhoe é um excelente romance e que retrata bem a realidade dos judeus na época do rei cruzado Ricardo Coração de Leão.
ResponderExcluirBoa noite, Lucas. Qual sua opinião sobre os historiadores revisionistas?
ResponderExcluirDeus lhe ilumine!
Quase sempre um "historiador" revisionista não é um historiador de verdade (é formado em outras áreas, como o João Bernardino, o Felipe Aquino e etc), sendo apenas alguém mal-intencionado. Sua intenção é mudar a história estabelecida porque esta não lhe é conveniente, portanto precisa passar uma borracha e reescrevê-la à sua maneira. Quase sempre quem faz isso são fanáticos proselitistas (no caso da ICAR) com intenções bem evidentes e compreensíveis, ou neonazistas (no caso do holocausto). É o tipo de gente que já crê numa "verdade" prévia, então tenta mudar a história para se adequar a essa "verdade" (por isso a desonestidade).
ExcluirEu digo isso pois, me parece, que algumas coisas são bem fundamentadas(Não tudo, claro). A Wikipedia, em inglês, tem uma página para esse movimento, que aparenta ser bom(Nota: a pagina em Português tem sua neutralidade questionada, porem a em Inglês não).
ExcluirEm Inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Historical_revisionism
Português: https://pt.wikipedia.org/wiki/Revisionismo_hist%C3%B3rico
Deus lhe ilumine!
A maioria do que é chamado hoje de "revisionismo" não passa de charlatanice, pseudociência ou teorias de conspiração.
ExcluirEstou em um culto judaico-messianico,infelizmente n posso dar nd pois sou ainda adolescente e tenho que seguir meus pais,nosso rabino falou que só se deve louvar Yahue se for em hebraico,que essa é a língua original criada por ele para o seu louvor,o que vc acha disso ?
ResponderExcluirSe fosse assim, nem o Novo Testamento poderia ter sido escrito em outra língua (o grego). Ademais, se houvesse algum problema sério em se adorar a Deus em outro idioma, isso estaria explicitamente na Bíblia em algum lugar, pois implicaria que bilhões e bilhões de pessoas (basicamente 99% da população mundial de todas as eras) não poderia louvar ao Senhor pelo simples problema do idioma. Além disso, seria pura maldade de Deus que o hebraico não fosse um idioma único ou mundial, uma vez que já é difícil para muita gente aprender o próprio idioma nativo (i.e, ser alfabetizado), quanto mais o hebraico. Me soa até mais agressivo e inconsistente que a missa católica medieval, realizada sempre apenas em latim, idioma que nenhum leigo conhecia. Paulo ensinou justamente o contrário a isso:
Excluir"Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida" (1 Coríntios 14:19)
Ou seja, o culto deve ser feito no idioma que as pessoas entendem, uma língua compreensível a todos, então se em um determinado lugar se fala português, é em português que o culto deve ser feito, ou o culto será inútil para aqueles que estiverem ali sem entender nada do que está sendo dito.
Lucas, como deve ser a postura dos protestantes/evangélicos para com os Judeus.
ResponderExcluirEu sou cristão protestante e eu pessoalmente falando gosto muito dos judeus (de TODOS OS JUDEUS, SEJA ELE ORTODOXO, SECULAR OU MESSIÂNICO), aliás nós cristãos devemos muito a eles, pois nós deram a bíblia e as Leis morais de Deus (embora a cerimonial tenha sido abolida, a Lei moral continua até os dias de hoje). Além dos evangélicos/protestantes o judaísmo vem crescendo no Brasil, Em 2000 o Brasil tinha apenas 90 mil judeus, mas em 2017 esse número cresceu para 120 mil. Apesar de gostar muito dos judeus, sinto pena por eles não reconhecerem Jesus Cristo como Messias, mas oremos por eles.
"Lucas, como deve ser a postura dos protestantes/evangélicos para com os Judeus"
ExcluirDe respeito, tolerância e amor, mas sem deixar de lhes pregar a verdade que é Cristo. Os judeus são os que estão mais próximos da verdade dentre as religiões não-cristãs, pois é a única que aceita todo o Antigo Testamento, e sabemos que há promessas de Deus para eles que se cumprirão no fim dos tempos, quando "todo o Israel será salvo" reconhecendo Jesus como o Messias.
