*Observações iniciais: O artigo abaixo é extraído de um dos tópicos
do meu livro sobre a Reforma (ainda em construção). Mas antes da publicação do
trecho, acho importante fazer uma breve contextualização da Dieta. Em 1526, o
imperador Carlos V não pôde exterminar ou proibir o protestantismo na Alemanha porque
precisava da ajuda dos príncipes protestantes na luta contra a França. Assim, a
primeira Dieta de Spira tolera o protestantismo até que um concílio geral fosse
convocado. Mas tão logo a guerra com a França termina, uma nova Dieta é
convocada em Spira em 1529, e declara o protestantismo ilegal. Os príncipes
reformistas protestam contra essa decisão tirânica e unilateral que violava o
termo anterior, vindo daí o nome “protestante”. Mas Carlos V não podia iniciar
uma guerra civil na Alemanha enquanto havia a ameaça turca, razão pela qual
adia o problema dando aos protestantes o prazo de um ano para contestar o
édito. Esse prazo termina na Dieta de Augsburgo do ano seguinte (1530), que é o
marco mais importante e decisivo no destino da Reforma.
***
A Dieta de Augsburgo
já acirrava os ânimos dos partidos antes mesmo de começar. Um papista não
encontrava um evangélico na rua sem lhe lançar olhares furiosos e o ameaçar com
“pérfidas maquinações”. Devemos lembrar que
naquela época o fanatismo religioso era muito mais exacerbado que nos dias de
hoje, e por isso se manifestava, não raras vezes, até em mortes, massacres e tumultos
instigados pelo “ódio sagrado” de uma maioria sobre uma minoria – neste caso,
contra os “hereges protestantes”. A Dieta era presidida por Carlos V e seu
irmão Fernando, e do lado protestante as presenças mais importantes eram de Melâncton
na esfera religiosa (na ausência de Lutero, proibido de comparecer à Dieta por
causa do édito de Worms), e de João da Saxônia, o príncipe-eleitor mais
importante dos Estados que aderiram à Reforma.
Tomando a palavra, o
eleitor da Saxônia assim expressa:
Prezados
senhores, primos, tios e amigos: Tendo nós comparecido a esta Dieta, por
convocação de Sua Majestade e para o bem comum do império e da Cristandade,
ouvimos e verificamos que as decisões da última Dieta, relativas à nossa
venerável fé cristã, deverão ser revogadas, e que se propôs substituí-las por
determinações coativas e opressivas.
Em vez de reagir com
armas, os protestantes preferiram apresentar uma Confissão de Fé com os artigos
religiosos da Reforma, escritos por Melâncton em um tom moderado e cortês,
mesmo sabendo que teria pouco ou nenhum efeito sobre um imperador que não
estava ali para discutir religião, mas para impor uma doutrina. Na assembleia,
o partido papal exigia do imperador que colocasse de novo em vigor o édito de
Worms, que declarava ilegal a causa protestante e implicava em seu extermínio.
O núncio do papa exclamou ao imperador: “Não
hesiteis. Confiscai-lhes as propriedades, estabelecei a Inquisição e puni os
obstinados rebeldes a fogo e espada”.
Os protestantes,
porém, não se entregam diante das ameaças e se recusam a se submeter a tal
imposição autoritária que lhes violava a consciência e a razão. Fernando tentou
exigir do landgrave protestante Felipe de Hesse a renúncia de sua crença, mas
obteve como resposta que “a consciência de Sua
Majestade não tem o direito de dirigir as nossas”. O
irmão do imperador continua insistindo e exigindo submissão, mas o landgrave
responde: “A permitir que me seja tirada a Palavra
do Senhor, a negar o meu Deus, eu preferiria, ajoelhando-me diante de Sua
Majestade, que me decepassem a cabeça!”.
Imediatamente ao
proferir essas palavras, o landgrave as acompanhou com um gesto significativo,
deixando as mãos cair sobre seu pescoço, tal como o cutelo de um carrasco. A
atitude foi seguida pelos outros príncipes reformados: se preciso fosse, todos
caminhariam imediatamente ao cadafalso, mas não aceitariam negar sua fé. Carlos
ficou impressionado com essa atitude. Surpreso e aflito, exclamou em seu mau
alemão: “Caro príncipe, a cabeça não, a cabeça
não!”.
Não obstante, o cerco
ia se fechando cada vez mais para os príncipes protestantes, e a submissão ou
martírio parecia cada vez mais inevitável. Lutero, a quem as notícias chegavam
de longe, escrevia: “Os papistas, entregues aos
demônios, estão repassados de ódio; para viver, precisam beber sangue. Desejam
assumir um ar de justiça, atribuindo-nos um de obstinação. Em Augsburgo, não
tendes de tratar com homens, mas com as próprias portas do inferno”.
Até o pacífico e tranquilo Melâncton estava perdendo as esperanças,
dizendo-lhe: “Exceto o imperador, todos eles nos
odeiam com o mais violento ódio. O perigo é grande, muito grande. Orai a
Cristo, pedindo-lhe que nos salve!”.
Durante os dias de
estadia em Augsburgo, a pregação protestante foi proibida. Não satisfeitos com
isso, os papistas decidiram dar um passo adiante: forçá-los a participar das
cerimônias católicas. O núncio papal exigiu de
Carlos o comparecimento do eleitor João da Saxônia, na condição de
grão-mestre-sala do império, que estivesse à frente das cerimônias católicas da
Dieta, a começar pela missa. Era um grau de cinismo e
desfaçatez ainda desconhecido pelos protestantes, que, obviamente,
recusaram-se, não obstante a indignação do imperador, que cada vez mais se
tornava propício a combater os protestantes.
Os papistas decidiram
então mudar a estratégia, convidando os príncipes reformados a participarem de
um “culto ecumênico”, cuja pregação deveria ser neutra. Os protestantes
ingenuamente acreditaram na proposta e a aceitaram por imposição, comparecendo
à cerimônia com todos os presentes. O sermão seria pregado por Vicente
Pompinello, o arcebispo de Salerno. Ele começou falando dos turcos e suas
devastações, e de repente, numa reviravolta inesperada, começou a exaltá-los
acima dos protestantes, esbravejando:
Os
turcos não têm senão um príncipe, a quem obedecem; mas os alemães têm muitos,
os quais não obedecem a ninguém. Os turcos vivem sob uma única lei, um só
costume, uma só religião; porém, entre os alemães, há alguns que estão sempre a
desejar novas leis, novos costumes, novas religiões. Rasgam a túnica inconsútil
de Cristo; por uma insinuação satânica, abolem as santas doutrinas, firmadas
por consenso unânime, e põem em seu lugar bufonarias e indecência!
E voltando-se para
Carlos e Fernando, prosseguiu dizendo:
Magnânimo
imperador, poderoso rei! Aguçai as vossas espadas, empunhai-as contra esses
pérfidos agitadores religiosos e, assim, trazei-os de volta ao aprisco da
Igreja! Não haverá paz para a Alemanha, enquanto a espada não tiver extirpado
totalmente essa heresia. Oh S. Pedro e S. Paulo! Invoco-vos; a vós, S. Pedro,
para abrirdes, com as vossas chaves, os corações empedernidos desses príncipes;
a vós, S. Paulo, para que, se eles se mostrarem rebeldes demais, venhais
destroçar, com a vossa espada, essa obstinação sem precedentes!
O discurso, que
refletia bem a intolerância e repressão da Igreja em um grau muito acima da
“moderação” do imperador (que pelo menos colocava a segurança do seu império
acima do extermínio de “hereges”), era digno de inflamar os ânimos e causar uma
guerra ali mesmo, mas os protestantes mais uma vez demonstraram moderação e
domínio próprio diante da tirania e despotismo papistas habituais. Nessa
ocasião, Brentz disse: “Quanto mais esses padres
inflamam a mente do povo, quanto mais incitam os seus príncipes às guerras
sangrentas, mais devemos impedir os nossos de entregar-se à violência”.
Até mesmo para o mero recebimento da Confissão de Fé
reformada, o papado fez um escândalo e armou um boicote típico de militantes de
extrema-esquerda. O próprio núncio recusou-se a comparecer à solenidade, para
que não parecesse aprovar a leitura da Confissão. Não obstante, havia algo
de nostálgico em lembrar que há apenas nove anos antes um pobre monge
levantou-se sozinho em defesa pessoal daquela mesma causa, agora defendida por
príncipes de todo o império.
A Confissão, no
entanto, foi lida diante do imperador e pareceu tão convincente que o bispo
(católico) de Augsburgo reconheceu que “tudo quanto
os luteranos disseram é verdade, não podemos negá-lo”.