Também respeito muito o povo judeu. Historicamente, assim como os protestantes prosperavam com sua inteligência, dedicação ao trabalho, valorização do acesso livre a Bíblia, etc. os judeus prosperavam com os princípios propostos por Deus lá no Antigo Testamento, o que sempre ajudou Israel a crescer como nação. Nesse mesmo artigo comenta sobre isso, já que afirma que os judeus era mais ricos.
ExcluirMesmo assim, é um povo muito sofrido, o que me dá uma certa pena mas alegria visto que superaram tantas coisas. Escravidão egípcia, cativeiro na Babilônia, diáspora romana, perseguição católica, holocausto alemão e agora os conflitos com os palestinos.
Verdade, inclusive eu dissertei um pouco mais sobre os judeus neste outro artigo mais antigo:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/06/protestantismo-desenvolvimento.html
Na verdade a sofrida trajetória dos judeus até aqui, sendo perseguidos por tudo e por todos e mesmo assim sobrevivendo até os dias de hoje, é mais uma prova do cumprimento bíblico da profecia do Apocalipse, da mulher (Israel) sendo perseguida pelo dragão (diabo):
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/09/quem-e-mulher-de-apocalipse-12.html
Avalie:
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/thiago.velozo.79/videos/1756813961081676/
Vou nem comentar, vai que é doença.
ExcluirBanzoli, você tem fogo no rego? Hehehe.
ExcluirGraças a Deus não.
ExcluirInteressante ver como o mundo sempre esteve dominado pelo mal, os reinos pagãos da antiguidade, para o domínio da igreja católica na idade média (que estabeleceu seu domínio de sangue dizendo que era para não voltar aos tempos pagãos) e para o secularismo no mundo contemporâneo (que diz que o secularismo e ateísmo é o melhor caminho para não voltar a idade média), sendo todos ruins e que distorcem a Verdade para colocar a verdade do homem no lugar, seja uma estatua de barro, um papa, ou o nada.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=30nO8J3b-U0
ResponderExcluir...Comente...
Já tinha visto e comentado na época, é um bom vídeo sim.
ExcluirO Yago é impecável nas suas análises sobre o catolicismo. Assim com você.
ExcluirObrigado :)
ExcluirQual a sua opinião sobre o livro de Enoque ?
ResponderExcluirTem algumas incoerências mas também muita informação historicamente útil. Não é inspirada e nem escrita pelo Enoque da Bíblia, mas reflete o pensamento de boa parte dos judeus de um século antes de Cristo.
ExcluirPra Vc,quem o escreveu ?
ExcluirNós não sabemos, a nota textual da NVI diz que esse livro só apareceu pela primeira vez no primeiro século antes de Cristo, por algum autor anônimo que se passou por Enoque.
ExcluirAvalie (são duas fotos, nem quero ver o que ta escrito no site):
ResponderExcluirhttp://www.catolicosnabiblia.com.br/imgpost/02-05-17_20-05-41-protestantismo-divisao-atras-de-divisao-por-que-isso-acontece.jpg
http://www.catolicosnabiblia.com.br/imgpost/30-10-17_21-10-17-protestantismo-anos-de-erros-divisoes-e-contradicoes-biblicas.jpg
Sobre o primeiro, o verso em questão fala de um reino dividido CONTRA SI MESMO, o protestantismo não é dividido contra si mesmo, as diferentes denominações (que não são nem perto de 50 mil, mas ainda que fossem) no geral se dão muito bem, à exceção de uma ou outra seita neopentecostal midiática. Quem diz que os protestantes vivem em guerra entre si ou é desonesto ou não sabe nada do meio evangélico, nunca viu uma Marcha pra Jesus, nunca foi a um seminário teológico evangélico, nunca foi a eventos e palestras interdenominacionais, etc. Eu faço parte de vários grupos evangélicos de facebook onde os integrantes são das mais diversas denominações que você possa imaginar e todos se dão muito bem, não ficam se matando por causa de divergências teológicas secundárias, diferente dos católicos que se matam entre si para decidir quem é o "católico verdadeiro" (tradicionalistas, carismáticos, modernistas, veterocatólicos, sedevacantistas e etc):
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/03/o-ufc-catolico.html
Sobre o outro print, primeiro que os países de tradição protestante só se abriram ao secularismo depois da Segunda Guerra Mundial, ou seja, mais de quatro séculos após a Reforma, desde quando um efeito direto da Reforma demoraria mais de quatro séculos para começar a entrar em ação? Em compensação tem países católicos que já haviam se secularizado MUITO antes, como a França que era revolucionária desde o século XVIII, apenas para citar um exemplo. Hoje em dia se você olha para a Europa não vê vantagem NENHUMA nos países católicos sobre os protestantes; as igrejas católicas são ainda mais vazias e em menor número que as protestantes, que também são poucas, isso não tem nada a ver com um mérito pessoal do catolicismo ou com um demérito do protestantismo, só um picareta faz esse tipo de comparação para enganar leigos trouxas que são preguiçosos o suficiente para não fazer sequer uma pesquisada básica sobre os países católicos europeus:
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2017/04/a-igreja-catolica-e-o-baluarte-do_28.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2016/06/destruindo-todas-as-calunias-catolicas.html
A paz irmão Lucas, conheci uma manenina na igreja que congrego,agente tem conversado e tem tudo ido bem, só que uns do líder da igreja disse que eu e elavamos ter que entrar em propósito de oração por três meses o que você acha desse tipo de principio?