O duque da Baviera, por sua vez, indagou o Dr. Eck se podia refutar os
argumentos da Confissão com consistência, ao que lhe foi respondido que “com os escritos dos apóstolos e dos profetas, não; mas
com os Padres e concílios, sim”.
A resposta não agradou ao duque, que logo concluiu que os luteranos estavam
dentro da Escritura, e eles fora.
Era bem verdade que a
Confissão fora escrita em um tom deliberadamente suave e sem entrar nas
questões mais polêmicas, a fim de não irritar o imperador e nem causar um
tumulto. Vale lembrar que estamos falando de uma época em que a divergência de
pensamento religioso era punível com a morte, cada vez mais provável quanto
mais grave a “heresia” fosse. Portanto, ter escrito uma Confissão mais moderada
a fim de não suscitar os ânimos dos papistas mais exaltados foi uma estratégia perspicaz
de Melâncton, autor da Confissão.
Alguns dos pontos mais
“lights” da Confissão eram aprovados até por alguns clérigos católicos
presentes na Dieta, como o arcebispo de Salisburgo, que confessou desejar a comunhão
em ambas as espécies (abandonada desde os tempos da Primeira Cruzada), o
casamento dos padres e a reforma na missa. O curioso é que nem o próprio
arcebispo, no entanto, aceitou tais reivindicações, porque não admitia que
fosse um simples “monge insignificante” que quisesse reformar a todos eles.
Carlos questionou os
papistas quanto à Confissão, ouvindo respostas diversas. Os homens do papado
eram os mais intransigentes, recusando discutir qualquer coisa e exigindo a
execução do édito de Worms, atacando os protestantes ao fio da espada. Este conselho só não foi
levado adiante pela intervenção de um dos poucos católicos moderados ali
presente. A ironia fica por conta de quem era esse tal bispo que acabou
ajudando os protestantes a não serem aniquilados: ninguém menos que Alberto de
Brandenburgo, aquele mesmo que havia começado tudo lá atrás, quando comprou o
arcebispado de Mainz subornando o papa Leão X com dinheiro levantado mediante a
venda de indulgências – ocasião na qual Tetzel foi encarregado pela venda em si
e atraiu a cólera de Lutero.
A discussão que se
levantou na assembleia é narrada por d'Aubigné:
–
De maneira nenhuma posso aconselhar Sua Majestade a que empregue a força. Se
Sua Majestade cerceasse a consciência dos protestantes e, depois, se afastasse
do império, as primeiras vítimas a serem sacrificadas seriam os padres. E quem
sabe se, em meio a esses conflitos, os otomanos não cairiam subitamente sobre
nós?
Mas
essa prudência algo interesseira do arcebispo não granjeou muitos
simpatizantes, e, logo em seguida, os guerreadores entraram na discussão com as
suas vozes ásperas.
–
Se houver qualquer luta contra os luteranos – proferiu o conde Félix de
Werdemberg –, espontaneamente vos ofereço a minha espada. E juro jamais a
recolher à sua bainha, até que ela tenha arrasado a fortaleza de Lutero.
Este
fidalgo faleceu repentinamente, alguns dias depois, devido às consequências da
sua intemperança. Os homens moderados uma vez mais intervieram:
–
Os luteranos não atacam nenhum artigo da fé – ponderou o bispo de Ausburgo. –
Cheguemos a um acordo com eles para conseguirmos a paz, façamo-lhes a concessão
do sacramento em ambas as espécies e do matrimônio dos padres. Eu até mesmo
lhes cederia mais, se fosse necessário.
Contra
isso, levantaram-se altos brados.
–
É um luterano! – disseram. – Vereis que ele está inteiramente disposto a
sacrificar até mesmo as missas privadas!
(...)
O
arcebispo de Salisburgo e o eleitor de Brandemburgo replicaram com grande
violência a moção do bispo de Ausburgo. Disseram, asperamente:
–
Os luteranos apresentaram-nos uma Confissão escrita com tinta preta em papel
branco. Bem, se fôssemos o imperador, responder-lhes-íamos com tinta vermelha.
–
Senhores – retrucou-lhes, incontinenti, o bispo de Ausburgo –, cuidado, então,
para que as letras vermelhas não vos sejam atiradas às faces!
O
eleitor de Mentz foi forçado a intervir, acalmando os oradores.
Carlos V consultou os
teólogos espanhois, pretensos “guardiões da ortodoxia”, que lhe disseram: “Se as opiniões dos protestantes são contrárias aos
artigos da fé, que Vossa Majestade empregue toda a sua força, para exterminar
essa facção; se se tratar simplesmente de uma questão de certas mudanças no
regulamento humano e nos costumes exteriores, que se evite toda violência”.
Os papistas também
tentavam intimidar Melâncton, o principal teólogo protestante presente na
assembleia, afirmando-lhe em particular um suposto intento assustador do
imperador em seguir o desejo dos teólogos espanhois e desembainhar a espada
contra os protestantes: “Quase não temos coragem de
dizê-lo, mas o imperador já empunhou a espada, bem como certas pessoas
exasperam-no cada vez mais. Carlos não se irrita com facilidade; contudo, assim
que fica nesse estado, é muito difícil acalmá-lo”.
As palavras soavam tão
ameaçadoras que neste momento Melâncton, alarmado e apavorado por ouvir
palavras de guerra e de ódio que seus adversários não paravam de lançar, julgou
que era seu dever obter a paz a qualquer custo, e começou a negociar com os
papistas pelo “menor preço” possível, sendo muito mais condescendente do que
deveria. Essa disposição de
Melâncton revoltou os outros evangélicos como Felipe de Hesse, que,
desapontado, escreveu a Zwínglio:
Melâncton
está indo de costas, como um caranguejo (...) Quando começamos a ceder, sempre
cedemos mais. Declarai, por conseguinte, aos meus aliados que não aprovo essas
pérfidas conciliações. Se somos cristãos, o que devemos procurar é não a nossa
própria vantagem, mas o conforto de tantas consciências cansadas e oprimidas,
para as quais não haverá salvação se afastarmos a Palavra de Deus. Esses bispos
não são os verdadeiros, pois não se expressam segundo as Santas Escrituras. Se
os reconheceis como tal, o que se seguiria? Eliminariam os nossos ministros,
reduziriam o Evangelho ao silêncio, restabeleceriam os antigos abusos, e a
situação final ficaria pior do que a primeira. Se os papistas permitirem a
livre pregação do Evangelho não alterado, cheguemos a um acordo com eles,
porquanto a verdade será mais poderosa e desarraigará tudo quanto restar.
Contudo, se não a permitirem, nada de acordos! Não é esta a ocasião de ceder,
mas de permanecer firme, mesmo até a morte. Frustrai esses temíveis ajustes de
Melâncton; dizei aos delegados das cidades, de minha parte, que sejam homens, e
não mulheres. Nada temamos: Deus está conosco!
Quando Lutero, que não
recuou nem um passo quando esteve na mesma condição em Worms, dez anos antes, ficou
sabendo das negociações de Melâncton, ficou pasmado. Basicamente, Melâncton
estava reduzindo as reivindicações da Reforma apenas ao campo do celibato e da
comunhão nas duas espécies, o que implicava em colocar todo o resto a perder.
Isso só não ocorreu porque as autoridades católicas eram tão inflexíveis e
resolutas que não aceitaram nem essa proposta. O próprio Melâncton viria a se
arrepender de sua fraqueza momentânea e agradecer pela negociação não ter se
consumado.
A situação ficava tão
nebulosa em Augsburgo que até o papa Clemente VII decidiu se intrometer,
enviando suas instruções por um mensageiro que chegou a Augsburgo em poucos
dias. O papa não queria saber de debates e nem de concílio. Ordenou que Carlos
marchasse imediatamente em direção ao objetivo, introduzisse um exército na
Alemanha e massacrasse os protestantes que não se submetessem. Em Augsburgo, no
entanto, julgou-se mais conveniente não se lançar tão depressa à matança,
principalmente por causa da ameaça turca.
Após vários dias de
espera, finalmente chega a resposta católica à Confissão de Augsburgo. Era um
escrito de 280 páginas repletas de insultos e vitupérios. Lutero comentou que “maus carpinteiros desperdiçam muita madeira e escritores
irreverentes sujam muito papel”.
Não havia senão um só parecer: a “refutação” era confusa, violenta e
sanguinária. Até Carlos V conseguia perceber a diferença entre esse escrito
grosseiro e a elegante Confissão de Melâncton. O imperador, por mais
católico que fosse, teve vergonha de mandar que se lesse um trabalho de tão mau
gosto na Dieta, e ordenou que fosse reescrito de forma mais concisa e numa
linguagem mais moderada. Isso foi tão difícil que levou mais três semanas.