ResponderExcluirNada a ver isso, sem base bíblica nenhuma. Se vocês se conhecem bem e se gostam, não precisa esperar três meses até namorar, na verdade os líderes da igreja sequer deveriam se intrometer nisso já que vocês não estão em pecado.
ExcluirFui seminarista católico por 7 anos. Graças a misericórdia de Deus hj não faço parte dessa seita herética. Sirvo a Deus na igreja Congregação Cristã e sinto alegria em servir ao Deus que a Bíblia ( verdadeira autoridade) nos ensina... não o catecismo romano. Gosto dos artigos e vídeos do Lucas e dos demais irmãos que estão conosco. Lucas e demais irmãos me adicionem no whats 43 991851671.
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirPS: não uso whatsapp.
Nasci nesse sistema ICAR e conheço os bastidores. É uma vergonha que nem mesmo a maior parte dos padres não pegam a Bíblia para ler nem uma vez por dia, além dos catoleigos tratarem os Papa mais do que Jesus Cristo. O papa falou é porque é certo! Ele é o sucessor de Pedro e o representante de Deus na terra. Rsrs
ResponderExcluirLucas porque a Europa está virando as costas para Deus?
ResponderExcluirLucas certa vez em uma pesquisa que fiz sobre a religião na Europa, segundo dados de 2015, a maioria da população europeia ainda é Cristã (73% dos europeus são cristãos), mas apenas um pequeno número considera a religião algo importante para suas vidas, os franceses são o povo mais religioso da Europa! Apenas 5%-10% dos franceses são religiosos, além disso a França é o país com mais ateus na Europa! 30% da população francesa é ateia! Bem maior que a média da Europa que é de 10%. Eu vi que o ateísmo anda crescendo no mundo todo! Principalmente nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Lucas porque os países desenvolvidos tendem a ser mais ateus? Porque a Europa está morta espiritualmente?
Muito simples: porque quem já tem tudo pensa que não precisa mais de Deus. A história inteira de Israel no NT é um exemplo perfeito disso. Quando estavam numa boa se esqueciam de Deus, então vinha uma praga ou guerra que os deixava em maus lençois e se voltavam para o Senhor, e assim sucessivamente em um ciclo que só terminou no cativeiro da Babilônia. Que muita gente só busca a Deus por interesse ou desespero isso não é novidade, os cristãos verdadeiros e regenerados nunca foram maioria em lugar nenhum, nem penso que haja mais cristãos genuínos no Brasil do que na Europa, a diferença é que lá quem vai à igreja é porque ama a Deus mesmo e não tem outra motivação além disso, enquanto aqui muita gente vai à igreja por n outras razões.
ExcluirÉ possível reverter esse cenário? O secularismo e o ateísmo vem crescendo por culpa dos próprios cristãos? Que ao invés de pregar o evangelho ficam quietos na deles?
Excluir*Mais irreligioso
ExcluirDesculpe o erro foi o meu teclado.
"É possível reverter esse cenário? O secularismo e o ateísmo vem crescendo por culpa dos próprios cristãos? Que ao invés de pregar o evangelho ficam quietos na deles?"