Quando finalmente a
“refutação” foi reescrita, o conde palatino disse aos evangélicos que o
imperador lhes daria uma cópia da Refutação, mas somente na condição de que
eles não a responderiam, mas que concordariam prontamente com ela. Não havia o menor
interesse em disfarçar a parcialidade e a desfaçatez. Os protestantes
obviamente rejeitaram a “proposta”, o que significava que não teriam a
refutação em mãos para refutá-la também. Teriam que ouvir as trocentas páginas
lidas em voz alta na assembleia e então se lembrar de cada ponto para ser
refutado, enquanto para os católicos foi dada uma cópia da Confissão e todo o
tempo do mundo para elaborar uma refutação e reescrevê-la. Isso porque os
papistas não queriam debate, mas submissão. Os protestantes não estavam em um
ambiente democrático de discussão de ideias, mas em um julgamento onde o juiz
joga em um dos times. O imperador era, ao mesmo tempo, juiz e acusador, tendo
como conselheiros toda a alta cúpula papal, e sendo instigado a todo momento a
acabar com a Reforma de uma forma ou de outra – na maior parte das vezes, da outra.
Mesmo assim, os
protestantes escutaram a “refutação” católica e elaboraram uma nova refutação
às pressas, em apenas um dia, pois mais do que isso enfureceria o imperador que
queria resolver logo a Dieta. Chegado o momento, Melâncton entregou a refutação
(conhecida pelo nome de Apologia da Confissão de Ausburgo) ao conde palatino,
que por sua vez deveria entregá-la a Carlos. O imperador já estava estendendo
as mãos para apanhá-la, quando Fernando lhe cochichou algumas palavras ao
ouvido. Então Carlos fez um sinal ao conde, que devolveu a Apologia aos
protestantes, no gesto mais significativo de que não havia nem diálogo nem
debate, mas apenas sujeição forçada.
Percebendo que não
conseguia nada tentando convencer os príncipes protestantes a mudarem
publicamente de lado na Dieta, Carlos tentou usar de estratégia e convidou os
mais importantes deles para uma conversa amigável e particular, pensando que
assim conseguiria persuadi-los mais facilmente do que se fizesse diante de
todos. “Separados,
não oferecerão resistência”,
disseram eles. Assim, o margrave de Brandemburgo foi visitado por seus dois
primos, os eleitores de Mentz e de Brandemburgo, e pelos seus dois irmãos, os
margraves Frederico e João Aberto, que o aconselharam: “Renunciai
a essa nova fé e volvei à que existia há um século. Se assim o fizerdes, não há
favores que não possais esperar do imperador; caso contrário, temei-lhe a ira”.
Como o margrave
resistia, foi a vez do duque Frederico da Baviera e o conde de Nassau, De
Rogendorf e Truchses, virem da parte de Carlos com chantagens, dizendo-lhe que
o casamento do filho dele com a princesa de Juliers (que precisava da validação
do imperador) não seria validado, nem tampouco obteria o cargo eleitoral que
desejava, se não abandonasse a “heresia luterana”. Mais uma vez, sem
resultados. Por fim, o duque da Baviera, com menos paciência que os demais, o
advertiu com as “mais sinistras ameaças”,
exigindo que o eleitor apostatasse da sua fé. Mesmo assim, de novo o margrave
protestante permaneceu firme, sem ceder em nem um momento.
Então foi a vez de
fazerem o mesmo com João da Saxônia, insinuando-lhe que, se ele não se
submetesse, o imperador lhe infligiria a pena mais severa e o baniria dos seus
Estados. Os teólogos que o
acompanhavam sugeriram-lhe em particular defendê-lo com armas, mas João
replicou que “a Palavra de Deus, sendo a espada do
Espírito, deve ser protegida, não pela força secular, mas pela mão do
Todo-Poderoso”.
Os demais doutores evangélicos concordaram: “Não
queremos que, para salvar-nos, arrisqueis os vossos filhos, súditos, Estados,
coroa... nós, antes, nos entregaremos às mãos do inimigo, suplicando-lhe que se
dê por satisfeito com o nosso sangue”.
Sem obter sucesso com
chantagens e ameaças, os papistas decidiram endurecer o discurso. Campeggio, o
representante enviado pelo papa a Augsburgo, falava em seu nome:
Que
o imperador e os honrados príncipes celebrem uma aliança! E, se esses rebeldes,
indiferentes a promessas como a ameaças, persistirem obstinadamente em sua
diabólica conduta, que Vossa Majestade lance então mão do fogo e da espada, que
se apodere de todas as propriedades desses hereges e que desarraigue essas
plantas venenosas. Em seguida, que Vossa Majestade nomeie santos inquisidores,
os quais seguirão o rastro dos remanescentes da Reforma, instaurando processo
contra eles, como na Espanha contra os mouros. Que Vossa Majestade ponha sob
interdito a Universidade de Wittenberg, queime os livros heréticos e recambie
aos seus conventos os monges fugitivos. Este plano, porém, tem de ser executado
com coragem.
É interessante
observar que ao longo de todo o processo os que mais se alinhavam a um discurso
radical e extremista de intolerância e repressão sem nenhuma abertura ao
diálogo e ao debate eram justamente as maiores autoridades católicas, isto é, o
papado e seus representantes. Carlos podia ser um imperador católico ao
extremo, que queimava protestantes na Espanha (onde governava como um
absolutista e podia agir como quisesse, sem ter que partilhar o poder com
príncipes, como na Alemanha) e que viria a batalhar contra os protestantes na
Alemanha mesmo, mas foi seu catolicismo mais “moderado” em relação a Roma que
evitou que o desejo do papado se concretizasse, o que resultaria em um
verdadeiro banho de sangue durante a própria Dieta.
Enquanto o papa Clemente
VII “não queria nem uma reforma nem um concílio
geral, mas somente a preservação do satus
quo papal e, se possível, o extermínio dos protestantes”,
o imperador precisava pensar com a cabeça de um diplomata que sabia que uma
atitude radical como essa poderia colocar seu Reino em maus lençóis – se não
bastasse a ameaça turca, havia ainda a sempre perigosa França e o próprio
papado, que se unira a ela poucos anos antes contra o Sacro Império. Era por
isso que o imperador buscava sempre a todo o custo tentar convencer os
protestantes a se submeterem mediante ameaças, constrangimentos, chantagens e
intimidação, porque não podia simplesmente acabar com eles sem mais nem menos –
se o pudesse, certamente já o teria feito, e poupado tanta coação infrutífera.
Assim comenta d'Aubigné:
Mas
como poderia Carlos, espanhol, cidadão dos Países Baixos, que, pelo espaço de dez
anos, se ausentara do império, aventurar-se, sem sublevar toda a Alemanha, a
intentar a violência contra os favoritos da nação? Os próprios príncipes
católicos romanos não veriam nesse ato uma violação dos seus privilégios? Essa
guerra era, portanto, absurda. “O luteranismo já se estende do mar Báltico aos
Alpes. Não tendes senão uma coisa a fazer: tolerá-lo”, escreveu Erasmo ao
núncio.
Não obstante, Carlos
se achava instigado por cólera e fúria da parte dos papistas que o rodeavam em
sua corte. Ele tinha como conselheiros os clérigos espanhois do tipo mais
extremista possível, e se por um lado fazia pressão nos protestantes para
renunciar à sua fé, por outro lado ele próprio sofria pressão por parte da
Cúria para tomar medidas mais radicais e repressivas contra os “inovadores”. O
clima ia esquentando na assembleia de tal modo que Melâncton escrevia pedindo
as orações de Lutero, e Brentz as de sua igreja. Ele escrevia que “a Dieta não terminará, a não ser com a destruição de
toda a Alemanha”,
enquanto Bucer exclamava que “haverá uma chacina
dos santos tal que os massacres de Diocleciano dificilmente se lhe equipararão”,
e os delegados de Nuremberg diziam que “os nossos
adversários estão sedentos do nosso sangue”.
O grito da maioria era “guerra e sangue”, e um brado geral de temor
e de fé ecoava sobre toda a Alemanha evangélica.