ExcluirÉ possível se surgir mais e novos John Wesley, Spurgeon, Paul Washer, John Piper e etc, que despertem o povo e o tragam a um novo e verdadeiro avivamento espiritual, aliado a teólogos e filósofos cristãos que saibam refutar consistentemente o neo-ateísmo por meios racionais como fazem William Lane Craig, Dinesh D'Souza, Alister McGrath, John Lennox e etc. Ou seja, é preciso todo um trabalho de conscientização tanto em relação ao aspecto espiritual como no racional, além do mais importante que é as igrejas darem o exemplo moral e serem admiradas pelo povo em vez de alvos de escândalo e deboche. Mas eu sinceramente não creio que isso vá acontecer, a Bíblia descreve o fim dos tempos de uma forma bem sombria na qual a incredulidade tomaria conta do mundo e o dominaria de tal forma que seriam poucos os que esperariam a volta de Cristo. Eu creio que já estamos neste processo, e que as próximas gerações verão isso se concretizar de uma forma mais plena. Não é a minha vontade e nem o meu desejo, mas é o cenário que a Escritura nos aponta.
Como a Argentina saiu da Copa ontem, acho que sei qual vai ver o próximo artigo do Blog do Lucas... E tem a ver com Ressurreição de Cristo. hihihi.xD
ResponderExcluirxD
ExcluirPois é, Banzolão. Promessa é dívida kkk.
ExcluirAmanhã eu vou postar uma série de vídeos do Alon sobre preterismo e outros vídeos edificantes, então posto esse sobre a ressurreição de Jesus, ou então comento aqui mesmo na caixa de comentários se não ficar algo muito longo.
ExcluirBanban, já viu essa notícia?
ResponderExcluirhttps://veja.abril.com.br/brasil/cansados-da-solidao-padres-catolicos-migram-para-igreja-anglicana/amp/?__twitter_impression=true
Ué, mas não tava havendo uma onda gigantesca de conversões em massa de anglicanos ao catolicismo (segundo os apologistas católicos é claro)? o.O
ExcluirBanzolão, se o pato perder a pata, ele fica manco ou viúvo? kkk.
ResponderExcluirNunca parei para pensar nisso. Deve ser um paradoxo.
ExcluirNa verdade essa é uma pergunta ambígua. É preciso primeiramente se especificar o tipo de pata que se estar falando: se é a fêmea do pato, ou se é o pé do pato.
ExcluirPara onde Enoque e Elias teriam ido?
ResponderExcluirHá quem alegue que eles foram apenas transportados para outro lugar da terra e eu confesso a possibilidade dessa teoria, há um texto dos herois da fé que parece indicar que Enoque morreu como todos os outros, mas que na minha opinião é apenas uma generalização do autor, sem incluir as exceções. Sobre este texto e este assunto eu desenvolvi este artigo há tempos atrás, onde mostro por que creio ser mais plausível a crença de que eles foram arrebatados corporalmente direto para a presença de Deus como seremos na volta de Jesus:
Excluirhttp://ocristianismoemfoco.blogspot.com/2015/09/enoque-morreu.html
Lucas, será que você poderia escrever um livro refutando a IURD, suas heresias e mostrando todos os crimes cometidos por ela.
ResponderExcluirPoder até posso, mas acho que seria muito desperdício de tempo e energia concentrar meus esforços refutando uma instituição (leia-se empresa) que qualquer pessoa minimamente instruída consegue ver o quão errada é, mesmo entre os evangélicos e pentecostais. Ninguém está na IURD por ter estudado e chegado à conclusão de que aquela igreja é a que mais se aproxima teologicamente da verdade; pelo contrário, eles estão lá justamente por não estudarem, então um livro seria inútil neste sentido, serviria apenas para convencer os que já estão convencidos e não precisam descobrir o óbvio (quem é da IURD jamais leria um livro teológico, muito menos um que refute eles mesmos). Na minha opinião igrejas do naipe da IURD não precisam ser refutadas para deixar de existir, basta apenas que o país se desenvolva e vire um dia um país de primeiro mundo com pessoas mais instruídas que naturalmente vai cair por si só (por essa razão a IURD não consegue fazer sucesso na Europa, mas faz entre países pobres latinoamericanos).
ExcluirBanzoli pegando um gancho na pergunta da Ana Antunes sobre Enoque e Elias eu já vi pastores dizendo que eles serão as duas testemunhas durante os últimos dias, você considera essa possibilidade?