Para piorar a
situação, as portas da cidade foram fechadas e começou um tumulto, aumentando
ainda mais a tensão em Augsburgo:
De
súbito, na noite de 6 de agosto, sábado, irrompeu grande tumulto na cidade de
Ausburgo. Nas ruas, houve corrida de um lado para outro; mensageiros da parte
do imperador galoparam em todas as direções; o conselho foi reunido e recebeu
ordem para que a ninguém deixasse transpor as portas da cidade. Todos se
puseram em ação nas barracas imperiais; os soldados aprontaram as suas armas;
formaram-se os regimentos. E ao alvorecer do dia (mais ou menos às três horas
da manhã de domingo), as tropas do imperador, contrariamente ao costume sempre
observado na Dieta, substituíram os soldados da cidade e apossaram-se das
portas. Ao mesmo tempo, informou-se que essas portas não seriam abertas e que o
imperador dera ordens para que o eleitor e os seus aliados fossem mantidos sob
rigorosa vigilância.
Os papistas chegavam a
invadir os alojamentos evangélicos para ameaçá-los com palavras assustadoras e
hostis:
Era
noite. Homens corriam de um lado para outro... entraram, precipitadamente, nos
alojamentos dos príncipes e delegados protestantes e dirigiram-lhes as mais
acriminosas censuras. “Sua Majestade imperial está prestes a tomar as mais
enérgicas medidas!”, ameaçaram. Disseram, mesmo, que as hostilidades já haviam
começado: murmurava-se que o comandante de Horneck (Walter de Kromberg),
eleito, pelo imperador, grão-mestre da ordem teutônica, estava a ponto de
invadir a Prússia com um exército, e depor o duque Alberto, que Lutero
convertera ao protestantismo. O mesmo tumulto repetiu-se durante duas noites
consecutivas. Gritaram, discutiram e brigaram, especialmente no interior e
defronte dos alojamentos dos príncipes. A guerra estava quase a rebentar em
Ausburgo.
Como se não bastasse,
Carlos impediu que os príncipes e delegados protestantes que se achavam em
Augsburgo saíssem dali, e no meio da noite, quando eles ainda dormiam, o
imperador deu a inesperada ordem de que se dirigissem imediatamente ao salão do
Cabido. Ele nomeou uma comissão
para pôr fim a esse longo caso, e um de seus membros, Joaquim de Brandemburgo,
tomou a palavra, retomando as ameaças tradicionais: “Se
vos recusardes, então, por vossa culpa, quantas almas se perderão, quanto
sangue será derramado, que campos devastados, que desolação em todo o império! (...)
E vós, o vosso eleitorado, a vossa vida, tudo vos será arrebatado, e cairá
verdadeira ruína, sobre os vossos súditos e, até mesmo, sobre as esposas e os
filhos destes”.
“A submissão espontânea ou a submissão pela força” era o dilema que Carlos
propunha aos protestantes.
Os protestantes
começavam a compreender por que os guardas imperiais tomaram a guarda da
cidade. Mas mesmo rodeados de soldados e “presos” em Augsburgo, permaneceram
firmes e não se deixaram levar por essas intimidações. Tal firmeza e coragem
dos príncipes ao mesmo tempo surpreendia a todos e enchia os papistas de raiva
e fúria. Eck, o mesmo que debateu com Lutero muito tempo antes, quando ainda
eram dois católicos discutindo sobre indulgências, dando-se conta de que nem o
ardil nem o terror surtiam o efeito desejado, exclamou na presença de todos:
Por
que o imperador, ao entrar na Alemanha, não fez um inquérito geral sobre os
luteranos? Teria, então, ouvido respostas arrogantes, testemunhado
monstruosidades heréticas, e o seu zelo, subitamente aceso, faria com que ele
destruísse todo esse bando sedicioso. Agora, porém, a linguagem amena de Bruck
e as concessões de Melâncton o impedem de indignar-se tanto quanto a nossa
causa exige.
Diante de tantas
ameaças e incitações à violência por parte dos católicos romanos, o
príncipe-eleitor da Saxônia, João Frederico, decidiu abandonar a cidade em
segredo, durante a noite. Carlos é tomado de fúria
e promulga uma “declaração de guerra” aos protestantes, concedendo a João da
Saxônia e aos outros cinco príncipes protestantes um prazo de seis meses para
retornarem à antiga fé, o que foi tido pelos príncipes protestantes como uma
estratégia perniciosa para mantê-los em Augsburgo até o tempo habitual para a
chegada de forças armadas na cidade. Não contente com isso, Carlos ordenou
também que os protestantes se aliassem aos papistas na luta contra os
anabatistas e contra “os que se opunham ao Santíssimo Sacramento” (forma
pejorativa de se referir aos zwinglianos, também protestantes, mas ausentes na
Dieta), e os proibiu de publicar qualquer escrito sobre assuntos religiosos e
de converter qualquer pessoa à sua fé.
Como é óbvio, os
protestantes mais uma vez fizeram jus a seu nome e protestaram contra mais essa
decisão tirânica, arbitrária e unilateral do imperador. Como resposta, o
eleitor católico de Brandemburgo disse-lhes asperamente: “Se não cederdes, ele planejará com o papa e os demais soberanos
os melhores meios de extirpar a vossa seita e os seus novos erros”.
Carlos respondia com ainda mais fúria: “Os
protestantes querem instruir-me numa nova fé! Mas não será por meio da doutrina
católica que poremos fim a essa questão: desembainhemos a espada e veremos,
então, quem é o mais forte”.
Mas “em vão os papistas acrescentaram, em seguida,
uma ameaça à outra: os protestantes permaneceram calmos, respeitosos e
inabaláveis”.
O decreto foi levado
adiante a despeito dos protestos protestantes, e a 13 de outubro foi lido na
presença dos representantes de todos os Estados da Alemanha. O que Carlos e os
papistas esperavam era que as cidades protestantes, temendo um massacre,
aderissem ao catolicismo. Quão grande foi a surpresa quando, a 17 de outubro,
chegavam notícias a Augsburgo de que essas cidades “declararam
não lhes ser possível conceder qualquer auxílio à luta contra os turcos,
enquanto a paz pública não estivesse assegurada dentro da própria Alemanha”.
Era o verdadeiro “banho de água fria” nas pretensões do imperador e do papado.
Carlos chegara ao seu
limite. Decidiu que nada mais restava senão desembainhar a espada. Deu início a
todos os preparativos, e escreveu aos cardeais romanos: “Informamos-vos que não pouparemos reinos nem autoridades, e que
arriscaremos, até mesmo, a nossa pessoa e a nossa alma para levar a cabo
questões imprescindíveis como essas”.
A carta foi recebida com entusiasmo em Roma. O emissário do papa afirmou já
estar adiantado um plano para um ataque imediato aos protestantes, o que o papa
considerava um dever do imperador. O que acontece a seguir
é narrado por d'Aubigné:
Em
Ausburgo não se falava sobre outra coisa, senão em guerra. De súbito, ouviu-se
um estranho rumor. “É o sinal de guerra!”, bradaram todos. Uma cidade fora
atacada: Genebra. Um correio vindo de Estrasburgo trouxe a notícia, que correu
a cidade de Ausburgo com a rapidez de um relâmpago. Três dias depois da festa
de São Miguel, alguns homens armados, a mando do duque de Sabóia, saquearam os
arrabaldes de Genebra, da qual ameaçaram apoderar-se, bem como passar toda a
população à espada. Todos, em Ausburgo, ficaram estupefatos. E Carlos V
exclamou, em francês: “Oh, o duque de Sabóia começou cedo demais!”. Dizia-se
que Magaret, governador dos Países Baixos, o papa, os duques de Lorena e
Gueldres e até mesmo o rei da França estavam voltando as suas tropas contra
Genebra. Era lá que o exército de Roma pretendia estabelecer o seu point d’appui. A avalancha acumulava-se
nas principais encostas dos Alpes, de onde despenharia sobre toda a Suíça e
rolaria, depois, para a Alemanha, sepultando, debaixo da sua enorme massa, o
Evangelho e a Reforma. A santa causa parecia estar em grande perigo. Na
realidade, porém, jamais obtivera um tão esplêndido triunfo. Tendo fracassado o
coup de main que se tentou naqueles
montes – onde, seis anos depois, Calvino iria postar-se fincando o pendão de
Ausburgo e de Nazaré –, dissiparam-se todos os receios.
Tendo falhado o plano
de esmagar os evangélicos de surpresa, Carlos encerrou a Dieta dando aos
protestantes um prazo até 15 de abril do ano seguinte (1531) para retornarem à
Igreja Romana,
e qualquer medida repressiva seria tomada apenas depois disso, como de fato
viria a ocorrer. Além da obrigação de renunciar à sua fé, teriam também que restituir
ao clero romano os bens eclesiásticos das cidades antes católicas, não podiam reformar mais
doutrina nenhuma e tampouco publicar escritos evangélicos. A maioria católica da
Dieta decretou que, depois dessa data limite, o protestantismo seria exterminado
através da guerra, que já estava a caminho.