ResponderExcluirA possibilidade em si pode até existir, mas eu não penso assim, nem vejo sentido em Enoque passar pela morte sendo que a Bíblia diz que Deus o arrebatou justamente para que ele não visse a morte. No meu entendimento a oliveira e o candelabro do texto se refere a Israel e a Igreja. Eu comento o Apocalipse capítulo a capítulo no artigo abaixo (incluindo essa parte):
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/06/um-resumo-completo-do-apocalipse.html
Tem que tomar muito cuidado com essa teoria de que Enoque/Elias ou Elias/Moisés serão as duas testemunhas. Quem vai fazer guerra contra dois homens apenas?
Excluir“E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará”, Ap 11:7.
Bem colocado. Torna essa tese ainda mais improvável, para não dizer impossível mesmo.
ExcluirLucas você é vegetariano? Você come carne? Sinceramente falando eu sou carnívoro como qualquer tipo de carne exceto carne de porco e fígado. Aliás pessoalmente falando eu não gosto de carne de porco não por questões religiosas, mas por questões pessoais mesmo, pessoalmente falando acho que a carne de porco tem muita gordura.
ResponderExcluirEu penso igual você, não como carne de porco por não gostar, mas adoro carne, e francamente não saberia viver sem. Eu detesto legumes e verduras, se fosse deixar de comer carne também seria assinar meu atestado de óbito de uma vez.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=_9MhhwzfW7o
ResponderExcluir...Comente...
Vídeo excelente, perfeito. Ele basicamente fez um compilado de todos os meus artigos sobre os apócrifos, por isso tinha que ficar bom mesmo hehe
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/10/lutero-retirou-sete-livros-da-biblia.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/10/a-lenda-do-canon-alexandrino.html
http://apologiacrista.com/desmascarando-os-livros-apocrifos-p12
http://apologiacrista.com/desmascarando-os-livros-apocrifos-p2
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2013/06/os-judeus-e-o-canon-veterotestamentario.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2014/02/o-canon-biblico-dos-judeus.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2013/06/heresias-lendas-mitos-e-absurdos-nos.html
"Citar o livro de Enoque não é prova de que este livro era canônico, a não ser que Judas tivesse citado como "Escritura", o que ele NÃO fez. Eu também cito em meus artigos livros não-canônicos o tempo todo, e nem por isso os considero inspirados! Paulo citava até poetas pagãos, seja para fortalecer um ponto, ou para refutá-los. Isso não prova coisa alguma. Os cristãos dividiam os livros em três partes: os canônicos, os eclesiásticos e os apócrifos. Os canônicos são os que temos hoje, e os apócrifos são o lixo de livros descaradamente fraudulentos. Mas entre estas duas categorias havia os eclesiásticos, que tinham coisas úteis para edificação espiritual do leitor, mas mesmo assim não eram considerados canônicos, e por isso não podiam fundamentar doutrina. O livro de Enoque, assim como vários outros, eram considerados "eclesiásticos", ou seja, livros que tinham sua utilidade e que pregavam a verdade pelo menos até certo ponto, enquanto as falsificações gnósticas eram "apócrifos" propriamente dito. Só esta última categoria que era realmente desprezada." (Lucas Banzoli- comment localizado na caixa de comentários do artigo abaixo)
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/10/a-lenda-do-canon-alexandrino.html
Para complementar este comentário... se eu não me engano no livro de Josué também há uma menção de um livro chamado "Jasher" ou "Livro do Justo" que era lido pelos judeus naquele tempo. Mesmo assim, não era considerado como canônico.
"12 No dia em que o Senhor deu a vitória aos israelitas na luta contra os amorreus, Josué falou com ele. E, na presença dos israelitas, disse:
“Sol, fique parado sobre Gibeão!
Lua, pare sobre o vale de Aijalom!”
13 O sol ficou parado,
e a lua também parou,
até que o povo se vingou dos seus inimigos.
Estas palavras estão escritas no LIVRO DO JUSTO.
O sol ficou parado no meio do céu e atrasou a sua descida por quase um dia inteiro." (Josué 10: 12-13).
https://www.biblegateway.com/passage/?search=Josu%C3%A9+10&version=NTLH
"12 Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom.