Há várias razões pelas
quais foi importante uma análise mais aprofundada da Dieta de Augsburgo, que é
provavelmente o marco mais importante e decisivo no futuro da Reforma, mas a
principal se refere à fé genuína, sincera e verdadeira não apenas dos teólogos
protestantes, mas até mesmo dos príncipes, que são tão rapidamente acusados em
tantos livros de história como tendo aderido ao movimento reformista apenas por
“interesses políticos”, sem nenhum compromisso real com a causa. É verdade que
Roma surrupiava as terras dos príncipes e impunha um pesado fardo sobre todo o
povo, mas isso por si só jamais justificaria tanta coragem, ousadia e fé que
eles demonstraram de forma uníssona quando a vida de todos eles, de seu povo e
de sua família estava em constante, real e iminente perigo.
Podia haver “razões
políticas” que justificassem uma separação de Roma, mas não uma que estivessem
dispostos a defender com corpo e alma, cujos exemplos de bravura e zelo surpreenderam
até os seus maiores inimigos. O que realmente os motivava a deixar as mãos cair
sobre o pescoço, abaixar a cabeça e preferir que a decepassem à abandonar sua
fé não foi outra coisa senão o mesmo que inspirava os cristãos primitivos a
permanecerem firmes diante de reis e imperadores que os intimidavam, ameaçavam,
perseguiam e caçavam até a morte. Foi dessa valentia que o Cristianismo nasceu,
e dessa valentia que a Reforma surgiu. Foi o sangue de cristãos destemidos que
semeou a Igreja dos primeiros séculos, e o sangue de cristãos destemidos que
semeou a volta dessa Igreja às suas raízes.
• Continua em meu livro “500 Anos de Reforma: Como o protestantismo revolucionou o mundo" (livro em construção)
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
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Mas Felipe de Hesse não teve duas esposas?
ResponderExcluirVamos lá:
Excluir1) O tema do artigo não é Felipe de Hesse, é sobre a Dieta de Augsburgo. Hesse é apenas um dos personagens, mencionado somente duas vezes no texto. Eu poderia nem responder sua pergunta já que ela não tem a ver com o artigo e nem muda nada do que está ali, mas ok.
2) Hesse foi obrigado a se casar com uma pessoa que não amava quando tinha apenas 14 anos. A opção pela bigamia foi suscitada apenas porque o divórcio era proibido na época, e diferentemente dos dias de hoje, a bigamia era considerada um mal menor em relação ao divórcio. A mulher de Hesse, Margaret von der Saal, foi favorável a isso em todo o tempo, não levantou oposição em momento nenhum. Nada disso anula o fato de Hesse ter cometido uma infração moral, mas é preciso contextualizar a coisa para não parecer o que não é. Quando os católicos levantam o caso da bigamia de Hesse passam a ideia de que ele era um monstro imoral que traía sua mulher com outras depois de tê-la aceito por livre e espontânea vontade, e a verdade é bem diferente disso.
3) Numerosos católicos da época eram bígamos. Reis católicos, como Diarmid, tinham mais de uma mulher. A bigamia era permitida por lei em alguns países católicos como a Irlanda da época da Reforma. Até Agostinho escreveu que a bigamia era permitida se a esposa fosse estéril. Se for condenar Felipe de Hesse pela bigamia (como de fato deve ser), então que se condene também todos esses.
4) Não é preciso dizer que os próprios papas da época era muitos piores do que bígamos. Muitos deles foram sodomitas, alguns assassinos, estupradores de freiras, outros tiveram numerosas amantes, e a lista vai muito, muito longe. Felipe de Hesse era um "santo" em comparado aos papas. Ele inclusive não comungou por ter a consciência de que estava em pecado, em respeito ao sacramento, enquanto os papas faziam muito pior e ainda se consideravam deuses na terra, exigindo a submissão incondicional de todos.
Boa explicação!
ExcluirAvalie: https://drive.google.com/file/d/0BymCjNZ42U60TVNLNS1Zc1dmM1E/view
ExcluirToda vez que eu vou comentar no Bruno Lima aparece esse negócio de "Prove que você não é um robô". ISSO É CHATO!
Excluir"Avalie: https://drive.google.com/file/d/0BymCjNZ42U60TVNLNS1Zc1dmM1E/view"
ExcluirGostei do vídeo, concordo com as explicações deles.
"Toda vez que eu vou comentar no Bruno Lima aparece esse negócio de "Prove que você não é um robô". ISSO É CHATO!"
Será mesmo que você não é um robô?
"Será mesmo que você não é um robô?"
ExcluirA pergunta foi séria?
Avalie: https://drive.google.com/file/d/0B7LJJTX7CdF_NjBiLS03bU9pTjg/view
ExcluirAvalie a crítica: http://geradormemes.com/media/created/jpep5i.jpg
"A pergunta foi séria?"
ExcluirTalvez.
"Avalie: https://drive.google.com/file/d/0B7LJJTX7CdF_NjBiLS03bU9pTjg/view"
Bom vídeo, na minha opinião não deveria haver tantos tabus em torno dessa questão de "mudar de denominação/igreja"; se a outra igreja também é uma igreja genuinamente cristã, está apenas trocando um local de culto por outro dentro do mesmo corpo de Cristo, não há nenhum pecado nisso, ninguém vai pro inferno por sair de uma denominação específica para congregar em outra.
"Avalie a crítica: http://geradormemes.com/media/created/jpep5i.jpg"
Concordo, eu escrevi algo sobre isso no "Deus é um Delírio?", a maioria desses neo-ateus nem ateu mesmo é, é só gente com ódio de Deus mesmo e birrinha adolescente.
Avalie: https://youtu.be/pav83VW8CVc
ExcluirO vídeo tem muitos erros, mas também qualidades. Mas parece que quem o produziu não pesquisou muito e acabou cometendo algumas gafes.
ExcluirTipo quais?
ExcluirDizer que montanistas, cátaros, novacianos e etc eram um "fiel remanescente", quando na verdade eram hereges ou gnósticos. Na verdade, dos que ele citou no vídeo, apenas valdenses, (alguns) anabatistas e menonitas eram mesmo um "fiel remanescente".
ExcluirAté hoje não entendo o quê é esse "ibid"
ResponderExcluirÉ quando a referência é ao livro anteriormente citado.
ExcluirAh saquei!
ExcluirOlá novamente, Lucas! Tenho uma duvida que eu não consigo parar de esquecer: Vamos supor que Jesus não tivesse vindo e morrido por nós. Todos estariam condenados à morte, certo? Mas eu gostaria de saber a situação das crianças e dos doentes mentais. Eles estariam condenados também? Deus lhe ilumine!
ResponderExcluirSe Jesus não tivesse pago o preço em nosso lugar, a humanidade toda estaria perdida. Isso incluiria sim as crianças e doentes mentais. Claro que isso não aconteceria na prática porque Deus na sua presciência sabia que Jesus não falharia, mas em tese, seria o que ocorreria caso tivesse falhado.
ExcluirLucas podemos tirar a conclusão também senão fosse a preocupação dos católicos contra os turcos o protestantismo tinha sido varrido?
ResponderExcluirNão apenas os turcos, mas também os franceses, que a todo momento estavam em guerra contra a Casa dos Habsburgos (de Carlos V) e assim impediam que o imperador impusesse toda a sua força contra os protestantes na Alemanha. E não podemos nos esquecer também da excelente ajuda do papa Clemente VII, que se aliou ao rei francês contra Carlos (o que resultou no famoso Saque de Roma), e que mais tarde fez de tudo para impedir a paz entre os dois monarcas, por entender que isso seria desastroso para os seus Estados italianos. Por isso os dois reis católicos estavam sempre em guerra e ajudando a Reforma indiretamente.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=E7v6RqvUQsk
ResponderExcluirEstava assistindo esse estudo e o bispo que narra o vídeo diz que Deus pode permitir a poligamia. Ele cita 2 Samuel 12:11 dizendo que Deus disse que daria as mulheres de alguém (não lembro agora) para outra pessoa. Ou seja, se ele daria as mulheres significa que ele não condenava a poligamia e se fosse contra não daria mais de uma mulher a outro homem. Ele também afirma que a passagem de Paulo em que ele fala que o bispo tem que ser marido de uma SÓ mulher foi adulterado e que o original era que o bispo fosse marido de uma mulher (nesse caso, era necessário que o bispo fosse casado pelo menor com uma mulher). Eu sinceramente fiquei mega confusa, mas se hoje a nossa sociedade mudasse os costumes e passasse a aceitar a poligamia, isso seria pecado aos olhos de Deus?