13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro." (Josué 10:12,13)
https://www.bibliaonline.com.br/acf/js/10/12,13
Há também uma outra menção no AT sobre um outro livro não considerado canônico. Só lembro que está no AT, mas não sei dizer em qual livro do AT está.
Esse livro de Jasher é bem interessante, bem bacana de se ler, eu o li há anos atrás em uma versão que tem na internet (link abaixo). Embora não se tenha certeza se essa versão se trata da mesma que era lida na época de Josué e citada no AT, pelo menos é bem antiga e pode lançar alguma luz sobre o pensamento dos hebreus e como eles entendiam certos eventos que a Bíblia narrava sem muitos detalhes, mas que são detalhados neste livro.
Excluirhttps://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxtaWRvcnBlfGd4Ojc5NTAxNmVjOGJiNjUxYzI
Obrigado por disponibilizar esse material. :D
ExcluirAprecie com moderação ;p
Excluir"Aprecie com moderação ;p"
ExcluirEntendo.
Já que é de origem desconhecida, pois não podemos comprovar de que se trata do mesmo livro citado em Josué.
Exatamente.
ExcluirConcordas com Marx, que o início do capitalismo foi rodeado de injustiças? Segundo ele, antes do capitalismo houve o que ele chamava de acumulação primitiva de capital. Isto é, os burgueses se apropriaram da terra e expulsaram os camponeses. Isso aconteceu mesmo na Inglaterra?
ResponderExcluirNunca ouvi isso. O que houve de fato é que os camponeses decidiram migrar para as cidades procurando subir na vida, pois era uma das poucas chances de crescer na escala social da época. Não houve nenhuma expulsão em massa de camponeses nem ninguém forçado a trabalhar nas indústrias contra a sua vontade. Embora seja verdade que naquele primeiro momento os trabalhadores tinham cargas de trabalho desumanas e que ganhavam bem menos do que o merecido, o que poucos sabem é que a estimativa de vida entre as pessoas da cidade neste período era maior do que entre as do campo. Isso nunca havia acontecido antes, sempre a estimativa do campo era maior que nas cidades em qualquer lugar da Europa, a coisa mudou a partir da Revolução Industrial na Inglaterra. Ou seja, mesmo com todas aquelas descrições que temos dessa fase inicial da revolução, ainda assim a vida do homem da indústria era melhor que a do homem do campo. O problema é que as pessoas sem conhecimento histórico tem uma visão deturpada do passado, elas pensam que a vida no campo era tão boa e "fácil" como é hoje no século XXI, quando naquela época as condições eram precárias e qualquer peste ou falta de chuva era o suficiente para matar populações inteiras. As pessoas viviam de subsistência, ou seja, tinham apenas o necessário para sobreviver, por isso estavam sempre vivendo no limite entre a vida e a morte e por isso a estimativa de vida da época era tão miseravelmente baixa comparada à atual, foi o capitalismo que nos deu a vida que temos hoje.
ExcluirOlá, Lucas!Conversando esses dias com um católico, o mesmo me disse que as indulgências não era algo oficial da igreja católica e que eram atos de corrupção de alguns membros. Isso procede? Pode me disponibilizar as fontes que mostram o contrário? Abraço!
ResponderExcluirNão procede, escrevi sobre isso aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2018/01/a-venda-de-indulgencias-ate-epoca-de.html
Abs!
Olá Lucas, você chegou a ver essas Heresias que Padre Paulo Ricardo disse ?
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/Eklesiaoficial/videos/1054401168069808/
postaram no youtube também
https://www.youtube.com/watch?v=dl4F95KPp_I
Já sim, ele apenas repete as teorias de conspiração dos neo-ateus sobre os evangelhos apócrifos, apenas para tentar validar seu argumento em torno do cânon bíblico, como se devêssemos isso à ICAR que nem existia ainda. Sobre isso eu lhe recomendo estes artigos:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/06/os-catolicos-romanos-deram-biblia-aos.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2017/11/a-mais-nova-moda-da-apologeticacatolica.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2017/09/a-igreja-catolica-esta-acima-da-biblia.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2017/04/a-biblia-foi-escrita-por-catolicos-e.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2016/03/o-canon-do-novo-testamento-invalida.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/09/nao-existia-escritura-na-epoca-de.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/02/a-biblia-e-filha-da-igreja.html
Eita, Banzolão apelou nas referências dessa vez hahaha
ResponderExcluir=)
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