2ª Samuel 12:11 é um JUÍZO dado por Deus em castigo a Davi pelo seu pecado de adultério com Bate-Seba. O pecado de Davi foi ter se deitado com a mulher de outro homem, e como consequência Deus permitiria que seu filho Absalão se deitasse com as concubinas do rei de forma pública e humilhante como Absalão fez. Há textos na Bíblia em que Deus executa juízo castigando cidades com a morte, ou com o exílio, ou dizendo que os soldados inimigos iriam cortar a barriga das mulheres grávidas, que os pais cozinhariam seus próprios filhos para comer de tão famintos que estariam, e assim por diante. Nada disso é algo que Deus quer ou deseja, pelo contrário, são males que Deus permite em julgamento a atos ímpios dos homens.
ExcluirSobre a passagem do "uma só mulher", o ponto em questão é que não tem palavra no grego para "só", então ela se encontra implícita na maioria das passagens. Por exemplo, no famoso texto de Efésios 4:5, que fala sobre "um só Senhor, uma só fé, um só batismo", o grego traz "eiV kurioV mia pistiV en baptisma" (literalmente seria "um Senhor, uma fé, um batismo"). Da mesma forma, no texto que fala de "uma só mulher", o grego traz "miaV gunaikoV" (ou seja, "uma mulher"), mas o sentido é o mesmo, de "uma só mulher" (por isso o texto diz "uma" mulher, e não "mulheres", no plural). O texto não faria nenhum sentido se estivesse apenas dizendo que o bispo deveria ser casado, porque o próprio Paulo não era casado e mesmo assim era um bispo. Então é óbvio que o sentido do texto em questão é que os que optassem pelo casamento não poderiam ter mais de uma mulher.
Lucas esse artigo é um show,isso desmonta por completo a falácia romana em dizer que o motivo era político o que de fato foi por motivo bastante religioso.Parabéns e Deus te abençoe!
ResponderExcluirPois é, tem muito mais por aí, incluindo um capítulo todo para abordar a questão da liberdade de consciência para católicos e protestantes, vai ser bacana. Abs!
ExcluirLucas, você tem esperança de que algum dia os EUA vão criminalizar o aborto? Sendo bem sincero com você, Eu amo demais os EUA (é o país que eu mais amo no mundo), mas se têm uma coisa que eu realmente odeio nos EUA é o fato de que infelizmente o aborto é legalizado no país em todos os Estados, olha isso realmente entristece o meu coração, mas o que me alegra é ver que cada vez há mais americanos que vem se tornado contra o aborto, desde 1995 o número de americanos que se dizem pró-vida cresceu muito, em 1995 apenas 33% se declarava Pró-vida, hoje esse número é de 47%, e a tendência é só crescer, em 2009 foi registrado pela primeira vez que a maioria dos americanos eram pró-vida 51%, em 2012 isso aconteceu novamente com 53% se declarando pró-vida. Inclusive apenas 48% dos americanos se declara pró-escolha e esse número não passa mais dos 51% desde 2005, de acordo com os especialistas a tendência é de que o número de americanos pró-vida vem crescendo muito nos EUA, Até mesmo o número de Democratas pró-vida vem crescendo, atualmente 33% dos Democratas se dizem pró-vida, será que algum dia o aborto será ilegal novamente nos EUA? Espero que algum dia a Suprema Corte americana derrube o Roe v. Wade, que foi baseado numa mentira a própria Jane Roe (que foi a responsável pela legalização do aborto) se arrependeu e tornou-se uma ativista pró-vida. Fora que o com o crescimento do número de pró-vidas, coincidentemente veio a diminuição do número de abortos, tanto é que o número de abortos registrados em 2015 e 2016 foi o menor desde a sua legalização em 1973. Enfim Oremos para que o aborto seja criminalizado nos EUA. Deus te abençoe, abraços.
ResponderExcluirFonte: http://news.gallup.com/poll/211901/abortion-attitudes-stable-no-consensus-legality.aspx
Acredito que eles podem rever a legislação a este respeito sim. Na verdade foi justamente a postura extremista pró-aborto da Hillary Clinton (que é a favor do aborto até o último dia no ventre da mãe, e não até o terceiro mês, como outros do partido dela defendem) uma das maiores responsáveis por ela perder o pleito para o Trump, que embora cheio de escândalos e defeitos, era pró-vida e venceu. O ponto interessante disso tudo é que mesmo com o aborto sendo legalizado nos EUA há bem menos abortos sendo realizados do que aqui no Brasil, onde é ilegal. Lá há 730 mil por ano em uma população de 320 milhões, e aqui há 850 mil em uma população de 200 milhões. Quer dizer, embora a legislação de lá seja mais imoral neste aspecto do que a daqui, o povo em si tem uma consciência pró-vida maior do que aqui. Além disso, nos EUA a taxa de abortos para cada mulher entre 15 e 44 anos era de 29,3% nos anos 80, e em 2011 já havia baixado a 16,9%. A tendência é de continuar caindo na medida em que o ativismo pró-vida cresce.
ExcluirAbs!
Verdade, além do aborto, as taxas de gravidez na adolescência vêm diminuindo muito nos EUA, o estado com a maior taxa de adolescentes grávidas é o Novo México (coincidentemente o estado mais católico do país) com 30 adolescentes grávidas por 1.000 mulheres, enquanto a média dos EUA é de 13 por 1.000 mulheres, ou seja bem menor que a nossa que é de uns 50 por 1.000 mulheres (o pior deles equivale ao nosso melhor!) já o menor estado é se não me engano o Minnesota, com uma taxa de 3 adolescentes grávidas por 1.000 mulheres, e que é um estado que apesar ser composto em sua maioria por protestantes não praticantes continua tendo a cultura e moral protestante. Inclusive o Trump, embora eu não goste da forma que ele governa os EUA e da posição dele sobre imigração, ele fez ao menos uma coisa boa (ao meu ver), nomeou um juiz pró-vida, conservador e primeiro evangélico a ocupar um cargo na Suprema Corte, o nome dele é Neil Gorsuch, enfim espero que algum dia essa legislação imoral e monstruosa que eles tem sobre o aborto seja revista e derrubada, e que o movimento pró-vida continue crescendo na maior nação protestante e cristã do planeta. Deus te abençoe, abraço
ExcluirQuero ver o fim da historia, sobre o que houve com os protestantes. O artigo é imperdível. Ficou magnífico!
ResponderExcluirObrigado Alon, grande abraço!
ExcluirOlá. Estou lendo seu livro A Igreja na Grande Tribulação, tô quase terminando. Então eu gostei muito mas não achei fácil de entender algumas partes e gostaria de te perguntar sobre elas. A primeira dúvida que tive foi em uma parte do livro em que você disse que achava que o que detém o anticristo seria um anjo. Mas o anticristo não será um homem (ser humano) mal que perseguirá os cristãos e judeus? Sendo homem ele vai ter que nascer da barriga de uma mulher e não será um ser espiritual como anjo ou demônios. Então como pode o anjo deter um ser humano? Eu fiquei sem entender essa a parte (a não ser que o anticristo seja um demônio transfigurado em ser humano, que eu não tenho certeza se ele será assim).
ResponderExcluirA segunda parte que não entendi foi em um momento no livro em que você diz que Satanás irá ser solto depois de mil anos e vai tentar guerrear contra os que estão com Cristo no período milenar. Nessa parte, você diz que ele contará com a ajuda dos ímpios, mas depois da vinda de Jesus depois do arrebatamento (também sou pós tribulacionista) os ímpios não serão jogados no fogo do inferno para serem queimados e aniquilados? Se serão aniquilados não tem como eles guerrearem com o apoio de Satanás pois não existirão mais...
Sobre a primeira questão, no livro eu explico que essa (assim como qualquer outra afirmativa a respeito) é uma teoria especulativa, precisamente porque Paulo não nos deu a resposta. A tese de que se trata de um anjo é a que eu acredito por ser a única que se encaixa na Escritura em outros versos, mas mesmo assim não se trata de uma tese definitiva ou cabal. O anticristo com certeza vai ser um homem, mas pode ser a encarnação humana de um demônio. Por analogia, Jesus era homem como nós, mas era um ser espiritual no Céu antes de se encarnar, e como o anticristo é o inverso de Cristo e uma "cópia" maléfica dele, pode ser que seja a encarnação humana de um espírito maligno. Não estou decretando nada porque a Bíblia não bate o martelo sobre essa questão específica, ela só diz que o anticristo será o "homem do pecado", mas não diz se esse homem será a encarnação de algo pré-existente ou apenas uma pessoa comum. A teoria do anjo se encaixa muito melhor na primeira hipótese, como você também observou.
ExcluirSobre a segunda questão a resposta é simples, os ímpios não vão ser aniquilados logo de cara imediatamente ao ressuscitar. Pela descrição de Ap 20, depois de ressuscitar Satanás os ajunta para um levante final contra os salvos em Cristo, e só depois disso é que cai o fogo do céu que os consome.
Entendi. Queria mais um esclarecimento sobre essa parte final porque até pouco não sabia sobre essas questões de Apocalipse (achava que quem morria ia imediatamente pro ceú como fantasminha kkkk, mas depois vi que a tese do aniquilacionismo faz mais sentido à luz da bíblia). Então, quando Jesus voltar depois de terminar a grande tribulação, os salvos serão ressuscitados e os vivos se encontrarão com Jesus nos ares, certo? E depois, o que acontece com os ímpios? Eles são mortos por Deus, e só depois dos mil anos é que eles ressuscitam e guerreiam contra o povo de Deus sem sucesso, para, logo após, serem queimados no inferno?
ExcluirExatamente (y)
ExcluirBanzolão, quem não dá o dízimo vai para o inferno? O R. R. Soares disse que vai.
ResponderExcluirClaro que não, ninguém vai pro inferno só por não ser dizimista, independentemente do que o R. R. Soares pense a respeito.
ExcluirO dízimo é da lei. E segundo o que consta nas cartas do NT, quem abraça a lei, renega a graça, pois anula em si mesmo o sacrifício do Cordeiro que aboliu essa, e as demais questões sacerdotais da lei mosaica.
ExcluirMuito edificante:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=L5GSoncDTrY
Muito edificante mesmo, não assisti nem dois minutos e meus olhos já estão lacrimejando de tanta emoção, estou a ponto de procurar a primeira paróquia pra me converter, obrigado por abrir meus óleos!
ExcluirMais um otimo artigo Lucas! Espero com ansiedade o livro seu sobre a Reforma, até porque espero usar em meus estudos pra facu.
ResponderExcluirMudando um pouco de assunto, já leu o livro “Fim da História” do Fukuyama? Caso o tenha lido, gostaria de sua nobre opinião a respeito.
Obrigado, Nataly!
ExcluirSobre o "Fim da História", embora eu não tenha lido o livro ainda eu conheço a teoria e não posso concordar com ela. Dificilmente chegaremos algum dia ao ponto de um completo equilíbrio na sociedade onde nenhuma mudança significativa ocorra. Talvez só na eternidade, e olhe lá. Abs!
Concordo, só mesmo na eternidade haverá isso. Nenhum sistema político ou econômico poderá trazer isso.
ExcluirLucas, você ja viu os vídeos do Sam Haffis? Ouvi dizer que ele refutou o argumento moral e venceu o Craig num debate. Já ouviu falar dele?
ResponderExcluirCreio que você esteja se referindo ao Sam Harris, mas nem a pau que ele ganhou o debate do Craig sobre o argumento moral, na verdade ele fugiu do argumento no debate inteiro, o Craig foi de longe o ganhador, e olha que eu sei reconhecer quando o Craig não vai bem ou perde.
ExcluirLucas, muitos católicos sustentam o Revisionismo da inquisição citando autores como Henry Kamen. Henry kamen é uma fonte confiável?
ResponderExcluirUma outra dúvida é sobre essa afirmação sobre a questão da bruxaria e os reformadores protestantes feita por Paul Johnson nos permite concluir que a reforma e as origens do protestantismo não foi tão pacífica assim.
“Além disso, ambos católicos e reformadores tenderam a caçar bruxas, como eles caçavam anabatistas, para demonstrar sua pureza doutrinária e fervor. Com a exceção de Zwinglio, os reformadores alemães aceitaram a mitologia de bruxaria. Lutero pensou que as bruxas deveriam ser queimadas por fazer um pacto com o diabo, mesmo que não prejudicasse ninguém, e ele participou da queima de quatro delas em Wittenburg. Os protestantes invocavam Êxodo 22,18: 'Tu não deve deixar uma bruxa viva'. Como Calvino disse: 'A Bíblia nos ensina que existem bruxas e que devem ser mortas... esta lei de Deus é uma lei universal'. Os calvinistas, na verdade, eram muito mais ferozes contra as bruxas do que os luteranos. Em seu conjunto, os protestantes anglicanos não estavam interessados na caça de bruxas, e durante todo o período de 1542 a 1700 menos de 1.000 foram executadas (por enforcamento) na Inglaterra, contra 4.400 na Escócia calvinista durante noventa anos a partir de 1590. O pior ano na Inglaterra foi 1645, quando os presbiterianos calvinistas estavam no poder. Onde os ingleses calvinistas podiam, eles propagavam a caça às bruxas. O Bispo Jewel, que viveu no exílio em Genebra, trouxe esta prática consigo em seu retorno em 1559; e na década de 1590, o calvinista William Perkins falou sobre o assunto no Emmanuel College, Cambridge, uma instituição Puritana, onde alguns dos fundadores da Nova Inglaterra foram educados. Onde quer que o Calvinismo se tornasse forte, bruxas foram sistematicamente caçadas.” (Paul Johnson – A History of Christianity Pg. 416)
Eu não li Kamen ainda (está na minha lista de leitura sobre a Inquisição, mas primeiro tenho que terminar o livro da Reforma), quando eu ler eu dou meu parecer se ele é um revisionista da Inquisição como os apologistas católicos afirmam, ou se eles distorceram as suas palavras da mesma forma que fazem com outros historiadores que nem de longe defendem as causas deles. Mas no artigo abaixo você pode ver a opinião de dez outros historiadores sobre a Inquisição:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2016/02/o-que-dez-historiadores-com-phd-tem-nos.html
Sobre a questão da bruxaria, C. S. Lewis explica bem este ponto no "Cristianismo Puro e Simples":
“'Trezentos anos atrás, as bruxas na Inglaterra eram queimadas na fogueira. É isso que você chama de Regra da Natureza Humana ou de Boa Conduta?" Mas é claro que a razão pela qual não se executam mais bruxas hoje em dia é que não acreditamos que elas existam. Se acreditássemos – se realmente pensássemos que existem pessoas entre nós que venderam a alma para o diabo, receberam em troca poderes sobrenaturais e usaram esses poderes para matar ou enlouquecer os vizinhos, ou para provocar calamidades naturais –, certamente concordaríamos que, se alguém merecesse a pena de morte, seriam essas sórdidas traidoras. Não há aqui uma diferença de princípios morais, apenas de enfoque dos fatos. Pode ser que o fato de não acreditarmos em bruxas seja um grande avanço do conhecimento, mas não existe avanço moral algum em deixar de executá-las quando pensamos que elas não existem. Não consideraríamos misericordioso um homem que não armasse ratoeiras por não acreditar que houvesse ratos na casa”
É preciso deixar claro que as bruxas não eram mortas por intolerância religiosa, e por isso nem católicos nem protestantes julgavam bruxas em tribunais eclesiásticos. Este era um assunto de natureza civil, embora envolvesse um aspecto espiritual (a magia). Queimar bruxas não era uma questão de intolerância religiosa em si, a não ser que se prove que a caça às bruxas era apenas um mero pretexto para se matar alguém de uma outra religião taxando a pessoa de "bruxa", mas isso nunca foi provado. Tanto em países protestantes como em católicos, as "bruxas" queimadas eram em suma maioria gente da religião predominante na região. E antes que um católico acuse o protestantismo pela caça às bruxas, nunca é tarde lembrar que os católicos já matavam bruxas desde muito antes da Reforma, e mataram em maior quantidade também. Os protestantes apenas assimilaram a cultura católica a este respeito (o que também não deixa de ser um ponto negativo para a Reforma neste aspecto).
Embora eu ainda não tenho lido a obra de Henry Kamen, Tenho a impressão que trata-se de um estudioso que mantém posições bastante brandas sobre a inquisição espanhola. Gente como o padre Paulo Ricardo e olavo de Carvalho e outros apologistas o costumam citar afirmando que a inquisição espanhola não teria matado mais do que cerca de 3 mil pessoas ou algo assim. o próprio Julio severo, em seu site, o classificou como um revisionista. Enfim, a melhor maneira de saber se isso e Verdade é ler a obra do autor.
ExcluirA propósito, so por curiosidade: por que você chama o padre Paulo Ricardo de padre gargamel?
3 mil é impossível, o próprio "Apologistas Católicos" (site fraudulento e desonesto que faz apologia da Inquisição) dá o número de 8 mil mortos só para a Inquisição espanhola e diz que fizeram o "estudo mais completo" sobre o tema. E os dados que eu tenho aqui e que passarei no meu livro mostram cifras muito maiores que esses 8 mil, e isso só dos números oficiais, sem contabilizar todos os outros...
ExcluirFaz tempo que não chamo o padre Paulo de Gargamel, na verdade foi uma amiga que o chamava assim e eu achei engraçado e passei a usar também de vez em quando, a semelhança entre os dois é hilária, até o manto preto é igual...
Lucas, você não acha que essa caça às bruxas naqueles tempos, tanto por parte de católicos quanto de protestantes não tinham ,muitas vezes, razões pessoais, sendo apenas um pretexto para atingir alguém (podendo ser a própria acusada ou até um familiar seu)? casos como alguém querendo se vingar, alguma pessoa influente, sendo religiosa ou não, tentando forçar uma mulher a se casar ou apenas ter relação sexual com ele e tantas outras coisas. o que você acha?
ResponderExcluirPodia ter razões pessoais sim, que levassem alguém a denunciar outro indivíduo como culpado pela prática de bruxaria apenas por inveja, vingança ou outras razões.
ExcluirDescobri mais um tipo de católico: Rad trad. Agora já são pelo menos quatro tipos, dentro do catolicismo romano, sedevacantista, adepto da teologia da libertação, da renovação carismática e o rad trad. Para quem se orgulha de ser uno, estão bastante divididos...
ResponderExcluirCada hora surge um tipo diferente, mas o importante é que divisão só existe no protestantismo! Viva a Santa Igreja!
ExcluirGraça e paz,Lucas o que vc acha deste artigo http://apologiajudaicabrasil.blogspot.com.br/2009/10/desmascarando-restricao-de-quem-detem.html
ResponderExcluirVou ler com mais calma depois e então dou uma resposta.
ExcluirLucas os católicos estão cada vez mais enfurecidos por causa de divisões como a CNBB e estão tendo até reuniões das CEBS(comunidades eclesiais de base)da ICAR vermelhas em Londrina no qual estão desesperados pedindo união pra tentar conter o protestantismo kkk e para piorar eles já estão quase jogando a toalha e reconhecendo que o futuro desse país será protestante pra derrotas deles,já que a cada dia que se passa a ICAR estar mais enfraquecida com o comunismo infiltrados e muitas paroquias onde existem segundo eles as pregações dos padres são controvérsias que nem dão mais ouvidos ao pé da letra com relação ao catecismo da ICAR chega ser engraçado não é mesmo Lucas a tal UNIDADE CATÓLICA?
ResponderExcluirEstá sendo cada vez mais patético ver papista usar o "argumento da unidade" contra o protestantismo e a favor da ICAR, chegou a um ponto tão gritante que até eles mesmos estão passando vergonha. Nunca antes na história da Igreja Romana eles foram tão divididos, não sabem nem se o papa Francisco é legítimo ou não, nem se o Vaticano II é infalível ou se é herético, vivem se digladiando entre si, passam a vida toda atacando outros católicos e até o papa, e depois alguns ainda tem a safadeza e a cara de pau de vir fazer artigo ou videozinho adolescente falando da "divisão protestante". Essa gente já perdeu há muito tempo o senso do ridículo.
ExcluirE para piorar bastante as coisas, Ratzinger acrescenta:
ResponderExcluir"Se formos sinceros, seremos tentados a dizer que a Igreja não é nem santa, nem católica: o próprio Concílio Vaticano II venceu a relutância, falando não apenas da Igreja santa, mas também da Igreja pecadora; e se algo existe a
lhe censurar, será, no máximo, o fato de ter-se conservado hesitante demais em suas declarações, tão forte é a impressão da pecaminosidade da Igreja na consciência de todos.
Naturalmente pode haver aí alguma influência teológica luterana sobre o
pecado e, com ela, a agir, uma hipótese gerada de influxo de decisões dogmáticas. Mas o que torna essa "dogmática" tão penetrante é sua concordância com a nossa experiência. Os séculos da história da Igreja estão tão repletos de humano fracasso,
que podemos compreender a horrível visão de Dante, ao descrever a PROSTITUTA BABILONICA SENTADA NA CARRUAGEM DA IGREJA, parecendo-nos também plausíveis as terríveis palavras do bispo de Paris, Guillaume d'Auvergne (século XIII) o qual acreditava que qualquer pessoa que visse o embrutecimento da Igreja, deveria
ficar tomado de horror: "Não é mais esposa, mas um monstro de medonho aspecto e selvageria...", Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, pags 164.
Banzoli você acha que o catolicismo é responsável pela imoralidade da cultura?Se for possível justifique?
ResponderExcluirNão totalmente nem diretamente, mas em partes, sim. A única coisa capaz de regenerar um ser humano a ponto de torná-lo realmente um ser "moral" e capaz de transformar a sociedade à sua volta é quando Cristo transforma o seu coração e a pessoa torna-se uma "nova criatura" em Cristo, dando os frutos que demonstram o arrependimento. O problema é que o catolicismo romano é uma fé morta baseada em rituais mecânicos e enfadonhos, superstições e fábulas que mais serve para impedir do que para trazer um pecador à Cristo. A consequência é que os países católicos tendem a ser os mais imorais, como a história comprova.
ExcluirLucas, você acha que um dia a Igreja no Brasil vai pagar impostos e vc é contra ou a favor?
ResponderExcluirSe vai ou não eu não sei, mas eu sou contra impostos para igrejas e para qualquer estabelecimento.
ExcluirLucas quem escreveu a epístola de Tiago foi o Tiago irmão do Senhor?
ResponderExcluirPresado Anonimo você não pode falar assim, que Tiago foi irmão do Senhor. Experimenta perguntar se o Tiago que escreveu o Livro de Tiago era Filho de Maria.
ExcluirOs católicos vão enfartar!
"E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir; Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago..." (Mateus 27:55-56).
Logicamente foi Tiago irmão de Jesus. O Tiago de Zebedeu já havia sofrido o martírio muito tempo antes, e o outro Tiago entre os doze não tinha tanta notoriedade e nem a autoridade do autor desta carta, que é o mesmo Tiago que era irmão de Judas (Jd 1:1, compare com Mc 6:3) e que liderou o Concílio de Jerusalém de Atos 15.
Excluirentão você concorda com o vídeo do Yago Martins sobre o Tiago www.youtube.com/watch?v=pgqKpBt2ZKY&t=90s
ResponderExcluirPresumivelmente.
Excluirhttps://noticias.gospelprime.com.br/cristaos-iraquianos-criticam-papa-por-defender-submissao-ao-isla/?utm_source=leiamais&utm_medium=site&utm_campaign=gospelprime
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A omissão do papa é vergonhosa mesmo, mas de acordo com a lógica dos tridentinos ele não deveria fazer nada mesmo além de "defender a submissão ao Islã", uma vez que o discurso deles consiste em acabar com o Estado laico e forçar o catolicismo ao povo brasileiro simplesmente em função do fato de ser uma nação majoritariamente católica. Com essa mesma lógica, eles não tem moral NENHUMA para falar mal dos muçulmanos que já fazem isso no outro lado do mundo.
Excluir"mas a principal se refere à fé genuína, sincera e verdadeira não apenas dos teólogos protestantes, mas até mesmo dos príncipes, que são tão rapidamente acusados em tantos livros de história como tendo aderido ao movimento reformista apenas por “interesses políticos”, sem nenhum compromisso real com a causa. É verdade que Roma surrupiava as terras dos príncipes e impunha um pesado fardo sobre todo o povo, mas isso por si só jamais justificaria tanta coragem, ousadia e fé que eles demonstraram de forma uníssona quando a vida de todos eles, de seu povo e de sua família estava em constante, real e iminente perigo.
ResponderExcluirPodia haver “razões políticas” que justificassem uma separação de Roma, mas não uma que estivessem dispostos a defender com corpo e alma, cujos exemplos de bravura e zelo surpreenderam até os seus maiores inimigos. O que realmente os motivava a deixar as mãos cair sobre o pescoço, abaixar a cabeça e preferir que a decepassem à abandonar sua fé não foi outra coisa senão o mesmo que inspirava os cristãos primitivos a permanecerem firmes diante de reis e imperadores que os intimidavam, ameaçavam, perseguiam e caçavam até a morte. Foi dessa valentia que o Cristianismo nasceu, e dessa valentia que a Reforma surgiu. Foi o sangue de cristãos destemidos que semeou a Igreja dos primeiros séculos, e o sangue de cristãos destemidos que semeou a volta dessa Igreja às suas raízes."
Gostei dessa parte! Infelizmente muitos livros de História sempre tem que encontra alguma "malícia" em tudo. Como se todos os homens sempre fossem movidos por dinheiro ou interesses políticos e não pela fé.